ABORTO, QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA?

Publico abaixo o profundo e oportuno artigo do André Botelho Andradre, fundador da bela Comunidade de vida e aliança; PANTOKRATOR, de Campinas, SP. O autor desmascara o fingimento do Presidente ao dizer que é contra o aborto, mas que o aceita como uma questão de saúde pública. Penso que TODAS as Comunidades católicas precisam entrar urgentemente nesta luta em defesa da Vida, contra o aborto, antes que seja tarde. Não se esqueça daquilo que dizia Luther King: “Não tenho medo da audácia dos maus, me assusta o silêncio dos bons!”Parabenizo o André Botelho e desejo que sua mensagem atinja a todas as Comunidades comprometidas com Jesus Cristo.

Prof. Felipe Aquino

ABORTO, QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA?André L.Botelho de Andrade
Fundador da Comunidade Católica Pantokrator

Sobretudo nos últimos dias, o presidente Lula e o Ministro da Saúde José Gomes Temporão e defensores do aborto, têm afirmado que a sua legalização, bem como a distribuição de preservativos, é uma questão de saúde pública. Com isso querem desviar a discussão da temática da dignidade da vida humana em torno da questão, para focar na problemática social do aborto. Com isso eles usam de uma artimanha maliciosa como que dizendo que essa discussão nada tem a ver com os defensores da vida, que estes devem se retirar da sala, pois é um assunto de saúde pública.

O Presidente disse: “como cidadão, na minha história política sou contra o aborto. Mas enquanto chefe de Estado acho que o aborto tem de ser tratado como questão de saúde pública.” Em outras palavras, não é um assunto que se foca na opinião pessoal sobre a vida em questão, mas um assunto de governo. Aliás, com esse discurso, o presidente, resolve um problema: sempre se manifestou pessoalmente contra a legalização do aborto, mas na verdade, como presidente, sempre o apoiou e promoveu, de diversas formas, a legalização*.

Com isso, ele como que quer explicar que nunca enganou ninguém, pois, afinal, quando era candidato, era o Lula que falava; agora, é o presidente. Não precisa ter inteligência privilegiada para entender o que está acontecendo.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que qualquer tentativa de tirar o foco da discussão da dignidade lesada da vida humana em questão é tirar os olhos do essencial. Antes de mais nada, é preciso lembrar que o que está em jogo são vidas humanas inocentes e indefesas. Se o critério é a saúde pública, e por ela se justifica o assassinato, então passa a ser legítimo e razoável matar os pobres para se ajustarem os problemas de saúde publica, matar os idosos para resolvermos os problemas da previdência social. É um gravíssimo erro tirar de foco a vida humana em questão para justificar o acerto social – saúde pública – em torno da legalização do aborto.

Mas se quisermos analisar a questão social em torno do aborto, mais precisamente, o problema público de saúde, tampouco a legalização do aborto torna-se a solução. Aqueles que querem legalizar o aborto ou resolver o problema da AIDS com distribuição de preservativos erram ao querer resolver o mal podando os frutos venenosos da árvore chamada promiscuidade, mas deixando intacta toda a sua estrutura geradora da morte.

A perversão sexual, fundamentada pelo pensamento moderno de absolutização da falsa liberdade e fomentada pela mídia através da propagação da pornografia e contra-valores, gerou uma sociedade altamente promíscua. O fruto dessa promiscuidade é o alto índice de adolescentes grávidas, sem a mínima condição de cuidar de seus filhos, bem como a disseminação dos vírus da AIDS. Ainda que a legalização do aborto diminuísse o número de abortos clandestinos, ainda que os preservativos fossem seguros, ainda assim, a solução não estaria aí. A solução única para o aborto e disseminação da AIDS é a castidade, pois é a única ação que combate o mal em sua raiz. E ainda, se de imediato a legalização do aborto e o uso do preservativo parecem atenuar o problema, na verdade, agravam ainda mais, pois endossam e fortalecem o mal gerador que é a promiscuidade.

