Sempre se faz esta pergunta: O que é o Natal?
E as respostas podem dadas por diferentes pessoas em diferentes situações que estão vivendo em suas vidas.

Quero refletir com você nesta véspera do Natal de 2012 sobre as possíveis respostas que podem surgir no nosso meio.

Para uma mãe que perdeu um filho porque um atirador entrou atirando numa escola, o Natal talvez seja um dia triste, que aumenta a saudade e o amargo na boca que nasce de um sentimento de perda irreparável. Talvez se ela ouvir um sino batendo ou um canto de paz ela vai confundir com o grito desesperado de uma criança, o seu filho.

Para um pai alcóolatra que se entregou à bebida para esquecer as suas próprias situações de abandono da família, ou a mágoa com a vida que não lhe foi tão próspera, o Natal é mais um dia para se afundar no vício e dizer que sua vida não vale grande coisa. Normalmente estas pessoas na noite de Natal choram muito de saudade dos seus e continuam atolados na solidão. Natal é um dia como os outros.

O Natal para quem tem muitos recursos materiais e enche a casa de comida e bebida, normalmente tem uma alegria aparente, porque nada pode preencher um coração insaciável por ter coisas. Tem muitas coisas e o sentimento de vazio é cada vez maior. Ainda porque os vínculos muitas vezes se perderam pelo caminho da vida e na sequencia de divórcios e distância de filhos de mães ou pais diferentes, paira sempre a solidão de quem tem tudo, mas não possue vinculos que produzam a felicidade tão almejada.

O que é o Natal para quem vive uma vida com significado? O Natal é o momento de rever quem ama, abraçar e beijar os queridos de sua família. Distribuir presentes que podem ser baratos mas que marcam a vida de quem os recebe, pois foram comprados com amor. A abundância de alimentos saborosos nem faz a diferença pois as pessoas e as amizades são bens superiores. E quando se ama de verdade a convivência amiga não exige muitas coisas, basta na verdade a presença.

O Natal para quem encontrou Deus na sua vida é o momento de encontro com quem O “amou primeiro”. Natal é dia do encontro com o Menino Deus, de participar da Eucaristia e ter comunhão com Ele e com os irmãos. E neste Natal todos podem participar.

E o que fazer para ajudar aquela mãe que perdeu o filho?
Quem estiver mais perto lhe abraçe e que ela sinta neste abraço o consolo de saber que o Natal pode trazer a vida e a esperança em meio ao sofrimento.

E aquele pai de família atolado na bebida?
No Natal se você encontrar alguém nesta situação ou drogado ofereça a sua mão e acolha com amor esta pessoa para que ela se sinta amada pelo menos esta noite e procure por causa desta fagulha de amor recebido, buscar ajuda, se levantar e recomeçar a vida. O amor recebido faz grande diferença na vida destas pessoas.

Se você for rico e se perdeu na falta de vínculos, o Natal pode ser enriquecido pela partilha. Ajude uma família a ter um Natal melhor, reparta. Quem dá aos pobres e necessitados recebe sempre mais do que aquilo que deu. Porque um gesto de amor sempre beneficia quem o dá mais que quem recebe. E o amor dado marca o coração de quem recebe, e a felicidade brota no coração de quem deu.

Desejo um Feliz Natal a todos e que o Menino Jesus nos visite com a sua graça neste dia tão especial.

Print Friendly

A palavra “Conversão” nos remete a exame de vida num sentido mais profundo do nosso ser, pois as coisas que vivemos e que queremos mudar impactam na nossa alma. Assim como somos atingidos na alma pelos pecados que cometemos, pelas decisões de vida que tomamos, pelas escolhas certas ou erradas, quando queremos para nós uma verdadeira e definitiva conversão somos tocados no nosso sagrado. E é neste momento que a graça de Deus vem em nosso auxílio: quando decidimos mudar algo em nós, que nos é destrutivo ou que é destrutivo para quem convive conosco.

