Os remédios para as distrações na oração

Conheça quais são os remédios mais importantes para as distrações involuntárias na oração.

Nesta aula do curso “Ensina-nos a Orar”, Padre Paulo Ricardo nos indica alguns remédios para as nossas distrações involuntárias durante as orações. Nas aulas anteriores, nós já vimos que há dois tipos de distrações: as voluntárias e as involuntárias. Para as distrações voluntárias, o remédio é muito simples: tomar vergonha na cara e ser virtuoso. Pois, nesse caso, estamos distraídos por nossa culpa.

Conheça quais são os remédios mais importantes para as distrações involuntárias na oração.

Santa Teresa d’Ávila

Nas distrações involuntárias, é necessário nós compreendermos que, em primeiro lugar, não adiantará usar uma força de vontade excessiva. Quando queremos domar um animal, não o domamos pela força, não o matamos de tanto bater ou o deixamos morrer de fome. Temos que saber equilibrar o rigor e a recompensa. Com este cuidado é que nós devemos lidar com as distrações. Pois, estas requerem de nós um discernimento, para não sermos tão folgados a ponto de deixar a dissipação tomar conta. Ao mesmo tempo, não podemos ser tão rigorosos que nos sufoquemos e façamos uma violência excessiva ao nosso mundo interior.

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As paixões e o amor no apostolado

Não podemos fazer uma violência excessiva em nosso mundo interior porque as distrações, de certa forma, estão ligadas às nossas paixões irracionais. Então, como remédio para as distrações, nós temos, em primeiríssimo lugar, a vida do apostolado. Nós verdadeiramente devemos nos deixar devorar pelos irmãos em nosso apostolado. Nós devemos ter uma vida de doação, de entrega e de amor pelo próximo. Esta doação amorosa vai colocando em ordem o nosso mundo interior, as nossas paixões.

O apostolado, feito por amor primeiramente a Deus, produz resultados muito positivos na nossa vida interior. Com o tempo, veremos que as coisas vão melhorar em nossa vida de oração. Entretanto, mesmo com esse progresso, é necessário recordar duas virtudes muito importantes. A primeira é a humildade. Nós não somos anjos, quem quiser se elevar acima da sua própria natureza terminará caindo abaixo dela. Se quisermos ser um “anjo de luz” (2 Cor 11, 14), significado da palavra em latim lucifer, nós terminaremos nos transformando numa besta irracional. Então, sejamos humildes.

Assista ou ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre “Os remédios das distrações involuntárias”:

A aridez e a perseverança na oração

Nós somos seres humanos, limitados. Por isso, a nossa vida de oração está realmente sujeita às distrações involuntárias e, às vezes, a uma realidade de aridez, que não vai mais embora e parece que não vai terminar nunca. Nesse caso, a segunda virtude que nos ajudará é a perseverança. Quem perseverar será salvo (cf. Mt 24, 13), diz a Sagrada Escritura. Nesse mesmo sentido, Santa Teresa d’Ávila nos recorda: “A paciência tudo alcança”[1].

Vamos confiar que nosso Senhor quer estar conosco e Se unir a nós, muito mais do que nós queremos nos unir a Ele. Então, se nós não conseguimos nos unir a Ele e vemos com toda clareza que não é culpa nossa, perseveremos, sejamos humildes, continuemos firmes e saibamos voltar às práticas do início de nossa vida de oração.

A aridez e a virtude da humildade

Quando já fizemos progressos na vida de meditação e já estávamos conseguindo vislumbrar lampejos da verdade divina e tínhamos consolações interiores, e agora parece que voltamos à estaca zero, parece que nunca rezamos na vida, sejamos humildes e voltemos para a oração vocal. Santa Teresinha do Menino Jesus, no seu “Manuscrito C”, nos recorda com toda clareza quando ela vive momentos de aridez: “Vez por outra, quando a minha mente está em tão grande aridez que me é impossível extrair um pensamento para me unir a Deus, recito muito lentamente o ‘Pai-nosso’ e a ‘Saudação Angélica’ [Ave-Maria]”[2]. Rezar dessa forma alimentava Teresinha muito mais do que outras orações.

Portanto, as distrações não são boas, mas infelizmente fazem parte da vida de oração. Por isso, quando elas se instalam numa espécie de aridez espiritual, então nós precisamos de humildade e de perseverança. Sobretudo, lembremos que o progresso na vida interior não significa ter muitos arroubos místicos, mas é um crescimento no amor. Por isso, uma vida de oração necessita também que tenhamos uma vida de apostolado, onde nos deixemos devorar pelos irmãos e, assim, coloquemos as nossas paixões em ordem.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “Uma oração feita com distração tem valor?”:

Poesia de Santa Teresa d’Ávila: Nada te perturbe

Nada te perturbe,

nada te amedronte,

tudo passa,

Deus não muda,

a paciência

tudo alcança.

A quem tem Deus

nada falta.

Só Deus basta[3].

Links relacionados:

PADRE PAULO RICARDO. As deploráveis Terceiras Moradas.

PADRE PAULO RICARDO. Caminho de Perfeição.

PADRE PAULO RICARDO. Projeto Terceira Morada.

TODO DE MARIA. Mudar de vida com o Projeto Segunda Morada.

TODO DE MARIA. Padre Paulo Ricardo ensina-nos a orar.

Referências:


[1]  SANTA TERESA DE JESUS. Obras Completas, Poesia 9.

[2]  SANTA TERESINHA. História de uma alma, Manuscrito C.

[3]  SANTA TERESA DE JESUS. Op. cit., Poesia 9.

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