A palavra “Conversão” nos remete a exame de vida num sentido mais profundo do nosso ser, pois as coisas que vivemos e que queremos mudar impactam na nossa alma. Assim como somos atingidos na alma pelos pecados que cometemos, pelas decisões de vida que tomamos, pelas escolhas certas ou erradas, quando queremos para nós uma verdadeira e definitiva conversão somos tocados no nosso sagrado. E é neste momento que a graça de Deus vem em nosso auxílio: quando decidimos mudar algo em nós, que nos é destrutivo ou que é destrutivo para quem convive conosco.

Ouso comparar isto alegóricamente a um sistema do computador, que a cada tempo se apresenta uma nova “versão” , um novo formato, com novas possibilidades e telas, com ajustes naquilo que não deu certo, que não processou de acordo. Nós também precisamos de tempos em tempos buscar uma nova “versão” da nossa pessoa, buscando ajustes na qualidade de ser e de relacionar-se com os outros. A isto eu chamo da CONVERSÃO: buscar um novo formato melhorado. É claro que depois de algum tempo vamos ter que buscar uma “versão” melhor, mas hoje é tempo de estabelecer isto como meta: dar uma upgrade na vida.

Então quero deixar neste texto algumas dicas:

a) Examine a sua “máquina”, se reveja criteriosamente, sem medo de apontar onde tem errado, exagerado, pecado, cometido injustiças, deixado de corresponder as expectativas dos outros, principalmente os mais próximos. A ordem é se rever, tirando todas as mascaras e as desculpas, os subterfúgios e arrogâncias. Onde preciso mudar?

b) Trace um plano de mudança, uma virada. Neste plano coloque metas e prazos e persiga-os. Não desista quando as situações não favorecerem, continue no propósito de mudança. E não dependa dos outros mudarem, trace o seu próprio plano de mudança.

c) Confie em Deus que age em favor daqueles que querem se tornar verdadeiramente: “sua imagem e semelhança”. Deus vem com sua ajuda, com novas inspirações, basta busca-lo. Querer uma conversão sincera implica em rezar para isto.

Neste Advento que adentramos que eu e você possa buscar a nossa CONVERSÃO, que é fruto de uma decisão. Decida-se. Deus nos abençoe.

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As mudanças de direção nas nossas vidas acontecem a partir de algum fato importante ou um acontecimento novo, uma perda ou uma grande vitória. Isto porque estes fatos provocam a reflexão sobre o sentido da própria vida. As crises que passamos normalmente nos colocam diante destes questionamentos existenciais.

Mas quero relatar que existe uma coisa que nos favorece também a reflexão e posterior mudança de direção de vida: o encontro.
O encontro com uma pessoa que nos provoca algo interior, nos questiona, nos atrai, nos faz pensar na vida. Quando encontramos, por exemplo, o amor de nossa vida: a esposa ou o esposo, nosso interior fica totalmente propenso a mudanças radicais para se adaptar àquele amor que nasce, e também estamos dispostos a tudo para fazer-se amável àquela pessoa. O amor da outra pessoa nos provoca conversões, viradas radicais de vida e de posicionamento frente a ela.

Na minha vida quando eu encontrei a pessoa de Jesus Cristo, num encontro, onde me revelaram pela primeira vez as suas palavras, os ensinamentos, a vida que Ele transmitia nos seus atos, me vi frente a necessidade de mudar muitas coisas. A percepção de mundo muda quando encontramos a Cristo e sua palavra, porque acontece no nosso interior uma explosão de esperanças. Em Cristo tudo pode ser mudado e por isso as realidades mais difíceis são possíveis de superação, isto porque Ele foi a resposta mais completa a todos os questionamentos humanos: AMOR. Ele amou de verdade e deu a vida por amor. Se Alguém pode amar de verdade há a possibilidade de todos viverem isto também. É uma constatação maravilhosa e recheada de esperança.

Que você no dia de hoje também tenha este encontro com Cristo e sua palavra e através deste encontro passe a viver o AMOR. Esta é nossa esperança, esta é a meta: viver o amor.
Deus abençoe o seu encontro.

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Somos convidados por Deus a viver a nossa vida a partir de um Projeto feito pelas mãos de Deus, um projeto divino para a pessoa humana: a santidade.
São Paulo escrevendo aos Tessalonissenses afirma esta verdade: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Tes 4,3b) A vontade de Deus pode ser traduzida também como um projeto, uma proposta existencial a qual cada pessoa é convidada a aderir e viver a partir dela.

A santificação é um caminho a percorrer, é algo que se alcança ao longo da vida, um projeto formativo onde colocamos as nossas ações em uma “forma” e assumimos um jeito de viver coerente a partir da vivência cristã, isto é, a partir daquilo que Jesus viveu e ensinou. É um projeto ético que precisa perpassar toda a atividade humana.

O evangelista e apóstolo Mateus escreveu este Projeto nos capítulos 5 a 7 do evangelho: o Sermão da Montanha, verdadeiro código de santidade para todos os tempos, em todas as situações e para cada cristão.
Podemos dividir o Sermão em três partes: na primeira parte estão as Bem-aventuranças (Matheus 5) ; a segunda parte apresenta o Pai-Nosso, ou a vida de oração como centro (Matheus 6) e a terceira parte somos chamados à prática cristã, a construir a “casa sobre a rocha” (Matheus 7).

