Um elemento que provoca ruptura no amor conjugal é a falta de respeito de uma pessoa para com a outra. Não basta dizer que ama, pois o amor exige respeito. O conceito que o psicanalista alemão Erich Fromm apresenta no seu Livro: “A arte de Amar” é contundente: “Respeito não é medo e temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere = olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como é, ter conhecimento de sua individualidade singular.

Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Respeito, assim, implica ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos, e não para o fim de me servir. Se eu amo a outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, mas com ela tal como é, não como eu necessito que seja para objeto de meu uso. O respeito só existe na base da liberdade… o amor é filho da liberdade, nunca da dominação”.
É sempre uma tentação querer dominar, estar à frente, liderar. Mas no caso do casal cristão, numa relação matrimonial sadia, isso será pernicioso, pois dominar fere o princípio da liberdade da pessoa, a qual sempre precisa ser respeitada. Se eu amo de verdade eu quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva; e não para meu benefício, para me fazer feliz ou me fazer crescer, pois isso seria pura exploração. A proposta cristã é um respeito incondicional para com a outra pessoa, e esse respeito só existe se houver o conhecimento mútuo.
O respeito é o primeiro fruto do conhecimento. O não conhecer o outro é grande causa de divergência nas relações humanas entre homens e mulheres. Há várias camadas de conhecimento: o conhecimento estético/corporal, o conhecimento histórico (vital), o conhecimento espiritual, que é um dos aspectos do amor, é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Este só é possível quando posso transcender a preocupação por mim mesmo e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Poderíamos dizer que conhecer profundamente, ou no seu âmago, a sua alma, é desligar-se até daquilo que ela apresenta exteriormente.
Por exemplo: algumas pessoas, em algum momento são agressivas exteriormente, mas isso pode ser fruto de algum sofrimento interior que só quem ama saberá conhecer e compreender essa atitude. Quem conhece deverá se dispor a ajudar a pessoa naquilo que ela tem de deficiente, nas suas imperfeições; e se pode, a partir deste pressuposto, interferir para ajudá-la a sair de uma situação inferior para que cresça em sua pessoalidade. Se não pode interferir fica junto dela no seu processo pessoal. E isso é como desvendar um mistério, pois a pessoa apresenta “segredos”, de forma que conhecê-la passa a ser um desafio, pois para conhecer alguém será sempre necessário o autoconhecimento.
Para experimentar, em uma relação a dois, a graça da felicidade: fruto de um profundo respeito que nasce do conhecimento mútuo, há a necessidade de se despojar de si mesmo.
Outro fruto do conhecimento é o acolhimento. Quem ama acolhe o outro do jeito que ele é. Martin Buber define o amor como um espaço, um lugar que ocupo no coração do outro. É preciso então ter um espaço interior para que o outro (a) possa ocupar. Se não há espaço no meu coração, se está totalmente ocupado comigo mesmo ou com outras preocupações, não há espaço para o outro, não há possibilidade do amor existir. Quem abre um lugar privilegiado no seu coração para o outro, sem preconceitos, sem querer mudanças, mas com acolhimento incondicional pode dizer que o ama. Quem ama acolhe, aceita no coração a pessoa do outro sem querer nada em troca, somente a possibilidade da reciprocidade: saber que no coração do outro também tem espaço para eu morar e ser o que eu sou, me sentindo acolhido, enfim amado: porque acolho, aceito, amo.
Diácono Paulo Roberto Oliveira Lourenço – Canção Nova.

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Um rio somente é rio se desde a sua nascente ele corre até o mar. Só é rio porque tem um curso de água ininterrupto. Se um rio seca é porque a sua água parou de correr suavemente pelo leito que a natureza preparou para ela correr. O rio pode transbordar e continuar a ser um rio, mas se para de brotar água e ela para de correr não é mais rio, simplesmente extinguiu-se. Se não há água corrente não há rio.

