Uma grande dificuldade do povo de Deus é estar atento à voz daqueles que falam em nome Dele no nosso tempo. A Igreja exerce a profecia do Senhor para todos os tempos e povos e esta profecia se realiza com a atitude pessoal de adesão pela fé, de cada católico ao seu projeto de salvação.

Muitos até participam dos sacramentos, das pastorais, dos grupos de oração e outras atividades apostólicas, mas continuam sem mudanças profundas de vida que reflitam esta participação. Estamos vivendo uma crise entre aquilo que se acredita e aquilo que se vive no cotidiano. Vemos pessoas católicas que vivem projetos mundanos, sem ética, sem fé.

Estamos num momento em que a Igreja proclama o Ano da Fé para despertar de novo o coração daqueles que estão “adormecidos” pelas comodidades desta vida e vivendo uma fé medíocre ou somente uma vivência sacramental teórica.

É hora de despertar para o Senhor. Para mergulhar em Sua Palavra e coloca-la em prática em nossa vida. É hora de conversão total e radical. Muitos têm até medo da palavra “radical” e vivem a vida se dando “pequenas permissões” para pecar. Mas este é o caminho que leva a perdição: a soma de muitos pequenos desvios tira a pessoa do rumo certo, e o demônio se utiliza desta fraqueza humana para fazer perder muitos cristãos. Por isso é tempo de dizer não ao pecado e a qualquer insinuação tendenciosa a isto, renunciar, dobrar os joelhos e fazer a escolha certa: “Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós. Aproximai-vos de Deus. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vosso corações, ò homens de dupla atitude.” (Tiago 4, 7-8). São três realidades que São Tiago apresenta: aproximar-se de Deus e ser submisso a Ele (e a seus ministros); lavar as mãos, purificar o coração (sacramento da reconciliação) e resistir ao demônio, não dar mais brechas para o pecado e as trevas.

Para isto a palavra de hoje é vigilância a toda prova. É ficar atento, acordado e perceber a presença do Senhor, ouvir a sua voz e estar pronto a seguir o que Ele nos diz, e ao mesmo tempo estar vigilante quanto própria conduta, as tentações da carne, as tentações do poder, as tentações do possuir (“aquilo as traças comem”) o que terreno, passageiro e que provoca pecado sobre pecado, trevas sobre trevas. É tempo também de renunciar a todas as obras estéreis das trevas: as falsas doutrinas. Não podemos ter a vida dividida ou “dupla atitude” como alertou São Tiago, mas precisamos professar a nossa fé católica, nossa pertença a Igreja que Jesus Cristo fundou e quis, e colocou os alicerces que são os apóstolos.

Outro ponto a se despertar e vigiar é a questão da caridade fraterna. Muitos estão alheios para as necessidades de irmãos carentes material e espiritualmente, ocupados em tomar conta de seus próprios interesses, sem levar em conta que ser Igreja é viver a partilha com aqueles que estão na nossa frente, precisam de nós e fechamos o coração. É hora de despertar para o Senhor, presente no irmão sofredor. Não dá mais para viver um cristianismo de fachada ou ter um verniz aparente de cristão, onde as aparências são lindas, mas o interior está frio e as atitudes refletem esta frieza ou tibieza. “Oxalá fosses frio ou quente”! (Apocalipse 3,15b).

O despertar de novas realidades para a Igreja somente acontecerá quando os cristãos despertarem para uma fé madura e consciente, radical, isto é, com raízes profundas no Evangelho.

Que esta reflexão faça aflorar em nós um novo ardor pela nossa Igreja, pela conversão verdadeira, pelo amor a Deus, por uma vida de oração e de amor aos irmãos exercendo a caridade sem limites como Cristo exerceu em nosso favor.

Deus abençoe os seus novos propósitos.

Diácono Paulo Roberto Oliveira Lourenço – Canção Nova

(artigo publicado na Revista da Sim: Sociedade Irmãos da Misericórdia – Dracena – SP – Janeiro/2013 – visite o site: www.redesim.com.br)

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