Nas Bem-aventuranças Jesus ensina os apóstolos quais os caminhos mais seguros para se a herança eterna das mãos do Pai: a pobreza, a mansidão, a justiça, a misericórdia com os outros, a pureza, a busca pela paz e o martírio pelo Reino.
Hoje vemos que nossa sociedade capitalista luta por valores completamente contrários a tudo isto: a busca pela segurança econômica, onde o poder gera a cada dia homens orgulhosos por causa de suas conquistas pessoais mesmo que conseguidas de forma imoral e a justiça comum é fazer aquilo que me beneficia, o ódio e ao desejo de vingança estão presentes nas famílias e o perdão e a misericórdia com erros os outros é coisa deixada de lado; os homens e as mulheres estão à busca do prazer a todo custo, principalmente com uma vida desregrada onde tudo é permitido e o comércio do corpo de várias formas: pessoal ou virtualmente é vista como normal nesta sociedade prostituida pela sexualização de tudo. E sacrifício pelos outros, sofrer pelo Reino é visto como coisa de fanático religioso e pensar no céu e em recompensa eterna não são admitidos pela sociedade paganizada e alheia as coisas de Deus.

Mas o projeto de santidade instituído por Jesus persiste mesmo em meio a tudo isto. Este deve nos questionar a cada dia. É um lutar “contra a correnteza” vivendo de forma diferente do projeto do mundo: buscando a modéstia e simplicidade, a concórdia familiar e a reconciliação, o perdão, a honestidade como forma de assumir a justiça como regra de vida; a castidade como modelo de vida onde o respeito pela dignidade à pessoa humana e o amor são as verdadeiras fontes de felicidade e prazer; e o engajamento em obras sociais para estar fazendo a nossa parte na ajuda humanitária àqueles que estão vivendo seu calvário, quer pela doença ou abandono, quer pela miséria material, espiritual, moral ou psicológica.

O Pai Nosso é a centralidade de uma vida de oração. Não dá para se atingir santidade sem oração, sem diálogo com Deus, onde falamos ao Pai e Ele nos fala pela Palavra da Vida.
Nos gestos concretos de amor ao próximo está enfim a forma de se santificar. Quando abraçamos a causa uns dos outros estamos dizendo sim ao Projeto de Santidade que Jesus nos deixou.
Fica para você entrar conosco neste caminho. É difícil, mas possível. Caso queira conferir pegue a sua Bíblia e leia os 3 capítulos do Projeto de Deus para sua vida: Matheus 5, 6 e 7

Deus o abençoe
Diácono Paulo Lourenço

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Uma afirmação importante que entrou na minha história, que eu ouvi de uma pessoa que estava atendendo em oração. A pessoa me disse que na sua vida, quando passava por uma grande dificuldade foi orientado a transpor, ir além. Depois disto comecei a refletir sobre esta palavra e tive algumas constatações para minha vida que gostaria de partilhar com você:

É preciso transpor:

§ Barreiras. Na nossa vida sempre temos que romper e ultrapassar as barreiras que estão à nossa frente: digo as barreiras físicas: portas, escadas, muros, montes, rios, matas, frio, calor, chuva, poeira, ventos, etc. A condição ambiental nociva principalmente onde trabalhamos, não pode ser barreira para que avancemos em nossa vida como profissionais. Também as barreiras na debilidade de nosso corpo, nossas doenças, principalmente quem tem deficiência física, sempre dá para transpor e ser feliz.

§ Dificuldades. As dificuldades estarão sempre presentes em nossa vida: dificuldade para dormir, dificuldade física, de locomoção, de aprendizagem, de liderança, falta de recursos, dificuldade financeira. O importante é romper estas dificuldades e no pouco produzir o máximo. Não conseguindo fazer podemos pedir ajuda aos outros, se abrindo para ser ajudado. Rompemos dificuldades nos dispondo a estudar, a crescer, a trabalhar para conseguir suprir estas dificuldades. No lugar de se lamentar por não dar conta das dificuldades, podemos lutar para transpor, com muito suor. O tempo é nosso aliado, quando colocamos metas ao longo dos próximos anos de nossa vida para transpor nossas dificuldades pessoais.

§ Medos. O nosso maior inimigo a transpor é o medo, principalmente o medo de errar e de ser reprovado, medo de falar e não ser compreendido, ou até ser julgado e condenado; medo de se posicionar com a sua convicção cristã; medo de enfrentar o desconhecido e o inesperado. O medo se vence com a fé, que ilumina aquilo que temo não conseguir. Somente podemos transpor o medo acreditando. Acreditar é um verbo que supõe uma ação: a ação de romper com o que nos aprisiona interiormente e nos deixa paralisado. Quem crê em Deus transpõe o medo, enfrentando-o com a ajuda de Deus. Costumo dizer que medo sempre temos, mas não podemos parar no medo, vamos executar o que temos que fazer com a ajuda de Deus, mesmo temendo o inesperado, isto é transpor o medo.

§ Complexo de Inferioridade. Quantos precisam transpor esta infeliz ideia de achar-se menor que os outros, ou incapaz de realizar algo porque parou na própria incapacidade. Incapacidade não é inferioridade. Às vezes nos sentimos incapazes, mas isto não quer dizer que somos inferiores a outros que conseguem. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, portanto ninguém é inferior a ninguém. Somos diferentes, e podemos transpor este complexo compreendendo isto e aceitando a condição de filho de Deus. Para o Pai todos filhos são “iguais”, isto é tem o seu próprio valor, por isso ninguém é “menor” que ninguém. Transpor este complexo é libertador, pois cada um pode viver a sua vida e fazer as suas escolhas, sem se comparar a ninguém. Afinal se escolhemos o bem não precisamos provar nada para ninguém, somos livres, temos valores e devemos viver como irmãos.

§ Erros e pecados. Os nossos erros e pecados próprios, e os pecados dos outros não podem impedir que avancemos na vida. A pessoa humana tem na sua estrutura a imperfeição e a ambiguidade. Estacionar a sua vida de cristão, ou até querer desistir de sua vida por causa dos seus erros e do dos outros é um grande perigo. Erro tem conserto e pecado tem a cruz de Cristo para nos redimir. Transpor os erros e pecados é para aqueles que se apropriaram de verdade da salvação de Jesus Cristo. É vital transpor os erros dos outros para ter a capacidade de perdoar e ser perdoado, porque todos merecem nova chance, embora tenham cometido algo que achamos errado.

§ Decepções. Sempre nos decepcionamos com as coisas, com as pessoas. Somos traídos, magoados e aquilo que construímos como amizade se torna muitas vezes em inimizade causando decepções profundas. Existem situações que para nós é muito difícil de acolher, pois representam uma inconformidade com aquilo que achamos correto, ou é “dogma” de vida, paradigmas cristalizados que vieram de nossa formação familiar. Isto representa forte decepção, que como um lobo rouba a convivência humana. Na vida nada é perfeito completamente, somente Deus é perfeito, por isso o missionário deverá se preparar interiormente para ser decepcionado, mas permanecer na missão mesmo passando por momentos de decepção. Uma dica é lembrar que nem tudo foi decepção e que podemos sempre nos recordar dos momentos bons do passado, pois a artimanha do demônio é nos tentar a ficar sempre olhando para o que não deu certo e nos decepcionou. E a vitória de Deus na nossa vida acontece ao transpor as decepções e redescobrimos a esperança de novos tempos, com a Sua ajuda.

Deus abençoe seu novo propósito: transpor.

Diácono Paulo Lourenço

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Queria partilhar esta catequese em preparação ao Encontro mundial das famílias com o Papa. É uma ótima reflexão sobre a família nos dias de hoje. Espero que goste.

“Veio ao meio dos seus, e os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1, 11-12). O menino ia crescendo e fortalecia-se: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava sobre ele. Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Tendo ele completado doze anos, subiram a Jerusalém, segundo a tradição da festa […] Em seguida, desceu com eles a Nazaré, permanecendo-lhes submisso. A sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração. Jesus crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e
dos homens (Lc 2, 40-42.51-52).”

Reflexão

Veio ao meio dos seus. Por que motivo a família deve escolher um estilo de vida? Quais são os novos estilos de vida para a família de hoje, a propósito do trabalho e da festa? Dois trechos bíblicos descrevem o modo como o Senhor Jesus veio ao meio de nós (cf. Jo 1, 11-12) e como viveu no seio de uma família humana (cf. Lc 2, 40-42.51-52).

O primeiro texto apresenta-nos Jesus que habita no meio do seu povo: «Veio ao meio dos seus, e os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus». A Palavra eterna parte do seio do Pai, vem para o meio do seu povo e entra numa família humana. O povo de Deus, que deveria ser o ventre acolhedor do Verbo, revela-se estéril. Os seus não o receberam mas, pelo contrário, eliminam-no. O mistério da rejeição de Jesus de Nazaré insere-se no coração da sua vinda para o meio dos nós. Mas a todos aqueles que o recebem, «deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus». Aos pés da cruz, João vê realizar-se aquilo que ele mesmo proclama no início do seu Evangelho. «Quando vê a sua mãe e, perto dela, o discípulo que ele amava» (Jo 19, 26), Jesus confia à mãe o novo filho, e ao discípulo que ele amava, confia a mãe. Depois, o evangelista comenta: «E a partir dessa hora, o discípulo levou-a consigo para a sua casa» (19, 27). Eis o «estilo» que Jesus nos pede, para vir ao meio de nós: um estilo capaz de receber e de gerar.

Jesus pede que a família seja lugar que acolhe e gera a vida em plenitude.
Ela não gera apenas a vida física, mas abre à promessa eà alegria. A família torna-se capaz de «receber», se souber preservar a sua própria intimidade, a história de cada um, as tradições familiares, a confiança na vida e a esperança no Senhor. A família torna-se capaz de «gerar», quando faz circular os dons recebidos, quando conserva o ritmo da existência quotidiana entre trabalho e festa, entre afecto e caridade, entre compromisso e gratuidade. Esta é a dádiva que se recebe em família: conservar e transmitir a vida, no casal e aos filhos.

A família tem o seu ritmo, como a palpitação do coração;é lugar de descanso e de impulso, de chegada e de partida, de paz e de sonho, de ternura e de responsabilidade. O casal deve construir a atmosfera antes da chegada dos filhos. O trabalho não pode tornar a casa deserta, mas a família deve aprender a viver e a conjugar os tempos do trabalho com aqueles da festa. Muitas vezes deve confrontar-se com pressões externas, que não permitem escolher o ideal, mas os discípulos do Senhor são aqueles que, vivendo na realidade das situações, sabem dar sabor a todas as coisas, mesmo àquilo que não se consegue mudar: são o sal da terra. De modo particular, o domingo deve ser tempo de confiança, de liberdade, de encontro, de descanso e de partilha. O domingo é o momento do encontro entre o homem e a mulher. É acima de tudo o Dia do Senhor, o tempo da oração, da Palavra de Deus, da Eucaristia e da abertura à comunidade e à caridade. E deste modo, também os dias da semana receberão luz do domingo e da festa: haverá menos dispersão e mais encontro, menos pressa e mais diálogo, menos coisas e mais presença. Um primeiro passo nesta direcção é ver como habitamos a casa, o que levamos a cabo no nosso lar. É necessário observar como é a nossa morada e considerar o estilo do nosso habitar, as escolhas que ali fizemos, os sonhos que cultivamos, os sofrimentos que vivemos, as lutas que enfrentamos e as esperanças que alimentamos.

O segredo de Nazaré. Nesse povoado da Galileia, Jesus vive o período mais longo da sua vida. Jesus torna-se homem: com o transcorrer dos anos, ele atravessa muitas das experiências humanas para as salvar todas: faz-se um de nós, entra numa família humana, vive trinta anos de silêncio absoluto, que se tornam revelação do mistério da humildade de Nazaré.

O versículo com que tem início este trecho delineia com poucos traços o «segredo de Nazaré». É o lugar onde crescer em sabedoria e graça de Deus, no contexto de uma família que recebe e gera. «O menino ia crescendo e fortalecia-se: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava sobre ele». O mistério de Nazaré diz-nos de modo simples que Jesus, a Palavra que vem do Alto, o Filho do Pai, se faz menino, assume a nossa humanidade, cresce como um jovem no seio de uma família, vive a experiência da religiosidade e da lei, a vida quotidiana cadenciada pelos dias de trabalho e pelo descanso do sábado, o calendário das festas. O «Filho do Altíssimo» reveste-se com o semblante da fragilidade e da pobreza, é acompanhado pelos pastores e por pessoas que manifestam a esperança de Israel. Porém, o mistério de Nazaré é muito mais: é o segredo que fascinou grandes santos, como Teresa de Lisieux e Charles de Foucauld.

Com efeito, o versículo de encerramento do episódio diz que Jesus «desceu com eles a Nazaré, permanecendo-lhes submisso. A sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura (maturidade), sabedoria e graça diante de Deus e dos homens». Eis o profundo mistério de Nazaré: Jesus, a Palavra de Deus em pessoa, imergiu-se na nossa humanidade durante trinta anos! As palavras dos homens, as relações familiares, a experiência da amizade e da conflitualidade, da saúde e da enfermidade, da alegria e do sofrimento tornaram-se linguagens que Jesus aprendeu, para proferir a Palavra de Deus. De onde vêm, a não ser da família e do ambiente de Nazaré, as palavra de Jesus, as suas imagens, a sua capacidade de contemplar os campos, o camponês que semeia, a messe que lourece, a mulher que mistura a farinha, o pastor que extraviou a ovelha, o pai com os seus dois filhos. Onde foi que Jesus aprendeu a sua surpreendente capacidade de narrar, imaginar, comparar e pregar na vida e com a vida? Não vêm elas porventura da imersão de Jesus na vida de Nazaré? Por isso dizemos que Nazaré é o lugar da humildade e do escondimento. A palavra esconde-se, a semente desce ao ventre da terra e morre para trazer como fruto o amor do próprio Deus, aliás, o rosto paterno de Deus. Este é o mistério de Nazaré.

3. Os vínculos familiares. Jesus vive numa família caracterizada pela espiritualidade judaica e pela fidelidade à lei: «Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Tendo ele completado doze anos, subiram a Jerusalém, segundo a tradição da festa». A família e a lei constituem o contexto onde Jesus cresce em sabedoria e graça. A família e a religiosidade judaicas, uma família patriarcal e uma religião doméstica, com as suas festas anuais, com o sentido do sábado, com a oração e o trabalho diário, com o estilo de um amor de casal puro e meigo, fazem compreender que Jesus viveu profundamente a sua família.

Também nós crescemos numa família humana, dentro de vínculos de acolhimento que nos fazem crescer e responder à vida e a Deus. Também nós nos tornamos aquilo que recebemos. O mistério de Nazaré é o conjunto de todos estes vínculos: a família e a religiosidade, as nossas raízes e o nosso povo, a vida diária e os sonhos para o porvir. A aventura da vida humana começa a partir daquilo que recebemos: a vida, a casa, o afecto, a língua e a fé. A nossa humanidade é forjada por uma família, com as suas riquezas e as suas pobrezas.

Escuta do Magistério

A vida de família traz consigo um estilo singular, novo e criativo, que deve ser vivido e saboreado no casal e transmitido aos filhos, a fim de que transforme o mundo. O estilo evangélico da vida familiar influi dentro e além do círculo eclesial, fazendo resplandecer o carisma do matrimónio, o mandamento novo do amor a Deus e ao próximo. De maneira sugestiva, o n. 64 da Familiaris consortio exorta-nos a descobrir de novo um rosto mais familiar de Igreja, com a adopção de «um estilo de relações mais humano e fraterno». .

Estilo evangélico da vida em família

«Animada e sustentada pelo mandamento novo do amor, a família cristã vive a acolhida, o respeito, o serviço para com a homem, considerado sempre na sua dignidade de pessoa e de filho de Deus.

Isto deve acontecer, antes de tudo, no e para o casal e para a família, mediante o empenho quotidiano de promover uma autêntica comunidade de pessoas, fundada e alimentada por uma íntima comunhão de amor. Deve além disso ampliar-se para o círculo mais universal da comunidade eclesial, dentro da qual a família cristã está inserida: graças à caridade da família, a Igreja pode e deve assumir uma dimensão mais doméstica, isto é, mais familiar, adoptando um estilo de relações mais humano e fraterno.

A caridade ultrapassa os próprios irmãos na fé, porque “todo o homem é meu irmão”; em cada um, sobretudo se pobre, fraco, sofredor e injustamente tratado, a caridade sabe descobrir o rosto de Cristo e um irmão a amar e a servir.

Para que o serviço ao homem seja vivido pela família segundo o estilo evangélico, será necessário pôr em prática com urgência o que escreve o Concílio Vaticano II: “Para que este exercício da caridade seja e apareça acima de toda a suspeita, considere-se no próximo a imagem de Deus, para o qual foi criado, veja-se nele Cristo, a quem realmente se oferece tudo o que se dá ao indigente” (AA 8)».
[Familiaris Consortio, 64]

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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Gostaria de partilhar um texto que recebi do Padre Inácio José do Vale sobre os perigos do barulho na nossa saude fisica, mental e espiritual. Estou copiando na íntegra, espero que goste:

BARULHO: DOENÇA E

MORTE

Melhor é aprender a colocar as potências em silêncio e calando para que fale Deus”.

São João da Cruz

Místico e Doutor da Igreja

Vamos aprender a viver de forma espetacular com o sagrado silêncio!

O silêncio é terapêutico. É um tesouro disponível para todos. Ele é fonte imensurável para saúde física, emocional e espiritual. O silêncio é um milagre que executamos com as nossas potências na graça de Deus.

O silêncio é um caminho perfeito na busca à procura do bom Deus. O Pai Eterno tem muita coisa a ser manifesto pela via do bendito silêncio. Procuremos caminhar com o coração ardendo nesse mistério, que em parte será revelado pela mística da escuta.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES

A situação em minha vizinhança é típica do restante da cidade São Paulo, como comprovam dados da prefeitura da cidade e medidas feitas recentemente por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Desde que foi criado, em 2005, para combater a poluição sonora provocada por estabelecimentos comerciais como bares e restaurantes, o Programa de Silêncio Urbano (PSIU) do município de São Paulo recebe em torno de 30 mil reclamações anualmente. Já os especialistas em acústica Cristina Ikeda, Marcelo Aquilino e Peter Barry, do IPT, mediram em 2010 o nível de pressão sonora em nove ruas diferentes regiões da capital paulista durante o dia, constatando que o tráfego de veículos gera um volume muito acima dos 50 dB (A) – limite máximo recomendado para zonas residenciais urbanas pela norma 10.151, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bem como pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O nível de ruído na Avenida Ibirapuera, por exemplo, alcançou os 75 dB (A).

Por conta de as pessoas estarem vivendo cada vez mais apinhadas, cercadas por veículos motorizados e alto-falantes, o ruído intenso só tende a aumentar em todas as metrópoles no Brasil e no mundo. Tanto é assim que há mais de duas décadas a OMS considera a poluição sonora o terceiro maior problema ambiental nas grandes cidades, só atrás da poluição das águas e do ar, sendo inclusive responsável por mortes, relacionadas com a ação do estresse provocado pelo barulho na evolução de doenças cardiovasculares. Mesmo assim, a questão é uma das mais negligenciadas, talvez porque a maioria das pessoas já se acostumou tanto com o excesso de ruído ambiente que nem o nota mais.

ANOS PERDIDOS

Uma resolução publicada em 2002 obriga todos os países da comunidade européia a realizarem o mapeamento da poluição sonora. “Todos os municípios com mais de 250 mil habitantes precisam ter um mapa indicando onde há ruídos, para adequarem seus planos diretores com solução para o problema”, conta o pesquisador Stephan Paul, professor do primeiro curso de Engenharia Acústica do Brasil, na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O pesquisador explica que os mapas acústicos das cidades são feitos utilizando tanto medidas dos níveis de pressão sonora em vários pontos da cidade, com simulações por computador da propagação do som, que levam em conta a geometria das ruas e edifícios, como as estatísticas do trânsito e da potência sonora que cada tipo de veículo gera. Assim é possível estimar o nível de pressão sonora em cada ponto da cidade.

Usando esses mapas acústicos para comparar estatísticas de doenças em pessoas vivendo em vizinhanças anormalmente tranqüilas e barulhentas, uma equipe internacional de quase 70 cientistas coordenada por Rokho Kim, do Centro Europeu para Saúde e Meio Ambiente da OMS, em Bonn, na Alemanha, publicou em março de 2011 o relatório mais completo do impacto da poluição sonora na saúde da população européia. “Os estudos populacionais mostram que há mais pacientes com doenças cardíacas, distúrbios de sono, irritação constante, dificuldade no aprendizado e zumbido no ouvido entre pessoas vivendo em ambientes ruidosos, em comparação com populações em ambientes silenciosos”, diz Rokho.

O relatório é o primeiro no mundo a apresentar um cálculo do número de anos de vida saudável perdidos por uma população, ao sofrer desconforto, doenças e morte prematura, por conta do barulho. De acordo com os pesquisadores, os 125 milhões de europeus vivendo em ambientes barulhentos perdem um total de 1,6 milhão de anos de vida saudável anualmente. Isso faz da poluição sonora o segundo maior problema ambiental da Europa, somente atrás da poluição do ar, que afeta a maioria dos 500 milhões de europeus, tirando deles 4,5 milhões de anos de vida saudável todo ano. Rokho acredita que, caso sejam feitos estudos semelhantes em cidades grandes em outros continentes, os resultados devem ser parecidos.

O coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade de São Paulo (USP), patologista Paulo Saldiva explica que a medida do número de anos de vida saudável perdidos por uma população, ou DALYs, na sigla em inglês, é usada pela OMS e por outros órgãos de saúde para calcular o custo de tratar uma doença, como por exemplo, a tuberculose, ou de controlar um impacto ambiental, como a poluição sonora.