Da mesma forma acontece com o amor humano. (Quero refletir sobre o amor humano entre um homem e uma mulher). O amor humano tem uma nascente, um encontro encantador, um dia em olhos se cruzaram e começaram a surgir emoções e sentimentos abrasadores que penetraram o intimo de duas pessoas, num dado momento da vida. A nascente do amor é o primeiro encontro, a primeira conversa, ás vezes cheia de vergonha, ou sem ter o que falar, pois o coração aperta e grita o interior pelo encantamento da pessoa amada.

Como é bom lembrar aquele primeiro encontro, os gestos que me falaram fundo ao coração, o olhar que me fez repensar a vida, a promessa de vida, como o pequeno olho d’agua que promete ser um rio enorme.

O amor acontece por acaso ou porque o Criador, que é a grande fonte nos revela? Quero crer que a resposta mais sensata é que o Criador cria espaços nesta terra para encontros maravilhosos, que são nascentes de água que brotam para a vida eterna.

O Beato João Paulo II em seu Livro “Amor e Responsabilidade” escreve que o amor só é verdadeiro na continuidade. Penso que esta frase é muito relevante no mundo de hoje, onde as coisas são tão descartáveis e tudo acaba muito rápidamente. As pessoas esqueceram que a vida é feita de escolhas e que as escolhas precisam ser definitivas. Amar alguém é escolhe-la definitivamente como companheira na viagem da vida. Como o curso do rio que é longo até chegar ao mar, mas é perene, é contínuo, o amor humano precisa ser contínuo e ter um curso certo: ir até Deus. Se amamos alguém é para leva-lo a plenitude da vida que é o encontro definitivo com Deus. Quem ama de verdade não para de amar por conta das dificuldades do caminho, porque isto não seria amor, mas um jeito de satisfazer as minhas necessidades. Amar implica em permanecer. “Permanecei no Meu amor” disse Jesus (João 15). Permanecer é ficar ligado a fonte de vida.

O amor humano precisa sempre voltar à nascente, ao primeiro encontro e atualiza-lo a cada dia. Talvez o que traria vida de novo aos casamentos, que podemos dizer que estão minguando e se acabando por falta de “água corrente” seria a possibilidade de se voltar ao “primeiro amor” e colher de novo a água limpa do amor essencial , o amor de encantamento que aconteceu no primeiro encontro. E quem sabe transborde este amor aos filhos, a família e a sociedade.

Meu convite hoje para você é que você volte ao amor original e redescubra a possibilidade de vida nova no seu relacionamento. Invista hoje no amor e resgate a maravilha de viver com alguém por amor, com amor e no amor. Desta forma as águas se renovam, a vida brota e o rio da vida segue seu curso até o encontro definitivo com a grandeza do mar de Deus.
Deus o abençoe.

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Não podemos nunca esquecer que neste mundo em que vivemos se trava constantemente uma batalha espiritual. Isto porque as forças malignas que se implantaram nos corações humanos por conta de aderirem ao pecado, e também os ambientes consagrados ao maligno, por conta de estarem sendo dominados por forças que destróem a vida e promovem o mal. E muitos dos filhos de Deus estão totalmente envolvidos nestes ambientes, outros acabam recebendo a contaminação espiritual em suas vidas e acabam se entregando ao pecado, como que sem forças para lutar e escolher pelo bem.

Mas a situação pior de todas é a contaminação do interior da pessoa humana com as propostas malignas e a proposta mais astuta é a da vanglória, do orgulho pessoal. Se instalou no coração de muitos este mal: o orgulho, a autosuficiência, e estas pessoas se tornaram arrogantes e pretenciosas. O salmista fala que estes pensam no seu interior (Inspirados pelo maligno): “Deus não me vê!”. E quantos estão vivendo para preencher a si mesmos desta soberba, dizendo que podem tudo e que não precisam de ninguém e muito menos de Deus. È um verdadeiro ateísmo existencial.
E muitos cristãos, que comungam da Palavra de Deus, que vivem até vida sacramental na Igreja católica, estão contaminados com esta doença deste nosso tempo: o orgulho e a vaidade. Tudo isto é ação maligna neste mundo para levar muitos a perda da paz, distorção na vida relacional, e até a perdição eterna.

O remédio e a chave da vitória contra este mal existe. E é esta novidade que a Igreja hoje está proclamando: a HUMILDADE. Esta é a chave da vitória contra o maligno. O mundo está precisando de pessoas que aceitem, que queiram do fundo de suas almas se tornar humildes. O maligno se afasta de quem é humilde, ou que está lutando para ser humilde. Jesus se fez humilde e obediente ao Pai e aceitou ser pregado na cruz por nossos pecados. Esta é a prova definitiva e única que a humildade vence o maligno.

Nosso Papa Francisco começa o seu pontificado mostrando esta verdade ao mundo com sua postura e sua santa humildade. Penso que podemos entrar nesta luta espiritual com a arma da humildade. É um caminho seguro para que o maligno se afaste de nossa vida e como profetizou Zacarias ao ver o Menino Deus no Evangelho de Lucas: “libertados e mãos inimigas, possamos servi-Lo em santidade e justiça, em sua presença, todos os dias de nossa vida”.

Meu convite é investir em tudo que nos possa tornar mais humildes, para que o Senhor seja nossa única força e salvação.

Deus o abençoe neste santo propósito.

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“Deus é rico em Misericórdia” e por isto mesmo sustenta a vida de seus filhos a cada dia. A vida é sustentada pelo sopro do Altíssimo. Se lhe falta o espírito, perecem, diz o salmista. A primeira prova da misericórdia de Deus na nossa vida é a própria vida. A cada dia Ele nos dá mais uma chance de viver.
Mas a expressão máxima da misericórdia de Deus é a encarnação desta misericórdia: Jesus Cristo. Jesus é a misericórdia feito homem, para que também a pessoa humana possa ter e assumir em si todas as características da bondade e misericórdia do Pai.

Hoje quero escrever sobre uma destas características: o perdão. O perdão de Deus por nós é total e pleno. Deus perdoa e esquece, dá nova chance sem constrangimentos ou cobranças. E se ele perdoa não deixa o sentimento de culpa no coração da pessoa. Também o perdão de Deus é incondicional, não se importando com a gravidade do pecado, do erro, mas estende sua misericórdia a toda criatura, sem preconceitos ou acepção de ninguém.

Mas o que falta a humanidade é se aproximar de Deus de novo, mesmo tendo cometido erros e pecados. Se nos aproximamos de Jesus, o Filho de Deus, que por sua morte e ressurreição nos redime de todo pecado, somos acolhidos de novo nos braços de sua misericórdia e recebemos nova oportunidade de recomeçar a vida. Basta aproximar-se com confiança de Jesus Cristo. No cotidiano isto acontece quando se volta para o Cristo Palavra, que nos remete à Igreja, aos Sacramentos. Quantas pessoas afastadas dos sacramentos por conta da revolta com alguma pessoa, ou pelo sentimento de culpa, por ter errado tanto na vida. Mas o que precisa acontecer é o contrário: quanto mais nos afastamos de Deus, da Igreja, tanto mais devemos saber que Ele nos espera, que há um espaço de misericórdia no Seu coração, capaz de nos acolher, apesar de tudo que fizemos. Por isso é tempo de voltar aos braços de Deus, de voltar a Jesus Misericordioso, que Ele nós acolhe, aceita, ama e redime totalmente.

Convido você a fazer este caminho de confiança, voltando a casa do Pai. Dom Bosco dizia que “Há um ambiente de salvação: a Igreja, e que os jovens precisam estar dentro deste ambiente para se salvar”. Que o seu coração se encha de confiança e que você hoje dê passos concretos para se colocar sob este ambiente salvífico. Deus abençoe o seu propósito e sua vida. Diácono Paulo Lourenço

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14. fevereiro 2013 · 5 comments · Categories: família · Tags:

O verbo acreditar é um derivado da palavra “crédito”. Portando acreditar é dar crédito, colocar confiança que aquela pessoa honrará com a palavra dada a nosso respeito, por exemplo. No mundo da economia “dar crédito” é disponibilizar recursos em favor de algum projeto, ou a uma pessoa com a certeza que ela honrará o compromisso.
Dar crédito a Deus é antes de tudo ter a certeza que Ele cumprirá com as promessas feitas. Acreditar em Deus é uma ação na qual nos comprometemos e investimos muita coisa, até nossa própria vida, na certeza que Ele honrará a Sua Palavra.