Ouso comparar isto alegóricamente a um sistema do computador, que a cada tempo se apresenta uma nova “versão” , um novo formato, com novas possibilidades e telas, com ajustes naquilo que não deu certo, que não processou de acordo. Nós também precisamos de tempos em tempos buscar uma nova “versão” da nossa pessoa, buscando ajustes na qualidade de ser e de relacionar-se com os outros. A isto eu chamo da CONVERSÃO: buscar um novo formato melhorado. É claro que depois de algum tempo vamos ter que buscar uma “versão” melhor, mas hoje é tempo de estabelecer isto como meta: dar uma upgrade na vida.

Então quero deixar neste texto algumas dicas:

a) Examine a sua “máquina”, se reveja criteriosamente, sem medo de apontar onde tem errado, exagerado, pecado, cometido injustiças, deixado de corresponder as expectativas dos outros, principalmente os mais próximos. A ordem é se rever, tirando todas as mascaras e as desculpas, os subterfúgios e arrogâncias. Onde preciso mudar?

b) Trace um plano de mudança, uma virada. Neste plano coloque metas e prazos e persiga-os. Não desista quando as situações não favorecerem, continue no propósito de mudança. E não dependa dos outros mudarem, trace o seu próprio plano de mudança.

c) Confie em Deus que age em favor daqueles que querem se tornar verdadeiramente: “sua imagem e semelhança”. Deus vem com sua ajuda, com novas inspirações, basta busca-lo. Querer uma conversão sincera implica em rezar para isto.

Neste Advento que adentramos que eu e você possa buscar a nossa CONVERSÃO, que é fruto de uma decisão. Decida-se. Deus nos abençoe.

Print Friendly

PAI

Jesus nos revelou que Deus é Pai, e nesta palavra podemos dizer que está contida toda a existência humana. Hoje é tempo de olhar para Aquele que deu a vida a todas as coisas, que formou o universo e gerou por amor todas as coisas: as plantas, os animais, a água, as montanhas. A obra prima do Pai é a pessoa humana, pois Ele a criou à sua imagem e semelhança.
O Pai também é aquele que ensina seus filhos. Deus é um Pai que educa, na Sua Santíssima Providência, a cada um de nós. A Providência Divina nos dá muitas coisas, mas também retira outras para nos educar. O maior presente do Pai foi dar o seu Filho Jesus para nossa salvação eterna, e ele nos educa colocando freios em nossa vida, apresentando limites à nossa humanidade, regras e leis eternas, os seus mandamentos para que possamos aderir à salvação que Seu Filho nos trouxe.

É como nós fazemos como pais: quando vemos que um filho está começando a caminhar por caminhos que o levarão a se perder, logo cortamos, proibimos. Por causa disto muitas vezes os pais não são compreendidos pelos seus filhos.

Meu pai me educou com “rédea curta” e as vezes com correções severas, surras e castigos. Eu fiquei às vezes com sentimento de raiva, de incompreensão, mas hoje depois de conhecer o Amor de Deus-Pai, pude compreender que se não fosse assim eu me perderia. É preciso perceber em todos os gestos de pai, o AMOR. Até nos gestos mais duros. O amor é gesto, é ação, acompanhada de sentimentos, mas sempre é ação, que resulta em reação positiva.

Meu pai me ensinou muitas coisas, me ensinou a preparar uma vara de pesca, a pescar, a respeitar as pessoas, me ensinou datilografia, me ensinou a ser um homem de bem, trabalhador. Foi ele que me arrumou meu primeiro emprego em uma fábrica.

Meu pai me corrigiu, mas me ensinou muitas coisas. Ensinou-me a superar as dificuldades, não desistindo da vida, não desistindo no meio do caminho. Ensinou-me que a vida é feita de luta, onde obtemos vitórias e derrotas, mas a vida não comporta DESISTIR, nem DESANIMAR. A vida é feita de ACREDITAR SEMPRE. É o legado de meu pai, Sr. Luiz Lourenço: um homem de fé, que foi um exemplo para mim de quem luta, mesmo ser ter horizontes, um homem de esperança.

Eu perdi o meu pai ha 5 anos. Estávamos em casa, ele me pediu que fizesse um churrasco para ele, e eu preparei com muito carinho. Ele comia em família, me chamou disse que estava passando mal, que ia desmaiar, e faleceu nos meus braços. Foi a experiência mais sofrida da minha vida, entregar de volta a Deus, o meu pai, quem me deu a vida, um grande amigo, o meu melhor amigo. Mas a lembrança desta amizade fecunda me dá a esperança de que tudo que se constrói no amor dura até a eternidade.

E isto independe da fraqueza humana, dos erros e dos acertos. O meu pai era o meu pai, e todos os dias eu sinto falta dele, até de suas rabugices, seus desacertos. Vejo também que tenho muitos desacertos e incoerências e por isso preciso acolher isto dos outros, mais ainda de meu saudoso pai.

Aproveite este tempo para se aproximar de seu pai, se o tem vivo. Olhe o Deus-Pai na pessoa dele, não se fixe em suas fragilidades, mas ouse um gesto de carinho, uma palavra amiga, um beijo, um afago. Aproveite para ver também como você pode ter uma intimidade com Deus Pai, que tem misericórdia infinita, e que olha a sua vida e te mantém vivo e que te ama. DEUS TE AMA, porque Ele é Pai, volte ao seu colo, ao seu convívio, ore ao Pai e deixe-se conduzir pela Sua Mão Onipotente.

É isso que eu quero ser para minhas duas filhas: um pai, que tocado pela misericórdia de Deus-Pai, se torna a cada dia: um profeta da esperança, como aprendi a ser com meu pai.

Print Friendly

O que é a paz? Muitas opiniões se multiplicam, muitos pontos de vista se antagonizam; uns dizem que a paz é a ausência da guerra, principalmente neste momento delicado, onde a cada dia surge mais uma guerra, ou conflito interno em países do mundo inteiro. Outros dizem que a paz é algo interno de cada pessoa, que cada um deve ter sua paz interior e isto basta.

Tenho hoje uma reflexão sobre a paz: a paz é fruto da reconciliação.

A palavra reconciliação é derivada direta da palavra concilio, do verbo conciliar, concordar, estar de acordo.
Então, reconciliar é conciliar de novo. Alguma opinião ou alguma atitude que desgastou esta “concordância”, alguma briga, discussão entre as pessoas, entre os povos, entre o homem e Deus precisa de novo ser conciliada pela aceitação da posição antagônica, mesmo que com divergência em algum ponto. É um reatar as relações.

E é preciso que cada homem tenha a consciência que a paz só acontece de verdade se ele estiver plenamente reconciliado: com ele mesmo, com as pessoas que o cercam e com Deus. Isto significa: viver reconciliado.

Primeiro consigo mesmo. Aceitar nossa limitação, nossa incapacidade de atingir algumas coisas. Somos de carne e osso e fracassamos, damos certo em algumas coisas e noutras somos um desastre e precisamos de ajuda. Isto não significa acomodar-se as nossas limitações humanas, mas ter como meta o ser melhor, e ir progredindo a cada dia nesta busca, sem nunca esquecer nossa natureza fraca, frágil. Saiba Deus te ama, e por causa disto valorize-se, ame-se, cuide-se. Você é importante neste mundo. Reconcilie-se consigo mesmo. Comece a se olhar sem acusações e com misericórdia: uma pessoa que luta para ser mais santo, ou santa.

