Santuário de Aparecida, nova Igreja-Catedral

Papa Francisco concede o título de Igreja-Catedral ao Santuário Nacional de Aparecida.

Neste sábado (12), durante a Santa Missa celebrada às 9 horas da manhã, foi promulgado o decreto da Congregação para os Bispos, que concede ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida o título de Igreja-Catedral. O título foi concedido por Monsenhor Marcel Smejkal, delegado do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni d’Aniello. A celebração foi presidida pelo Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida (SP), que agora tem sua Cátedra no Santuário.

Papa Francisco concede o título de Igreja-Catedral ao Santuário Nacional de Aparecida.

Santuário Naciona de Aparecida com campanário comemorativo do jubileu de 300 anos.

Papa Francisco aprovou o decreto que autorizou a transferência do título de Catedral Arquidiocesana de Aparecida da Paróquia Santo Antônio, em Guaratinguetá (SP), para o Santuário Nacional de Aparecida. Este é o maior santuário mariano do Brasil, dedicado a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. O documento chegou à Arquidiocese de Aparecida no último dia 22 de outubro e a divulgação realizada oficialmente na semana passada.

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A transferência do título de Catedral de Guaratinguetá para Aparecida

Em nota oficial, Dom Raymundo Damasceno Assis esclarece que, “com a transferência, fica extinto o título de Catedral do templo dedicado a Deus, em honra de Santo Antônio, na cidade de Guaratinguetá, passando, então, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida ao grau e dignidade de Igreja-Catedral da mesma Arquidiocese”[1].

Segundo Dom Raymundo, a transferência do título de Catedral para o Santuário Nacional de Aparecida em nada diminui a importância da Igreja Matriz de Santo Antônio, em Guaratinguetá, que é a primeira igreja da Arquidiocese.

A igreja, dedicada a Santo Antônio de Pádua, foi construída em 1630, com paredes feitas em pau-a-pique e com cobertura de sapé. Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (✩1739 -✟1822), primeiro santo brasileiro, foi batizado na antiga Matriz. “Na mesma igreja, Frei Galvão fez sua primeira comunhão, foi crismado e, como jovem religioso, aí rezou sua primeira missa”[2].

O Santo nasceu apenas duas décadas depois do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Frei Galvão, conhecido por seu profundo amor a Deus e aos pobres, nutria também uma profunda devoção mariana. Uma relíquia preciosíssima, que se encontra no Mosteiro da Luz, atesta essa devoção. Trata-se do ato de consagração de Frei Galvão, como escravo a Nossa Senhora, escrito de próprio punho em 1766, quando tinha 27 anos de idade[3].

A importância do Santuário para a Igreja da Arquidiocese

Padre João Batista de Almeida, reitor do Santuário Nacional de Aparecida, disse que a recepção do título de Catedral indica a importância do Santuário para a Igreja da Arquidiocese de Aparecida:

A Catedral é a igreja oficial do Bispo, o bispo não tem uma paróquia, porque todas as paróquias são da Diocese, mas ele tem uma igreja oficial, a Catedral, e tem esse nome justamente por causa da cátedra. A cátedra está ligada a autoridade episcopal, e ele é a autoridade máxima, e por isso, a cátedra dele está ali[4].

Segundo o Reitor, o título consolida uma atitude já assumida pelo Arcebispo de Aparecida. Dom Damasceno sempre fez os anúncios e as celebrações oficiais no Santuário, porque já considerava o Santuário de Aparecida como sua Catedral.

Papa Francisco concede o título de Igreja-Catedral ao Santuário Nacional de Aparecida.

Nova Cátedra do Santuário, com brasão episcopal de Dom Raymundo Damasceno.

O Significado de Cátedra e Igreja-Catedral

Uma Igreja-Catedral é a igreja oficial do Bispo, a Igreja-Mãe de todas as outras da diocese. A Catedral é um sinal do tríplice múnus de Jesus Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei, que o Bispo assume perante a porção do rebanho do Senhor que lhe foi confiada. Nesse sentido, a Catedral é o lugar por excelência da missão de santificar, ensinar e governar, que recebeu de Cristo. A Catedral é também sinal da unidade dos fiéis na fé que o Bispo anuncia, como autêntico Pastor do rebanho. Na Catedral fica a cátedra, a cadeira, do Bispo.

