A felicidade é uma meta perene buscada pelos conjuges no casamento. Esta felicidade nunca mais será vivida na individualidade como nos tempos de solteiros, mas se traduzirá numa busca a dois, de encontrar na vida um sentido emocionante e gratificante para se viver. A felicidade pode ser medida pela qualidade das emoções vividas a cada dia, que elevam a alma da pessoa e a fazem se sentir amada e com possibilidade de corresponder a este amor. A felicidade é a força gratificante que brota de um coração que ama e se sente amado.
Os casais para atingir esta meta terão que construir ao longo de anos de convivência, a intimidade conjugal. Intimidade é uma palavra que provém de outra: “intima” ou “intimo”. Só se é intimo de quem a gente confia plenamente ao ponto de entregar os segredos, na certeza da discrição do outro. Ser íntimo é compartilhar tudo: desde as pequenas coisas até os reconditos da nossa história de vida que é feita de erros, fracassos, pecados, mas também vitórias e conversões. A meu ver só podemos dizer que somos amigos de alguém se somos íntimos nesta dimensão que citei. Para o Teólogo Santo Tomas de Aquino: o casal precisa alcançar a “amizade conjugal”, fruto da intimidade plena.
Muitos casamentos se frustaram pois alguns conjuges não construiram a intimidade conjugal, talvez por insegurança ou até desconfiança, que maculam o amor verdadeiro. Alguns mantiveram vínculos de intimidade com familiares , principalmente com os pais (mulher com a mãe, por exemplo) Esta é uma das situações que acaba bloqueando a intimidade entre os conjuges. É uma grande tentação se casar e manter estes vínculos com familiares. Diz a Palavra de Deus: “Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá a sua esposa e os dois serão uma só carne” (Mc 10, 7-8a)
A intimidade conjugal começa no relacionamento sexual, pois ao dar-se um ao outro, os casais entregam aquilo que tem de mais íntimo. Investir no relacionamento sexual é uma das condições para que o casal cresça na sua intimidade. Isto quer dizer que há a necessidade de se conhecer o próprio corpo, o corpo do conjuge e as sensações e reações, as emoções provocadas no relacionamento conjugal. A relação entre duas pessoas que se amam, é plena de emoções, de alegria, de satisfações que plenificam a pessoa, que a elevam e a fazem atingir a força gratificante que chamei acima de felicidade. A falta de sensibilidade no relacionamento sexual pode descaracteriza-lo como humano, tirar o seu sentido pleno, isto porque o prazer por si só não preenche a alma. Deus criou a sexualidade humana para que ” que a vossa alegria seja completa”, onde se une o prazer da carne com o prazer da alma, que é fruto do amor que tem como fonte o próprio Deus.
O passo seguinte é a conquista da intimidade na afetividade, no carinho mútuo, na aceitação e acolhida da outra pessoa em todas as suas dimensões humanas, e faze-la sentir-se amada a partir de gestos concretos no cotidiano, com destaque aquelas renúncias pessoais tão fecundas em vista da alegria do outro, para fazer a vontade do outro. Quando a gente consegue mergulhar na totalidade da vida do conjuge (isto porque houve uma abertura suficiente), e quando nos deixamos esvaziar de tudo que somos e temos, estaremos construindo a intimidade conjugal.
Convido você a refletir sobre isto e dar passos, dialogar sobre o assunto com o seu conjuge. Sempre é tempo de recomeçar. Um novo tempo desponta para seu relacionamento.
Deus te abençoe. Diácono Paulo Lourenço