O papa Francisco, eleito no Vaticano na quarta-feira, deixou há um mês uma mensagem dedicada à Quaresma no site da Arquidiocese de Buenos Aires, na qual avisava para algo que «não vai bem» na sociedade e na Igreja.
«Hoje somos novamente convidados a empreender um caminho Pascal para a vida, caminho (…) que será incómodo mas não estéril. Somos convidados a reconhecer que algo não vai bem em nós mesmos, na sociedade ou na Igreja, a mudar, a converter-nos», afirmava o então cardeal Jorge Mario Bergoglio, na mensagem divulgada a 13 de fevereiro.
A mensagem, dirigida a «sacerdotes, pessoas consagradas e a laicos da arquidiocese», começava por pedir que se «rasgue o coração e não as roupas» e lembra que as pessoas se habituaram a ver e ouvir «através dos meios de comunicação, a história negra da sociedade contemporânea, apresentada quase com alegria perversa».
«A Quaresma apresenta-se como um grito de verdade e de esperança que vem responder que sim, que é possível não disfarçarmos e desenhar sorrisos de plástico como se nada se passasse», prosseguia.
«Sim, é possível que tudo seja novo e diferente porque Deus continua a ser rico em bondade e misericórdia, sempre disposto a perdoar e que nos faz continuar uma e outra vez», acrescentou.
No entanto, defendeu o Papa eleito na quarta-feira, «o drama está na rua, no bairro, na nossa casa e, porque não, nos corações» de cada um.
«Os nossos erros e pecados enquanto Igreja não estão fora desta grande cenário. Os egoísmos mais pessoais, justificados mas nem por isso mais pequenos, a falta de valores éticos na sociedade que representa uma metástase das famílias, da dos bairros, vilas e cidades, mostram-nos as nossas limitações, as nossas fraquezas e a nossa incapacidade de transformar esta lista infindável de realidades destrutivas», disse.
O então cardeal questionava-se, na mesma mensagem, se vale a pena tentar mudar esta realidade, já que «quando cai uma máscara, aparece a verdade», mas «volta a aparecer o pecado».
Ainda assim, Jorge Mario Bergoglio convidou todos «sem exceção» a seguir a «rasgar o coração e não as roupas» para que a mudança não seja «uma penitência artificial», reproduz a Lusa.
O cardeal argentino jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, foi eleito Papa na quarta-feira pelos 115 cardeais reunidos em Roma, assumindo o nome de Francisco.
Fonte: TVI 24