Nada está perdido…… aquilo que parece ser o final de tudo, na verdade é recomeço.

Na nossa vida as coisas se transformam sempre, acontece que nem sempre prestamos atenção aos movimentos transformadores que estamos passando.

Costumo dizer que a pessoa humana é uma força concentrada de potencialidades que se desenvolvem na vivência diária. Por isso os idosos (com idade cronológica mas ainda e sempre jovens) são portadores de riquezas interiores, conhecimentos acumulados, sofrimentos superados, vida restaurada a cada tempo, em cada experiência de viver.

Somos convidados a deixar-se transformar pela vida. Muitos passam pela vida e não se enriquecem espiritualmente porque não conseguem aprender com a vida, naquilo que aconteceu de certo ou de errado, com os desajustes e com as vitórias. O segredo da vida é aprender com a própria vida.

Páscoa é tempo de refletir sobre a vida, mas refletir para aprender a mudar a nossa história para melhor, para cima… ” corações ao alto”… Tudo que vivemos precisa transformar o nosso coração e nos remeter para cima. Cada passo dado em direção a Deus, às pessoas para amá-las, a busca de nossos sonhos e desejos de realização pessoal precisa estar ligado a um caminho em aclive, de subida, ascenção, de passagem para o alto, para Deus.

Se você está caminhando para baixo, ou na planície, achando que já está boa a sua vida (principalmente espiritual) saiba que talvez seja o momento de parar, descansar, refletir, buscar novas inspirações e forças em Deus, e retomar uma nova caminhada, mas PARA CIMA.

Páscoa é tempo de subida, de restauração do circuito de vida a percorrer. Somente quem se deixa restaurar pela cruz de Cristo pode viver restaurado pela Páscoa e consegue também fazer esta passagem. De um coração deprimido para um coração renovado, com uma nova esperança, caminhando para Deus.

Coragem…. mude de caminho… olhe para o alto…. É Páscoa…

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“um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes. Outras sementes cairam entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim, cairam em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um. Aquele que tem ouvidos, ouça. Mt 13, 4-8.

Esta parábola expressa algumas identidades pessoais, pois cada um de nós conhecemos a nossa própria identidade ao defronta-la com Jesus Cristo, que é Deus, mas é o verdadeiro homem. Por isso toda vez que nos defrontamos com o Cristo Palavra, nos defrontamos conosco mesmo.

O contexto é a semeadura da Palavra: o anúncio da Palavra, que é feita pela Igreja. A Igreja semea constantemente a Palavra Viva, Jesus Cristo. Mas para que esta Palavra produza efeitos é preciso que seja acolhida pelo coração do ouvinte: que ele ouça e leve ao coração, para que possa coloca-la em prática na sua vida.

E cada pessoa tem uma reação, ou uma postura quando recebe este evangelho, a Boa-Nova.  E o evangelista Matheus nesta parábola quer revelar o tipo de acolhimento que as pessoas poderão ter com relação à Palavra recebida. Vou chamar isto nesta reflexão de: “Os quatro corações”.

Primeiro coração: O coração distraído.  a pessoa que tem este tipo de coração é aquela que está sempre a caminho de alguma coisa e nunca consegue atingi-lo. Está distraído com o ambiente que o envolve, com a luzes, com as imagens que vê, com o que percebe nos outros, nos que estão ao seu lado, à sua frente, atrás. É uma personalidade que não consegue se focar, se compenetrar, concentrar ou silenciar interiormente para ouvir a Palavra, e é agitado por muitas distrações. Não percebe quando uma mensagem é importante para sua vida, porque não prestou atenção nela. A gente vê muitos destes personagens na Santa Missa: distraídos e agitados, ou então aproveitam a ocasião para relaxar de seus agitos e acaba dormindo, sobretudo na pregação da Palavra, que acaba caindo no “caminho” de sua vida, não lhe causando impacto nenhum, nem positivo nem negativo.  O evangelista ao explicar a parábola diz que o inimigo rouba o que foi semeado.

Segundo coração:  O coração empedrado. Normalmente esta pessoa passou por muitos traumas e decepções na vida, que deixaram o seu coração insensível e embrutecido principalmente com as pessoas. Quando encontra alguém que está sendo mediador do anúncio da Palavra que não lhe é “simpático”, ou o associa a algo negativo, logo se fecha e não deixa que a Palavra anunciada o atinja produzindo os frutos de salvação. Estas pessoas ficam paralizadas na mediação humana, que é “pecadora”. O evangelho só pode nos atingir se houver quem anuncie, que é o mediador do anúncio. O coração endurecido não acolhe a Palavra por causa do pecado do mediador, e até ouve, mas quando vê quem pregou, perde a profundidade do que ouviu pelo julgamento que faz, a partir de suas afinidades pessoais e até desvios na sua afetividade ferida. Isto o torna inconstante e por causa de tribulações e dificuldades humanas pessoais não se deixa transformar pela Palavra. Um exemplo clássico: um padre prega a Palavra de forma magnífica, mas um dia esta pessoa tem uma decepção com ele, que não o acolheu em outro momento da forma como ele gostaria, o coração se fecha àquela pessoa, perdendo-se a mensagem pregada, por razões humanas primárias, e imaturidade.

Terceiro coração: O coração preocupado.  Uma pessoa preocupada com a sua vida: presente desajustado, passado mal resolvido e futuro incerto, não consegue estar por inteiro no anúncio da Palavra, perdendo-se aquilo que se prega a ele, pois está com a sua mente voltada para outras coisas. A preocupação exagerada faz da pessoa uma escrava de situações e até de dinheiro, posses e bens materiais. Num coração preocupado a Palavra de Deus não pode produzir muito, pois o próprio amor as coisas deste mundo é que provoca as preocupações. O primeiro fruto que teríamos que colher é o despojamento de tudo para ouvir e servir a Deus. A preocupação humana é uma incoerencia à própria realidade de filho de Deus, que tudo vê e rege com a Sua Providência.

Quarto coração: O coração aberto. Este coração que Jesus chama de terra boa, está sulcada pelo desejo de ouvir a Palavra, e sua vontade não importa pois quer se alimentar do Divino para se tornar mais humano. Abrir o coração é sinal de maturidade na fé, sem se importar com o mediador, com as situações, e estar totalmente presente ao anúncio, confiando todas as coisas aos cuidados do Altíssimo. Neste há espaço para reflexão, para corrigir seus desvios e coragem para confronta-los com a Lei do Amor, e com isto consegue desfrutar da Misericórdia de Deus. A pessoa que teve o coração aberto por excelência e que devemos seguir é Jesus Cristo. Ele é a Palavra anunciada e vivida, único que produz cem por cento da vontade do Pai.

Que eu e você possamos abrir o nosso coração à reflexão e a vida nova em Cristo, através de Sua Palavra.

Deus o abençoe. Diácono Paulo Lourenço. Canção Nova

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Amar é perdoar. O Beato João Paulo II foi o maior exemplo para a humanidade desta verdade. Amar é perdoar e perdoar é amar. Ele foi ao extremo do seguimento de Cristo ao perdoar aquele que atentou contra a sua vida, quando foi pastor do rebanho católico apresentando alimento sólido para o povo, com uma doutrina humana capaz de elevar a pessoa  às alturas de uma fé perene em Jesus Cristo.

O amor é para ser vivido na dimensão da dádiva, de ser dom para os outros.  O Beato João Paulo II entregou toda a sua existência para que muitos pudessem encontrar a verdadeira felicidade em Deus. Suas palavras, seus escritos proféticos, seu olhar de pai e amigo de todos, sua coragem de se aproximar de cada pessoa com qualquer credo, cor, situação econômica e política,  provocaram marcas profundas em todos.

Esta reflexão sobre um homem de Deus é para reafirmar o que ele disse no Brasil: o Brasil precisa de muitos santos. E todo santo é uma pessoa que encontrou na vida a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, mas que também encontrou referência humana capaz de fazer valer a pena lutar para a santidade. Todos precisamos de referências. O Beato João Paulo II é uma excelente referência humana na busca pela santidade.

Busque ler os seus escritos. Quero dar uma dica: acesse o site do vaticano: www.vatican.va e busque no arquivo de Papas: o Papa João Paulo II. A partir dai um mundo de Deus se abre para você: são encíclicas, cartas apostólicas, exortações, homilias.

Deus te abençoe e te dê um amor muito grande pelo Beato João Paulo II, como eu o tenho.

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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  Será que é possivel amar a Deus?

 O evangelista João na sua primeira Carta nos surpreende com a afirmação: “amamos porque Deus nos amou primeiro” (I Jo 4,19). O amor de Deus pela criação, sobretudo a pessoa humana antecede qualquer manifestação de amor que podemos expressar em nossa vida. Temos a possibilidade de amar porque Deus nos amou e derramou em nós o Seu amor. “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” Romanos 5,5.

 Então podemos cumprir o primeiro mandamento, isto é, “amar a Deus com todo o coração”, sempre como uma resposta ao amor de Deus. O nosso amor a Deus é uma resposta, uma forma de louvor e agradecimento pelo amor de Deus por nós. É pela graça do próprio Deus que podemos amá-Lo. Esta resposta de amor a Deus se reflete num relacionamento pessoal com Ele, em primeiro lugar. Tudo começa com um encontro pessoal com a pessoa de Jesus Cristo. Toda pessoa precisa fazer esta experiência de encontro com Jesus, e a partir deste primeiro encontro cultivar uma “amizade”, um diálogo de amor com este Deus. A isto podemos chamar de oração pessoal. Orar é o primeiro ato daquele que quer amar a Deus, e a oração mais importante é o louvor a Ele por tudo que ele realiza a cada dia em nossa vida, em especial o próprio dom da vida. Amar a Deus é louvar a Deus, erguer um clamor de agradecimento. Agradecer a Deus é a forma mais autêntica de demonstrar o amor imperfeito àquele que é Perfeito. O Salmista fala de sacrifíco de louvor, que agrada a Deus.

 Num segundo momento a oração deve adentrar a vida do cristão, o que significa derramar a vida diante de Deus, diariamente, trazer o dia-a-dia diante do sagrado, pedindo luzes para a caminhada, muitas vezes obscurecida pelas dificuldades e sofrimentos da vida. Deus quer participar de nossa vida e intervir, a partir de nossa intimidade com Ele. Amar a Deus é deixar-se tocar e curar por Ele, viver a vida diante Dele. A oração de súplica e de perdão, também é importante para demonstrar o amor a Deus, pois “quem se humilha será exaltado” e porque a oração do humilde atravessa as nuvens, atinge o Deus de misericóirdia e seu coração se abre.

 A oração é a ponte que me leva até o coração de Deus, e traz o coração de Deus até bem próximo ao meu. O diálogo aberto com Ele é a forma mais intensa de expressarmos nosso amor, cultivando um relacionamento entre o amante e o amado. Na oração experimentamos ora ser amados, ora amamos com palavras de louvor e ação de graças. Toda pessoa humana foi criada por Deus para viver esta dimensão espiritual e profunda com o seu criador. O Catecismo da nossa Igreja afirma que “a glória de Deus é o homem”, mas um homem renovado pelo amor do próprio Deus, e por isso expressa com a vida, um amor imenso por Deus.

 Como nosso Deus é Uno e Trino, temos a possibilidade de nos relacionarmos com Ele a partir da oração direcionada a Deus-Pai, a Deus-Filho e a Deus-Espírito Santo. E isto é uma escolha pessoal de cada um de nós. Alguins tem maior facilidade de se expressr ao Pai, e Nele encontra a fonte do Amor e pela criação, pela natureza criada, pelo dom da vida que procede do Pai, O ama intensamente e ora ao Pai, como foi o exemplo de Jesus. Outros tem maior intimidade com Jesus Cristo, e oram a Jesus, buscando libertação, salvação para suas vidas e para de outras pessoas. Se referem ao Filho de Deus, buscando o seu sangue redentor, e colocando-se sob o Seu senhorio. Outros ainda buscam uma relação profunda com o Espírito Santo, bebendo das fontes da água viva, exercendo dons e carismas em função de seus irmãos. O convite neste tempo é de aprofundarmos o nosso relacionamento com Deus, seja de qualquer forma, levando a sério nossa vida de oração, para expressar o amor a Deus a partir da nossa vida, através de um relacionamento de amor, que acontece na oração, na contemplação, na adoração a Deus.

 Outra dimensão deste amor a Deus se reflete na vida moral, como resposta do amor de Deus. Amar a Deus é tornar-se santo como Ele é Santo, buscando ajustar a vida ao evangelho, lutando contra todo tipo de pecado, desregramentos morais, vícios e tudo aquilo que destrói a vida, a própria vida e a dos irmãos. Santificar-se também pela vivencia sacramental, sobretudo do sacramento da penitência e eucaristia, pois é na força do corpo e sangue de Cristo que nos tornamos santos, é esta a vontade de Deus, a nossa santificação (ITess 4,3). Talvez a maior prova de amor a Deus que possamos dar em toda a nossa vida é entrar definitivamente no processo de conversão pessoal buscando a santidade. Quando uma pessoa entra neste lindo processo de santificação, buscando ser melhor a cada dia e se purificando de tudo que é do mundo, ela se torna um verdadeiro adorador, que é aqueles que o Pai procura, que o adoram em espírito (com a oração diária) e verdade (com a vida).

Que possamos nos tornar estes adoradores, para demonstrar o nosso amor a Deus.

Deus te abençoe nesta empreitada.

Diácono Paulo Roberto Oliveira Lourenço – Canção Nova

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Quando me casei em 1984, eu e minha esposa fizemos um propósito para toda a nossa vida: toda noite antes de dormir nós iríamos abrir a nossa Bíblia  e faríamos uma leitura. Hoje depois de quase 27 anos, nós permanecemos fiéis ao nosso propósito e nestes anos todos temos colhido frutos desta prática tão rica: ler a Bíblia.

A Bíblia é um conjunto de livros sagrados, cujos autores inspirados pelo Espírito Santo puderam condensar a Revelação de Deus para a humanidade. Ficar sem mergulhar neste tesouro é uma grande perda para qualquer pessoa. No casamento a Palavra de Deus é primordial pois dá sentido ao compromisso firmado no altar, renova a aliança e coloca a vida sob o olhar de Deus; equilibra o relacionamento, tantas vezes marcado pelo materialismo, pela busca de prazer e bem-estar. Deus precisa fazer parte da vida, e ler a Bíblia diariamente é uma forma magnífica de coloca-Lo no centro de tudo que fazemos.

Ler a Bíblia é questão de hábito. Se você começa a ler já começa a se encantar e não quer mais parar. Na verdade o alicerce do casamento precisa ser a Palavra de Deus, pois ela tem a capacidade de iluminar todos os fatos do cotidiano do casal. Muitas situações precisam ser iluminadas. As vezes vemos casais que se separam porque algo está “sem brilho” , “sem luz”. Outros casais passam também por situações semelhantes, mas como estão alicerçados na Palavra de Deus, conseguem superar, e voltar a viver de forma iluminada o relacionamento.

Vejo que é uma questão de decisão, que produz vida no casamento. Façam a experiência! Começem hoje a ler a Bíblia, como casal.

Se você acha que tem dificuldade de ler a Bíblia, busque um método. A Igreja propõe a Lectio Divina, ou leitura orante da Bíblia.

Vou dar algumas dicas:

1) Escolha o trecho que vair ler. No Livro do Monsenhor Jonas Abib: “A Bíblia no meu dia-a-dia“, Ele propõe uma sequencia de livros para se começar a ler. Você pode adquirir este Livro no shopping da Canção Nova.

Vou dar a dica do livro do Monsenhor para você começar hoje: a sequencia começa com a Primeira Carta de João, depois o Evangelho de João, e depois toda a sequencia que ele proõe. (veja no Livro é muito interessante)

2) Leia com calma o trecho. Um capítulo por dia (I Jo, 1). Reze antes de começar a Leitura, pedindo luzes ao Espírito Santo. Eu costumo ler a oração do “Veni Creator”

“Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais. Vós sois chamados o Intercessor de Deus, excelso Dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.   Sois doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamais. A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.   Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz, se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás. Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém”

Agora pegue papel e caneta e responda: O que diz o texto?  Marque o que achou importante, anote no seu diário espiritual.

3) Meditação. Passe os olhos sobre a leitura e se responda: O que este texto diz para mim? E anote no diário  a direção que a Palavra te dá  para viver o dia (Rema). Pode ser apenas um Rema a se por em prática.

4) Oração. Reze  a Deus a partir do texto lido. Quais motivações vieram no coração para rezar: agradecimento, pedido de perdão, mudança em algum comportamento, etc.

5) Meditação . Feche os olhos, fique em silêncio e entre na presença de Deus, Ele está presente e Vivo. Perceba que Deus te visita, o Adore em Espírito e Verdade. Se entregue a Sua Vontade.

Tudo isto demora em torno de 30 a 40 minutos, e o casal passa a vida a limpo diante do Altíssimo, e é agraciado a cada dia com a Sua Visita.

Deus abençoe você que assumiu este lindo propósito.

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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Duas das maiores tentações às quais podemos ceder são as seguintes:  vivermos a partir do passado ou  preocupados com o futuro.

As experiências vividas no dia de ontem ou no ano passado, ou ainda nas últimas décadas, não precisam determinar o que eu preciso viver no dia de hoje. ” A cada dia basta o seu cuidado” diz o Evangelho. Cada dia é uma nova construção pautada de escolhas, de gestos, de atitudes que podem me fazer feliz naquele dia, e isto basta. O passado faz parte de nossa história e é enevitável que ele venha à tona e que lembranças boas ou más queiram influenciar naquilo que devemos viver no hoje. Mas este passado não pode se tornar determinante de nossos comportamentos no hoje de cada dia. É necessário integrar o passado na nossa história atual, pois sempre colhemos frutos vivenciais que agregam experiência e maturidade no hoje. Corrigir erros cometidos, por exemplo, ou mudar rotas de vida que notamos estarem no caminho contrário à felicidade, ou ainda rever posições e fazer coisas que gostaríamos de ter feito e nos omitimos. Amar mais hoje do que ontem é uma boa medida para quem amadureceu na integração do seu passado vivido.

O hoje precisa ter base sólida de valores para me fazer feliz, e é a Palavra de Deus, recebida e acolhida até o dia de hoje, que pode nos dar esta base, estes valores. Cristo é a Palavra viva de Deus e seus ensinamentos, sua vida e exemplo são esta base sólida que permite a cada dia a vivência de uma novidade, que traz felicidade. Sem esta base ou longe dela somos escravos de um passado que muitas vezes não foi bom. Se a pessoa humana integra o seu passado, como experiência de crescimento e vive o dia de hoje pautado nos valores da Palavra de Deus, estará bem próximo de sua realização.

O outro ponto é quando se vive o dia de hoje preocupado com o futuro, com aquilo que ainda não temos a possibilidade de viver, pois só o faremos quando ele chegar. “O futuro a Deus pertençe” diz o ditado popular, e as vezes isto é verdade. Mas cada um de nós pode, no hoje bem vivido, estar construindo um futuro melhor. Isto não implica em querer antecipar as preocupações do futuro para o dia de hoje, mas implica, repito, em viver o hoje bem vivido, com significado, com amor. A ansiedade e a angústia por querer que algo aconteça logo, pode levar muitos a viverem péssimamente o dia de hoje, por causa daquilo que é incerto, o futuro. Para o futuro existem duas hipóteses: acontecer ou não acontecer, dar certo ou não dar certo, ocorrer ou não ocorrer. As coisas mudam muito rapidamente e aquilo que hoje é para nós um sonho que pretendemos realizar no futuro, amanhã pode se diluir em outro sonho mais agradável, ou podem acontecer outros fatores que não dependem de nós, que podem alterar totalmente o nosso futuro. O segredo é ter sempre um sonho, mas este precisa ser flexível, aberto a mudanças, porque se eu tenho sonhos ou projetos para o meu futuro rígidos e inflexíveis posso viver a vida inteira frustado por não realiza-los, sem desfrutar o que a vida me ofereçe para viver hoje.

Se formos generosos conosco mesmos e com as pessoas com quem convivemos no dia de hoje, poderemos viver bem este dia, e  o futuro nos responderá com a mesma generosidade.

Sem se preocupar com aquilo que a Providência Divina reserva para nós, sem esquecer o quanto fomos ajudados por Ela no passado, aproveitando os erros como alavanca que nos impulsionem para ser pessoas melhoradas vamos viver bem este ano, vivendo bem o dia de hoje, com generosidade. Madre Tereza é modelo de generosidade, e a cada dia pode ser feliz, pois encontrou o seu verdadeiro sentido no amor, na doação de sua vida aos outros.

Deus te abençoe. Diácono Paulo Lourenço

“este ano eu resolvi uma coisa: quero ser bom”

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Estamos entrando num tempo forte de nossa liturgia: o Advento. Isto mexe com toda a nossa estrutura pessoal pois nos coloca frente a frente com novas possibilidades de conversão, em vista do Natal do Senhor.

O Advento é o tempo de preparação espiritual para a Vinda do Senhor, no seu Natal. Serão 5 semanas de reflexões sobre nossa vida, nosso modo de viver com os outros, isto é, nos nossos relacionamentos. É tempo de aprofundar os laços que nos unem, de rever atitudes, eliminando aquelas que não promovem a paz, a justiça e a concórdia. O Advento deve nos deixar mais humanos, pois se a alma se eleva a Deus acaba encontrando na nossa humanidade um sentido maior para se viver. As diferenças pessoais dão lugar a busca de compreensão daquilo que nos incomoda no outro, ou que nos faz sofrer, acolhendo-o como ele é, embora as vezes ele esteja com a sua imagem desfigurada pelos sofrimentos da vida e isto acabou provocando uma ruptura no relacionamento.

A palavra de ordem neste tempo é o perdão. Liberar o perdão a todos, alargar o espaço no coração para o acolhimento, mesmo os que nos magoaram e fechar o ano de bem com todos. No meu estudo da palavra de ontem a noite, meditei sobre a seguinte passagem bíblica:

“Não pagueis a ninguém o mal com o mal . Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos os homens. Se for possível, quando depender de vós, vivei em paz com todos os homens” Rm 12, 17-18

Neste tempo do Advento deixe que a Luz do Espírito Santo ilumine o seu coração para que a sua vida ilumine a vida de muitos, com gestos de perdão, acolhimento e paz.

Deus te abençoe. Diácono Paulo Lourenço

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Em qualquer tipo de relação entre as pessoas, quer seja em amizades, num relacionamento conjugal, profissional ou outro qualquer, o respeito pela outra pessoa é uma coisa imprescindível. Aquilo que a outra pessoa pensa, as suas aspirações, suas experiëncias, seu modo de viver e de ser precisam ser respeitados sempre, mesmo que isto tudo não venha a ser o nosso modo de pensar, nossas aspirações, nossas experiencias pessoais, nosso modo de viver ou agir. As vezes nos damos o direito de entrar na vida do outro querendo mudar os seus pensamentos, aquilo que ele acredita como verdadeiro, que faz ou a forma como vive a sua vida. Que ousadia!

A desculpa mais frequente que se observa é a bendita “sinceridade” : querer ser sincero com o outro, e por isso  julgamos com poder de colocar a “colher” na sua vida, na sua subjetividade, as vezes até querendo moldá-lo do nosso jeito, com a nossa cara. Mas cada pessoa é uma pessoa, e as diferenças pessoais ajudam este mundo a ser um mundo pensante, dialogal, relacional.

Penso que em todo tipo de relação a pessoa é soberana enquanto fomos criados por Deus e por isso “seus filhos” amados, mas em construção, para atingir a maturidade do “homem novo: Jesus Cristo. Por isso a acolhida de toda e qualquer pessoa é o gesto mais nobre que se pode ter nesta vida. Talvez a via de santificação pessoal mais autëntica seja o amor que brota de um coração que acolhe a todos. E este acolhimento joga fora qualquer tipo de crítica, correção (quanto orgulho!) que podemos fazer mas que nada constrói, antes provoca a cisão do relacionamento. Isto muitos chamariam de sinceridade, de “não ter respeito humano” ou “é melhor falar do que calar”, “jogar na cara o erro do outro”. Eu diria que é melhor ser prudente ao dizer algo a alguém, ou dizer algo de alguém para os outros (pecado da difamação, obra do demönio), mesmo que seja verdade, isto em nome do respeito ä dignidade da pessoa. Melhor calar do que dizer o que “mata” o outro. Melhor pensar dez vezes antes de fazer algo que venha a “ferir”a dignidade do outro.

Para se falar coisas sérias a alguém, primeiro ganhe o seu coração, e fale com amor. Reflita hoje sobre isto.

Deus abençoe vocë.

Diácono Paulo Lourenço – blog.cancaonova.com/diaconopaulo

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O sacramento do matrimônio sela a vocação missionária do casal, que se torna apto para evangelizar e promover o bem comum na sociedade e na Igreja. O catecismo afirma que o sacramento do matrimônio é um sacramento para o “serviço da comunhão”.  Nasce uma família missionária, onde o pai, a mãe e os filhos estão comprometidos com a divulgação da Boa Nova de Jesus Cristo. É uma benção encontrar famílias que assumem prá valer a missionariedade.

Neste final de semana recebemos em nossa casa um casal de amigos e seus três filhos, pude ver neles esta característica missionária. A Ana Lúcia e o Márcio estão engajados na Paróquia de São Benedito , em Botucatu, na pastoral do dízimo. Eles são também um casal carismático que prega retiros  para jovens e casais . A filha Letícia é catequista do crisma e os meninos: Rafael e Gabriel participam ativamente na sua comunidade. Um lindo testemunho de vida missionária, dedicada à Igreja, ao Reino de Deus.

Mas ser missionário requer a vivência de uma espiritualidade: a espiritualidade missionária. O saudoso Papa João Paulo II na sua Encíclica Redemptoris Missio, no último capítulo faz uma abordagem sobre esta espiritualidade. Gostaria de partilhar com você que quer viver com autenticidade a vida missionária. Espero que goste, estou colocando na íntegra abaixo. Deus te abençoe. Diácono Paulo Lourenço

 CAPÍTULO VIII – A ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA

 87. A atividade missionária exige uma espiritualidade específica, que diz respeito de modo particular, a quantos Deus chamou a serem missionários. 

Deixar-se conduzir pelo Espírito

Tal espiritualidade exprime-se, antes de mais, no viver em plena docilidade ao Espírito, e em deixar-se plasmar interiormente por Ele, para se tornar cada vez mais semelhante a Cristo. Não se pode testemunhar Cristo sem espelhar a Sua imagem, que é gravada em nós por obra e graça do Espírito. A docilidade ao Espírito permitirá acolher os dons da fortaleza e do discernimento, que são traços essenciais da espi ritualidade missionária.

Paradigmático é o caso dos Apóstolos, que durante a vida pública do Mestre, apesar do seu amor por Ele e da generosidade da resposta ao Seu chamamento, se mostram incapazes de compreender as Suas palavras, e renitentes em segui-l’O pelo caminho do sofrimento e da humilhação. O Espírito transformá-los-á em testemunhas corajosas de Cristo e anunciadores esclarecidos da Sua Palavra: será o Espírito que os conduzirá pelos caminhos árduos e novos da missão.

Hoje a missão continua a ser difícil e complexa, como no passado, e requer igualmente a coragem e a luz do Espírito: vivemos tantas vezes o drama da primitiva comunidade cristã, que via forças descrentes e hostis « coligarem-se contra o Senhor e contra o seu Cristo » (At 4, 26). Como então, hoje é necessário rezar para que Deus nos conceda o entusiasmo para proclamar o Evangelho. Temos de prescrutar os caminhos misteriosos do Espírito e, por Ele, nos deixarmos conduzir para a verdade total (cf. Jo 16, 13).

 Viver o mistério de « Cristo enviado »

 88. Nota essencial da espiritualidade missionária é a comunhão íntima com Cristo: não é possível compreender e viver a missão, senão na referência a Cristo, como Aquele que foi enviado para evangelizar. Paulo descreve assim o Seu viver: « tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus: Ele, que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus; mas despojou-se a Si mesmo, tomando a condição de servo, tornando-se semelhantes aos homens. Tido pelo aspecto como homem, humilhou-se a Si mesmo, feito obediente até à morte de cruz » (Fp 2, 5-8).

Aqui aparece descrito o mistério da encarnação e da redenção, como despojamento total de Si mesmo que leva Cristo a viver plenamente a condição humana e a aderir até ao fim ao desígnio do Pai. Trata-se de um aniquilamento que, todavia, está permeado de amor e exprime o amor. Muitas vezes a missão percorre esta mesma estrada, com o seu ponto de chegada aos pés da Cruz.

Ao missionário, pede-se que « renuncie a si mesmo e a tudo aquilo que antes possuía como seu, e se faça tudo para todos »: 172 na pobreza que o torna livre para o Evangelho, no distanciar-se de pessoas e bens do seu ambiente originário para se fazer irmão daqueles a quem é enviado, levando-lhes Cristo salvador. A espiritualidade do missionário conduz a isto: « com os fracos, fiz-me fraco (…) Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a todo 0 custo. Tudo faço pelo Evangelho… » (1 Cor 9, 22-23 ) .

Precisamente porque « enviado », o missionário experimenta a presença reconfortante de Cristo, que o acompanha em todos os momentos de sua vida: « não tenhas medo ( … ) porque Eu estou contigo » (At 18, 9-10), e espera-o no coração de cada homem.

 Amar a igreja e os homens como Jesus os amou

 89. A espiritualidade missionária caracteriza-se, além disso, pela caridade apostólica – a de Cristo que veio « para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam dispersos » (Jo 11, 52), o Bom Pastor que conhece as suas ovelhas, procura-as e oferece a sua vida por elas (cf. Jo 10). Quem tem espírito missionárío sente o ardor de Cristo pelas almas e ama a Igreja como Cristo a amou.

O missionário é impelido pelo « zelo das almas », que se inspira na própria caridade de Cristo, feita de atenção, ternura, compaixão, acolhimento, disponibilidade e empenhamento pelos problemas da gente. O amor de Jesus en volvia o mais fundo da pessoa: Ele, que « sabia o que há em cada homem » (Jo 2, 25 ), amava a todos para lhes oferecer a redenção e sofria quando esta era rejeitada.

O missionário é o homem da caridade: para poder anunciar a todo o irmão que Deus o ama e que ele próprio pode amar, ele terá de usar de caridade para com todos, gastando a vida ao serviço do próximo. Ele é o « irmão universal », que leva consigo o espírito da Igreja, a sua abertura e amizade por todos os povos e por todos os homens, particularmente pelos mais pequenos e pobres. Como tal, supera as fronteiras e as divisões de raça, casta, ou ideologia: é sinal do amor de Deus no mundo, que é um amor, sem qualquer exclusão nem preferência.

Por fim, como Cristo, o missionário deve amar a Igreja: « Cristo amou a Igreja e entregou-se a Si mesmo por ela » (Ef 5, 25 ) . Este amor, levado até ao extremo de dar a vida, constitui um ponto de referência para ele (…) Só um amor profundo pela Igreja poderá sustentar o zelo do missionário: a sua obsessão de cada dia – a exemplo de S. Paulo – é « o cuidado de todas as Igrejas » (2 Cor 11, 28)! Para qualquer missionário e comunidade, « a fidelidade a Cristo não pode ser separada da fidelidade à Sua Igreja ». 173

 O verdadeiro missionário é o santo

 90. O chamamento à missão deriva por sua natureza da vocação à santidade. Todo o missionário só o é autenticamente, se se empenhar no caminho da santidade: « a santidade deve-se considerar um pressuposto fundamental e uma condição totalmente insubstituível para se realizar a missão de salvação da Igreja ». 174

A universal vocação à santidade está estritamente ligada à universal vocação à missão: todo o fiel é chamado à santidade e à missão. Este foi o voto ardente do Concílio ao desejar, « com a luz de Cristo reflectida no rosto da Igreja, iluminar todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura ». 175 A espiritualidade missionária da Igreja é um caminho orientado para a santidade.

O renovado impulso para a missão ad gentes exige missionários santos. Não basta explorar com maior perspicácia as bases teológicas e bíblicas da fé, nem renovar os métodos pastorais, nem ainda organizar e coordenar melhor as forças eclesiais: é preciso suscitar um novo « ardor de santidade » entre os missionários e em toda a comunidade cristã, especialmente entre aqueles que são os colaboradores mais íntimos dos missionários. 176

Pensemos, caros Irmãos e Irmãs, no ímpeto missionário das primitivas comunidades cristãs. Não obstante a escassez de meios de transporte e comunicação de então, o anúncio do Evangelho atingiu, em pouco tempo, os confins do mundo. E tratava-se da religião de um Homem morto na cruz, « escândalo para os judeus e loucura para os pagãos » (1 Cor 1, 23 ) ! Na base deste dinamismo missionário, estava a santidade dos prímeiros cristãos e das primeiras comunidades.

 91. Dirijo-me aos batizados das jovens comunidades e das jovens Igrejas. Vós sois hoje a esperança desta nossa Igreja, que tem já dois mil anos: sendo jovens na fé, deveis ser como os primeiros cristãos, irradiando entusiasmo e coragem, numa generosa dedicação a Deus e ao próximo: numa palavra, deveis seguir pelo caminho da santidade. Só assim podereis ser sinal de Deus no mundo, revivendo em vossos Países a epopeia missionária da Igreja primitiva. E sereis também fermento de espírito missionário para as Igrejas mais antigas.

