Rezando a vida...

“Vós vos despistes do homem velho com seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”( Cl 4,9-10).

Daí também a insistência bíblica da necessidade de orar em todas as circunstâncias (cf. 1 Ts 5,16; Lc 18,1; Rm 12,12c).
Orar é se colocar inteiramente na presença do Senhor. Só em estar na sua presença já estamos sendo curados, restaurados e libertados. Do mesmo jeito que basta a gente ficar exposto ao sol para ir pouco a pouco sendo bronzeado. Ele, o sol nascente que nos veio visitar (cf. Lc 1,78-79) vai iluminando todas as nossas trevas interiores e nos libertando de toda sombra de morte, além de dirigir nossos passos no caminho da paz (no caminho da cura interior).
A oração de cura interior vai nos libertando, nos sarando e santificando. Ser curado é ser sarado! Ser sarado é ser santo! E Santo é aquele que tem a verdadeira capacidade de amar: dar e receber amor segundo o coração de Deus (cf. Jo 13,34-35).
Pela oração pessoal vamos permitindo que se realize e aconteça o senhorio de Jesus em todas as áreas de nossa vida: tudo aquilo que somos, fizemos, sabemos, lembramos, esquecemos, consciente, subconsciente e inconsciente. Pela oração, o Pai vai “iluminando os olhos do nosso coração, para que compreendamos a que esperança fomos chamados e qual rica e gloriosa é a herança que ele nos reserva, e qual a suprema grandeza de seu poder para conosco que abraçamos a fé”(Ef 1,18-19). Pela oração permitirmos que realmente o senhorio de Jesus atinja todo o nosso ser e até mesmo a nossa oração.
Há uma profunda relação entre a qualidade de nossa oração e a cura interior. Por qualidade de oração entendo aqui: o tempo, a frequência, a persistência, o conteúdo e a seriedade com que vivemos este compromisso. Neste sentido é correto a gente afirmar que a cura interior depende de nossa disciplina interior e espiritual. Então é fácil concluir que, quanto mais necessito de cura, mais preciso me aproximar de Deus pela oração.
O tempo de oração deve ser levado muito à sério. Não adianta nada começar rezando uma hora por dia e depois ir diminuindo até não rezar nem alguns minutos. É preferível começar com alguns minutos e, pouco a pouco, ir aumentando gradativamente o tempo de oração pessoal.
A oração pessoal precisa ser, no mínimo, diária (frequência). Do mesmo jeito que a gente precisa de banho, alimentação e repouso diários, precisamos da oração. Sem oração a gente vai ficando fraco, fedido, e cansado demais.
Se a oração precisa ser diária, é necessário a persistência. E isto exatamente porque se não nos cobramos, acabamos por relaxar no zelo com as coisas de Deus (cf. Rm 12,11-12). A gente não pode deixar para rezar somente quando está com vontade, ou “inspirado”. A gente tem que rezar por necessidade, já que a oração é a respiração da alma. Como o corpo sem ar morre em poucos segundos; o coração sem oração vai morrendo cada dia um pouquinho.


Padre Léo, scj