Perdão

O perdão como já ouvimos falar faz parte de nosso processo de cura interior.

Todos nós temos um arquivo em nossa mente, com muitos nomes, situações que nos marcaram profundamente e que simplesmente foram de alguma forma sendo colocados em um “arquivo morto”. Esse arquivo pode não ser tão morto assim, podemos estar vivendo ainda um dos estágios do processo do perdão: ou seja o estágio de ignorar o fato, fingir que ele nunca aconteceu. Na verdade nunca aconteceu realmente o perdão, ele só foi guardado, arquivado em nós.

Temos com certeza muitas “pagina amarelas” nesse arquivo, muitas pessoas que ainda esperam nosso perdão. O mal que a pessoa nos fez tem sobre ela uma sentença que só nós podemos tirar com o nosso perdão. È preciso vasculhar e liberar o perdão.

Sempre vamos nos deparar com situações em que precisamos exercer o perdão, às vezes todos os dias.

Para que o perdão aconteça de verdade é necessário: optar por perdoar, agir de forma amorosa (gestos concretos de amor), rezar por aquele que nos feriu. Como a palavra nos ensina:

Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelo que vos maltratam e perseguem. (Mt 5,43´44)

A oração, a decisão e os gestos precisam fazer parte de cada estágio do perdão:

Abençoai os que vos perseguem, abençoai-os e não os praguejeis… Não pagueis a ninguém o mal com o mal… Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor (Dt 32,35)´ (Rom 12,14´19)

O perdão passa por estágios emocionais, mas é preciso chegar à libertação total:

Tentar esquecer: Alguém nos fez um mal. Infelizmente temos a tendência de arquivar aquela pessoa, apago, deleto a pessoa de minha vida. Tem gente que passa anos ignorando uma pessoa. Quantos casos na família! Não vou mais à casa de fulano há anos porque ele me fez mal. Fingir que a pessoa morreu.

Raiva: As vezes estacionamos no estágio da raiva. Ficamos com a doença da pressa… Como rápido, faço as coisas rápidas… a raiva fica em nossos músculos. Então descarregar a tensão física me ajuda a liberar a tensão emocional. Às vezes encontramos um bode expiatório (os que estão mais próximos de nós). Muita gente faz a tal chamada terapiado soco: socar a parede, o travesseiro o irmão. Mas tudo isso não adianta nada. É necessária aqui a decisão de perdoar e a oração pela pessoa que nos feriu.

Negociar: A partir do momento que eu me decido perdoar, assumo a pessoa em oração eu passo para um outro estágio: eu perdôo a pessoa se ela fizer isso, se ela tiver essa atitude… Eu perdôo se o outro pedir desculpa… É o que no popular falamos “barganhar com Deus” Quando avançamos esse estágio, ou seja, quando aceitamos perdoar sem que o outro faça nada então passo para o passo seguinte: arrependimento.

Arrependimento: Nesse estágio eu fico pensando porque fiquei com raiva, porque não tive outra atitude, outra resposta. Surge um sentimento de arrependimento. Deveria ter dito, falado, feito assim Nesse estágio o Senhor nos mostra que precisamos mudar. Ele nos leva não somente ao perdão como também a rever nossas atitudes e nosso caminho de santidade. Daí eu passo para o quinto estágio: Louvor

Louvor: Eu então reconheço que aquela situação me fez crescer, de alguma forma ela contribuiu para o meu processo de santidade. Então eu louvo e agradeço a Deus por aquela pessoa e tudo aquilo que ela me fez. Volto a olhar para ela com alegria e aceitação.

È preciso avançar cada estágio, ficar parado em uma ou outra situação pode ser um grande entrave para nossas vidas. Lembre-se: regue com oração, e com muitos gestos de amor para com o outro. Como diz São João da Cruz: “Onde não há amor coloque o amor e você colherá o amor”.

Faça isso com todo o arquivo de pessoas que você traz em mente, faça isso diariamente. Não acumule fichas amarelas. Não estacione no perdão!

Todos nós seriamos pessoas muito mais curadas se perdoássemos muito mais.

Então comece agora mesmo a viver se processo de perdoar.

Rogéria Moreira

Missionária da Comunidade Canção Nova em Curitiba