5º Mandamento da Lei de Deus: “não matarás!”
“Felizes os mansos; eles possuirão a terra;
felizes os que promovem a paz:
eles serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5,3.9).

Oração de S. Francisco de Assis
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
compreender que ser compreendido; amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna. Amém
São Miguel Arcanjo, defendei-nos e protegei-nos!
São Paulo Apóstolo, ensinai-nos os caminhos da paz!
Nossa Senhora, Rainha da Paz, rogai por nós!

“Felizes os mansos; eles possuirão a terra;
felizes os que promovem a paz:

eles serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5,3.9).

Diante da onda de violência, rezemos pela paz em São Paulo

Oração pela paz

Ó Deus, Pai de todos nós,
que enviastes ao mundo vosso Filho, o Príncipe da Paz,
para que tivéssemos vida e paz por meio dele,
nesta hora tão difícil para a cidade de São Paulo,
nós vos pedimos com fé e humilde confiança:
enviai sobre todos nós o Espírito Santo
e despertai nos corações sentimentos de respeito por todos.
Que todos os habitantes desta Cidade,
colocando de lado as diferenças,
procurem unânimes edificar o convívio fraterno
na justiça, no respeito e na solidariedade,
a fim de que a nossa Cidade supere a violência
e nela habite a Vossa paz. Amém!

São Miguel Arcanjo, defendei-nos e protegei-nos!
São Paulo Apóstolo, ensinai-nos os caminhos da paz!
Nossa Senhora, Rainha da Paz, rogai por nós!

No Domingo, 7 de outubro, o Papa Bento XVI vai abrir a 13ª. Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma. Até dia 28 de outubro, cerca de 170 bispos
do mundo inteiro, representando as Conferências Episcopais, além de outros,
especialmente convocados pelo Papa, estarão refletindo sobre o tema ”nova
evangelização para a transmissão da fé cristã”.
Também participarão, como convidados, representantes do clero, das organizações dos
leigos, da Vida Consagrada Religiosa e de várias Instituições da Igreja, além de peritos
sobre os temas tratados. No final e três semanas de muito ouvir, de intensa união de
esforços em vista de um caminho comum da Igreja (“sínodo” significa isso!), espera-se
que a assembleia sinodal possa apontar caminhos para uma renovação da evangelização
e da transmissão da fé.
De fato, duas são as questões postas pelo tema: a evangelização e a transmissão da fé
cristã. Ambas são dependentes e relacionadas entre si. A Igreja tem consciência de que
sua missão é evangelizar, ou seja, proclamar e testemunhar ao mundo o Evangelho do
Reino de Deus. E isso, com o objetivo de despertar nas pessoas a atenção e o interesse
pelo Evangelho e de ajudá-las a chegar ao ato de fé. Essa é a razão de ser da
evangelização: ajudar a chegar à fé cristã, transmitir esta fé aos outros, com a ajuda da
graça de Deus.
Nem sempre esse objetivo é alcançado. O semeador tem a consciência de que sua
missão é lançar as sementes à terra; ele faltará para com sua tarefa se deixar de o fazer;