Segundo o Padre salesiano José Aldazábal (✩1933 -✟2006), grande liturgista, a palavra Cátedra tem sua origem na palavra em grego: kathedra, que é composta da junção de duas palavras: kata (no alto) e hedra (assento)[5]. A palavra grega cátedra é raiz da palavra cadeira. Para nós católicos, Cátedra é um assento solene, concedido a quem preside a Liturgia. Nesse sentido, a Igreja-Catedral é o lugar onde o Bispo preside as principais liturgias da Diocese.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “O Fim está próximo?”:

Catedral nos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida

Assim, o título de Igreja-Catedral recebido pelo Santuário Nacional de Aparecida no Ano Jubilar dos 300 anos é como que o reconhecimento da presença da Padroeira do Brasil na Arquidiocese de Aparecida e também em todo o Brasil. Se um Bispo preside uma Igreja particular, Nossa Senhora Aparecida preside o nosso país, preside espiritualmente a Igreja Católica no Brasil. Entretanto, a Virgem Maria quer muito mais do que um título de honra, como o de Padroeira do Brasil.

Especialmente a partir deste Ano Jubilar, Nossa Senhora quer presidir as nossas vidas, não de uma cadeira construída por mãos humanas, mas do trono que há para ela nossos corações, à direita de Jesus Cristo (cf. Sl 44, 10). Façamos como o Discípulo amado que, aos pés da cruz, recebeu a Mãe do Senhor como sua própria Mãe e a levou para o que era seu, para o mais íntimo de seu coração (cf. Jo 19, 27).

Acolhamos a Mãe de Deus em nossas vidas, para que ela nos ajude a trilhar o caminho de Cristo, o caminho da cruz, do sofrimento, do sacrifício (cf. Mc 8, 34), para um dia chegarmos à Pátria definitiva, no Reino dos Céus, onde teremos o banquete das núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 9). Lá, o Senhor Jesus Cristo tem o seu Trono, a sua Cátedra, de onde presidirá a Liturgia celeste por toda a eternidade (cf. Ap 4, 2-3).

Ato de consagração de Frei Galvão a Virgem Maria

Saibam todos quantos esta carta e cédula virem, como eu, Fr. Antônio de Sant’Anna, me entrego por filho e perpétuo escravo da Virgem Santíssima Minha Senhora, com a doação livre, pura e perfeita de minha pessoa, para que de mim disponha conforme sua vontade, gosto e beneplácito, como verdadeira Mãe e Senhora minha. E Vós, Soberana Princesa, dignai-vos de aceitar esta minha pessoa, venda, e filial entrega, não duvideis em me admitirdes ao vosso serviço, a este vil servo… Nas vossas piedosíssimas mãos entrego meu corpo, alma, coração, entendimento, vontade e todos os mais sentidos, porque de hoje em diante corro por vossa conta e todo sou vosso …. Para o que vos ofereço desde agora todos os meus pensamentos, palavras e obras, e tudo o mais meritório que fizer e indulgências que ganhar, para que apresenteis junto com os vossos merecimentos a vosso Filho Santíssimo, dispondo vós de todos eles conforme for vossa vontade… Sejam também meus intercessores o Arcanjo São Gabriel, e o Anjo da minha guarda, e todos os mais Anjos, de todos os coros Angélicos, e todos os Santos e Bem-aventurados, principalmente meu pai São Francisco, digo, primeiramente os gloriosos Santos vossos pais e esposo, meu pai São Francisco, Santa Águeda, o Santo do meu nome, São Pedro de Alcântara, Santa Gertrudes, meu pai São Domingos, São Tiago Apóstolo, São Benedito, os Reis Magos, São Jerônimo, Santa Teresa, São Francisco de Borja, a minha Mãe Isabel, e Irmãos, e parentes e amigos, se é que todos gozam da vossa vista, como o espero e piamente suponho, e a todos os mais que é vossa vontade que eu peça em particular. E rogo a todos estes referidos Santos que orem a vós por mim, e me sirvam de testemunhas irrefragáveis desta minha filial entrega e escravidão. E para que conste que esta minha determinação foi feita em meu perfeito juízo faço esta Cédula de minha própria letra, e assinada com o sangue de meu peito. Hoje, dia do patrocínio de minha Senhora e Mãe de Deus, 9 de novembro de 1766. De minha Senhora Maria Santíssima indigno servo. a) Frei Antônio de Sant’Anna[6].

Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós!

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A 7ª Campanha de Consagrações a Virgem Maria.

TODO DE MARIA. Nossa Senhora Aparecida e o nosso casamento.

TODO DE MARIA. O Jubileu dos 300 anos de Aparecida.

Referências:


[4]  A12. Op. cit.

[5]  A12. Op. cit.

[6]  CATOLICISMO. Op. cit.

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