O que podemos aprender com nossos avós?

O aprendizado com São Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus, a sua mensagem para o nosso tempo e para as futuras gerações.

O que podemos aprender com nossos avós

Sant’Ana, São Joaquim e a Menina Maria

Em tempos de tantas novidades, podemos ainda aprender alguma coisa com os mais velhos, com os nossos pais e nossos avós? Para refletir sobre este tema, nos voltemos para a história de São Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus Cristo. Joaquim e Ana eram judeus piedosos, que pertenciam ao grupo daqueles que esperavam a consolação de Israel1, e a eles foi confiada uma tarefa muito especial na história da salvação: “foram escolhidos por Deus, para gerar a Imaculada que, por sua vez, é chamada a gerar o Filho de Deus”2. Na casa de Joaquim e Ana, veio ao mundo a Virgem Maria, que trazia em si o extraordinário mistério da Imaculada Conceição. Na casa deles, Nossa Senhora cresceu, acompanhada pelo amor e pela fé daquele casal santo. Na casa dos pais, Maria aprendeu a escutar o Senhor e fazer a sua vontade. São Joaquim e Sant’Ana fazem parte de uma longa tradição, que transmitiu a fé e o amor a Deus, no calor da família, desde Abraão até Maria, até aquela que acolheu em seu ventre o Filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a cada um de nós. Vemos na história dos avós de Jesus o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé!

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A figura de São Joaquim e Santa Ana nos recorda a casa paterna da Virgem Maria, Mãe de Cristo. No lar desse casal piedoso, Nossa Senhora veio ao mundo, trazendo em si o extraordinário mistério da Imaculada Conceição, que mais tarde acolheria mistério ainda mais extraordinário: a Encarnação do Filho unigênito de Deus. Na casa de Joaquim e Ana, a Menina Maria era cercada pelo amor e pelo cuidado dos seus pais. “Lá ‘aprendia’ de sua mãe, de Santa Ana, como se é mãe”3. De Joaquim e Ana, Maria aprendeu, entre outras coisas, a cultura e a religião dos judeus, mas também deixou neles algo de si. Desde a sua infância, “esta sua filha não podia deixar de irradiar aquela graça totalmente especial da sua pureza, a plenitude da graça que a preparava para o desígnio da maternidade divina”4.

Podemos imaginar o quanto Joaquim e Ana receberam de Maria, ao mesmo tempo que cumpriam o seu dever de pais e educadores. A imagem de São Joaquim e Santa Ana juntos com Maria Menina nos ajuda a intuir algo a respeito do relacionamento entre mãe e filha, também no que se refere à Palavra de Deus revelada. Pois, na cultura judaica a mãe é responsável pela transmissão da fé e dos costumes. “Mãe e filha estavam unidas não apenas por laços familiares, mas também pela comum expectativa do cumprimento das promessas, pela recitação multiforme dos Salmos e pela evocação de uma vida entregue a Deus”5.

Assista ao programa do Padre Paulo Ricardo na “Memória de São Joaquim e Sant’Ana, pais de Nossa Senhora”:

Olhando para a vida de São Joaquim e Sant’Ana, pais da Santíssima Virgem Maria e avós de Jesus Cristo, lembramos “como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família”6. O Documento de Aparecida nos recorda que “crianças e anciãos constroem o futuro dos povos. As crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas”7. Este vínculo com os pais e os avós, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e incentivado se queremos uma sociedade mais humana a fraterna.

Infelizmente, nós vivemos em um tempo no qual os idosos não contam mais e muitos deles são desprezados e descartados, porque dão trabalho. Isto é muito ruim para as famílias e para a sociedade, pois os idosos são aqueles que nos ensinam a história, que nos trazem a doutrina, nos transmitem a fé e nos deixam um legado. Nossos pais e avós “são aqueles que, como um bom vinho envelhecido, têm força dentro de si para nos dar uma herança nobre”8. Os mais velhos, os pais, os avós, são um tesouro, pois a memória desses nossos antepassados nos leva a imitar sua fé. A sabedoria dos mais velhos é uma herança que devemos receber e guardar com todo cuidado e respeito. Pois, “um povo que não cuida dos avós, um povo que não respeita os avós não tem futuro, porque não tem memória”9. Por isso, conscientes da importância do legado que eles nos transmitem, cuidemos de nossos pais, nossos avós, com todo nosso amor e dedicação. Cuidemos também para que este legado não se perca, mas seja transmitido às futuras gerações. São Joaquim e Santa Ana, rogai por nós!

Referências:

1 Cf. Lc 2, 25.38.

4 Idem, Homilia do Cardeal Tarcisio Bertone na festa litúrgica dos santos pais de Nossa Senhora, em 26 de Julho de 2007.

5 Idem, ibidem.

8 CANÇÃO NOVA. Homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta, em 18 de Novembro de 2013.

9 Idem, ibidem.

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