Um rio somente é rio se desde a sua nascente ele corre até o mar. Só é rio porque tem um curso de água ininterrupto. Se um rio seca é porque a sua água parou de correr suavemente pelo leito que a natureza preparou para ela correr. O rio pode transbordar e continuar a ser um rio, mas se para de brotar água e ela para de correr não é mais rio, simplesmente extinguiu-se. Se não há água corrente não há rio.
Da mesma forma acontece com o amor humano. (Quero refletir sobre o amor humano entre um homem e uma mulher). O amor humano tem uma nascente, um encontro encantador, um dia em olhos se cruzaram e começaram a surgir emoções e sentimentos abrasadores que penetraram o intimo de duas pessoas, num dado momento da vida. A nascente do amor é o primeiro encontro, a primeira conversa, ás vezes cheia de vergonha, ou sem ter o que falar, pois o coração aperta e grita o interior pelo encantamento da pessoa amada.
Como é bom lembrar aquele primeiro encontro, os gestos que me falaram fundo ao coração, o olhar que me fez repensar a vida, a promessa de vida, como o pequeno olho d’agua que promete ser um rio enorme.
O amor acontece por acaso ou porque o Criador, que é a grande fonte nos revela? Quero crer que a resposta mais sensata é que o Criador cria espaços nesta terra para encontros maravilhosos, que são nascentes de água que brotam para a vida eterna.
O Beato João Paulo II em seu Livro “Amor e Responsabilidade” escreve que o amor só é verdadeiro na continuidade. Penso que esta frase é muito relevante no mundo de hoje, onde as coisas são tão descartáveis e tudo acaba muito rápidamente. As pessoas esqueceram que a vida é feita de escolhas e que as escolhas precisam ser definitivas. Amar alguém é escolhe-la definitivamente como companheira na viagem da vida. Como o curso do rio que é longo até chegar ao mar, mas é perene, é contínuo, o amor humano precisa ser contínuo e ter um curso certo: ir até Deus. Se amamos alguém é para leva-lo a plenitude da vida que é o encontro definitivo com Deus. Quem ama de verdade não para de amar por conta das dificuldades do caminho, porque isto não seria amor, mas um jeito de satisfazer as minhas necessidades. Amar implica em permanecer. “Permanecei no Meu amor” disse Jesus (João 15). Permanecer é ficar ligado a fonte de vida.
O amor humano precisa sempre voltar à nascente, ao primeiro encontro e atualiza-lo a cada dia. Talvez o que traria vida de novo aos casamentos, que podemos dizer que estão minguando e se acabando por falta de “água corrente” seria a possibilidade de se voltar ao “primeiro amor” e colher de novo a água limpa do amor essencial , o amor de encantamento que aconteceu no primeiro encontro. E quem sabe transborde este amor aos filhos, a família e a sociedade.
Meu convite hoje para você é que você volte ao amor original e redescubra a possibilidade de vida nova no seu relacionamento. Invista hoje no amor e resgate a maravilha de viver com alguém por amor, com amor e no amor. Desta forma as águas se renovam, a vida brota e o rio da vida segue seu curso até o encontro definitivo com a grandeza do mar de Deus.
Deus o abençoe.