Suiça permitirá assistência ao suicídio de incapacitados mentais

A cultura da morte dá mais um passo ousado. Na Suíça, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicido assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. Mas agora a decisão da Suprema Corte Federal colocou as desordens mentais no mesmo plano que as doenças físicas no que diz respeito ao suicídio assistido. A sentença da Suprema Corte estabelece que a decisão de terminar com a própria vida não deve mais limitar-se às pessoas que padecem de enfermidades físicas mas devem passar a basear-se em se o paciente acredita que sua vida “não possui mais nenhum valor para ser vivida”. Como um doente mental vai chegar à conclusão que a sua vida não vale a pena ser vivida; eu nunca vi um excepcional pedir para lhe tirarem a vida. Quanto mais sofre um ser humano, quanto mais ele é debilitado, mais ele é capaz de despertar em nós a capacidade da amar. O sinal de uma verdadeira Civilização é o carinho e o cuidado dos mais fracos; e o sinal da Barbárie é exatamente propor-lhes a morte. Será que a morte pode ser solução para os problemas da vida?A Suprema Corte Suiça decidiu que “deve ser reconhecido que uma desordem mental séria, incurável e permanente pode causar um sofrimento semelhante ao de uma disfunção física, tornando a vida a longo prazo insuportável para o paciente”. “Se o desejo da morte, portanto, baseia-se em uma decisão autônoma que leva em conta todas as circunstâncias, então pode-se prescrever a uma pessoa mentalmente doente uma dose de pentobarbital sódico e em seguida assisti-lo em seu suicídio”, acrescentou a decisão da Suprema Corte. A partir dessa decisão, o homem passa a ocupar o lugar de Deus como senhor da vida e da morte. Voltamos ao pecado de Adão e Eva, que queriam “ser como deuses”. Em uma declaração ao LifeNews.com, Alex Schadenberg, da Coalisão de Prevenção à Eutanásia do Canadá, condenou a
decisão da Corte Suíça dizendo que: “Com esta decisão a Suíça acaba de abrir a porta para uma queda livre no abismo da cultura da morte”. “O final desta queda livre será a pressão da sociedade e da cultura que exigirá o dever de morrer por parte dos membros mais fracos da sociedade que passarão a ser vistos como desprovidos de qualidade de vida ou demasiadamente estúpidos para poder reconhecer que sua vida não possui suficiente valor para ser vivida”.
Alex Schadenberg manifestou sua preocupação de que a decisão irá conduzir ao assassinato de doentes mentais mesmo contra a sua vontade. Ele afirma que não há como garantir que as pessoas com este tipo de enfermidade ou outras formas de vulnerabilidade ao afirmarem que desejam terminar com suas vidas estão manifestando verdadeiramente a sua vontade. Ele também manifesta preocupações no sentido de que a decisão possa não somente promover a assistência ao suicídio na Suíça, como também obrigar o governo a prestar este tipo de assistência.
É mais do que aquilo que Hitler fez na Alemanha nazista. Não é à toa que os velhinhos estão fugindo dos asilos da Holanda para a Alemanha com medo de serem eutanasiados. Na Alemanha a eutanásia não é legal. A decisão da Corte Suiça surgiu devido a um caso em que um associado mentalmente incapacitado da organização “Dignitas”, um grupo pró eutanásia que mantém “casas de suicídio assistido” na Suíça, não foi capaz de obter uma prescrição médica para a compra de drogas letais para praticar o suicídio. O homem de 53 anos sofria de distúrbio bipolar e desejava poder obter as drogas sem a necessidade de uma receita médica, embora a Suprema Corte tenha sentenciado que neste caso ele ainda deveria conseguir uma receita médica. Hoje duas outras nações permitem lamentavelmente a assistência ao suicídio, a Holanda que a legalizou em 2001 e a Bégica que o fêz em 2002. Na América do Norte o Estado do Oregon também possui leis que permitem a assistência ao suicídio.Esta medida da Corte Suprema da Suíça é mais um assalto contra a vida do mais fraco e indefeso; sem dúvida muitos doentes mentais serão eliminados friamente. Pra que deixa-los viver? São apenas um estorvo para os fortes e normais? Precisamos cultivar uma cultura da vida e não da morte. O menosprezo pela vida humana tem levado aos maiores crimes no passado e no presente e a uma escalada de violência, insegurança, vingança, assassinatos, assaltos, roubos e aumento da miséria e da fome. Necessitamos de uma educação para a convivência fraterna e não fratricida. O respeito aos indefesos e à vida frágil é expressão de verdadeira cultura e humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que: “A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida (n° 2270) .(…). O direito inviolável de todo indivíduo humano inocente à vida constitui um elemento constitutivo da sociedade civil e da sua legislação” (n° 2273). Na Carta Encíclica Evangelium Vitae, sobre o valor da vida e a inviolabilidade da vida humana (1995), o Papa João Paulo II afirmou que a vida é um dom divino, daí ter “um caráter sagrado e inviolável no qual se reflete a própria inviolabilidade do Criador”. “O Criador confiou a vida do homem à sua solicitude responsável, não para que disponha arbitrariamente dela, mas a guarde com sabedoria e administre com fidelidade” (n° 76, 2° parágrafo). Todo este absurdo pode ser resumido no que dizia João Paulo II: “o homem vive hoje com se Deus não existisse”. E alguns ainda dizem que o ateísmo não é perigoso… (fonte:http://www.lifenews.com/bio1970.html – 05 fev 07)

Prof. Felipe Aquino


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino