Maria Santíssima, modelo de amor ao próximo

Meditemos sobre a superioridade de Maria Santíssima como modelo de amor a Deus e ao próximo.

Santo Afonso Maria de Ligório nos ajuda a compreender que a Santíssima Virgem Maria é o modelo máximo do amor a Deus e ao próximo. A princípio pode parecer exagero, mas se meditarmos profundamente sobre a presença da Mãe de Deus no mistério da salvação da humanidade, realizado por seu Filho Jesus Cristo, certamente reconheceremos o seu amor incomparável por Deus e por cada um de nós, seus filhos.

Meditemos sobre a superioridade de Maria Santíssima como modelo de amor a Deus e ao próximo.

Primeiro milagre de Jesus, nas Bodas de Caná.

O amor ao próximo nasce do amor que nutrimos para com Deus. Consequentemente, do mesmo modo que nunca existiu, nem jamais existirá, quem tenha amado Deus mais do que a Santíssima Virgem Maria, também não houve, nem haverá, quem mais tenha amado e ame o próximo do que a Santíssima Virgem. A prova disso é que a sua caridade para conosco a levou a oferecer à morte, entre as mais terríveis e insuportáveis dores, o seu Filho Jesus Cristo, pela nossa salvação. Sendo assim, felizes de nós se soubermos imitar uma Mãe tão amorosa. Em resposta, ela usará para conosco da mesma caridade que tivermos para com o nosso próximo.

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A Virgem Maria e o dever da caridade para com o próximo

O amor a Deus e ao próximo nos é dado por Deus no mesmo preceito: “Hoc mandatum habemus a Deo: ut qui diligit Deum, diligat et fratrem suum — Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão” (1 Jo 4, 21). A razão para este mandamento é óbvia, diz Santo Tomás de Aquino: “porque quem ama a Deus, ama todas as coisas amadas por Deus”[1]. Se considerarmos que não existiu, nem jamais existirá, criatura humana que mais tenha amado Deus do que Nossa Senhora, também podemos considerar que não houve, nem haverá jamais, quem mais tenha amado o próximo do que a Santíssima Virgem. A respeito desta passagem do livro do Cântico dos Cânticos: “Ferculum fecit sib rex Salomon […] media caritate constravit, propter filias Ierusalem — O rei Salomão fez para si uma liteira […] revestiu-a de caridade por causa das filhas de Jerusalém” (Ct 3, 9a-10b), Padre Cornélio a Lapide diz que esta liteira[2] foi o seio de Maria, no qual habitou o Verbo de Deus encarnado, que cumulou sua Mãe Santíssima de caridade ardente, a fim de que ela auxiliasse a qualquer pessoa que a ela recorresse.

Em sua vida terrena, Nossa Senhora foi tão cheia de caridade que socorria os necessitados, mesmo sem que lhe pedissem, como fez precisamente nas bodas de Caná, na Galileia, quando ela pediu ao seu Filho o milagre da transformação da água em vinho, expondo-Lhe a aflição daquela família: “Vinum non habent —Eles não tem vinho” (Jo 2, 3).

A Virgem Maria se apressava quando as ações tinham a finalidade de socorrer o próximo! Quando, por dever de caridade, Nossa Senhora visitou a casa de sua prima Santa Isabel, foi às pressas para as montanhas: abiit in montana cum festinatione (cf. Lc 1, 39). No entanto, a Mãe de Deus não pode demonstrar melhor a sua grande caridade, de forma mais elevada, do que oferecendo o seu Filho unigênito à morte pela nossa salvação. Nesse sentido, São Boaventura diz: “Maria amou o mundo de tal modo, que deu por ele o seu Filho unigênito”[3].

A caridade de Nossa Senhora para com o próximo

A caridade da Virgem Maria para conosco não é menor agora que ela está no Reino dos Céus. Antes, pelo contrário, como diz também São Boaventura, nos Céus seu amor tem aumentado, porque estando lá ela conhece melhor as nossas misérias. Pobres de nós, se Maria Santíssima não intercedesse junto a Deus em nosso favor! Nesse sentido, Jesus Cristo revelou a Santa Brígida que, se as súplicas da Mãe da Igreja não fossem dirigidas a Deus por nós, não haveria esperança de misericórdia.

Bem-aventurado aquele que presta atenção aos preceitos da Santíssima Virgem e que observa a sua caridade, para depois, à sua imitação, praticá-la com os outros: “Beatus homo qui audit me — Bem-aventurado o homem que me ouve” (Pr 8, 34). São Gregório Nazianzeno afirma que, para adquirirmos o afeto de Maria Santíssima, não há nada melhor do que usar de caridade para com nosso próximo. Por isso, podemos dizer que do mesmo modo que Deus nos exorta: “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36); parece que Nossa Senhora diz a cada um de nós, seus filhos: Sede misericordiosos, como também vossa Mãe é misericordiosa.

Certamente que, conforme a caridade que nós usarmos para com o próximo, Deus e Maria a usarão para conosco, conforme diz Jesus Cristo, que nos medirá com a mesma medida com que medirmos os outros (cf. Lc 6, 38). Por fim, a caridade para com o próximo é útil para tudo e nos faz felizes nesta e na outra vida, porque tem a promessa da vida presente e da futura, conclui o Apóstolo dos Gentios (1 Tm 4, 8). Ademais, quem socorre os necessitados faz com que o próprio Deus seja seu devedor (cf. Pr 19, 17).

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Vida de apostolado”:

Oração de Santo Afonso Maria de Ligório

Ó Mãe de misericórdia, vós sois cheia de caridade para com todos; não vos esqueçais de minhas misérias. Vós as conheceis. Recomendai-me a Deus, que nada vos nega. Alcançai-me a graça de poder imitar-vos na santa caridade tanto para com Deus como para com o próximo. — E Vós, ó meu Jesus, tende piedade de mim; perdoai-me todos os desgostos que Vos dei, particularmente pela minha pouca caridade com o próximo. Perdoai-me, Senhor, e não me entregueis à mercê das minhas paixões, como mereceria. Se prevedes que para o futuro eu tenho de Vos ofender novamente, deixai-me antes morrer agora, que espero estar na vossa graça. Fazei-o pelos merecimentos da caridade de Maria Santíssima, vossa querida Mãe[4].

Links relacionados:

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TODO DE MARIA. A fé, a esperança e a caridade de Maria.

TODO DE MARIA. A Igreja e a caridade ardente de Maria.

Referências e nota:


[1]  SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações para todos os dias e festas do ano: Tomo II, p. 35.

[2]  Antigo veículo sem rodas, suspenso por varais levados à frente e atrás por homens ou animais, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.

[3]  SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Op. cit., p. 35.

[4]  Idem, p. 36-37.

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