Depois é preciso estar de bem as outras pessoas. Procuremos ser tolerantes quando as pessoas são imperfeitas e incoerentes: aceitemo-las. Elas podem estar passando pelo mesmo processo que nós: necessitado de ajuda em algumas situações pessoais. Nós podemos ser esta ajuda. Ajudemos. Se desculpe se magoou alguém, procure-a, faça as pazes. Isto é divino. E se alguém te magoou, perdoe, mas do fundo do coração. Tenha as mesmas atitudes de antes: acolha, dê um sorriso, trate-a como se nada houvesse acontecido. Isto é: esquecer e perdoar definitivamente.

Para isto é primordial estar de bem com Deus. Se pecamos e fazemos algo que feriu o coração de Deus (a gente sabe quando faz este tipo de coisa ) não podemos conviver com esta discordância e dar os passos para reconciliar-se com Deus. São necessários três passos para alcançarmos a reconciliação com Deus:

1) Reconhecer os próprios erros, pecados, falhas. Não dissimular. Reconhecer. Não jogar a culpa nos outros, nas situações. Admitir: eu errei, mas quero me levantar!
2) Arrepender-se profundamente. Ter ódio do pecado cometido. Fugir dele. Se comprometer com Deus e evitar cair de novo na mesma fraqueza.
3) Confessar-se regularmente com um Padre.

Escutei uma explicação magnífica sobre a necessidade de confessar-se com o Padre e não direto com Deus. Quando pecamos, este pecado atinge outras pessoas. E teríamos que confessar-se com todos aqueles que foram prejudicados pelos nossos pecados, para nos redimir de verdade. O Sacerdote é o representante, que saiu do meio do povo, foi consagrado, para aceitar em nome destas pessoas a nossa confissão e nos absolver, nos perdoar, em nome de Deus, que é o Pai de todos. É Sacramento estabelecido pelo próprio Jesus: “tudo que ligares na terra, será ligado nos céus”.(Mt 16,19a)

Então, reconciliar-se com Deus, com as pessoas e consigo mesmo é FONTE DE PAZ.

As guerras acontecem porque os homens querem permanecer na divergência, no desacordo. Hoje Deus nos pede uma atitude diferente: Viver reconciliado. Viver em Paz com todos. Esta atitude é o maior grito de indignação que podemos dar, contra a guerra.

A Paz de Jesus te ilumine a isto: a viver reconciliado.

Print Friendly

O que pode ajudar – na vida cotidiana, no nosso dia-a-dia de trabalho e de relacionamentos com as pessoas – a manter-nos em contínua oração, ou seja, sempre em união com Deus?
Lendo os Padres do deserto – para os quais a solidão é uma oração contínua – chamou-me a atenção um episódio pouco conhecido, mas muito significativo. Conta-se que, um dia, o grande Antão teve uma revelação surpreendente: “ na cidade existe alguém que é semelhante a você: é médico de profissão, doa o supérfluo aos necessitados e canta os salmos com os anjos o dia inteiro”. Como é que este desconhecido médico da Tebaida conseguia praticar uma forma tão elevada de oração? Talvez Santo Agostinho nos dê a chave de leitura por meio da seguinte afirmação: “O teu desejo é tua oração; se contínuo é o teu desejo, contínua é tua oração” (Santo Agostinho). Para Agostinho o desejo se identifica com a caridade, e caridade leva as pessoas a fazerem o bem, de modo que uma maneira para fazer com que a oração seja contínua é fazer o bem. “ Quem era capaz de repetir com a língua o dia inteiro os louvores do Senhor? Quem poderá perseverar no louvor, a Deus o dia todo? Se quiseres, eu te sugiro um meio com o qual poderás louvar a Deus o dia inteiro. Faze bem tudo aquilo que fazeis: eis o meio de louvar a Deus”… Se a nossa vida se torna “um único ato de amor prolongado no tempo”, ela reflete momento por momento a vida do Senhor Jesus; então pode-se também compreender esta simples e concisa afirmação de Chiara Lubich: “ Como é que se faz para rezar sempre? Sendo Jesus. Jesus reza sempre”. Nesta breve fórmula está encerrada toda a essência da oração, na qual é o próprio Jesus que – como diz Santo Agostinho – “roga por nós como sacerdote; reza em nós como nossa cabeça; é invocado por nós como nosso Deus”
(trechos do Livro: Testemunhas da esperança – Cardeal Dom Van Thuan)

Print Friendly

O primeiro e fundamental anúncio que a Igreja tem a missão de levar ao mundo, e que o mundo espera da Igreja, é o amor de Deus. No entanto, é preciso que os evangelizadores estejam imersos nesse amor para poderem transmitir essa certeza com credibilidade. No entanto, o que é esse amor? É um sentimento, uma inclinação, uma bondosa disposição de Deus a nosso respeito? É muito mais; é algo real. É, ao pé da letra, o amor de Deus, o amor que circula na Trindade entre Pai e Filho e que, na encarnação, assumiu uma forma humana e agora nos é participado sob a forma de ‘inabitação’. ‘O meu Pai o amará e a ele nós viremos e nele faremos morada’ (Jo 14,23). Tornamo-nos ‘partícipes da natureza divina’ (2 Pd 1,4), ou partícipes do amor divino.

E o que fazer ao saber que Deus tanto nos ama? O primeiro a se fazer não é “re-amar” a Deus ou amar-nos como Deus nos amou. “Primeiro temos outra coisa a fazer. Crer no amor de Deus! É a fé. Mas aqui se trata de uma fé especial: a fé-estupor, a fé incrédula (um paradoxo, eu sei, mas verdadeiro!), a fé que não sabe entender daquilo em que crê, mesmo crendo. Como é possível que Deus, sumamente feliz na sua quieta eternidade, tenha tido o desejo não só de nos criar, mas até de vir em pessoa sofrer em meio a nós? Como é que isto é possível? Pronto: esta é a fé-estupor, a fé que nos faz felizes”,

Os homens precisam saber que Deus os ama e ninguém melhor que os discípulos de Cristo para lhes dar essa boa notícia. No entanto, é preciso que os discípulos olhem para a própria vida, “do jeito que se apresenta, e traga à tona os medos que se aninham nela, as tristezas, ameaças, complexos, aquele defeito físico ou moral, aquela lembrança doída que nos humilha, e escancarar tudo à luz do pensamento de que Deus me ama”, ensina. “Tudo pode ser questionado, todas as certezas podem nos faltar, mas nunca esta: Deus nos ama e é mais forte do que tudo”.

A expressão “amor de Deus” tem duas vias possíveis de interpretação: o nosso amor por Deus e o amor de Deus por nós. O homem sempre deu preferência ao primeiro significado e a própria pregação cristã, em certas épocas, falou quase que somente do “dever” de amar a Deus. Mas a revelação bíblica dá a prevalência ao segundo significado: ao amor ‘de’ Deus, não ao amor ‘por’ Deus. O mais importante do amor de Deus não é que o homem ama a Deus, mas que Deus ama o homem e o ama ‘primeiro’.

“Discute-se, sem fim, e não só de hoje, se existe Deus. Mas eu acho que o mais importante não é saber se Deus existe, mas se Ele é amor. Se, por hipótese, Ele existisse, mas não fosse amor, teríamos mais a temer do que a nos alegrar com a sua existência, como ocorria nos primeiros povos e civilizações. A fé cristã nos assegura justo isso: Deus existe e é amor!”

A própria fé cristã na Trindade sinaliza essa verdade, pois o amor não pode ser exercido por uma só pessoa. E eis a resposta da revelação cristã que a Igreja recolheu de Cristo e explicitou no seu credo: Deus é amor em si mesmo, antes do tempo, porque desde sempre Ele tem em si um Filho, o Verbo, a quem ama com amor infinito, que é o Espírito Santo. Em todo amor há sempre três realidades ou sujeitos: um que ama um que é amado e o amor que os une.