O coordenador do Centro Europeu para Saúde e Meio Ambiente da OMS acha impossível concluir qual é exatamente o risco à saúde que o barulho traz a uma única pessoa, a partir dos números de DALYs tomados de uma população. Isso porque a doença de um indivíduo é causada por uma soma de fatores genéticos, comportamentais, sociais e ambientais. O patologista da USP, no entanto, sugere dividir o número de DALYs da poluição sonora pelo número de habitantes afetados por ela. Fazendo isso e multiplicando o resultado pela expectativa média de vida de um europeu (79 anos), chega-se ao número de 1 ano de vida saudável perdido ao longo da vida por conta do barulho. “Em São Paulo, a poluição do ar tira em média 3 anos de vida da população”, compara Paulo.

O barulho ambiental mata porque desencadeia em nós uma constante reação de estresse. “É como se a gente estivesse permanentemente em uma situação de perigo”, explica o fonoaudiólogo Heraldo Guida, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Marília. Sob estresse, o organismo produz hormônios como a adrenalina e o cortisol que fazem com que a pressão arterial e a frequência dos batimentos cardíacos aumentem. “Se você estiver coma veia coronária em boas condições, então pode ficar tranqüilo”, explica Paulo Saldiva. “Mas se o seu sistema cardiovascular já estiver meio periclitante, pode ter uma isquemia miocárdica (infarto)”.

Reaprender a Escutar

No combate à poluição sonora, o som é tratado como algo a ser eliminado. Mas o que as pessoas buscam em geral não é o silêncio absoluto. Elas querem um ambiente com menos sons de motores e máquinas, e mais sons agradáveis: o burburinho de água correndo, o canto dos pássaros, o vento farfalhando as folhas etc. na Europa, arquitetos, artistas e urbanistas trabalhando com espaços públicos vêm desenvolvendo projetos que prevêem que os sons desejados. É o chamado paisagismo sonoro.

Desde os anos 1960, as pesquisas sobre paisagens sonoras são influenciadas fortemente pelo pensamento do compositor e pesquisador canadense Murray Schafer, que foi o pioneiro em captar os sons ambientes de comunidades tradicionais e da natureza, refletindo sobre a sua prevenção. “O Schafer fala que toda sociedade deveria ter o direito de escolher o seu ambiente sonoro”, diz a pesquisadora Marisa Fonterrada, do Instituto de Artes da Unesp, especialista na obra do pesquisador canadense.

Marisa explica que o ambiente sonoro agressivo das grandes cidades faz com que as pessoas se fechem para os sons a sua volta, tantos os ruins quanto os bons. “Estamos vivendo uma época de anestesia, o contrário da estesia, que é a sensibilidade dos sentidos”, ela diz. “Não adianta combater a poluição sonora só com leis; temos de trabalhar a consciência das pessoas para que escutem mais.”

Essa conscientização pode começar na escola. Marisa recomenda aos professores o livro de Murray Schafer Educação Sonora, lançado pela Editora Melhoramentos, em 2009. A obra propõe 100 exercícios simples de escuta que aguça, os ouvidos para notarem sutilezas muitas vezes perdidas em ambientes ruidosos.

Barulho Escolar

O tráfego pesado de uma estrada ao lado da escola ou a algazarra do recreio podem prejudicar os estudantes muito mais do que se imagina. Diversos estudos vêm demonstrando que crianças de escolas em locais barulhentos apresentam atraso de meses no aprendizado, além de uma memória de longo prazo menor em comparação com crianças de escolas em lugares tranqüilos. “O ruído ambiental afeta negativamente a motivação, a capacidade de aprendizagem e concentração”, afirma Ana Claudia Fiorini, fonoaudióloga da PUC de São Paulo e da Unifesp.

Além disso, de acordo com a arquiteta Cristina Ikeda, do Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade dos Edifícios do IPT, o projeto do prédio das escolas pode apresentar diversos problemas acústicos, como a localização dos pátios, ginásios e das janelas das salas de aula, que agravam o problema.

As normas brasileiras recomendam que o ruído nas salas de aula não ultrapasse os 50 dB (A), Mas as medições de um estudo em andamento pelos fonoaudiólogos Heraldo Guida e Ana Cláudia Cardoso, da Unesp, mostram que o ruído chega muitas vezes a ultrapassar os 85 dB (A).

CONCLUSÃO

As cidades são notoriamente barulhentas, devido à grande concentração de tráfego e pessoas. É quase impossível fugir de música em volume alto, barulho do toque do celular, máquinas ruidosas e vozes altas. Mas, o tipo de ruído que coloca em perigo o nosso bem-estar espiritual não é o ruído do qual não conseguimos fugir, mas o ruído que convidamos a entrar em nossa vida. Alguns de nós usamos o ruído como uma maneira de nos isolarmos da solidão: músicas e vozes de personalidades da TV e do rádio nos dão a ilusão de companhia. Alguns de nós utilizamos o ruído como uma maneira de manter os nossos próprios pensamentos isolados; outras vozes e opiniões nos poupam de termos de pensar por nós mesmos. Alguns de nós usamos o ruído como uma maneira de isolar a voz de Deus, pois a tagarelice constante, mesmo quando estamos falando sobre Deus, nos impede de escutar o que Ele tem a nos dizer.

Nosso Senhor Jesus Cristo, mesmo em Seus momentos de maior ocupação, fez questão de procurar lugares solitários onde pudesse manter uma conversação com Deus (Mc 1,35). Mesmo que não consigamos encontrar um lugar perfeitamente calmo, precisamos encontrar um lugar para aquietar as nossas almas (Sl 63,1.2), um lugar onde Deus possa ter a nossa total atenção (Sl 84).

