Eu me tornei a mulher que sempre quis ser?

Algumas sábias mulheres, sem dúvida, passaram em nossa vida. Talvez, aquela professora da primeira série que, se pudéssemos, repetiríamos de ano só pra ter ela como nossa professora novamente. Tão doce, prestativa, tão amável, que quando segurava naquelas mãozinhas, tão pequenas para ensinar a escrever, nos sentíamos capazes de tudo, descobríamos um mundo! A catequista, tão sorridente, terna, que sabia explicar quase tudo sobre Deus e, mesmo na complexidade do assunto, conseguia fazer um Ser tão grande tornar-se tão acessível a “pequenos” corações. Deus podia ficar bem ali, do nosso ladinho, tão próximo que era possível sentí-Lo.  Tinha também a nossa avó, tão forte e destemida, com tantos dons. Aaah! Ela parecia possuir todas as virtudes: sabia cozinhar como ninguém, lavava, passava, cuidava da casa, cuidava da gente, dava banho, passava um perfuminho e, depois, fazia aquele leitinho com chocolate tão gostoso que o mundo poderia acabar em chocolate… e em avós, rs! Elas eram os ideais de mulher que admirávamos e desejávamos parecer.

 É certo que algumas dessas figuras marcaram as nossas primeiras experiências de vida, na escola, na igreja, em casa, e continuarão, para sempre, em nossa história. Mas, talvez, elas não sejam mais os modelos da mulher que almejamos ser. O perfil da mulher admirada mudou um pouco. Estão em alta as mulheres bem sucedidas em seus relacionamentos, na profissão, de uma beleza, cabelo, pele e roupas impecáveis, que viajam pelo mundo, que compram o que desejam e são financeiramente estáveis, as que ostentam uma vida, aparentemente, sem muitos problemas. Parece que a felicidade é reservada a essas poucas “merecedoras” de tal sorte.

E, pra falar a verdade, nós, mulheres, desejamos ser simpáticas, generosas, destemidas, inteligentes, decididas, cuidadosas, amáveis, trabalhadoras, organizadas, realizadas na profissão, queremos nos sentir lindas! Até nos sentimos um pouco “especialistas” em tudo: em casa, nos trabalhos e relacionamentos. Mas, no fundo, o que nós desejamos mesmo é apenas uma coisa: viver uma vida que faça sentido. E a vida, para nós, só faz sentido quando podemos amar e ser amadas, quando somos capazes de transformar o mundo de alguém. Queremos nos sentir importantes para alguém. Queremos ser tuuuuudo isso mesmo (simpáticas, generosas, destemidas, etc…), mas, o sentido é que muda tudo: desejamos ser PARA alguém. A nossa razão de ser – feliz – é existir PARA o outro. Nos realizamos com a realização de quem amamos, nos alegramos com a alegria daqueles que amamos, mesmo que, para isso, seja necessário o sacrifício de nós mesmas. E o contrário, também é verdadeiro; fazemos nossa a dor e a tristeza de quem amamos.

É bem próprio da mulher gerar vida, dar a sua própria vida para que outro possa viver. A mulher – assim como o homem – é imagem e semelhança de Deus. E é característica de Deus dar de Si, da Sua própria vida. Basta lembrar do sacrifício do Seu Filho Jesus Cristo na Cruz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3,16). Deus fez a mulher com essa capacidade: dar a vida. Por causa da sua maternidade, ela gera vida, mas também, em toda a sua forma de viver, no seu jeito de ser, de doar-se, de cuidar, ela expressa a própria vida de Deus, um Deus que ama e que, por isso, se entrega, dá de Si: “ninguém me tira a vida; Eu a dou livremente” (Jo. 10,18).

Podemos nos fazer uma pergunta: eu me tornei a mulher que sempre quis ser? Pode ser que estejamos bem longe de tudo o que desejamos ser um dia e aquele modelo de mulher que sonhávamos nos tornar, já tenha ficado para trás. Talvez, até já nos distanciamos bastante daquelas mulheres que admirávamos: a professora, a catequista, a avó… Mas, o que não podemos permitir é que deixemos de lado o que é próprio da nossa essência: somos chamadas a revelar Deus – que é invisível – através do nosso jeito de amar: dando a vida.

Contudo, se a fé é pequena, se o amor é inconstante; se a esperança está perdida ou se a dor é grande, fazemos muito bem em pedir, muitas vezes, a ajuda de Maria, a mãe de Jesus, nosso Salvador. Maria, certamente, é o modelo de mulher mais bonito que podemos imitar porque ela, sim, soube amar dando a sua vida, com todo o significado do que é dar a VIDA, porque a sua VIDA era DEUS. Quando nós mulheres damos a nossa vida, amando, damos ao outro o próprio Deus, que é Amor, e, assim, nos tornamos a mulher que Deus sempre quis.

Feliz dia das mulheres que são capazes de amar dando a vida!

Por Maria Pinheiro

Comunidade Canção Nova

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