Já a encarnação é a etapa culminante do amor de Deus. Por muito tempo a resposta ao porquê de Deus ter se encarnado foi “para nos redimir do pecado”, mas, na verdade, é o amor o motivo fundamental da encarnação, segundo o teólogo Duns Scoto: “Deus quis a encarnação do Filho não só para ter alguém fora de si mesmo que o amasse de maneira digna de si, mas também e principalmente para ter fora de si mesmo alguém a quem amar de maneira digna de si! E este é o Filho feito homem, em quem o Pai ‘encontra toda a sua complacência’ e com quem fomos todos feitos ‘filhos no Filho’”.

A história da salvação surge quando esse amor-fonte se derrama no tempo. A primeira etapa desse derramamento é a criação, que existe para o diálogo de amor entre Deus e suas criaturas. A segunda etapa é a revelação, a Escritura, onde Deus se expressa como amor paterno e materno. “O amor paterno é feito de estímulo e solicitude; o pai quer o filho crescido e levado à plena maturidade. Já o amor materno é feito de acolhida e de ternura; é um amor visceral; parte das profundas fibras do ser da mãe, onde a criatura se formou, e ali enraíza toda a sua pessoa, fazendo-a ‘estremecer de compaixão’”.

Enquanto, no âmbito humano, os dois tipos de amor costumem estar claramente repartidos, o Deus bíblico também ama como mãe. Ainda mais, o amor esponsal também é linguagem que atravessa toda a Sagrada Escritura e revela que o homem deseja Deus. “É verdade, misteriosamente, também o contrário: que Deus deseja o homem quer e aprecia o seu amor, se alegra com ele. O amor de Deus por nós também é eros e ágape, é dar e buscar juntos. Não pode ser reduzido a pura misericórdia, a um ‘fazer caridade’ ao homem, no sentido mais diminuído da expressão”.

Cristo não é somente a prova suprema do amor de Deus, mas “o próprio amor de Deus que tomou forma humana para poder amar e ser amado a partir de dentro da nossa situação”.

(Trechos da 2ª Catequese quaresmal de 2011 – Frei Raniero Cantalamessa)

Print Friendly

No evangelho, Jesus exorta-nos sempre a viver o presente. Ele faz com que peçamos ao pai o pão para hoje e nos lembra que basta o afã de cada dia (Mt 6,34). Ele nos interpela a cada instante. E a mesmo tempo doa-nos tudo. Na cruz , ao ladrão que lhe pede: “Jesus lembra-te de mim quando estiveres no teu reino”, ele responde: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43). Na palavra hoje está concentrado todo o perdão, o amor de Jesus. São Paulo acentua ao máximo a identificação com Cristo a todo instante, a ponto de criar uma nova terminologia muito expressiva: “já não sou que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20), “fomos sepultados com ele” (Rm 6,4); “se morremos com Ele, com Ele viveremos” (2Tm 2,11)… O Apóstolo fala a união de Jesus conosco como de uma realidade perfeita, uma vida sem intervalo que empenha todo nosso ser e espera a nossa resposta: Cristo morreu e voltou a vida para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. Por conseguinte, “quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14, 8-9). Portanto quer comais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus (1Cor 10,31)… Todos os santos e grandes testemunhas do Evangelho concordam que o momento presente é algo importante. Eles vivem unidos a Jesus em todos os instantes de suas vidas, segundo o próprio ideal encarnado em seu ser…
Personificando, no momento presente, o seu ideal, os santos vivem uma vida que se realiza em sua essência. São Paulo da Cruz afirma: “Feliz a pessoa que repousa no seio do Pai sem pensar no futuro, mas procura viver momento por momento em Deus, sem nenhuma outra preocupação a não ser fazer bem a vontade Dele em todos os acontecimentos da vida”… Viver intensamente todos os momentos da vida é o segredo para saber viver bem também aquele que será o último. Paulo VI escreveu: “ Não olhar mais para trás, fazer de bom grado, com simplicidade, humildade e decisão os deveres resultantes das circunstâncias em que me encontro, como tua vontade. Fazer logo. Fazer tudo. Fazer bem. Fazer alegremente o que queres Tu de mim AGORA, ainda que supere imensamente as minhas forças e requeira a minha vida. Finalmente vamos a este último momento”.
Cada palavra, cada gesto, cada telefonema, cada decisão deve ser a coisa mais bela de nossa vida. Reservemos a todos o nosso amor, o nosso sorriso, sem perder um segundo. Cada momento de nossa vida seja: o primeiro momento, o último momento e o único momento.
(trechos do Livro: Testemunhas da esperança – Cardeal Dom Van Thuan)

Print Friendly

O amor de Deus que Jesus, com o dom de seu Espírito, semeou nos nossos corações é um amor completamente gratuito. Ama sem interesse, sem esperar ser recompensado. Não ama apenas porque é amado, ou por outros motivos, ainda que sejam motivos bons, como acontece numa amizade humana. Não procura ver se outro é amigo ou hostil, mas ama primeiro, toma a iniciativa. Cristo, quando ainda éramos pecadores, ingratos e indiferentes, morreu por nós. “ Não espere ser amado pelo outro, mas tome a iniciativa, comece”, é o que recomenda São João Crisóstomo. Para que resplandeça o amor que vem de Deus, devemos amar a todos, sem excluir ninguém. Somos chamados a ser pequenos sóis ao lado do Sol do amor que é Deus. Sendo assim, todos são destinatários de nosso amor. Todos! “Para amar uma pessoa é necessário que ela esteja próxima de nós.”, diz Madre Teresa… Jesus deu tudo, sem reservas: deu a sua vida na cruz e deu o seu corpo e seu sangue na Eucaristia. Esta é a medida com a qual também nós somos chamados a amar: dispostos a dar a vida por aqueles que trabalham conosco; prontos a dar a vida um pelo outro…
(trechos do Livro: testemunhas da esperança – Cardeal Dom Van Thuan)

Print Friendly

As mudanças de direção nas nossas vidas acontecem a partir de algum fato importante ou um acontecimento novo, uma perda ou uma grande vitória. Isto porque estes fatos provocam a reflexão sobre o sentido da própria vida. As crises que passamos normalmente nos colocam diante destes questionamentos existenciais.

Mas quero relatar que existe uma coisa que nos favorece também a reflexão e posterior mudança de direção de vida: o encontro.
O encontro com uma pessoa que nos provoca algo interior, nos questiona, nos atrai, nos faz pensar na vida. Quando encontramos, por exemplo, o amor de nossa vida: a esposa ou o esposo, nosso interior fica totalmente propenso a mudanças radicais para se adaptar àquele amor que nasce, e também estamos dispostos a tudo para fazer-se amável àquela pessoa. O amor da outra pessoa nos provoca conversões, viradas radicais de vida e de posicionamento frente a ela.

Na minha vida quando eu encontrei a pessoa de Jesus Cristo, num encontro, onde me revelaram pela primeira vez as suas palavras, os ensinamentos, a vida que Ele transmitia nos seus atos, me vi frente a necessidade de mudar muitas coisas. A percepção de mundo muda quando encontramos a Cristo e sua palavra, porque acontece no nosso interior uma explosão de esperanças. Em Cristo tudo pode ser mudado e por isso as realidades mais difíceis são possíveis de superação, isto porque Ele foi a resposta mais completa a todos os questionamentos humanos: AMOR. Ele amou de verdade e deu a vida por amor. Se Alguém pode amar de verdade há a possibilidade de todos viverem isto também. É uma constatação maravilhosa e recheada de esperança.

Que você no dia de hoje também tenha este encontro com Cristo e sua palavra e através deste encontro passe a viver o AMOR. Esta é nossa esperança, esta é a meta: viver o amor.
Deus abençoe o seu encontro.

Print Friendly

Somos convidados por Deus a viver a nossa vida a partir de um Projeto feito pelas mãos de Deus, um projeto divino para a pessoa humana: a santidade.
São Paulo escrevendo aos Tessalonissenses afirma esta verdade: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Tes 4,3b) A vontade de Deus pode ser traduzida também como um projeto, uma proposta existencial a qual cada pessoa é convidada a aderir e viver a partir dela.

A santificação é um caminho a percorrer, é algo que se alcança ao longo da vida, um projeto formativo onde colocamos as nossas ações em uma “forma” e assumimos um jeito de viver coerente a partir da vivência cristã, isto é, a partir daquilo que Jesus viveu e ensinou. É um projeto ético que precisa perpassar toda a atividade humana.

O evangelista e apóstolo Mateus escreveu este Projeto nos capítulos 5 a 7 do evangelho: o Sermão da Montanha, verdadeiro código de santidade para todos os tempos, em todas as situações e para cada cristão.
Podemos dividir o Sermão em três partes: na primeira parte estão as Bem-aventuranças (Matheus 5) ; a segunda parte apresenta o Pai-Nosso, ou a vida de oração como centro (Matheus 6) e a terceira parte somos chamados à prática cristã, a construir a “casa sobre a rocha” (Matheus 7).

Nas Bem-aventuranças Jesus ensina os apóstolos quais os caminhos mais seguros para se a herança eterna das mãos do Pai: a pobreza, a mansidão, a justiça, a misericórdia com os outros, a pureza, a busca pela paz e o martírio pelo Reino.
Hoje vemos que nossa sociedade capitalista luta por valores completamente contrários a tudo isto: a busca pela segurança econômica, onde o poder gera a cada dia homens orgulhosos por causa de suas conquistas pessoais mesmo que conseguidas de forma imoral e a justiça comum é fazer aquilo que me beneficia, o ódio e ao desejo de vingança estão presentes nas famílias e o perdão e a misericórdia com erros os outros é coisa deixada de lado; os homens e as mulheres estão à busca do prazer a todo custo, principalmente com uma vida desregrada onde tudo é permitido e o comércio do corpo de várias formas: pessoal ou virtualmente é vista como normal nesta sociedade prostituida pela sexualização de tudo. E sacrifício pelos outros, sofrer pelo Reino é visto como coisa de fanático religioso e pensar no céu e em recompensa eterna não são admitidos pela sociedade paganizada e alheia as coisas de Deus.

Mas o projeto de santidade instituído por Jesus persiste mesmo em meio a tudo isto. Este deve nos questionar a cada dia. É um lutar “contra a correnteza” vivendo de forma diferente do projeto do mundo: buscando a modéstia e simplicidade, a concórdia familiar e a reconciliação, o perdão, a honestidade como forma de assumir a justiça como regra de vida; a castidade como modelo de vida onde o respeito pela dignidade à pessoa humana e o amor são as verdadeiras fontes de felicidade e prazer; e o engajamento em obras sociais para estar fazendo a nossa parte na ajuda humanitária àqueles que estão vivendo seu calvário, quer pela doença ou abandono, quer pela miséria material, espiritual, moral ou psicológica.

O Pai Nosso é a centralidade de uma vida de oração. Não dá para se atingir santidade sem oração, sem diálogo com Deus, onde falamos ao Pai e Ele nos fala pela Palavra da Vida.
Nos gestos concretos de amor ao próximo está enfim a forma de se santificar. Quando abraçamos a causa uns dos outros estamos dizendo sim ao Projeto de Santidade que Jesus nos deixou.
Fica para você entrar conosco neste caminho. É difícil, mas possível. Caso queira conferir pegue a sua Bíblia e leia os 3 capítulos do Projeto de Deus para sua vida: Matheus 5, 6 e 7

Deus o abençoe
Diácono Paulo Lourenço

Print Friendly

Network-wide options by YD - Freelance Wordpress Developer