O odor de sangue fresco tomava o ambiente…
…o punhal brilhava e o sorriso saltava de seus olhos…era dia dos pais e ele preparava o churrasco.
Num canto eles brigam pelo brinquedo que logo após será esquecido. O piano empoeirado denuncia a melodia que canta no coração da família. No sofá 70 anos de um amor eterno com direito a beijo apaixonado.
O chôro da criança, a farofa na mesa, o amendoim torrando no fôrno, tudo sistematicamente sincronizado.
Nós crescemos e já não brincamos mais de pipa e corredor polonês, mas ainda posso sentir o cheiro de Guadalupe enchendo meus pulmões de infância. Olhando para a sala percebo, outros “primões” tomaram nosso lugar que com os anos cedemos com prazer.
Dos olhos verdes do Mateus ao sorriso sincero estampado no rosto da mulher que minha irmã se tornou, tudo me diz que os anos passaram e como é bom perceber isso.
Horas depois casa arrumada, caixas de presente à mão! É hora de encerrar o dia com chave de ouro! O olhar surpreso do papai e sua alegria de menino ao abrir o simples pacote de camisas como quem ganha uma lancha, sublima o sorriso eterno.
Antes de dormir, o abraço de boa noite e a frase que me faz ter 11 anos de novo (20 a menos, isso é muito bom): “Esse foi o melhor dia dos pais da minha vida”.
Te amo papai