No meu último aniversário tive a oportunidade de estar com minha família. Dias antes ganhei de presente uma quantia em dinheiro para comprar algo que eu estivesse precisando, o ítem que escolhi foi um sapato. À noite cheguei em casa com o calçado e mostrei pra minha irmãzinha caçula, Maíra de 8 anos. Muito extrovertida e comunicativa a Maíra achou o presente muito bonito mas condenou minha atitude de não me auto-presentear…olhando para aquela menina linda de cabelos cacheados como os meus, pedi que me explicasse melhor, ela disse:

“Você devia pedir pra fazerem um embrulho bem bonito em papel de presente e se entregar só no dia do seu aniversário.”

João Paulo e Maíra, meus irmãos

Achei engraçado o que ela disse depois essa frase foi objeto de reflexão pra mim. Porque é tão inadmissível pra mim o ato de me auto presentear ou de me auto abonar? Não estou falando de atos de egoísmo ou egocentrismo, mas me percebi confortável na posição de beneficiadora, cuidadora dos outros mas não de mim mesma.

Muito mais do que um par de sapatos Deus preparava um presente lindo pra mim no dia do meu aniversário: uma manhã linda, ensolarada no Rio de Janeiro. Eu poderia ficar em casa vendo tv e dormindo mas resolvi me presentear saindo para uma caminhada breve. O sol, as árvores, as flores que eu vi neste curto período de exercício eu não poderia desfrutar se não desse o primeiro passo.

Deus tem presentes maravilhosos pra você hoje mesmo, é só ir buscar! Presenteie-se com o primeiro passo!

Deus te abençoe

O odor de sangue fresco tomava o ambiente…

…o punhal brilhava e o sorriso saltava de seus olhos…era dia dos pais e ele preparava o churrasco.

Papai churraixqueiro

Num canto eles brigam pelo brinquedo que logo após será esquecido. O piano empoeirado denuncia a melodia que canta no coração da família. No sofá 70 anos de um amor eterno com direito a beijo apaixonado.

O chôro da criança, a farofa na mesa, o amendoim torrando no fôrno, tudo sistematicamente sincronizado.

Nós crescemos e já não brincamos mais de pipa e corredor polonês, mas ainda posso sentir o cheiro de Guadalupe enchendo meus pulmões de infância. Olhando para a sala percebo, outros “primões” tomaram nosso lugar que com os anos cedemos com prazer.

Dos olhos verdes do Mateus ao sorriso sincero estampado no rosto da mulher que minha irmã se tornou, tudo me diz que os anos passaram e como é bom perceber isso.

Horas depois casa arrumada, caixas de presente à mão! É hora de encerrar o dia com chave de ouro! O olhar surpreso do papai e sua alegria de menino ao abrir o simples pacote de camisas como quem ganha uma lancha, sublima o sorriso eterno.

Antes de dormir, o abraço de boa noite e a frase que me faz ter 11 anos de novo (20 a menos, isso é muito bom): “Esse foi o melhor dia dos pais da minha vida”.

Te amo papai

Eu e meu pai ao piano