1. Qual a opinião do senhor sobre o episódio da Reuters com o Papa Bento 16?
Dom Odilo Scherer – É lamentável que uma Agência de Notícias, como a Reuters, que era tão conceituada, se preste para veicular uma notícia totalmente distorcida a respeito do Papa Bento XVI. Os títulos, muitas vezes, acabam fazendo a notícia, mesmo se a matéria não confere com o título. Isso é falta de ética na Comunicação. Eu esperaria um bom pedido de desculpas público da parte da Reuters.

2. Para a imprensa, em especial, para aos veículos católicos, qual a lição que fica desse episódio?
Dom Odilo Scherer – A Comunicação deve primar pela verdade, sem induzir as pessoas a conhecimentos e julgamentos falsos a respeito de pessoas e suas afirmações e de fatos. É preciso deixar de lado a tentação do sensacionalismo e de apresentar os fatos e as pessoas, com suas afirmações, através de filtros ideológicos; nem se deve colocar na boca dos outros, de autoridades, aquilo que gostaríamos nós de afirmar. Não é ético.

3. Como as pessoas devem lidar com as informações passadas pela mídia?
Dom Odilo Scherer – Devem ler e ouvir muito, não ficando com uma única informação superficial, não se contentar com a leitura dos títulos, nem apenas com informações já filtradas; melhor é sempre procurar a afirmação original, do próprio autor. De fato, eu havia lido o discurso do Papa aos representantes do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé e não vi nada daquilo que o título da Reuters fazia pensar… Diante de tanta informação, pode-se ficar confuso e informado erroneamente. É preciso manter a cabeça fria e não perder o senso crítico, nem o senso da verdade e da ética.

A educação das novas gerações é decisiva para o futuro da sociedade. Pode parecer um lugar comum e a coisa mais sabida do mundo; na prática, porém, as coisas não são tão óbvias assim. Não se põe em dúvida a necessidade de todas as crianças e jovens terem acesso à escola, mas é bom que nos perguntemos sobre a qualidade da educação que lhes é proporcionada.

O dia 1° de janeiro é, para a Igreja Católica, o Dia Mundial da Paz e o Papa envia todos os anos à Igreja, aos governantes e responsáveis por organizações internacionais uma mensagem, na qual ele aborda algum aspecto importante para a edificação e a preservação da paz. Neste ano, o tema da mensagem foi: educar os jovens para a justiça e a paz.

Há algum tempo, o ano novo vem iniciando em meio a crises e incertezas quanto ao futuro; novas tensões e situações de guerra surgem entre povos, ou no interior de nações. Enquanto a crise econômica e financeira mundial balançou economias, que pareciam tão sólidas, no Brasil, finalmente, respira-se com certo alívio; mas há quem diga que a crise global ainda está longe da solução.

Bento 16 diz que os jovens têm o direito de sonhar e de esperar por um futuro bom; e eles próprios podem, com seu entusiasmo, oferecer nova esperança para o mundo. E convida pais e famílias, com os diversos âmbitos da vida religiosa, social, econômica, política e cultural a prestarem especial atenção ao mundo juvenil, valorizando suas possibilidades de contribuir para um futuro de justiça e de paz.

No entanto, muitos jovens olham o futuro com apreensão e se perguntam sobre as razões que dariam sentido e esperança à vida. Seu idealismo choca-se, muitas vezes, com a dura realidade do meio em que vivem, onde os sonhos altos parecem carecer de fundamento; podem, então, ser tentados a amoldar-se ao vazio de valores, enredados nas tensões primitivas do individualismo, da ganância e da sede de poder e vaidades, passando a respirar os mesmos ares intoxicados que lhes causavam, no despertar de sua consciência juvenil, fortes arrepios de indignação e horror. Tentação sempre próxima é o gozo ávido e inconsequente da vida, até nos vícios suicidas da droga e do álcool.

Como evitar que eles percam cedo o entusiasmo juvenil e sua fé no futuro bom? Algumas questões são fundamentais. Primeira de todas, é educar para a verdade, sem ceder à tentação do relativismo absoluto, ou da redução de todos os valores à utilidade e à vantagem pessoal. Atenção especial merece a verdade sobre a pessoa humana, para descobrir o valor e a dignidade de si e da própria vida; isso é necessário para desenvolver atitudes construtivas diante da dignidade e dos direitos inalienáveis das outras pessoas. A pessoa humana é um bem em si mesma e não pode ser sacrificada em função de bens particulares, sejam econômicos ou sociais, individuais ou coletivos.

Outra questão crucial é formar para a liberdade autêntica – “valor precioso, mas delicado, pois pode ser mal entendida e também usada mal”. A educação leva a compreender que a liberdade não se identifica com a ausência de vínculos, nem com o império do arbítrio, nem ainda com o egocentrismo subjetivo. Quando o homem crê ser um senhor absoluto, que não depende de ninguém e pode tudo o que lhe apetece, acaba prisioneiro de si mesmo e perde a própria liberdade. Esta é um bem relacional, que se mede constantemente com a liberdade dos outros e com Deus.

Risco insidioso na educação é o relativismo absoluto, que não reconhece nenhuma instância, fora de si, ou valor definitivo, e tem como última referência apenas o próprio eu, com seus desejos; sob a ilusão de liberdade, a pessoa pode estar levantando os muros da própria prisão e do fechamento total em si mesma, separada dos outros, incapaz de se relacionar com o mundo de forma adequada; e aí, cedo ou tarde, chega à angústia e a dúvida sobre a bondade da própria vida e de qualquer projeto a ser edificado em comum com os outros.

Mais um aspecto, que não pode ser subestimado na educação, é a formação acerca dos valores. Há uma norma, que o homem não criou para si, nem é imposta de fora, mas que lhe cabe reconhecer e acatar; ela é natural e está inscrita na consciência, fazendo distinguir o bem do mal. Com seu imperativo silencioso, mas forte, manda escolher o bem e evitar o mal. Formar para a consciência moral é indispensável para o bom exercício da liberdade, para o reconhecimento da dignidade do outro e para a convivência justa, respeitosa e pacífica entre as pessoas.

Justiça e paz não são fatos dados e prontos, mas o fruto de uma busca denodada e conjunta, onde as pessoas compartilham valores e atitudes. Paz não existe sem justiça, como não existe justiça, sem honra à dignidade humana. E esses bens são a fina flor do esforço de gerações, que acreditam neles; por isso, também os passam às novas gerações pelo processo da educação. Pais e famílias, apesar de tudo o que se possa dizer em contrário, ainda são os grandes agentes desse processo; e o Papa os encoraja a assumirem seu papel, apesar de todas as dificuldades. Mas também são poderosos agentes de educação a escola e outras estruturas educativas formais e informais, bem como os meios de comunicação social.

Se a qualidade da educação for boa, haverá justiça e paz; e os jovens não deixarão de fazer a parte que lhes cabe. A eles, Bento 16 volta seu apelo, já no final da Mensagem: jovens, sois um dom precioso para a sociedade! Não desanimeis, nem confieis em falsas soluções para superar os problemas. Sabei que vós mesmos também servis de exemplo e estímulo para os adultos, quando vos esforçais para superar injustiças e corrupção e vos comprometeis com a construção de um futuro melhor!

Publicado no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, ed. de 14/01/2012

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

@DomOdiloScherer

A Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza, entre os dias 7 e 9, a reunião anual com o Grupo Interdisciplinar de Peritos. Neste ano, o encontro acontece nas dependências do Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, próximo à cidade de Belo Horizonte (MG). Entre os membros, está o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer.

O objetivo do encontro é aprimorar o texto de um novo subsídio doutrinal que abordará questões que envolvem as verdades de fé, a reflexão teológica e o ensino.

“Compete à Comissão para a Doutrina da Fé prestar à Igreja esse serviço de favorecer a reflexão e o ensino da teologia, a fim de que isso propicie o aprofundamento e a firmeza na fé, sua melhor compreensão e vivência coerente”, disse o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, padre Wilson Luís Angotti Filho.
Segundo padre Wilson, o novo subsídio vem sendo elaborado desde meados do ano passado e a intenção é publicá-lo por ocasião da 49ª Assembleia Geral do Episcopado, a realizar-se no mês de maio, na cidade de Aparecida (SP).

Além desse estudo, a reunião tem por objetivo refletir sobre o contexto eclesial e teológico, em especial no que diz respeito ao Brasil.

