24. setembro 2014 · Comentários desativados em Livro Amor e aliança conjugal · Categories: afetividade, Amor Conjugal, espiritualidade do casal, estilo de vida, família, matrimônio, Namoro, Sexualidade · Tags:

Capa Livro DiáconoAmar uma pessoa é escolhe-la definitivamente como companheira na viagem da vida. Como o curso do rio, que é longo até chegar ao mar, mas é perene, é contínuo, o amor conjugal precisa ser contínuo e ter um curso certo: ir até Deus.

O amor por uma pessoa nos leva a assumir a missão de levá-la à plenitude da vida, que é o encontro definitivo com Deus. Quem ama de verdade não para de amar por conta das dificuldades do caminho, porque isso não seria amor, mas um jeito de satisfazer as minhas necessidades.

Amar implica em permanecer. “Permanecei no meu amor” disse Jesus (cf. Jo 15). Permanecer é ficar ligado a fonte.

Adquira este Livro e reflita sobre o amor conjugal. Um livro cheio de conteúdos teológicos, mas com o testemunho meu e de minha esposa, um caso de amor que deu certo.

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Deus o abençoe

Diácono Paulo Lourenço

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22. agosto 2014 · Comentários desativados em O amor é o absoluto que deve ocupar nosso coração · Categories: afetividade, Amor Conjugal, espiritualidade do casal, estilo de vida, família, pais e filhos · Tags:

20130609_205330 Estamos vivendo um mundo onde tudo é relativizado, isto é, se pensa que tudo é relativo e que as leis de Deus e as normas que contribuem para a organização das pessoas que vivem em sociedade e em comunidade também são relativas.

Estou refletindo esta semana sobre a palavra ABSOLUTO. Absoluto é o contrário de relativo. Alguma coisa precisa ser resgatado em minha vida como absoluto, imutável, que não se pode romper, principalmente quando deixo isto fixar-se no meu coração. ” Onde está o teu tesouro aí está o teu coração”. O absoluto em meu coração é o meu tesouro.

O que é absoluto no seu coração? Qual é o teu tesouro?

Se o meu absoluto é o AMOR, todas as coisas passarão por este maravilhoso filtro, e tudo que eu expressar será fruto deste Absoluto que habita dentro de mim. É claro que estou falando de Deus, mas de uma forma concreta. “Deus é amor, quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele” ( I Jo 4,16).

O amor precisa ser o absoluto no meu coração e assim as demais coisas ficam relativas, desde que filtradas pelo Amor. Santo Agostinho disse: “amem e façam o que quiserem”. A regra maior, a lei maior é o Amor. Se eu vivo a partir do amor, não vou desrespeitar nem a mim mesmo, nem ao outro, nem a natureza, nem a Deus. Se eu ponho o Amor como absoluto do meu coração naturalmente estarei fugindo do pecado.

O perigo que vejo em nosso tempo é que muitos colocaram o pecado como absoluto em seu coração, e com ele o demônio. Ninguém, em sã consciência, diria de si mesmo que tem o demônio como absoluto em seu coração, mas muitos não percebem que, se o pecado, ou os frutos da carne: inveja, ciúmes, ódio, impureza, libertinagem, bebedeiras, inimizades, fornicação, discórdias, partidos, orgias, ambição (Gal, 5, 19-21) estão presentes no seu coração como absolutos, na verdade é o demônio que está reinando.

Deus é o único Absoluto, e ele é AMOR, vamos hoje refletir sobre isto. Somente o AMOR precisa ser o absoluto em nosso coração.
Deus lhe abençoe. Diácono Paulo Lourenço

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25. junho 2014 · Comentários desativados em Amizade Conjugal · Categories: afetividade, Amor Conjugal, espiritualidade do casal, estilo de vida, família, matrimônio · Tags:

Mara-e-Paulo.jpgQuero refletir com você sobre a amizade dentro do matrimônio.