Prova isso o altíssimo número de abortos na Austrália que vem surgindo após a legalização do aborto naquele país, a ponto de o governo subsidiar a Igreja para trabalhar contra o aborto. Também é um exemplo o que ocorre na Uganda, que tinha o maior número mundial de infectados do HIV – 30% da população – e que, com um programa pautado na continência sexual e fidelidade conjugal, diminuiu esse índice para 6%.

Contudo, para um governo populista que busca soluções fáceis, mas irreais, é mais fácil legalizar o aborto e distribuir camisinhas do que assumir um programa sério e trabalhoso de verdadeira educação sexual, em que o jovem aprenda não somente os elementos fisiológicos e biológicos de sua sexualidade, mas os elementos filosóficos e morais que estão por trás desse maravilhoso dom humano. Tampouco, para uma sociedade que se lambuzou no hedonismo, na idolatria da falsa liberdade, na escravidão do imediato, é mais fácil tomar essas atitudes do que assumir os sacrifícios inerentes à castidade.

Não é minha intenção, aqui, fundamentar a inconseqüência técnica que é afirmar a segurança dos preservativos, tampouco as conseqüências socais da legalização do aborto, embora esses dados existam e revelem a verdadeira face dessas ações. Antes disso, uma análise lúcida já é o suficiente para mostrar o grave engano que estão querendo impor às pessoas, ao se afirmar que essas questões são questões de saúde pública e que, portanto, nada têm a ver com a defesa da vida, as discussões éticas e morais, nada tem a ver com a Igreja. Na verdade, esse discurso evasivo é uma artimanha para afastar a “polícia da vida”, a Igreja, dessa discussão e se ter a liberdade de legitimar o assassinato.

Não podemos permitir que o governo e uma facção da sociedade interessada em fazer permear as soluções fáceis, os contra-valores, destruam as estruturas sagradas de respeito à vida e à moral. Estamos diante de uma situação difícil e complexa, fruto de um percurso de liberalidade que o mundo assumiu. Seria necessário que o governo, a sociedade e a Igreja se unissem no combate do mal da promiscuidade para que juntos, vençamos a AIDS, o número elevado de abortos e outros males, fruto dessa árvore de morte.

O Caminho é aquele apontado por Cristo há dois mil anos e que, sempre quando os homens se afastam dele, caem em contradições inaceitáveis para um ser inteligente. Essa solução é aquela que o Papa Bento XVI gritou em suas homilias e pronunciamentos no Brasil, a Castidade que leva o homem a fazer de sua sexualidade um força que o transforma em um bem para si, para o próximo, para o mundo.

* Defendeu a legalização do aborto colocando-a em seu programa de governo (27 de setembro, aliás, 4 dias antes do segundo turno); defendendo na ONU – Em 11 de abril e agosto de 2005 o governo Lula, reconhece o aborto como um direito humano da mulher e reafirma novamente diante da ONU decisão do governo de revisar a legislação punitiva do aborto; Foi o presidente Lula quem organizou, através de seus ministros, a Comissão Tripartite que elaborou o projeto de lei que está tramitando na Câmara que, se aprovado, extingue totalmente o crime do aborto tornando-o legal a qualquer momento desde a concepção até o momento do parto. O projeto está tramitando na Câmara sob o nome técnido de substistitutivo do Projeto de Lei 1135/91; Também seu partido, o PT, nas “Diretrizes para a Elaboração do Programa de Governo”, oficialmente aprovadas pelo Partido dos Trabalhadores, no 13º Encontro Nacional do PT ocorrido
em São Paulo entre os dias 28 e 30 de abril de 2006, que contém o compromisso oficial do atual governo de legalizar o aborto no Brasil: “35. O segundo Governo [do presidente Lula] deve consolidar e avançar na implementação de políticas afirmativas e de combate aos preconceitos e à discriminação. As políticas de igualdade racial e de gênero e de promoção dos direitos e cidadania de gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais receberão mais recursos. O GOVERNO FEDERAL SE EMPENHARÁ NA AGENDA LEGISLATIVA QUE CONTEMPLE A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO”.


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino