06. fevereiro 2013 · 8 comments · Categories: família · Tags:

O Beato Papa João Paulo II escreveu no Livro: Amor e Responsabilidade, de 1978 esta frase que marcou todos os meus estudos teológicos: ” O amor é o mais alto valor moral”.

Isto nos remete a reflexão de que no ato de amar alguém já está implicito que para com aquela pessoa estaremos sendo totalmente éticos e comprometidos com os seus valores e princípios pessoais, isto é, respeitando-a como ser humano na sua integridade. Amar significa isto: promover o bem total da pessoa amada.

Nós vemos a nossa sociedade imersa num lamaçal de egoísmo e individualismo, por isso o sentido do amor é cada vez mais entendido como troca ou realização pessoal. Cada um quer se realizar e se amar alguém lhe trás, de alguma forma, algum prazer realizador de seus desejos pessoais, então se diz “estar amando alguém”. Na verdade isto é um egocentrismo e hedonismo exacerbado, não amor verdadeiro.

O amor verdadeiro sempre comporta perder algo de mim para promover o bem do outro, e isto estará ligado fatalmente a sofrimentos, perdas pessoais e redução do meu ser, para que o outro seja mais, e melhor. Isto é amor.

O exemplo disto está na cruz de Cristo. Ele se “rebaixou” de sua divindade e aceitou o sofrimento para a redenção da humanidade, por amor, livremente fez esta escolha amorosa. O Beato João Paulo II, quando diz que o amor é mais alto valor moral estava se referindo a Cristo, mas também provocando a nossa reflexão.

Quando agimos éticamente com alguém, também estamos praticando um gesto amor. Quando somos gratos, delicados, quando respeitamos o espaço e a vontade do outro, ou ainda quando nos convertemos em pessoas melhores em vista do relacionamento com as outras pessoas, estaremos sempre amando. O verdadeiro amante respeita o outro e lhe faz o bem; e se dispõe a ajudá-lo na sua caminhada da vida.

Vamos nesta tarde elevar a nossa alma a Deus, fonte do amor e pedir que Ele nos faça pessoas dispostas a amar sempre.
Deus os abençoe. Diácono Paulo Lourenço

O Papa Paulo VI em sua Encíclica “Humanae Vitae” escreve sobre o amor conjugal como componente essencial do matrimônio cristão. Não se pode conceber um relacionamento a dois se não for por amor, e um amor que seja a fonte da vida matrimonial. O saudoso Papa destaca no seu texto algumas características do amor conjugal. Gostaria de partilhar este texto na íntegra.

a) Um amor plenamente humano

“É, antes de mais, um amor plenamente humano, quer dizer, ao mesmo tempo espiritual e sensível. Não é, portanto, um simples ímpeto do instinto ou do sentimento; mas é também, e principalmente, ato da vontade livre, destinado a manter-se e a crescer, mediante as alegrias e as dores da vida cotidiana, de tal modo que os esposos se tornem um só coração e uma só alma e alcancem juntos a sua perfeição humana”

b) Um amor total

“É depois, um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte, não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, por poder enriquecê-lo com o dom de si próprio.”

c) Um amor fiel e exclusivo

É, ainda, amor fiel e exclusivo, até à morte. Assim o concebem, efetivamente, o esposo e a esposa no dia em que assumem, livremente e com plena consciência, o compromisso do vínculo matrimonial. Fidelidade que por vezes pode ser difícil; mas que é sempre nobre e meritória, ninguém o pode negar. O exemplo de tantos esposos, através dos séculos, demonstra não só que ela é consentânea (congruente, conveniente) com a natureza do matrimônio, mas que é dela, como de fonte, que flui uma felicidade íntima e duradoura.

  d) Um amor fecundo

“É, finalmente, amor fecundo que não se esgota na comunhão entre os cônjuges, mas que está destinado a continuar-se, suscitando novas vidas. “O matrimônio e o amor conjugal estão por si mesmos ordenados para a procriação e educação dos filhos. Sem dúvida, os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos pais”.”

Conheça na íntegra a Encíclica, sempre atual. abaixo deixo o link:

http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_25071968_humanae-vitae_po.html

                A felicidade é uma meta perene buscada pelos conjuges no casamento. Esta felicidade nunca mais será vivida na individualidade como nos tempos de solteiros, mas se traduzirá numa busca a dois, de encontrar na vida um sentido emocionante e gratificante para se viver. A felicidade pode ser medida pela qualidade das emoções vividas a cada dia, que elevam a alma da pessoa e a fazem se sentir amada e com possibilidade de corresponder a este amor. A felicidade é a força gratificante que brota de um coração que ama e se sente amado.

        Os casais para atingir esta meta terão que construir ao longo de anos de convivência, a intimidade conjugal. Intimidade é uma palavra que provém de outra: “intima” ou “intimo”. Só se é intimo de quem a gente confia plenamente ao ponto de entregar os segredos, na certeza da discrição do outro. Ser íntimo é compartilhar tudo: desde as pequenas coisas até os reconditos da nossa história de vida que é feita de erros, fracassos, pecados, mas também vitórias e conversões. A meu ver só podemos dizer que somos amigos de alguém se somos íntimos nesta dimensão que citei. Para o Teólogo Santo Tomas de Aquino: o casal precisa alcançar a “amizade conjugal”, fruto da intimidade plena.

           Muitos casamentos se frustaram pois alguns conjuges não construiram a intimidade conjugal, talvez por insegurança ou até desconfiança, que maculam o amor verdadeiro. Alguns mantiveram vínculos de intimidade com familiares , principalmente com os pais (mulher com a mãe, por exemplo) Esta é uma das situações que acaba bloqueando a intimidade entre os conjuges. É uma grande tentação se casar e manter estes vínculos com familiares. Diz a Palavra de Deus: “Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá a sua esposa e os dois serão uma só carne” (Mc 10, 7-8a)

           A intimidade conjugal começa no relacionamento sexual, pois ao dar-se um ao outro, os casais entregam aquilo que tem de mais íntimo.  Investir no relacionamento sexual é uma das condições para que o casal cresça na sua intimidade. Isto quer dizer que há a necessidade de se conhecer o  próprio corpo, o corpo do conjuge e as sensações e reações, as emoções provocadas no relacionamento conjugal. A relação entre duas pessoas que se amam, é plena de emoções, de alegria, de satisfações que plenificam a pessoa, que a elevam e a fazem atingir a força gratificante que chamei acima de felicidade. A falta de sensibilidade no relacionamento sexual pode descaracteriza-lo como humano, tirar o seu sentido pleno, isto porque o prazer por si só não preenche a alma. Deus criou  a sexualidade humana para que ” que a vossa alegria seja completa”, onde se une o prazer da carne com o prazer da alma, que é fruto do amor que tem como fonte o próprio Deus.

           O passo seguinte é a conquista da intimidade na afetividade, no carinho mútuo, na aceitação e acolhida da outra pessoa em todas as suas dimensões humanas, e faze-la sentir-se amada a partir de gestos concretos no cotidiano, com destaque aquelas renúncias pessoais tão fecundas em vista da alegria do outro, para fazer a vontade do outro. Quando a gente consegue mergulhar na totalidade da vida do conjuge (isto porque houve uma abertura suficiente), e quando nos deixamos esvaziar de tudo que somos e temos, estaremos construindo a intimidade conjugal.

            Convido você a refletir sobre isto e dar passos, dialogar sobre o assunto com o seu conjuge. Sempre é tempo de recomeçar. Um novo tempo desponta para seu relacionamento.

Deus te abençoe. Diácono Paulo Lourenço

Quando um casal forma uma família nasce um novo espaço sagrado no mundo, lugar reservado por Deus para que os valores do Reino sejam implantados e vividos. Nesta perspectiva o lar cristão precisa se tornar o próprio Reino de Deus, local de Sua santa morada, mas isto só é possivel com a colaboração dos próprios conjuges, que têm a missão de implantar este Reino que é de Amor, de Paz e de Justiça.

O Reino do Amor começa com o próprio relacionamento do casal que deve a cada dia ser construido através de gestos de acolhida, carinho, proteção, afeto mútuo, compreensão.  Também uma dose de emoção e sentimentos que terão que se renovar a cada dia, recheado de palavras que elevam a outra pessoa e revelam o que ela tem de mais precioso. Infelizmente em alguns lares não vemos casais apaixonados e se apaixonando pela aventura de viver juntos, acabam esfriando a paixão do namoro, deixando de lado o prazer sexual como fonte de alegria, relegando isto a busca de prazer às custas do outro. O sexo sem amor é alienante pois leva a pessoa a categoria de “animal” que quer prazer a todo custo. O componente do amor enquanto vivência de carinho e de afeto demonstrados a cada dia, faz a diferença na vida conjugal. O Reino de Deus é repleto de amor, deste amor que se dá, mais do que se recebe. Que é mais doação de vida, sacrificio pelo outro do que busca de se preencher pessoalmente. O Reino de Deus acontece quando promovemos o amor e fazemos dele o centro de nossas vidas.

O Reino também é de Paz, e esta paz só acontece a partir da presença do Príncipe da Paz, que é Jesus Cristo. Toda família precisa ter como fonte de Paz, a pessoa de Jesus. E isto acontece a partir da participação dos membros da família na Igreja: a vivência sacramental. Se fizéssemos uma enquete sobre o assunto certamente iríamos descobrir que famílias que participam da Santa Missa todo domingo, por exemplo, conseguem conservar a paz e banir a discórdia, as divisões internas, brigas, no interior de seus lares.  Não há paz longe de Jesus Cristo, Ele é o Shalom de Deus, Paz completa, Paz duradoura e perene. Este valor do Reino, a Paz, não se consegue implantar com as próprias forças, mas é fruto da Presença de Jesus. Somos cooperadores desta graça, nos expondo  e se colocando na presença de Cristo, através da Igreja.

Outro valor do Reino a ser implantado na família, é a Justiça. Não a justiça de quem pensa em fazer o que correto perante a lei tão somente. Isto é até fácil, mas a justiça do Reino de Deus é tirar de si e dar ao outro. Tudo que temos e que não estamos utilizando não nos pertençe, portanto não é nosso, mas de outro que está precisando. Não podemos reter para nós o que não necessitamos para ter uma vida digna, sabendo que outra pessoa não tem esta mesma vida digna porque não partilhamos com ele o que nos sobra. O Reino de Justiça é o Reino da solidariedade, da partilha, da caridade expressa em ajuda mútua. É bem fácil achar-se justo dentro da nossa individualidade e a partir do egocentrismo que é tão presente na atual sociedade. Na família cristã deve-se viver a fraternidade, para que o mundo seja melhor  a partir de cada um de nós.

Tudo isto começa na família, a partir dos conceitos cristãos que precisamos absorver , ensinar os nossos filhos a viverem: o amor, a participação sacramental em busca da paz e a justiça. É esta a  nossa missão: implantar o Reino de Deus a partir da formação moral de homens e mulheres, para se tornarem novos para um mundo novo, o que só é possível no ambiente familiar.

Deus abençoe você e sua família. Diácono Paulo Lourenço

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