Primeiro dizer que amizade é um ponto de partida e o ponto de chegada numa relação humana. Quando a gente conhece alguém e se identifica com seu jeito de ser, a expressão de sua voz, o seu corpo, a maneira de pensar, etc. temos um primeiro impulso, um interesse que vai ser o ponto de partida de tudo, um desejo de aproximação para conhecer, eu chamo isto de impulso de amizade. Se ao nos aproximarmos desta pessoa se confirma esta amizade, ela pode se transformar em uma paixão, num primeiro momento, depois num amor verdadeiro capaz de nos levar ao altar. Mas com o passar dos anos este amor precisa amadurecer e voltar a sua raiz mais profunda que é a amizade.
Santo Tomás de Aquino, no século XIII, afirmou que “a forma do matrimônio consiste na união inseparável dos espíritos, num casal engajado, numa amizade fiel”.
Só pode ser fiel por toda vida quem é amigo de verdade, por isto a importância da amizade conjugal. O amigo acolhe os defeitos do outro e valoriza as suas qualidades, e isto no matrimônio é essencial. O amigo está presente na vida do outro e participa de todas as suas lutas, chora junto nas suas derrotas e nas vitórias se alegra com o amigo.
Fazer de seu cônjuge seu melhor amigo. Esta é uma meta de todo matrimônio. Também o cônjuge precisa sentir esta preferência: se sentir o melhor amigo, isto porque amizade é sempre uma coisa ampla: podemos ter muitos amigos, mas o amigo íntimo que conhece a alma, que partilha a vida de forma total, este precisa ser o cônjuge.
O Papa Paulo VI na Carta Encíclica Humanae Vitae (n.9) escrevendo sobre o amor conjugal afirmou: “É depois um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte, não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, e para poder enriquecê-lo com o dom de si mesmo”.
Muitos relacionamentos são interrompidos por falta desta amizade inicial que citei acima, ou do amadurecimento do amor conjugal que só acontece neste passo de se elevar o convívio matrimonial para esta amizade pessoal e generosa onde se quer amar o cônjuge pelo que ele é, sem querer “desfrutar” dele como um objeto possuído. Pelo contrário, se faz a escolha de enriquecer esta pessoa, dedicando-se a ela por toda vida. Isto é a amizade conjugal. Deus te ajude nesta busca.

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22. maio 2014 · Comentários desativados em Dê sempre uma nova chance · Categories: afetividade, espiritualidade do casal, estilo de vida, família · Tags:

NOVA FOTOS 083Quando nos deparamos com uma pessoa que por causa de uma ou outra escolha errada acabou não correspondendo aquilo que se esperava dela, é muito comum se dizer que acabaram as suas chances, principalmente quando investimos muito nesta pessoa.
Acontece que para Deus a pessoa sempre merece outra chance, e é esta atitude que nós precisamos cultivar.
Quero refletir sobre a mudança que acontece no mundo, nas situações, nas pessoas. O que faz com que a pessoa possa se redimir de um mau cometido é a certeza que as coisas mudam e a maturidade chega e as situações vividas podem ser reescrevidas. Sempre haverá novas possibilidades para aqueles que estão vivos. E a certeza que eu tenho, por mim mesmo, é que as pessoas mudam, crescem e amadurecem com o tempo e com os sofrimentos da vida.
Nesta certeza aprendi a acreditar sempre na possibilidade da pessoa humana, por isso escolhi como meta na minha vida, dar sempre uma nova chance aqueles que não merecem ainda, na esperança de que venham mudar de comportamento, de vida, de forma de pensar e agir. Todos merecem uma nova chance. Quero ser protagonista disto na minha vida oferecendo a misericórdia como julgamento e a reconciliação como instrumento de inserção da pessoa no meu coração, novamente, mesmo aquelas que me ofenderam. Eu creio que isto é o que aprendemos de Cristo: dar uma nova chance. Deus te abençoe.
Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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Um rio somente é rio se desde a sua nascente ele corre até o mar. Só é rio porque tem um curso de água ininterrupto. Se um rio seca é porque a sua água parou de correr suavemente pelo leito que a natureza preparou para ela correr. O rio pode transbordar e continuar a ser um rio, mas se para de brotar água e ela para de correr não é mais rio, simplesmente extinguiu-se. Se não há água corrente não há rio.

