CATEQUISTA / VOCAÇÃO LEIGA

Programa Discípulos e Missionários todas às terças-feiras às 19:30h pela http://tv.cancaonova.com/ Apresentado por Dom Odilo Pedro Scherer https://twitter.com/DomOdiloScherer – Arcebispo Metropolitano de São Paulo http://www.arquidiocesedesaopaulo.org…
Neste programa Dom Odilo fala sobre a riqueza do catequista e sobre a vocação leiga na Igreja. “Os leigos são chamados a colaborar com a vida da própria Igreja!” ressaltou Dom Odilo, e nos questiona: “Como está a participação dos leigos na sua Igreja?”

Programa Discípulos e Missionários todas às terças-feiras às 19:30h pela http://tv.cancaonova.com/ Apresentado por Dom Odilo Pedro Scherer – Arcebispo Metropolitano da cidade de São Paulo http://www.arquidiocesedesaopaulo.org…

Tema do programa: Semana Santa

Programa Discípulos e Missionários todas às terças-feiras às 19:30h pela http://tv.cancaonova.com/ Apresentado por Dom Odilo Pedro Scherer – Arcebispo Metropolitano da cidade de São Paulo http://www.arquidiocesedesaopaulo.org…

Tema do programa: São José de Anchieta – Domingo de Ramos

Completa-se o primeiro ano de Pontificado do papa Francisco. A fumaça branca da Capela Sistina, na noite chuvosa e fria de 13 de março de 2013, preparou a multidão ansiosa da praça de São Pedro uma bela surpresa: o novo Bispo de Roma e Sucessor do apóstolo Pedro, colocado no centro da Igreja Católica, era um cardeal que vinha “quase do fim do mundo”! Jorge Mário Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, que escolheu para si o nome de Francisco.

Passados os primeiros momentos de encantamento, o papa Francisco começou logo a mostrar seu estilo, seu jeito latino-americano, seu desejo de servir a Igreja Católica e a humanidade de corpo e alma. Tantos detalhes chamaram a atenção, como a moradia na Casa Santa Marta, em vez do palácio apostólico; a dispensa de muitos protocolos; seu jeito de pastor de almas; a forma direta e simples de falar…

Mas tudo isso, embora significativo, ainda não diz tudo sobre a novidade do primeiro papa não europeu, depois de muitos séculos, primeiro latino-americano, primeiro papa jesuíta, com jeito de franciscano… Francisco tem clareza sobre sua missão mais urgente, na condição de Sucessor de Pedro: confirmar os irmãos na fé, reanimá-los, dar-lhes novamente certeza e segurança interior, superar certo desalento e baixa auto-estima na Igreja, restituir ao povo católico a alegria do Evangelho, a identificação com a própria Igreja e o senso de pertença a ela.

Sabe que sua missão é resgatar a credibilidade da Igreja, ferida por muitos escândalos decorrentes de pecados e fraquezas daqueles que deveriam ser reconhecidos como testemunhas fidedignas do Evangelho da vida e da esperança diante do mundo… Francisco sabe que esta credibilidade só é recuperada com a retidão de intenções e atitudes, amor à verdade e sincera humildade. E ele convidou todos os membros da Igreja a fazerem isso, empreendendo um verdadeiro caminho de conversão a Cristo e seu Evangelho.

Muitos, talvez, esperavam imediatas e até espetaculares reformas na Cúria Romana e nos organismos de governo, que ajudam o Papa em sua missão universal. Francisco começou pedindo reformas nas atitudes e nas disposições de todos os filhos da Igreja; as reformas administrativas da Santa Sé chegam aos poucos e as da Cúria romana ainda devem chegar. Ninguém tenha a ilusão de que, na Igreja, tudo depende só da Cúria romana; Francisco tem falado mais vezes da necessária participação de todos e que cada membro da Igreja faça bem a sua parte, em vista da saúde do corpo inteiro.

Francisco quer uma Igreja que não seja auto-referencial, nem fechada sobre si mesma, mas discípula de Cristo e servidora do Evangelho para o mundo. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”), ele apresentou as prioridades da missão evangelizadora no mundo atual: católicos felizes e agradecidos pela fé, percebida como dom precioso a ser compartilhado generosamente; uma Igreja que se faz missionária e se coloca em estado permanente de missão; a conversão constante ao autêntico espírito do Evangelho e a superação do “espírito mundano”, constante tentação para os cristãos e a Igreja; a saída para as periferias humanas e sociais e a solidariedade concreta em relação aos pobres.

Há muito para se fazer! Coragem, Papa Francisco, coragem! Deus o ilumine e guarde! E nós, além da admiração pelo Papa vindo da América Latina, também o acompanhemos neste esforço. Coragem, povo de Deus, coragem!

Artigo publicado em O SÃO PAULO, ed de 11.03.2014

Card. Odilo P. Scherer – Arcebispo de São Paulo

A fé cristã em Deus não parte de conceitos intelectuais puros, mas de uma experiência com Deus. Essa experiência, retratada na Sagrada Escritura, é a história da salvação vivida por pessoas e por todo um povo. Eis porque, para bem compreender nossa fé, é tão importante conhecer e compreender a Escritura.

Nossa fé cristã católica nos diz que a misericórdia é um dos atributos de Deus, embora esse conceito não apareça, como tal, nos Símbolos da nossa fé. Também outras religiões, como o Islamismo, reconhecem que Deus é misericordioso e clemente. A Deus convém a misericórdia. E Deus nos trata com misericórdia.

No entanto, isso nem sempre está claro no conceito geral que se tem de Deus. Com facilidade, contrapõe-se poder e misericórdia em Deus, como se esses dois atributos fossem excludentes; ou se opõe a justiça divina à sua misericórdia. A fé cristã não permite essa contraposição. Deus é todo-poderoso e isso significa que também é onipotente no amor. Por isso, pode ser misericordioso, indo além da mera justiça. É próprio da justiça de Deus que ela seja aplicada com amor. E isso é a misericórdia divina, na concepção bíblica e da fé cristã.

O Povo de Deus, antes de Cristo, conheceu muitas vezes que Deus, embora castigando os culpados, para que se convertam e voltem ao bom caminho, é “misericordioso e clemente, paciente, rico em misericórdia e fiel, que conserva a sua misericórdia por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados” (cf. Êx. 34,6-7). A justiça de Deus, quando aplicada na forma de castigo, é sempre pedagógica e corretiva, para levar o homem a se rever; e, apenas percebe arrependimento e desejo de conversão do homem, Deus “se recorda de suas misericórdias” (cf Sl 25,6).

A certeza de que Deus é misericordioso é uma convicção sólida do Povo de Deus, formada numa experiência longamente vivida. Os profetas recordam muitas vezes que Deus, com misericórdia eterna, se compadece do seu povo (cf Is. 54,8); que suas misericórdias não têm fim e se renovam todos os dias (cf Lm 3,22).

São Paulo usa muito esse conceito para referir-se a Deus, a quem chama de “Pai das misericórdias, Deus de toda consolação” (cf 2Cor 1,3). Deus é “rico em misericórdia”, pois nos amou quando éramos ainda pecadores e nem o conhecíamos (cf Ef, 2,4-5). O próprio Paulo reconhece ter experimentado a misericórdia de Deus por meio de Cristo Jesus, apesar de ter sido blasfemo e perseguidor de Cristo (cf 1Tm 1,13.16).

Jesus Cristo nos dá a conhecer ainda mais claramente que Deus é misericordioso; ao desaprovar a religiosidade formal dos fariseus e dos mestres da Lei, que o criticavam porque acolhia os publicanos e comia com eles, Jesus lhes recorda as palavras de Isaías: “misericórdia eu quero, e não holocaustos” (cf Mt 9,13). Semelhante contexto motiva Jesus, no evangelho de São Lucas, a contar as “parábolas da misericórdia” (cf Lc 15): Deus não fica feliz quando o homem se perde e sai à sua procura, até encontrá-lo; e o céu faz festa por um pecador que faz penitência mais que por 99 justos, que não têm necessidade de penitência. O pai da parábola do “filho pródigo” retrata bem o Deus misericordioso, que Jesus dá a conhecer: embora respeite e leve a sério as escolhas livres de seus filhos, mesmo quando o rejeitam e abandonam, Deus fica esperando “de braços abertos” que voltem a ele novamente, pronto para acolhê-los. E faz festa por causa do filho “que estava morto e tornou à vida; estava perdido e foi encontrado” (Lc 15,32).

O Ano da Fé nos vai fazendo refletir sobre o significado das afirmações da fé cristã. “Crer em Deus” significa crer no Deus de infinita misericórdia, que tem medidas de justiça muito mais largas que as nossas. Deus salva o mundo por sua misericórdia. Por isso, nossa fé está relacionada imediatamente com a esperança. Deus não nos trata conforme a mesquinhez de nossos pecados, mas conforme a abundância de suas misericórdias.

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 17.09.2013
Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

A Arquidiocese de São Paulo tem a honra de convidar para a Missa na Festa da “Cátedra de São Pedro”, no dia 22 de fevereiro, às 12 horas, na Catedral Metropolitana (Praça da Sé).

A Festa é especialmente significativa neste ano, em vista da anunciada renúncia do Papa Bento XVI à sua missão de Sucessor de São Pedro.

Queremos render especiais graças ao Senhor pelo Pontificado de Bento XVI e convidamos a unir-se a nós.