A Igreja precisa neste tempo de homens e mulheres que em todas as situações de suas vidas, ou nas situações adversas que esta lhes trouxer, se mantenham firmes neste propósito eterno: “acreditar em Deus”.

Acreditar implica fidelidade a toda prova. Quem acredita em Deus lhe é fiel e sendo fiel Deus mantém suas promessas. “O justo viverá pela fé” (Rm 1,17b)
Somos convidados a viver nesta terra com esta certeza: O Deus em Quem acreditamos é fiel e olha para todas as coisas com amor e nada escapa de seu olhar e de sua ação poderosa.

Não sei qual a situação que você está vivendo, nem aquilo que aflige o seu coração neste momento, mas convido-o a ACREDITAR. Mesmo que toda a lógica natural te leve a pensar que não há solução: ACREDITE, CONFIE E ENTREGUE a Deus esta situação.
Que o Senhor possa aumentar a nossa fé no dia de hoje. Deus te abençoe.
Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova

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06. fevereiro 2013 · 8 comments · Categories: família · Tags:

O Beato Papa João Paulo II escreveu no Livro: Amor e Responsabilidade, de 1978 esta frase que marcou todos os meus estudos teológicos: ” O amor é o mais alto valor moral”.

Isto nos remete a reflexão de que no ato de amar alguém já está implicito que para com aquela pessoa estaremos sendo totalmente éticos e comprometidos com os seus valores e princípios pessoais, isto é, respeitando-a como ser humano na sua integridade. Amar significa isto: promover o bem total da pessoa amada.

Nós vemos a nossa sociedade imersa num lamaçal de egoísmo e individualismo, por isso o sentido do amor é cada vez mais entendido como troca ou realização pessoal. Cada um quer se realizar e se amar alguém lhe trás, de alguma forma, algum prazer realizador de seus desejos pessoais, então se diz “estar amando alguém”. Na verdade isto é um egocentrismo e hedonismo exacerbado, não amor verdadeiro.

O amor verdadeiro sempre comporta perder algo de mim para promover o bem do outro, e isto estará ligado fatalmente a sofrimentos, perdas pessoais e redução do meu ser, para que o outro seja mais, e melhor. Isto é amor.

O exemplo disto está na cruz de Cristo. Ele se “rebaixou” de sua divindade e aceitou o sofrimento para a redenção da humanidade, por amor, livremente fez esta escolha amorosa. O Beato João Paulo II, quando diz que o amor é mais alto valor moral estava se referindo a Cristo, mas também provocando a nossa reflexão.

Quando agimos éticamente com alguém, também estamos praticando um gesto amor. Quando somos gratos, delicados, quando respeitamos o espaço e a vontade do outro, ou ainda quando nos convertemos em pessoas melhores em vista do relacionamento com as outras pessoas, estaremos sempre amando. O verdadeiro amante respeita o outro e lhe faz o bem; e se dispõe a ajudá-lo na sua caminhada da vida.

Vamos nesta tarde elevar a nossa alma a Deus, fonte do amor e pedir que Ele nos faça pessoas dispostas a amar sempre.
Deus os abençoe. Diácono Paulo Lourenço

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Nos livro dos Atos do Apóstolos das Sagradas Escrituras, no capítulo 3, Pedro e João vão ao templo para rezar. Na porta do templo está um coxo de nascença pedindo esmolas. Ele implora aos apóstolos uma esmola. Pedro pede a ele que olhe para os apóstolos, para ele perceber que eles não tinham possibilidade de dar a esmola. O Coxo olha para eles com atenção. Pedro responde: “ouro e prata eu não tenho, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo levanta-te e anda.”

Queria me ater a este fato relatado por Lucas nos Atos dos Apóstolos para focalizar neste gesto de Pedro a transmissão da fé. Pedro transmite a fé no Cristo ressucitado àquele coxo e nesta fé transmitida e acolhida acontece o milagre. O coxo primeiro acolheu no seu coração (os olhos são o espelho da alma) a fé que Pedro demonstrou e transmitiu. A Escritura diz que ele “de um salto, pôs-de pé e andava”. Este ato de fé de levantar-se, acreditar nas palavras da Igreja nascente, em Pedro o primeiro Papa fez toda a diferença.

É preciso retomar a fé em Jesus Cristo pela via apostólica de nossa Igreja. Crer na força do Ressuscitado é crer na Igreja.
No versículo 16 Pedro, para tirar qualquer dúvida que quem realizou o milagre foi Jesus, afirma: “Em virtude da fé em seu nome foi que esse nome consolidou este homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus que lhe deu essa cura perfeita, à vista de todos vós.”

A fé em Jesus Cristo abre as possibilidades de cura total da pessoa humana, porque maior doença de nossa humanidade é a falta de fé Nele. Vemos que se confia em tantas coisas, se acredita rapidamente em doutrinas ensinadas pela mídia para ganhar audiência do público. Hoje é dia de afirmarmos a nossa fé no Deus Verdadeiro que está vivo e ressuscitado e por isso pode realizar todas as coisas por sua presença salvífica.

Convoco os cristãos por esta mensagem a renovarem os seus atos de fé, a buscar em Jesus Cristo a resposta definitiva para suas vidas. Jesus Cristo cura todos aqueles que renovam de verdade a sua fé.

É verdade que nem todos são curados e muitos morrem por causa de suas doenças, até porque o morrer é natural para nós seres humanos. Mas para recebermos a cura interior: o acolhimento do sofrimento como redentor, a força de continuar vivendo e tendo esperança mesmo no desespero, a atitude de perdão porque foi perdoado muitas vezes, é preciso proclamar sua fé em Jesus Cristo que venceu a morte para nos redimir e curar.

Vamos pedir hoje ao Senhor que retire de nós toda a paralisia de fé, e que possamos crer em suas Palavras e viver por elas, confiantes e entregues nas mãos redentoras de Cristo.
Deus te abençoe e te cure.

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Jesus ao entrar no Jardim das Oliveiras, conforme relata o evangelista Lucas, no capítulo 22, 39-46, leva consigo os apóstolos. Ele passou por mais uma tentação: a de pedir ao Pai que lhe afaste o “cálice”. Movido pela sua humanidade Jesus pede ao Pai que, se for de Sua vontade lhe afaste o sofrimento e a dor de sua paixão. Mas ele na sua oração de agonia, logo vence a tentação, acrescentando: “mas não se faça a minha vontade, mas a Tua.”

Jesus que era verdadeiro Deus e verdadeiro homem foi tentado, em sua humanidade, a deixar de fazer a vontade do Pai. Mas ele não pecou apesar da tentação, pois na sua oração suprema se deixa guiar pelo Pai e não pela tentação humana, se deixa vencer pelo Divino que possue.
E depois disto ele encontra os discipulos adormecidos de tristeza, diz o texto de Lucas (vers.45 b). Ele os acorda e pede para levantarem-se e orar para não cair em tentação.

Aqui está o nosso ponto de reflexão: a oração como arma para não cair nas ciladas do tentador e as ciladas de nossas próprias concupiscências. Quem ora é tentado, mas vence pois a oração leva a reflexão, e esta leva ao questionamento, este provoca a conversão e a escolha por fazer o que da vontade de Deus.

Por isso é importante e é uma ordem de Jesus para nós, seus discípulos: ORAI. E orar diz de uma nova forma de vida, um modelo de vida: uma vida diante do trono da graça de Deus.
Quando um homem ou uma mulher se prosta e ora ao Pai, adora o criador de todas as coisas, em nome de Jesus e evoca os seus méritos infinitos conquistados na cruz e ressurreição, o Pai atende o seu pedido. E o pedido principal é a preservação da queda pessoal nas tentações.

Pois qual é a nossa principal oração senão a nossa própria conversão?