Da mesma forma acontece com o amor humano. (Quero refletir sobre o amor humano entre um homem e uma mulher). O amor humano tem uma nascente, um encontro encantador, um dia em olhos se cruzaram e começaram a surgir emoções e sentimentos abrasadores que penetraram o intimo de duas pessoas, num dado momento da vida. A nascente do amor é o primeiro encontro, a primeira conversa, ás vezes cheia de vergonha, ou sem ter o que falar, pois o coração aperta e grita o interior pelo encantamento da pessoa amada.

Como é bom lembrar aquele primeiro encontro, os gestos que me falaram fundo ao coração, o olhar que me fez repensar a vida, a promessa de vida, como o pequeno olho d’agua que promete ser um rio enorme.

O amor acontece por acaso ou porque o Criador, que é a grande fonte nos revela? Quero crer que a resposta mais sensata é que o Criador cria espaços nesta terra para encontros maravilhosos, que são nascentes de água que brotam para a vida eterna.

O Beato João Paulo II em seu Livro “Amor e Responsabilidade” escreve que o amor só é verdadeiro na continuidade. Penso que esta frase é muito relevante no mundo de hoje, onde as coisas são tão descartáveis e tudo acaba muito rápidamente. As pessoas esqueceram que a vida é feita de escolhas e que as escolhas precisam ser definitivas. Amar alguém é escolhe-la definitivamente como companheira na viagem da vida. Como o curso do rio que é longo até chegar ao mar, mas é perene, é contínuo, o amor humano precisa ser contínuo e ter um curso certo: ir até Deus. Se amamos alguém é para leva-lo a plenitude da vida que é o encontro definitivo com Deus. Quem ama de verdade não para de amar por conta das dificuldades do caminho, porque isto não seria amor, mas um jeito de satisfazer as minhas necessidades. Amar implica em permanecer. “Permanecei no Meu amor” disse Jesus (João 15). Permanecer é ficar ligado a fonte de vida.

O amor humano precisa sempre voltar à nascente, ao primeiro encontro e atualiza-lo a cada dia. Talvez o que traria vida de novo aos casamentos, que podemos dizer que estão minguando e se acabando por falta de “água corrente” seria a possibilidade de se voltar ao “primeiro amor” e colher de novo a água limpa do amor essencial , o amor de encantamento que aconteceu no primeiro encontro. E quem sabe transborde este amor aos filhos, a família e a sociedade.

Meu convite hoje para você é que você volte ao amor original e redescubra a possibilidade de vida nova no seu relacionamento. Invista hoje no amor e resgate a maravilha de viver com alguém por amor, com amor e no amor. Desta forma as águas se renovam, a vida brota e o rio da vida segue seu curso até o encontro definitivo com a grandeza do mar de Deus.
Deus o abençoe.

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Sempre se faz esta pergunta: O que é o Natal?
E as respostas podem dadas por diferentes pessoas em diferentes situações que estão vivendo em suas vidas.

Quero refletir com você nesta véspera do Natal de 2012 sobre as possíveis respostas que podem surgir no nosso meio.

Para uma mãe que perdeu um filho porque um atirador entrou atirando numa escola, o Natal talvez seja um dia triste, que aumenta a saudade e o amargo na boca que nasce de um sentimento de perda irreparável. Talvez se ela ouvir um sino batendo ou um canto de paz ela vai confundir com o grito desesperado de uma criança, o seu filho.

Para um pai alcóolatra que se entregou à bebida para esquecer as suas próprias situações de abandono da família, ou a mágoa com a vida que não lhe foi tão próspera, o Natal é mais um dia para se afundar no vício e dizer que sua vida não vale grande coisa. Normalmente estas pessoas na noite de Natal choram muito de saudade dos seus e continuam atolados na solidão. Natal é um dia como os outros.

O Natal para quem tem muitos recursos materiais e enche a casa de comida e bebida, normalmente tem uma alegria aparente, porque nada pode preencher um coração insaciável por ter coisas. Tem muitas coisas e o sentimento de vazio é cada vez maior. Ainda porque os vínculos muitas vezes se perderam pelo caminho da vida e na sequencia de divórcios e distância de filhos de mães ou pais diferentes, paira sempre a solidão de quem tem tudo, mas não possue vinculos que produzam a felicidade tão almejada.

O que é o Natal para quem vive uma vida com significado? O Natal é o momento de rever quem ama, abraçar e beijar os queridos de sua família. Distribuir presentes que podem ser baratos mas que marcam a vida de quem os recebe, pois foram comprados com amor. A abundância de alimentos saborosos nem faz a diferença pois as pessoas e as amizades são bens superiores. E quando se ama de verdade a convivência amiga não exige muitas coisas, basta na verdade a presença.

O Natal para quem encontrou Deus na sua vida é o momento de encontro com quem O “amou primeiro”. Natal é dia do encontro com o Menino Deus, de participar da Eucaristia e ter comunhão com Ele e com os irmãos. E neste Natal todos podem participar.

E o que fazer para ajudar aquela mãe que perdeu o filho?
Quem estiver mais perto lhe abraçe e que ela sinta neste abraço o consolo de saber que o Natal pode trazer a vida e a esperança em meio ao sofrimento.

E aquele pai de família atolado na bebida?
No Natal se você encontrar alguém nesta situação ou drogado ofereça a sua mão e acolha com amor esta pessoa para que ela se sinta amada pelo menos esta noite e procure por causa desta fagulha de amor recebido, buscar ajuda, se levantar e recomeçar a vida. O amor recebido faz grande diferença na vida destas pessoas.

Se você for rico e se perdeu na falta de vínculos, o Natal pode ser enriquecido pela partilha. Ajude uma família a ter um Natal melhor, reparta. Quem dá aos pobres e necessitados recebe sempre mais do que aquilo que deu. Porque um gesto de amor sempre beneficia quem o dá mais que quem recebe. E o amor dado marca o coração de quem recebe, e a felicidade brota no coração de quem deu.

Desejo um Feliz Natal a todos e que o Menino Jesus nos visite com a sua graça neste dia tão especial.

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A palavra “Conversão” nos remete a exame de vida num sentido mais profundo do nosso ser, pois as coisas que vivemos e que queremos mudar impactam na nossa alma. Assim como somos atingidos na alma pelos pecados que cometemos, pelas decisões de vida que tomamos, pelas escolhas certas ou erradas, quando queremos para nós uma verdadeira e definitiva conversão somos tocados no nosso sagrado. E é neste momento que a graça de Deus vem em nosso auxílio: quando decidimos mudar algo em nós, que nos é destrutivo ou que é destrutivo para quem convive conosco.

Ouso comparar isto alegóricamente a um sistema do computador, que a cada tempo se apresenta uma nova “versão” , um novo formato, com novas possibilidades e telas, com ajustes naquilo que não deu certo, que não processou de acordo. Nós também precisamos de tempos em tempos buscar uma nova “versão” da nossa pessoa, buscando ajustes na qualidade de ser e de relacionar-se com os outros. A isto eu chamo da CONVERSÃO: buscar um novo formato melhorado. É claro que depois de algum tempo vamos ter que buscar uma “versão” melhor, mas hoje é tempo de estabelecer isto como meta: dar uma upgrade na vida.

Então quero deixar neste texto algumas dicas:

a) Examine a sua “máquina”, se reveja criteriosamente, sem medo de apontar onde tem errado, exagerado, pecado, cometido injustiças, deixado de corresponder as expectativas dos outros, principalmente os mais próximos. A ordem é se rever, tirando todas as mascaras e as desculpas, os subterfúgios e arrogâncias. Onde preciso mudar?

b) Trace um plano de mudança, uma virada. Neste plano coloque metas e prazos e persiga-os. Não desista quando as situações não favorecerem, continue no propósito de mudança. E não dependa dos outros mudarem, trace o seu próprio plano de mudança.

c) Confie em Deus que age em favor daqueles que querem se tornar verdadeiramente: “sua imagem e semelhança”. Deus vem com sua ajuda, com novas inspirações, basta busca-lo. Querer uma conversão sincera implica em rezar para isto.

Neste Advento que adentramos que eu e você possa buscar a nossa CONVERSÃO, que é fruto de uma decisão. Decida-se. Deus nos abençoe.

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Queria partilhar esta catequese em preparação ao Encontro mundial das famílias com o Papa. É uma ótima reflexão sobre a família nos dias de hoje. Espero que goste.

“Veio ao meio dos seus, e os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1, 11-12). O menino ia crescendo e fortalecia-se: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava sobre ele. Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Tendo ele completado doze anos, subiram a Jerusalém, segundo a tradição da festa […] Em seguida, desceu com eles a Nazaré, permanecendo-lhes submisso. A sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração. Jesus crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e
dos homens (Lc 2, 40-42.51-52).”

Reflexão

Veio ao meio dos seus. Por que motivo a família deve escolher um estilo de vida? Quais são os novos estilos de vida para a família de hoje, a propósito do trabalho e da festa? Dois trechos bíblicos descrevem o modo como o Senhor Jesus veio ao meio de nós (cf. Jo 1, 11-12) e como viveu no seio de uma família humana (cf. Lc 2, 40-42.51-52).

O primeiro texto apresenta-nos Jesus que habita no meio do seu povo: «Veio ao meio dos seus, e os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus». A Palavra eterna parte do seio do Pai, vem para o meio do seu povo e entra numa família humana. O povo de Deus, que deveria ser o ventre acolhedor do Verbo, revela-se estéril. Os seus não o receberam mas, pelo contrário, eliminam-no. O mistério da rejeição de Jesus de Nazaré insere-se no coração da sua vinda para o meio dos nós. Mas a todos aqueles que o recebem, «deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus». Aos pés da cruz, João vê realizar-se aquilo que ele mesmo proclama no início do seu Evangelho. «Quando vê a sua mãe e, perto dela, o discípulo que ele amava» (Jo 19, 26), Jesus confia à mãe o novo filho, e ao discípulo que ele amava, confia a mãe. Depois, o evangelista comenta: «E a partir dessa hora, o discípulo levou-a consigo para a sua casa» (19, 27). Eis o «estilo» que Jesus nos pede, para vir ao meio de nós: um estilo capaz de receber e de gerar.

Jesus pede que a família seja lugar que acolhe e gera a vida em plenitude.
Ela não gera apenas a vida física, mas abre à promessa eà alegria. A família torna-se capaz de «receber», se souber preservar a sua própria intimidade, a história de cada um, as tradições familiares, a confiança na vida e a esperança no Senhor. A família torna-se capaz de «gerar», quando faz circular os dons recebidos, quando conserva o ritmo da existência quotidiana entre trabalho e festa, entre afecto e caridade, entre compromisso e gratuidade. Esta é a dádiva que se recebe em família: conservar e transmitir a vida, no casal e aos filhos.

A família tem o seu ritmo, como a palpitação do coração;é lugar de descanso e de impulso, de chegada e de partida, de paz e de sonho, de ternura e de responsabilidade. O casal deve construir a atmosfera antes da chegada dos filhos. O trabalho não pode tornar a casa deserta, mas a família deve aprender a viver e a conjugar os tempos do trabalho com aqueles da festa. Muitas vezes deve confrontar-se com pressões externas, que não permitem escolher o ideal, mas os discípulos do Senhor são aqueles que, vivendo na realidade das situações, sabem dar sabor a todas as coisas, mesmo àquilo que não se consegue mudar: são o sal da terra. De modo particular, o domingo deve ser tempo de confiança, de liberdade, de encontro, de descanso e de partilha. O domingo é o momento do encontro entre o homem e a mulher. É acima de tudo o Dia do Senhor, o tempo da oração, da Palavra de Deus, da Eucaristia e da abertura à comunidade e à caridade. E deste modo, também os dias da semana receberão luz do domingo e da festa: haverá menos dispersão e mais encontro, menos pressa e mais diálogo, menos coisas e mais presença. Um primeiro passo nesta direcção é ver como habitamos a casa, o que levamos a cabo no nosso lar. É necessário observar como é a nossa morada e considerar o estilo do nosso habitar, as escolhas que ali fizemos, os sonhos que cultivamos, os sofrimentos que vivemos, as lutas que enfrentamos e as esperanças que alimentamos.

O segredo de Nazaré. Nesse povoado da Galileia, Jesus vive o período mais longo da sua vida. Jesus torna-se homem: com o transcorrer dos anos, ele atravessa muitas das experiências humanas para as salvar todas: faz-se um de nós, entra numa família humana, vive trinta anos de silêncio absoluto, que se tornam revelação do mistério da humildade de Nazaré.

O versículo com que tem início este trecho delineia com poucos traços o «segredo de Nazaré». É o lugar onde crescer em sabedoria e graça de Deus, no contexto de uma família que recebe e gera. «O menino ia crescendo e fortalecia-se: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava sobre ele». O mistério de Nazaré diz-nos de modo simples que Jesus, a Palavra que vem do Alto, o Filho do Pai, se faz menino, assume a nossa humanidade, cresce como um jovem no seio de uma família, vive a experiência da religiosidade e da lei, a vida quotidiana cadenciada pelos dias de trabalho e pelo descanso do sábado, o calendário das festas. O «Filho do Altíssimo» reveste-se com o semblante da fragilidade e da pobreza, é acompanhado pelos pastores e por pessoas que manifestam a esperança de Israel. Porém, o mistério de Nazaré é muito mais: é o segredo que fascinou grandes santos, como Teresa de Lisieux e Charles de Foucauld.

Com efeito, o versículo de encerramento do episódio diz que Jesus «desceu com eles a Nazaré, permanecendo-lhes submisso. A sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura (maturidade), sabedoria e graça diante de Deus e dos homens». Eis o profundo mistério de Nazaré: Jesus, a Palavra de Deus em pessoa, imergiu-se na nossa humanidade durante trinta anos! As palavras dos homens, as relações familiares, a experiência da amizade e da conflitualidade, da saúde e da enfermidade, da alegria e do sofrimento tornaram-se linguagens que Jesus aprendeu, para proferir a Palavra de Deus. De onde vêm, a não ser da família e do ambiente de Nazaré, as palavra de Jesus, as suas imagens, a sua capacidade de contemplar os campos, o camponês que semeia, a messe que lourece, a mulher que mistura a farinha, o pastor que extraviou a ovelha, o pai com os seus dois filhos. Onde foi que Jesus aprendeu a sua surpreendente capacidade de narrar, imaginar, comparar e pregar na vida e com a vida? Não vêm elas porventura da imersão de Jesus na vida de Nazaré? Por isso dizemos que Nazaré é o lugar da humildade e do escondimento. A palavra esconde-se, a semente desce ao ventre da terra e morre para trazer como fruto o amor do próprio Deus, aliás, o rosto paterno de Deus. Este é o mistério de Nazaré.

3. Os vínculos familiares. Jesus vive numa família caracterizada pela espiritualidade judaica e pela fidelidade à lei: «Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Tendo ele completado doze anos, subiram a Jerusalém, segundo a tradição da festa». A família e a lei constituem o contexto onde Jesus cresce em sabedoria e graça. A família e a religiosidade judaicas, uma família patriarcal e uma religião doméstica, com as suas festas anuais, com o sentido do sábado, com a oração e o trabalho diário, com o estilo de um amor de casal puro e meigo, fazem compreender que Jesus viveu profundamente a sua família.

Também nós crescemos numa família humana, dentro de vínculos de acolhimento que nos fazem crescer e responder à vida e a Deus. Também nós nos tornamos aquilo que recebemos. O mistério de Nazaré é o conjunto de todos estes vínculos: a família e a religiosidade, as nossas raízes e o nosso povo, a vida diária e os sonhos para o porvir. A aventura da vida humana começa a partir daquilo que recebemos: a vida, a casa, o afecto, a língua e a fé. A nossa humanidade é forjada por uma família, com as suas riquezas e as suas pobrezas.

Escuta do Magistério

A vida de família traz consigo um estilo singular, novo e criativo, que deve ser vivido e saboreado no casal e transmitido aos filhos, a fim de que transforme o mundo. O estilo evangélico da vida familiar influi dentro e além do círculo eclesial, fazendo resplandecer o carisma do matrimónio, o mandamento novo do amor a Deus e ao próximo. De maneira sugestiva, o n. 64 da Familiaris consortio exorta-nos a descobrir de novo um rosto mais familiar de Igreja, com a adopção de «um estilo de relações mais humano e fraterno». .

Estilo evangélico da vida em família

«Animada e sustentada pelo mandamento novo do amor, a família cristã vive a acolhida, o respeito, o serviço para com a homem, considerado sempre na sua dignidade de pessoa e de filho de Deus.

Isto deve acontecer, antes de tudo, no e para o casal e para a família, mediante o empenho quotidiano de promover uma autêntica comunidade de pessoas, fundada e alimentada por uma íntima comunhão de amor. Deve além disso ampliar-se para o círculo mais universal da comunidade eclesial, dentro da qual a família cristã está inserida: graças à caridade da família, a Igreja pode e deve assumir uma dimensão mais doméstica, isto é, mais familiar, adoptando um estilo de relações mais humano e fraterno.

A caridade ultrapassa os próprios irmãos na fé, porque “todo o homem é meu irmão”; em cada um, sobretudo se pobre, fraco, sofredor e injustamente tratado, a caridade sabe descobrir o rosto de Cristo e um irmão a amar e a servir.

Para que o serviço ao homem seja vivido pela família segundo o estilo evangélico, será necessário pôr em prática com urgência o que escreve o Concílio Vaticano II: “Para que este exercício da caridade seja e apareça acima de toda a suspeita, considere-se no próximo a imagem de Deus, para o qual foi criado, veja-se nele Cristo, a quem realmente se oferece tudo o que se dá ao indigente” (AA 8)».
[Familiaris Consortio, 64]

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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Duas das maiores tentações às quais podemos ceder são as seguintes:  vivermos a partir do passado ou  preocupados com o futuro.

As experiências vividas no dia de ontem ou no ano passado, ou ainda nas últimas décadas, não precisam determinar o que eu preciso viver no dia de hoje. ” A cada dia basta o seu cuidado” diz o Evangelho. Cada dia é uma nova construção pautada de escolhas, de gestos, de atitudes que podem me fazer feliz naquele dia, e isto basta. O passado faz parte de nossa história e é enevitável que ele venha à tona e que lembranças boas ou más queiram influenciar naquilo que devemos viver no hoje. Mas este passado não pode se tornar determinante de nossos comportamentos no hoje de cada dia. É necessário integrar o passado na nossa história atual, pois sempre colhemos frutos vivenciais que agregam experiência e maturidade no hoje. Corrigir erros cometidos, por exemplo, ou mudar rotas de vida que notamos estarem no caminho contrário à felicidade, ou ainda rever posições e fazer coisas que gostaríamos de ter feito e nos omitimos. Amar mais hoje do que ontem é uma boa medida para quem amadureceu na integração do seu passado vivido.

O hoje precisa ter base sólida de valores para me fazer feliz, e é a Palavra de Deus, recebida e acolhida até o dia de hoje, que pode nos dar esta base, estes valores. Cristo é a Palavra viva de Deus e seus ensinamentos, sua vida e exemplo são esta base sólida que permite a cada dia a vivência de uma novidade, que traz felicidade. Sem esta base ou longe dela somos escravos de um passado que muitas vezes não foi bom. Se a pessoa humana integra o seu passado, como experiência de crescimento e vive o dia de hoje pautado nos valores da Palavra de Deus, estará bem próximo de sua realização.

O outro ponto é quando se vive o dia de hoje preocupado com o futuro, com aquilo que ainda não temos a possibilidade de viver, pois só o faremos quando ele chegar. “O futuro a Deus pertençe” diz o ditado popular, e as vezes isto é verdade. Mas cada um de nós pode, no hoje bem vivido, estar construindo um futuro melhor. Isto não implica em querer antecipar as preocupações do futuro para o dia de hoje, mas implica, repito, em viver o hoje bem vivido, com significado, com amor. A ansiedade e a angústia por querer que algo aconteça logo, pode levar muitos a viverem péssimamente o dia de hoje, por causa daquilo que é incerto, o futuro. Para o futuro existem duas hipóteses: acontecer ou não acontecer, dar certo ou não dar certo, ocorrer ou não ocorrer. As coisas mudam muito rapidamente e aquilo que hoje é para nós um sonho que pretendemos realizar no futuro, amanhã pode se diluir em outro sonho mais agradável, ou podem acontecer outros fatores que não dependem de nós, que podem alterar totalmente o nosso futuro. O segredo é ter sempre um sonho, mas este precisa ser flexível, aberto a mudanças, porque se eu tenho sonhos ou projetos para o meu futuro rígidos e inflexíveis posso viver a vida inteira frustado por não realiza-los, sem desfrutar o que a vida me ofereçe para viver hoje.

Se formos generosos conosco mesmos e com as pessoas com quem convivemos no dia de hoje, poderemos viver bem este dia, e  o futuro nos responderá com a mesma generosidade.

Sem se preocupar com aquilo que a Providência Divina reserva para nós, sem esquecer o quanto fomos ajudados por Ela no passado, aproveitando os erros como alavanca que nos impulsionem para ser pessoas melhoradas vamos viver bem este ano, vivendo bem o dia de hoje, com generosidade. Madre Tereza é modelo de generosidade, e a cada dia pode ser feliz, pois encontrou o seu verdadeiro sentido no amor, na doação de sua vida aos outros.

Deus te abençoe. Diácono Paulo Lourenço

“este ano eu resolvi uma coisa: quero ser bom”

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Quando se começa um relacionamento, qualquer que seja: de esposos ou familiar, de pais e filhos, entre parentes e até entre amigos, acontece a meu ver um processo de entrelaçamento de vida que se apresenta na prática em 4 fases distintas: o encantamento, o sofrimento, a decepção e a superação.

A primeira fase do relacionamento é o encantamento, porque é a fase inicial, quando se conheçe a pessoa, no caso do pai ou da mãe quando  vê o filho recém nascido, eles “babam” de encantamento. Quando namorados começam a namorar é a mesma reação, tudo leva a olhar com amor, a querer bem, os defeitos ficam totalmente obscurecidos pela paixão, é um encantamento. O mesmo aconteçe com todos os tipos de relacionamentos humanos.

Com o passar do tempo as pessoas, principalmente as que vivem juntas, começam a se ferir com os desencontros de opiniões, as discussões, os desencontros e brigas, palavras colocadas inadequadamente, egoísmos. É a fase do sofrimento. Quem a gente ama nos provoca muito sofrimento, e fazemos sofrer a quem mais amamos. E é natural que isto aconteça, porque a pessoa trás em si misérias e pecados que acabam se revelando no processo de comunicação; em meio as virtudes que todos temos, estes pecados sempre acabam provocando sofrimento na pessoa com quem se convive.

O relacionamento chega ao ápice da crise quando a pessoa amada apresenta-se totalmente inversa daquilo que a gente sonhou que fosse. Isto porque nós temos a facilidade de idealizar a pessoa e construir “castelos de areia” sobre o que imaginamos que ela é, ou possa ser. A fase da decepção, onde tudo isto cai por terra, por traições físicas ou espirituais, ficando um vazio no relacionamento, a vontade de desistir de tudo, por conta da quebra de qualquer expectativa da possibilidade de viver com esta pessoa, que decepcionou profundamente, gerando mágoas e ressentimentos enormes, uma verdadeira crise. Todos decepcionamos alguém e fomos decepcionados no processo de vida em comum.

Vejo que esta crise, e no casamento aconteçem muitas, é também muito importante para o crescimento espiritual do casal. Porque só se cresce, a partir de crises. A este crescimento eu chamo de superação, que é a fase madura do relacionamento. A superação é a recuperação da fase do encantamento através de atitudes de acolhimento da fraqueza da outra pessoa. Num relacionamento dilacerado pelas fases intermediárias (sofrimento e decepção)  a superação é a busca de um novo entendimento, visando uma nova relação humana, pautada no conhecimento profundo, sem máscaras ou fingimentos.

Superação é a “palavra chave” do relacionamento, pois ninguém se exime de viver a decepção e o sofrimento provocado pelo outro. O caminho que proponho é a cada momento buscar o diálogo visando superar tudo isto e reavivar o amor, tendo como premissa o amor de Deus que é grandioso , que perdoa sempre e supera nossa humanidade ferida pelo pecado, dando a cada dia uma nova chance, um começar tudo de novo, com a alma lavada pelo Seu sangue e totalmente perdoada. Olhando para esta atitute de Deus dê passos para viver esta superação nos seus relacionamentos humanos.

Deus te abençoe.

Diácono Paulo Lourenço

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