No filme O Diabo no banco dos réus, Satanás esbraveja: “Eu criei o barulho e o barulho afasta qualquer pensamento de Deus”.

Realmente, o barulho é a arte de Satanás para distanciar as pessoas da arte do silêncio e de Deus.

O barulho causa perturbação, infelicidade e morte. Enquanto o silêncio é o fator de paz, felicidade é vida abundante.

A verdadeira maravilha do silêncio é com Deus consigo mesmo e com a beleza da natureza.

Vamos praticar o santo silêncio para o equilíbrio abissal da nossa alma e de todo o nosso bem-estar.

Oração, meditação, silêncio e solidão no contexto da espiritualidade cristã são riquezas colossais ao espírito a via unitiva.

Pe. Inácio José do Vale

Professor de História da Igreja

Instituto Teológico Bento XVI

EFOR-Escola de Formação de Resende

Especialista em Ciência Social da Religião

E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com

Fontes

Quanta, janeiro/fevereiro de 2011, pp.20-26.

João da Cruz, São. Subida do Monte Carmelo. São Paulo: Paulus; Petrópolis.RJ, Vozes, 2010, p. 419.

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Nada está perdido…… aquilo que parece ser o final de tudo, na verdade é recomeço.

Na nossa vida as coisas se transformam sempre, acontece que nem sempre prestamos atenção aos movimentos transformadores que estamos passando.

Costumo dizer que a pessoa humana é uma força concentrada de potencialidades que se desenvolvem na vivência diária. Por isso os idosos (com idade cronológica mas ainda e sempre jovens) são portadores de riquezas interiores, conhecimentos acumulados, sofrimentos superados, vida restaurada a cada tempo, em cada experiência de viver.

Somos convidados a deixar-se transformar pela vida. Muitos passam pela vida e não se enriquecem espiritualmente porque não conseguem aprender com a vida, naquilo que aconteceu de certo ou de errado, com os desajustes e com as vitórias. O segredo da vida é aprender com a própria vida.

Páscoa é tempo de refletir sobre a vida, mas refletir para aprender a mudar a nossa história para melhor, para cima… ” corações ao alto”… Tudo que vivemos precisa transformar o nosso coração e nos remeter para cima. Cada passo dado em direção a Deus, às pessoas para amá-las, a busca de nossos sonhos e desejos de realização pessoal precisa estar ligado a um caminho em aclive, de subida, ascenção, de passagem para o alto, para Deus.

Se você está caminhando para baixo, ou na planície, achando que já está boa a sua vida (principalmente espiritual) saiba que talvez seja o momento de parar, descansar, refletir, buscar novas inspirações e forças em Deus, e retomar uma nova caminhada, mas PARA CIMA.

Páscoa é tempo de subida, de restauração do circuito de vida a percorrer. Somente quem se deixa restaurar pela cruz de Cristo pode viver restaurado pela Páscoa e consegue também fazer esta passagem. De um coração deprimido para um coração renovado, com uma nova esperança, caminhando para Deus.

Coragem…. mude de caminho… olhe para o alto…. É Páscoa…

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Amar é perdoar. O Beato João Paulo II foi o maior exemplo para a humanidade desta verdade. Amar é perdoar e perdoar é amar. Ele foi ao extremo do seguimento de Cristo ao perdoar aquele que atentou contra a sua vida, quando foi pastor do rebanho católico apresentando alimento sólido para o povo, com uma doutrina humana capaz de elevar a pessoa  às alturas de uma fé perene em Jesus Cristo.

O amor é para ser vivido na dimensão da dádiva, de ser dom para os outros.  O Beato João Paulo II entregou toda a sua existência para que muitos pudessem encontrar a verdadeira felicidade em Deus. Suas palavras, seus escritos proféticos, seu olhar de pai e amigo de todos, sua coragem de se aproximar de cada pessoa com qualquer credo, cor, situação econômica e política,  provocaram marcas profundas em todos.

Esta reflexão sobre um homem de Deus é para reafirmar o que ele disse no Brasil: o Brasil precisa de muitos santos. E todo santo é uma pessoa que encontrou na vida a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, mas que também encontrou referência humana capaz de fazer valer a pena lutar para a santidade. Todos precisamos de referências. O Beato João Paulo II é uma excelente referência humana na busca pela santidade.

Busque ler os seus escritos. Quero dar uma dica: acesse o site do vaticano: www.vatican.va e busque no arquivo de Papas: o Papa João Paulo II. A partir dai um mundo de Deus se abre para você: são encíclicas, cartas apostólicas, exortações, homilias.

Deus te abençoe e te dê um amor muito grande pelo Beato João Paulo II, como eu o tenho.

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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sobrinhos

A vida é um dom de Deus para ser vivída a dois, em família, em comunidade. Desde quando o Criador colocou o sopro da vida no homem, logo em seguida lhe encaminhou uma ajuda necessária, para dizer que ter companhia, estar com outra pessoa é uma necessidade existencial de toda pessoa humana.

Tenho experimentado em minha família uma grande dificuldade com minha mãe que é viuva já há 3 anos, e sofre muito por morar sozinha. Primeiro porque escolheu isto visto que não faltaram convites para morar com um dos filhos, que são seis; também porque a ajuda que Deus lhe deu: o marido, no caso meu pai, lhe faz muita falta e não existe substituição, apenas consolo e reconforto espiritual.  Estamos rezando e ela está discernindo sobre a possibilidade de morar comigo, com a minha família. Isto é uma grande vitória, pois acreditamos que ninguém foi criado para morar sozinho. Todos precisamos de estar ligados a outrem, por laços de amizade, pela convivência no lar.