ele sabe de antemão que muita semente preciosa cairá em terreno duro, entre espinhos,
ou sobre as pedras; nem por isso ele não deixa de semear. E também vai animado pela
esperança que muita semente cairá em terreno bom e acabará produzindo o fruto
esperado…
Por qual motivo esse tema foi escolhido para a 13ª Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos? As explicações podem ser diversas; mas é certo que há uma séria
crise na evangelização e na transmissão da fé em nossos dias, em várias partes do
mundo. Há falhas na evangelização, por ser insuficiente, inadequada, ou desfocada; e
quando a proclamação da Boa Nova não é feita bem, os frutos não aparecem.
Talvez os evangelizadores não estejam sendo bastante convincentes, por várias razões;
ou os ouvintes não estão interessados e não conseguimos interessá-los; talvez o
momento cultural (“mudança de época”…) não está sendo propício para o anúncio sério
e frutuoso do Evangelho… Nada disso, porém, pode justificar a cessação do processo
evangelizador. É preciso continuar a buscar uma saída, a contar com a graça de Deus,
mais poderosa que nossos discursos e métodos. A evangelização não pode parar, pois
seria a falência da missão que a Igreja recebeu de Cristo.
Além disso, a transmissão da fé está sendo fraca, ou está até mesmo sendo interrompida
em muitas situações e lugares. É bem sabida a dificuldade que os pais, mesmo
fervorosos, têm para transmitir a fé aos filhos; e quando as novas gerações não abraçam
mais a fé, deixam de receber o Sacramento do Matrimônio e de formar uma família
cristã, constituída sobre as bases da fé e da vivência cristã, quando deixam de pedir o
Batismo para os filhos e de os apresentar para a catequese de iniciação à fé e à vida
cristã, estamos diante do fato lamentável da interrupção do processo da transmissão da
fé, de geração em geração; e os casos não são raros! Estamos diante de um “novo
paganismo”, que nasce e se desenvolve, muitas vezes, dentro dos próprios ambientes
católicos. Esta questão é muito grave e desafiadora para a missão da Igreja!
Os motivos por que isso acontece são muitos e não devem ser atribuídos
apressadamente à culpa de quem quer que seja. Não se trata de achar culpados, mas de
agir adequadamente. A análise das causas ajuda a entender o fenômeno, que se passa
debaixo de nossos olhos; mas a simples compreensão do fenômeno, por muito que seja
importante, ainda não é a solução.
Não há mistérios nem fórmulas mágicas. Passou o tempo em que a fé era transmitida
espontaneamente e vivida no ritmo da tradição e da pressão social. A questão toda é
evangelizar de novo e fazê-lo bem. Ou a Igreja retoma com vigor a evangelização, feita
de muitas maneiras; ou então, a fé deixa de ser transmitida. É como fechar um registro:
a água não passa mais…
Publicado em SÃO PAULO, 02.10.2012
Cardeal D.Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