Se estamos, como Jesus, entregues a vontade do Pai (convertidos, voltados a Ele) todas as nossas necessidades humanas se diluem, pois se o coração está pleno, as demais coisas são secundárias. A oração, o diálogo com Deus Pai é a única maneira de manter o nosso coração preenchido. As coisas do mundo alegram a pessoa momentâneamente, mas a presença de Deus conforta, alegra e plenifica a alma eternamente.

Busquemos hoje por esta reflexão retomar nossa vida de oração e adoração. Pare por alguns minutos na correria do seu dia-a-dia e se coloque na presença de Deus. Ore ao Pai.

Vamos rezar juntos? Partilho com você a minha oração desta manhã:

Pai amado, Pai querido, Pai bondoso e misericordioso, me apresento agora na Tua presença para te louvar, bendizer o Teu Santo Nome, Adorar-te porque és o Deus Todo-Poderoso. Pelos merecimentos de Seu Filho, Nosso Senhor, venho te pedir a graça de me tornar a cada dia mais orante, mais próximo de Ti, pois isto é para mim consolo nesta vida e esperança da vida eterna. Pai chego ao teu coração e te agradeço por todas as dádivas que me tens dado: o alimento, a casa para morar, minha família, muitos amigos. Te peço que me convertas totalmente a Boa Nova que Teu Filho nos trouxe, e que eu possa viver Nele e para Ele. Pai preserva-me de cair em tentações tão numerosas as quais estou exposto neste mundo. Fortalece a minha vontade e meu querer para que escolha somente o que for de Tua vontade. Pai bondoso adorado sejas hoje e com os anjos do céu possa um dia contemplar o teu rosto e viver contigo para sempre. amém.

Deus abençoe você e te faça orante ao Pai. Diácono Paulo Lourenço – Canção Nova – Brazil.

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Uma grande dificuldade do povo de Deus é estar atento à voz daqueles que falam em nome Dele no nosso tempo. A Igreja exerce a profecia do Senhor para todos os tempos e povos e esta profecia se realiza com a atitude pessoal de adesão pela fé, de cada católico ao seu projeto de salvação.

Muitos até participam dos sacramentos, das pastorais, dos grupos de oração e outras atividades apostólicas, mas continuam sem mudanças profundas de vida que reflitam esta participação. Estamos vivendo uma crise entre aquilo que se acredita e aquilo que se vive no cotidiano. Vemos pessoas católicas que vivem projetos mundanos, sem ética, sem fé.

Estamos num momento em que a Igreja proclama o Ano da Fé para despertar de novo o coração daqueles que estão “adormecidos” pelas comodidades desta vida e vivendo uma fé medíocre ou somente uma vivência sacramental teórica.

É hora de despertar para o Senhor. Para mergulhar em Sua Palavra e coloca-la em prática em nossa vida. É hora de conversão total e radical. Muitos têm até medo da palavra “radical” e vivem a vida se dando “pequenas permissões” para pecar. Mas este é o caminho que leva a perdição: a soma de muitos pequenos desvios tira a pessoa do rumo certo, e o demônio se utiliza desta fraqueza humana para fazer perder muitos cristãos. Por isso é tempo de dizer não ao pecado e a qualquer insinuação tendenciosa a isto, renunciar, dobrar os joelhos e fazer a escolha certa: “Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós. Aproximai-vos de Deus. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vosso corações, ò homens de dupla atitude.” (Tiago 4, 7-8). São três realidades que São Tiago apresenta: aproximar-se de Deus e ser submisso a Ele (e a seus ministros); lavar as mãos, purificar o coração (sacramento da reconciliação) e resistir ao demônio, não dar mais brechas para o pecado e as trevas.

Para isto a palavra de hoje é vigilância a toda prova. É ficar atento, acordado e perceber a presença do Senhor, ouvir a sua voz e estar pronto a seguir o que Ele nos diz, e ao mesmo tempo estar vigilante quanto própria conduta, as tentações da carne, as tentações do poder, as tentações do possuir (“aquilo as traças comem”) o que terreno, passageiro e que provoca pecado sobre pecado, trevas sobre trevas. É tempo também de renunciar a todas as obras estéreis das trevas: as falsas doutrinas. Não podemos ter a vida dividida ou “dupla atitude” como alertou São Tiago, mas precisamos professar a nossa fé católica, nossa pertença a Igreja que Jesus Cristo fundou e quis, e colocou os alicerces que são os apóstolos.

Outro ponto a se despertar e vigiar é a questão da caridade fraterna. Muitos estão alheios para as necessidades de irmãos carentes material e espiritualmente, ocupados em tomar conta de seus próprios interesses, sem levar em conta que ser Igreja é viver a partilha com aqueles que estão na nossa frente, precisam de nós e fechamos o coração. É hora de despertar para o Senhor, presente no irmão sofredor. Não dá mais para viver um cristianismo de fachada ou ter um verniz aparente de cristão, onde as aparências são lindas, mas o interior está frio e as atitudes refletem esta frieza ou tibieza. “Oxalá fosses frio ou quente”! (Apocalipse 3,15b).

O despertar de novas realidades para a Igreja somente acontecerá quando os cristãos despertarem para uma fé madura e consciente, radical, isto é, com raízes profundas no Evangelho.

Que esta reflexão faça aflorar em nós um novo ardor pela nossa Igreja, pela conversão verdadeira, pelo amor a Deus, por uma vida de oração e de amor aos irmãos exercendo a caridade sem limites como Cristo exerceu em nosso favor.

Deus abençoe os seus novos propósitos.

Diácono Paulo Roberto Oliveira Lourenço – Canção Nova

(artigo publicado na Revista da Sim: Sociedade Irmãos da Misericórdia – Dracena – SP – Janeiro/2013 – visite o site: www.redesim.com.br)

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Quando um casal resolve se casar é muito importante lembrar que a união é entre duas pessoas. A pessoa humana é a criação de Deus mais linda, mas o homem e a mulher não foram criados perfeitos, porque se assim fosse seriam “deuses” e não pessoas.
Deus nos criou em estado de construção em todos os pontos de vista: físico, psicológico, emocional e espiritual. Somos imperfeitos e feitos para a plenitude, mas isto depende de crescimento pessoal e cada um tem um ritmo e um tempo para o amadurecimento.
Com isto podemos afirmar que um casamento entre duas pessoas incompletas e em “construção” pessoal constante é um grande desafio. Por isso há a necessidade de buscar uma compreensão maior da outra pessoa em suas vissicitudes e ambiguidades. Esta compreensão mútua e tão necessária pode ser chamada também de compaixão.

A compaixão é uma palavra que designa também o viver a paixão e a vida do outro, junto dele e unido a ele em suas imperfeições e sofrimentos pessoais. Ter compaixão do conjuge é um caminho seguro para manter um relacionamento saudável e duradouro. Porque quem vive unido ao outro e convive no dia-a-dia percebe de forma clara todas as deficiências pessoais do outro. E ter em si o sentimento de compaixão com a “miséria” do outro é uma forma eficaz para viver juntos.

Se ao contrário vivemos querendo corrigir ou julgando, querendo consertar do nosso modo e no nosso tempo o outro; ou ainda se não suportamos ou compreendemos as fragilidades do outro, fica muito difícil a vida a dois. Isto porque os erros e pecados do outro, seus desvios morais, suas neuroses e crises atingem de cheio quem convive mais de perto, e é inevitável que o conjuge tenha que suportar situações difíceis no relacionamento.

A dica de hoje: tenha compaixão da pessoa que vive com você. Isto se aplica em todo relacionamento humano, mas no casamento isto é imprescindível: olhar o outro com misericórdia e ter compaixão de suas fraquezas, compreender e ter sempre em mente que o tempo fará com esta pessoa cresça neste ou naquele aspecto. É dar sempre uma chance do outro se construir e não afastar-se por causa disto.

Que o Deus que nos tem compaixão imprima isto no nosso coração, para o bem de nossos relacionamentos. Deus abençoe você neste propósito. Diácono Paulo

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