Outra realidade também difícil é quando existe separação de casais, e a solidão impera sobre a vida da pessoa, muitas vezes a empurrando a se jogar em outro relacionamento, que pode até ser pior que o primeiro. A solidão é uma doença que está se alastrando nos nossos dias. Existe aquela solidão interior e escondida, onde a pessoa vive casada mas se sente sozinha. Isto porque o cônjuge não lhe dá atenção, não é presença, não conversa abertamente. É uma grande tristeza esta realidade tão presente nas vidas das famílias hoje.

Minha proposta é que cada um procure fugir da solidão. Quem está casado ou casada procure o ajuste da comunicação com seu conjuge, para que jamais ele ou ela se sinta sózinho. Quem está separada ou separado por esta ou aquela situação, busque refugio nos filhos, invista em estar com eles, não se isole, nem busque freneticamente outra companhia conjugal, para não cair no adultério. Se o problema é solidão busque os pais, tios, primos, construa novos relacionamentos de amizade, ninguém foi feito para ficar sózinho neste mundo. A mesma coisa eu proponho aos viuvos e viúvas. Os solteiros já estão sempre na busca de companhia, o que eles sofrem é aquela solidão de família: buscam nas amizades boas ou más preencherem suas vidas e deixam os pais de lado, e no íntimo acabam se sentindo solitários. Todos precisam do aconchego de família, só aí se esvai a solidão.

E até aqueles que realmente não tem ninguém para compartilhar a vida podem ter Deus a seu lado. Pela Sua Palavra Ele se comunica conosco e pela oração lhe respondemos, e o diálogo entre o céu e a terra se torna possível, para que ninguém possa ficar longe desta dinâmica comunicativa própria dos humanos.

Deus abençoe você, e que você saia da solidão, URGENTE.

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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Quando me casei em 1984, eu e minha esposa fizemos um propósito para toda a nossa vida: toda noite antes de dormir nós iríamos abrir a nossa Bíblia  e faríamos uma leitura. Hoje depois de quase 27 anos, nós permanecemos fiéis ao nosso propósito e nestes anos todos temos colhido frutos desta prática tão rica: ler a Bíblia.

A Bíblia é um conjunto de livros sagrados, cujos autores inspirados pelo Espírito Santo puderam condensar a Revelação de Deus para a humanidade. Ficar sem mergulhar neste tesouro é uma grande perda para qualquer pessoa. No casamento a Palavra de Deus é primordial pois dá sentido ao compromisso firmado no altar, renova a aliança e coloca a vida sob o olhar de Deus; equilibra o relacionamento, tantas vezes marcado pelo materialismo, pela busca de prazer e bem-estar. Deus precisa fazer parte da vida, e ler a Bíblia diariamente é uma forma magnífica de coloca-Lo no centro de tudo que fazemos.

Ler a Bíblia é questão de hábito. Se você começa a ler já começa a se encantar e não quer mais parar. Na verdade o alicerce do casamento precisa ser a Palavra de Deus, pois ela tem a capacidade de iluminar todos os fatos do cotidiano do casal. Muitas situações precisam ser iluminadas. As vezes vemos casais que se separam porque algo está “sem brilho” , “sem luz”. Outros casais passam também por situações semelhantes, mas como estão alicerçados na Palavra de Deus, conseguem superar, e voltar a viver de forma iluminada o relacionamento.

Vejo que é uma questão de decisão, que produz vida no casamento. Façam a experiência! Começem hoje a ler a Bíblia, como casal.

Se você acha que tem dificuldade de ler a Bíblia, busque um método. A Igreja propõe a Lectio Divina, ou leitura orante da Bíblia.

Vou dar algumas dicas:

1) Escolha o trecho que vair ler. No Livro do Monsenhor Jonas Abib: “A Bíblia no meu dia-a-dia“, Ele propõe uma sequencia de livros para se começar a ler. Você pode adquirir este Livro no shopping da Canção Nova.

Vou dar a dica do livro do Monsenhor para você começar hoje: a sequencia começa com a Primeira Carta de João, depois o Evangelho de João, e depois toda a sequencia que ele proõe. (veja no Livro é muito interessante)

2) Leia com calma o trecho. Um capítulo por dia (I Jo, 1). Reze antes de começar a Leitura, pedindo luzes ao Espírito Santo. Eu costumo ler a oração do “Veni Creator”

“Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais. Vós sois chamados o Intercessor de Deus, excelso Dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.   Sois doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamais. A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.   Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz, se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás. Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém”

Agora pegue papel e caneta e responda: O que diz o texto?  Marque o que achou importante, anote no seu diário espiritual.

3) Meditação. Passe os olhos sobre a leitura e se responda: O que este texto diz para mim? E anote no diário  a direção que a Palavra te dá  para viver o dia (Rema). Pode ser apenas um Rema a se por em prática.

4) Oração. Reze  a Deus a partir do texto lido. Quais motivações vieram no coração para rezar: agradecimento, pedido de perdão, mudança em algum comportamento, etc.

5) Meditação . Feche os olhos, fique em silêncio e entre na presença de Deus, Ele está presente e Vivo. Perceba que Deus te visita, o Adore em Espírito e Verdade. Se entregue a Sua Vontade.

Tudo isto demora em torno de 30 a 40 minutos, e o casal passa a vida a limpo diante do Altíssimo, e é agraciado a cada dia com a Sua Visita.

Deus abençoe você que assumiu este lindo propósito.

Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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