1-Quais fatos motivaram o Papa Bento 16 a convocar a 13ª assembleia
geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que este ano tem como tema “A
Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã”?
R. A próxima assembleia do Sínodo dos Bispos é “ordinária” e ocorre
dentro do tempo normalmente previsto de 4 a 5 anos entre uma e outra
assembleia ordinária. A escolha do tema é que tem motivações próprias: a
crise bastante generalizada da fé e da prática religiosa, o relativismo e o
indiferentismo religioso, a superficialidade na adesão de fé e a necessidade
de retomar a evangelização, diante de situações e desafios novos trazidos
pelas mudanças culturais e religiosas do nosso tempo.
2- A partir de que considerações o Instrumento de Trabalho norteará a
assembléia?
R. O Instrumento de Trabalho propõe a reflexão no contexto do 50º
aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II; partindo de Jesus Cristo,
“Evangelho de Deus para o mundo”, que a Igreja anuncia e testemunha aos
homens de todos os tempos, trata-se, a seguir, dos vários cenários que a
missão evangelizadora da Igreja atualmente enfrenta; fala-se da missão da
Igreja, que é permanente e sempre atual. Depois o Instrumento de Trabalho
trata da transmissão da fé e da revitalização da ação pastoral da Igreja que,
na minha visão, são as questões centrais do tema do Sínodo.
3-De que critérios e colaborações os organizadores do Sínodo se valeram
para eleger essas questões como fundamentais?
R. Uma consulta ampla às Conferências Episcopais de todo o mundo, ao
próprio Conselho do Sínodo dos Bispos e a outros Organismos da vida
eclesial ajudaram a escolher essas questões.
4- Em linhas gerais, qual o teor das contribuições oferecidas pelas dioceses
brasileiras ao Instrumento de Trabalho?
R. Elas também foram consultadas e houve contribuições importantes,
mesmo se não foram tão abundantes; essas contribuições referem-se a
experiências já adquiridas no Brasil na promoção da “nova evangelização”,
como as missões populares, as visitas domiciliares, os projetos de
evangelização da CNBB…
5- O termo Nova Evangelização remete a ações junto às populações da
Europa que depois de difundirem o cristianismo no Novo Mundo, hoje se
mostram afastadas da fé. A Igreja pretende alcançar outras comunidades
com a Nova Evangelização, especialmente na América Latina onde, além
do arrefecimento da fé, tem-se presenciado o surgimento de inúmeras seitas
religiosas?
R. Um dos motivos para a criação do Pontifício Conselho para a Promoção
da Nova Evangelização, pelo papa Bento XVI, foi a renovada ação
evangelizadora nos lugares de “antiga evangelização”, como o Oriente
Médio, o Norte da África e mesmo uma parte da Europa. O Sínodo, porém,
tem uma preocupação ainda mais abrangente e trata da necessidade de fazer
isso em todo o mundo, mesmo nos lugares de evangelização “recente”,
como a América, a Oceania e a África. O motivo é que a missão da Igreja
nunca pode ser tida como “já concluída” e precisa ser promovida sempre de
novo.
6- A Nova Evangelização deveria também voltar-se para o interior da
própria Igreja? De que forma?
R. Evidentemente, a própria Igreja, entendida como a Comunidade dos
batizados, é sempre a primeira destinatária da evangelização; há muitos
membros da Igreja que nunca foram evangelizados e, outros, que esfriaram
na fé, ou abandonaram a prática religiosa e a fé; eles são filhos da Igreja,
que precisam muito de uma nova evangelização. E as instituições da Igreja
e suas organizações pastorais também precisam de um sopro novo de
evangelização, para reflorescerem e produzirem novos e abundantes frutos.
7- No Brasil, especialmente, como a Nova Evangelização poderia acorrer?
R. De fato, ela já está ocorrendo; aos poucos, cresce a consciência de que é
preciso colocar-se novamente “em estado de missão” ; muitas novas formas
e métodos de evangelização estão aparecendo, embora isso ainda precise
desenvolver-se muito mais. No Brasil e na América Latina, em geral, falase
de nova evangelização desde a Conferência de Santo Domingo (1992);
tratou-se também disso no Sínodo para a América (1998) e, de maneira
incisiva, na Conferência de Aparecida (2007).
8- Por que um Sínodo sobre Nova Evangelização, se há tantos anos se vem