Por sua vez, os missionários reflictam sobre o dever da santidade, que o dom da vocação Ihes exige, renovando-se dia a dia em seu espírito, e atualizando também a sua formação doutrinal e pastoral. O missionário deve ser « um comtemplativo na ação ». Encontra resposta aos problemas, na luz da palavra de Deus e na oração pessoal e comunitária. O contato com os representantes das tradições espirituais não cristãs e, em particular, as da Ásia, persuadiu-me de que o fruto da missão depende em grande parte da contemplação. O missionário, se não é contemplativo, não pode anunciar Cristo de modo credível. Ele é uma testemunha da experiência de Deus e deve poder dizer como os Apóstolos: « O que nós contemplamos, ou seja o Verbo da vida ( … ) nós vo-l’O anunciamos » (1 Jo 1, 1-3).

O missionário é o homem das Bem-aventuranças. Na verdade, no « discurso apostólico » (cf. Mt 10), Jesus dá instruções ao Doze, antes de os enviar a evangelizar, indicando-lhes os caminhos da missão: pobreza, humildade, desejo de justiça e paz, aceitação do sofrimento e perseguição, caridade que são precisamente as Bem-aventuranças, concretizadas na vida apostólica (Mt 5, 1-12). Vivendo as Bem-aventuranças, o missionário experimenta e demonstra concretamente que o Reino de Deus já chegou, e ele já o acolheu. A característica de qualquer vida missionária autêntica é a alegria interior que vem da fé. Num mundo angustiado e oprimido por tantos problemas, que tende ao pessimismo, o proclamador da « Boa Nova » deve ser um homem que encontrou, em Cristo, a verdadeira esperança.             fonte: www.vatican.va

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Quando um casal forma uma família nasce um novo espaço sagrado no mundo, lugar reservado por Deus para que os valores do Reino sejam implantados e vividos. Nesta perspectiva o lar cristão precisa se tornar o próprio Reino de Deus, local de Sua santa morada, mas isto só é possivel com a colaboração dos próprios conjuges, que têm a missão de implantar este Reino que é de Amor, de Paz e de Justiça.

O Reino do Amor começa com o próprio relacionamento do casal que deve a cada dia ser construido através de gestos de acolhida, carinho, proteção, afeto mútuo, compreensão.  Também uma dose de emoção e sentimentos que terão que se renovar a cada dia, recheado de palavras que elevam a outra pessoa e revelam o que ela tem de mais precioso. Infelizmente em alguns lares não vemos casais apaixonados e se apaixonando pela aventura de viver juntos, acabam esfriando a paixão do namoro, deixando de lado o prazer sexual como fonte de alegria, relegando isto a busca de prazer às custas do outro. O sexo sem amor é alienante pois leva a pessoa a categoria de “animal” que quer prazer a todo custo. O componente do amor enquanto vivência de carinho e de afeto demonstrados a cada dia, faz a diferença na vida conjugal. O Reino de Deus é repleto de amor, deste amor que se dá, mais do que se recebe. Que é mais doação de vida, sacrificio pelo outro do que busca de se preencher pessoalmente. O Reino de Deus acontece quando promovemos o amor e fazemos dele o centro de nossas vidas.

O Reino também é de Paz, e esta paz só acontece a partir da presença do Príncipe da Paz, que é Jesus Cristo. Toda família precisa ter como fonte de Paz, a pessoa de Jesus. E isto acontece a partir da participação dos membros da família na Igreja: a vivência sacramental. Se fizéssemos uma enquete sobre o assunto certamente iríamos descobrir que famílias que participam da Santa Missa todo domingo, por exemplo, conseguem conservar a paz e banir a discórdia, as divisões internas, brigas, no interior de seus lares.  Não há paz longe de Jesus Cristo, Ele é o Shalom de Deus, Paz completa, Paz duradoura e perene. Este valor do Reino, a Paz, não se consegue implantar com as próprias forças, mas é fruto da Presença de Jesus. Somos cooperadores desta graça, nos expondo  e se colocando na presença de Cristo, através da Igreja.

Outro valor do Reino a ser implantado na família, é a Justiça. Não a justiça de quem pensa em fazer o que correto perante a lei tão somente. Isto é até fácil, mas a justiça do Reino de Deus é tirar de si e dar ao outro. Tudo que temos e que não estamos utilizando não nos pertençe, portanto não é nosso, mas de outro que está precisando. Não podemos reter para nós o que não necessitamos para ter uma vida digna, sabendo que outra pessoa não tem esta mesma vida digna porque não partilhamos com ele o que nos sobra. O Reino de Justiça é o Reino da solidariedade, da partilha, da caridade expressa em ajuda mútua. É bem fácil achar-se justo dentro da nossa individualidade e a partir do egocentrismo que é tão presente na atual sociedade. Na família cristã deve-se viver a fraternidade, para que o mundo seja melhor  a partir de cada um de nós.

Tudo isto começa na família, a partir dos conceitos cristãos que precisamos absorver , ensinar os nossos filhos a viverem: o amor, a participação sacramental em busca da paz e a justiça. É esta a  nossa missão: implantar o Reino de Deus a partir da formação moral de homens e mulheres, para se tornarem novos para um mundo novo, o que só é possível no ambiente familiar.

Deus abençoe você e sua família. Diácono Paulo Lourenço

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