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

NESTA MANHÃ NUBLADA DE UMA ROMA ENTERNECIDA
Por que não ficas conosco, mais um pouco, a nos guiar à Verdade sem ocaso da Fé?
No ano da Fé, deixa-nos, então?
Não celebrarás conosco o amanhecer de uma Igreja restaurada por tua palavra e banhada com o sangue de teu silencioso martírio?
O Trono, a glória, os suíços – todo o teu temporal não são capazes de te prender por entre os mármores de Pedro?
Sobre ti estão os olhares da humanidade, e tu recusas o poder?
Como novo Celestino entendes a hora de descer e,
Livremente desces.
Como Bento, no nome e na graça, preferes o recolhimento na oração às glórias deste mundo, até á partida definitiva.
É próprio de quem é Grande, a descida.
Só os Grandes descem.
Com nobreza queres entregar o leme da Igreja a outro.
Reconhecendo tua fraqueza, renuncias.
Reconhecemos tua força e bradamos:
“Viva o Papa”!
O Papa que desce!
Que desce com tanta dignidade que é mais uma subida,
Que descida.
Mais demonstração de Força,
Que fraqueza.
Ó vós que sentis com a Igreja,
Olhai o papa que desce!
Que desce para o Alto!
E hoje mais do que nunca,
Em honra do Grande, do Forte e do Magno
Brademos juntos ,
Mais uma vez:
Viva o Papa que desce para o Alto!
Viva Bento XVI.
(Padre Marcelo Tenório)

Hermas (séc II), em O Pastor, em sua terceira visão descreve a Igreja como a Velha Dama que lhe aparece, “perfeitamente jovem e bela”(cfr 2, 2; 8,1;18, 3-4;20; 21).
O gesto, inédito, do nosso Pastor, BENTO XVI, tão tímido e ao mesmo tempo corajoso, movido pelo sua profunda atenção e obediência à verdade, rejuvenesce a Igreja, neste ainda início do século XXI. Sem precedentes porque […]Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. […]. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005[…].
Na minha despretensiosa consideração, do ponto de vista da história, a única renúncia que se aproxima da de BENTO XVI é a do Papa S. CELESTINO V (1222 – 1294 /6). Confrontando os fatos históricos, através das renúncias dos predecessores, não se pode desconhecer o novo que se inaugura.
O primeiro a renunciar foi o Papa CLEMENTE I (c.92-c.101), depois de ser detido e condenado ao exílio, nas perseguições no reinado de Trajano.
O segundo Papa, PONCIANO ( c.230 – c.235), marcado pelas pressões do seu irredutível opositor Hipólito (217-235), sacerdote romano, teólogo do clero de Roma, conhecido pelas suas atitudes rigoristas a ponto de recusar a reconciliação e o perdão, concedidos pelo papa. A renúncia de S. Ponciano foi para não criar dificuldades à Igreja de Roma e para a reconciliação com os seguidores de Hipólito.
O terceiro, SILVÉRIO (c.536 – c.537), o seu pontificado foi marcado pela interferência da Imperatriz Teodora. Como não se submeteu às exigências da Imperatriz foi preso e deportado para Ásia. Das tentativas de mediação para solucionar os impasses surgiu a famosa frase: “Existem muitos reis neste mundo, mas apenas um papa em todo o universo”. Havia a iminência de um cisma e para evita-lo, terminou abdicando em 11. XI. 537.

O quarto, BENTO IX, que na relação da sucessão apostólica aparece como 143 °; 145° e 148° papa. Pelos números já indicam complicações de diversas categorias. É deposto, consegue retornar, renuncia, tenta retornar, mas sempre por causa da manutenção de privilégios das familias reinantes.
O quinto, CELESTINO V (1222- 1296). Após 27 meses sucessivos de vacância papal e as profecias que ameaçavam com castigos divinos se a Igreja permanecesse sem Pastor por mais tempo, o próprio profeta foi escolhido papa. Asceta convicto, o velho monge, foi trazido de seu retiro, acompanhado pelo Rei de Nápoles Carlos II D’Anju. Depois de menos de quatro meses abdicou, “consciente de não estar à altura da tarefa a ele confiada”, porém, num contexto de ingerências, da Casa Reinante. Celestino V colocou o cargo nas mãos de seus eleitores e retirou-se humildemente.
E por último, GREGÓRIO XII (1406 – 1415). Estava imerso na problemática dos antipapas, as discussões quanto a legitimidade do Concílio de Constança e todo o contexto político gerado pela Corte do Papado que estava retornando de Avinhão para Roma. Sua renúncia, portanto, foi para terminar com o Cisma do Ocidente.
Assim, considerando as exigências atuais em confronto com a realidade presente do ministério petrino, a renúncia de BENTO XVI, do ponto de visto histórico, tem novos aspectos e fundamentos que, em síntese, colocam a Igreja na mira da modernidade. É uma significativa contribuição histórica para que ela continue a aparecer, perfeitamente jovem e bela, como A VELHA DAMA QUE REJUVENESCE.
Ir. Vilma Lúcia de Oliveira, FDC