falando sobre esse tema na Igreja?
R. Porque agora se percebe de maneira mais clara que isso não é apenas
uma necessidade local, em algum país, mas em todo o mundo. Os tempos
mudaram e a Igreja está atenta aos sinais dos tempos, dando-se conta de
que é preciso retomar o processo evangelizador, que nunca pode ser dado
como “já concluído”, de uma vez para sempre. O Papa João Paulo II, na
Carta Apostólica “Novo Millennio ineunte” (Entrando no Novo Milênio,
2001), observou que a evangelização, longe de concluída, estava apenas no
começo; e convocou todos os fiéis a colocarem mãos à obra… Não é a
primeira vez que se faz necessária uma nova evangelização; mesmo sem
usar esse conceito, o mesmo processo já aconteceu várias vezes na história
da Igreja. E sempre trouxe muitos frutos.
9 – Que novidades o termo Nova Evangelização poderia oferecer em
relação à evangelização realizada continuamente pela Igreja?
R. Em primeiro lugar, coloca em evidência que não podemos pressupor que
a evangelização já foi feita; quando olhamos atentamente para a realidade,
constatamos que a evangelização precisa retomar sempre, mesmo nas
famílias e comunidades tradicionalmente bem católicas… Por outro lado, as
atitudes e os métodos precisam renovar-se; já não basta dizer que temos
igrejas e essas estão abertas para todos, que todos são bem-vindos… É
preciso ir ao encontro dos que não vêm e não virão, se não forem buscados
e chamados; além disso, não basta uma evangelização superficial, mas é
preciso ajudar as pessoas a fazerem uma experiência forte e alegre da fé,
cuidando da iniciação à vida cristã em profundidade; diante da diversidade
religiosa e do ambiente não mais favorável à transmissão espontânea da fé,
é preciso, mais do que nunca, formar bem o cristão católico e dar-lhe
condições para que sinta segurança e alegria na sua fé e na sua Igreja.
10- Como o senhor avalia a realização do Sínodo dos Bispos, no momento
em que se comemora os 50 anos da convocação do Concílio Vaticano 2º ,
os 20 nos do Catecismo da Igreja Católica e a convocação do Ano da Fé
pelo Papa Bento 16?
R. Todos esses fatos e eventos estão relacionados e se completam. O
primeiro objetivo da convocação do Concílio Vaticano II, pelo Beato João
XXIII, foi o “incremento da fé católica”, ou seja, a renovação, o
revigoramento e a renovada difusão da fé da Igreja; o Catecismo da Igreja
Católica, que completa 20 anos, foi um fruto do Concílio e devia ajudar a
alcançar aquele objetivo primeiro; e o tema do Sínodo deste ano vai nessa
mesma linha. Creio que este é um momento de Deus na vida da Igreja e
traz a esperança de frutos abundantes.
11- Que papel tiveram os leigos, tão valorizados pelo Vaticano 2º, na
produção do Instrumento de Trabalho, e como poderiam atuar na execução
das propostas apresentadas pelo sínodo?
R. Normalmente, os leigos também deveriam ter participado da elaboração
de propostas para o Sínodo no momento das consultas as dioceses; posso
afirmar que, em São Paulo, houve a participação dos leigos nessa consulta.
Na assembleia do Sínodo serão elaboradas muitas propostas e o Papa,
como sempre costuma fazer, fará o Documento pós-sinodal, na forma de
uma Exortação Apostólica; o que se espera, é que os resultados do Sínodo
sejam acolhidos bem por todos e, a partir deles, a nova evangelização seja
feita com o esforço e o dinamismo de todos.
12- Que frutos a Igreja pretende colher com o sínodo?
R . Na obra da Igreja, os frutos nem sempre aparecem logo, mas tenho a
convicção que serão muitos; eles não serão automáticos, mas dependerão
de nosso esforço, unido à ação do Espírito Santo. Posso imaginar que
surjam muitas iniciativas missionárias novas, Congregações religiosas e
associações de fiéis voltadas para esse fim; e também, uma nova
solidariedade missionária entre as Comunidades da Igreja nas várias partes
do mundo. A Igreja espera e precisa de um novo e amplo despertar
missionário. Mas, como tudo isso é obra da fé, a Igreja precisa, antes de
tudo, renovar-se na fé. Para isso, temos o Ano da Fé, que o papa Bento XVI
vai abrir no próximo dia 11 de outubro, durante a 13ª. assembleia do
Sínodo dos Bispos sobre a “nova evangelização para a transmissão da fé
cristã”.
São Paulo, 24.09.2012
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

Fonte: Entrevista: JORNAL DE OPINIÃO Para Ir. Alba Vega
alba.vega@arquidiocesebh.org.br

Arquivo
“Há uma séria crise na evangelização e na transmissão da fé em nossos dias, em várias partes do mundo”, destaca Dom Odilo

No domingo, 7 de outubro, o Papa Bento XVI vai abrir a 13ª. Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma. Até dia 28 de outubro, cerca de 170 bispos do mundo inteiro, representando as conferências episcopais, além de outros, especialmente convocados pelo Papa, estarão refletindo sobre o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

Também participarão, como convidados, representantes do clero, das organizações dos leigos, da Vida Consagrada Religiosa e de várias instituições da Igreja, além de peritos sobre os temas tratados.

Leia mais
.: Dom Beni fala sobre sua nomeação para participar do Sínodo
.: Instrumento de trabalho para o Sínodo dos Bispos é apresentado

No final de três semanas de muito ouvir, de intensa união de esforços em vista de um caminho comum da Igreja (“sínodo” significa isso!), espera-se que a assembleia sinodal possa apontar caminhos para uma renovação da evangelização e da transmissão da fé.

De fato, duas são as questões postas pelo tema: a evangelização e a transmissão da fé cristã. Ambas são dependentes e relacionadas entre si.

A Igreja tem consciência de que sua missão é evangelizar, ou seja, proclamar e testemunhar ao mundo o Evangelho do Reino de Deus. E isso, com o objetivo de despertar nas pessoas a atenção e o interesse pelo Evangelho e de ajudá-las a chegar ao ato de fé. Essa é a razão de ser da evangelização: ajudar a chegar à fé cristã, transmitir esta fé aos outros, com a ajuda da graça de Deus.

Nem sempre esse objetivo é alcançado. O semeador tem a consciência de que sua missão é lançar as sementes à terra; ele faltará para com sua tarefa se deixar de o fazer; ele sabe de antemão que muita semente preciosa cairá em terreno duro, entre espinhos, ou sobre as pedras; nem por isso ele não deixa de semear. E também vai animado pela esperança que muita semente cairá em terreno bom e acabará produzindo o fruto esperado…

Por qual motivo esse tema foi escolhido para a 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos? As explicações podem ser diversas; mas é certo que há uma séria crise na evangelização e na transmissão da fé em nossos dias, em várias partes do mundo. Há falhas na evangelização, por ser insuficiente, inadequada, ou desfocada; e quando a proclamação da Boa Nova não é feita bem, os frutos não aparecem.

Talvez os evangelizadores não estejam sendo bastante convincentes, por várias razões; ou os ouvintes não estão interessados e não conseguimos interessá-los; talvez o momento cultural (“mudança de época”…) não está sendo propício para o anúncio sério e frutuoso do Evangelho… Nada disso, porém, pode justificar a cessação do processo evangelizador. É preciso continuar a buscar uma saída, a contar com a graça de Deus, mais poderosa que nossos discursos e métodos. A evangelização não pode parar, pois seria a falência da missão que a Igreja recebeu de Cristo.

Além disso, a transmissão da fé está sendo fraca, ou está até mesmo sendo interrompida em muitas situações e lugares. É bem sabida a dificuldade que os pais, mesmo fervorosos, têm para transmitir a fé aos filhos; e quando as novas gerações não abraçam mais a fé, deixam de receber o sacramento do Matrimônio e de formar uma família cristã, constituída sobre as bases da fé e da vivência cristã, quando deixam de pedir o Batismo para os filhos e de os apresentar para a Catequese de iniciação à fé e à vida cristã, estamos diante do fato lamentável da interrupção do processo da transmissão da fé, de geração em geração; e os casos não são raros!

Estamos diante de um “novo paganismo”, que nasce e se desenvolve, muitas vezes, dentro dos próprios ambientes católicos. Esta questão é muito grave e desafiadora para a missão da Igreja! Os motivos por que isso acontece são muitos e não devem ser atribuídos apressadamente à culpa de quem quer que seja. Não se trata de achar culpados, mas de agir adequadamente. A análise das causas ajuda a entender o fenômeno, que se passa debaixo de nossos olhos; mas a simples compreensão do fenômeno, por muito que seja importante, ainda não é a solução.

Não há mistérios nem fórmulas mágicas. Passou o tempo em que a fé era transmitida espontaneamente e vivida no ritmo da tradição e da pressão social. A questão toda é evangelizar de novo e fazê-lo bem. Ou a Igreja retoma com vigor a evangelização, feita de muitas maneiras; ou então, a fé deixa de ser transmitida. É como fechar um registro: a água não passa mais…

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
@DomOdiloScherer