Quero refletir com você sobre a amizade dentro do matrimônio.
Primeiro dizer que amizade é um ponto de partida e o ponto de chegada numa relação humana. Quando a gente conhece alguém e se identifica com seu jeito de ser, a expressão de sua voz, o seu corpo, a maneira de pensar, etc. temos um primeiro impulso, um interesse que vai ser o ponto de partida de tudo, um desejo de aproximação para conhecer, eu chamo isto de impulso de amizade. Se ao nos aproximarmos desta pessoa se confirma esta amizade, ela pode se transformar em uma paixão, num primeiro momento, depois num amor verdadeiro capaz de nos levar ao altar. Mas com o passar dos anos este amor precisa amadurecer e voltar a sua raiz mais profunda que é a amizade.
Santo Tomás de Aquino, no século XIII, afirmou que “a forma do matrimônio consiste na união inseparável dos espíritos, num casal engajado, numa amizade fiel”.
Só pode ser fiel por toda vida quem é amigo de verdade, por isto a importância da amizade conjugal. O amigo acolhe os defeitos do outro e valoriza as suas qualidades, e isto no matrimônio é essencial. O amigo está presente na vida do outro e participa de todas as suas lutas, chora junto nas suas derrotas e nas vitórias se alegra com o amigo.
Fazer de seu cônjuge seu melhor amigo. Esta é uma meta de todo matrimônio. Também o cônjuge precisa sentir esta preferência: se sentir o melhor amigo, isto porque amizade é sempre uma coisa ampla: podemos ter muitos amigos, mas o amigo íntimo que conhece a alma, que partilha a vida de forma total, este precisa ser o cônjuge.
O Papa Paulo VI na Carta Encíclica Humanae Vitae (n.9) escrevendo sobre o amor conjugal afirmou: “É depois um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte, não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, e para poder enriquecê-lo com o dom de si mesmo”.
Muitos relacionamentos são interrompidos por falta desta amizade inicial que citei acima, ou do amadurecimento do amor conjugal que só acontece neste passo de se elevar o convívio matrimonial para esta amizade pessoal e generosa onde se quer amar o cônjuge pelo que ele é, sem querer “desfrutar” dele como um objeto possuído. Pelo contrário, se faz a escolha de enriquecer esta pessoa, dedicando-se a ela por toda vida. Isto é a amizade conjugal. Deus te ajude nesta busca.