Vida de mãe com muitos filhos é sempre cheia de surpresas
Cada dia é único! Entre risadas, barulho de criança correndo pela casa, bebê chorando, um “manhê, limpa meu bumbum” ou ainda um “manhê, fulano mostrou a língua pra mim” há sempre a alegria e o coração realizado por ter filhos crescendo e aprendendo os valores que passamos a eles a todo momento.
Por sermos uma família com vários filhos, chamamos à atenção por onde passamos. Já escutei de tudo: “Nossa, são todos seus? Você é corajosa! Vai parar por aí, né?”. Bom, prefiro acreditar que somos um sinal de bênção para um mundo tão individualista. Papa Francisco, com muita ternura, enfatizou em uma audiência geral semanal: “As pessoas não deveriam ter medo de ter filhos, já que eles são a alegria dos pais e das famílias, geram harmonia entre as gerações e ajudam a alimentar a esperança”.

Fazer opção por ter uma família é viver uma constante espera da ação de Deus e ser surpreendido, todos os dias, por esse amor que só transborda quando, de fato, colocamos Jesus no centro. Essa é a forma mais eficaz de combatermos o consumismo, o egoísmo e a falta de amor. Esse amor que nos faz entender, no dia a dia, que o mais importante são as pessoas e não as “coisas”, e que o mundo pode estar acabando lá fora, mas dentro da nossa casa estamos firmes, porque temos uns aos outros.
Realmente, ser mãe de vários filhos é exigente; porém, tudo depende da forma como levamos a vida. Muitas pessoas nos perguntam como conseguimos criar quatro filhos. Nós mesmos ficamos surpresos, no dia a dia, com esse ritmo frenético que vivemos, essa crise financeira e de valores que nossa sociedade vive. Assim, a única constatação que podemos chegar é que só pode ser resultado de nosso esforço e, principalmente, da graça de Deus. Ao longo desses anos, fomos aprendendo com a experiência dentro de casa (errando muitas vezes) que algumas atitudes são determinantes.
Tenho a certeza de que, sem o mínimo de organização, nossa casa seria um verdadeiro caos; e quanto mais nos disciplinamos e dividimos as tarefas (inclusive com as crianças), mais vamos adquirindo harmonia e a vida fica mais fácil. É possível contar com a ajuda de todos.
Algo muito eficaz é os filhos perceberem, primeiro, o companheirismo entre os pais. Isso faz com que eles assumam a casa e queiram fazer parte desse relacionamento de amor mútuo e concreto. Eles se motivam a contribuírem também com seus esforços. Graças a Deus, tenho um marido muito presente e ativo. Acredito que os meninos têm uma linda referência e, quando tiverem suas casas, repetirão com suas esposas o que o pai faz comigo.
O Filipe, de 2 anos, ajuda-me a arrumar a mesa do café, organiza a dispensa (do jeito dele) e guarda os brinquedos. Susana e Isabela (de 7 e 6 anos) me ajudam na cozinha, na limpeza da casa e na organização de suas coisas pessoais.
Outro ponto importante são os horários. A família precisa ter horários pré-estabelecidos. Como nos ensina o ditado popular, “o combinado não sai caro”. Por exemplo, ensinamos as crianças, desde cedo, a dormirem às oito e meia da noite. Após esse horário, o papai e a mamãe administram os afazeres da casa, a oração pessoal ou ainda lazer e momento a sós.
As crianças se sentem mais seguras quando há disciplina, a começar pelos pais. Claro que não podemos fazer de nossa casa um regime militar, porém, vale a pena fazer quadrinhos, conversar, dar recompensas pelo bom comportamento.
Em nossa família o trabalho é de equipe. Quando conseguimos deixar a casa limpa, tudo organizado e com a colaboração de todos, todo mundo ganha. Temos uma regra: não sair de casa com as coisas fora do lugar. Há dias que funciona, outros não; mas temos conseguido manter a casa com a ajuda de todos. Afinal, o trabalho é de equipe. E a casa é de todos.
O Papa Francisco, em uma de suas audiências, frisou ainda que “as crianças não são um problema de biologia reprodutiva, nem um dos tantos modos de se realizar. Tão pouco uma posse dos pais. Não! Os filhos são um dom, são um presente”. Não tenha medo de ter a casa cheia. Ter filhos é uma maravilhosa aventura que nossa sociedade tem esquecido. Sejamos sinal de amor e generosidade a partir de nossas famílias e da abertura à vida. É possível! Não é fardo! É dom e alegria!
Elzirene Pereira
Jornalista e Missionária da Comunidade Canção Nova
Fonte: formacao.cancaonova.com