fonte:CNBB/O SÃO PAULO

)      São 35 anos de padre, nove anos de bispo, sendo quase quatro à frente da Arquidiocese de São Paulo e três como cardeal; nesse tempo de serviço à Igreja, alguma vez o senhor sentiu insegurança e repensou seu projeto de vida? Caso a resposta seja sim, o que o sustentou no sim à Igreja?
 R. No dia 2 de fevereiro completarei 9 anos de ordenação episcopal e esta data me traz muitas recordações e renovada gratidão a Deus. Durante o tempo de minha formação, como adolescente e jovem, é claro que passaram pela minha cabeça questionamentos sobre minha vocação e se era mesmo essa a vida para a qual Deus me chamava. Passo a passo, fui clareando minha convicção, na certeza de que era esta a minha vocação. Quando fui ordenado sacerdote, eu sabia que isso valia para toda a vida. Portanto, nunca passou pela minha cabeça repensar meu projeto de vida. É questão de fidelidade a Deus e de correspondência com sua graça, que nunca nos falta.
2)      O que o motivou na escolha do lema episcopal – “in meam commemorationem” (em memória de mim”)?
R. “Em memória de mim” (cf Lc 22,19), foi este o lema que eu já havia escolhido para a minha ordenação sacerdotal, em 1976. São palavras de Jesus na instituição da Eucaristia, mas eu entendo esse texto também à luz das palavras de Jesus após o lava-pés: “dei-vos o exemplo para que façais a mesma coisa” (cf Jo 13,15). O motivo da escolha está na compreensão do significado do sacerdócio cristão, que eu tive nas aulas de Teologia, durante meus estudos em Curitiba. Os sacerdotes são ministros, ou seja, servidores do sacerdócio de Cristo. A referência constante a Cristo – “em memória dele” – é o que dá sentido a tudo o que o padre é em sua vida sacerdotal e faz na Igreja. É o próprio Cristo que continua a realizar sua obra salvadora em favor dos irmãos por meio dele. Isso sempre me marcou profundamente. Achei que devia manter o mesmo lema quando fui chamado a ser bispo. Também o episcopado é exercido “em memória de Cristo” através do anúncio da Palavra de Deus, no pastoreio da Igreja e no serviço da santificação do povo. Padres e bispos não têm o seu ministério como posse, mas como dom e missão. Eles o exercem “em memória de Jesus Cristo”.
3) Como a experiência de Secretário-Geral da CNBB (2003-2007) contribui para o governo na Arquidiocese de São Paulo? e pessoalmente o que agregou ao senhor?
R. Foi uma grande experiência para mim, dando-me a oportunidade de conhecer melhor e de servir mais a Igreja no Brasil todo. Sendo uma responsabilidade delicada também pesada, ajudou-me a amadurecer mais no ministério episcopal. Isso me valeu e ainda vale para a missão de Arcebispo de São Paulo, que me foi confiada no final do mandato na CNBB.
4) Dom Odilo, como é administrar uma arquidiocese, a terceira maior arquidiocese católica do planeta, tão diferente em suas formas de evangelizar? Qual a maior dificuldade que o senhor encontra para governar a Igreja de São Paulo?
R. É uma missão imensa, complexa, difícil, estimulante, gratificante. Tenho consciência do tamanho dos desafios da missão, mas tento responder a tudo com paz de espírito, bem sabendo que não estou sozinho, pois os primeiros interessados no bem da Igreja são o próprio Jesus Cristo e o Espírito Santo; e também conto com a ajuda de 6 bons e dedicados bispos auxiliares, de centenas de padres abnegados e zelosos, de numerosos religiosos e religiosas que dão sua vida pelo Reino de Deus, de pessoas cheias de fé e idealismo cristão, consagradas em muitas associações de fiéis; e conto com milhões de cristãos leigos em todos os espaços da arquidiocese! Sem esquecer as muito numerosas famílias, organizações e instituições católicas, escolas, universidades, meios de comunicação, hospitais, obras sociais e culturais… A arquidiocese de São Paulo tem um potencial evangelizador imenso e uma das minhas preocupações é despertar essas energias, convocá-las e prepará-las bem para colaborarem generosamente na vida e na missão da Igreja. Ser hoje “discípulos-missionários de Jesus Cristo na metrópole de São Paulo”, esta é a grande questão!
5)  Presidentes e governadores têm suas prioridades de governo, qual a prioridade do senhor para a Arquidiocese de São Paulo, hoje?
R. O bispo precisa ter o olhar voltado para a globalidade da vida e da missão da Igreja e não pode deixar de lado nenhuma de suas dimensões fundamentais. A prioridade das prioridades é a fidelidade a Cristo e à Igreja, traduzida no anúncio intenso e perseverante do Evangelho, na santificação do povo pela celebração dos “Mistérios da Salvação” e no exercício da caridade pastoral” atenta a todas as situações e necessidades das pessoas e da comunidade humana. Ao lado disso, sinto como prioridade despertar e preparar as forças da Igreja – clero, religiosos e leigos – para o cumprimento da sua parte na vida e na missão da Igreja. Mas também é parte de minha missão zelar pela presença pública da Igreja, como testemunho em favor da fé e do Reino de Deus, “já presente entre nós”.
Publicada em O SÃO PAULO, ed. de 31.01.2011

São freqüentes as notícias sobre atentados contra cristãos, nos quais muito perdem a vida, até mesmo em igrejas, durante celebrações, como aconteceu em novembro passado em Bagdad, no Iraque, ou na noite do Ano Novo, no Egito. São mártires, testemunhas de Cristo; não porque se auto-imolaram por alguma causa, mas porque foram perseguidos e mortos por causa de sua fé. Em todos os períodos da história do Cristianismo houve mártires. Hoje não é diferente.
O Papa Bento XVI tem apelado várias vezes por proteção aos cristãos contra toda violência; e sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1° de ano, também foi sobre a “liberdade religiosa, como caminho para a paz”. Mesmo autoridades européias têm se pronunciado, bem recentemente, contra a violência aos cristãos. Os atentados acontecem geralmente onde os cristãos são minoria.
Entre nós não há perseguição aberta, nem martírios frequentes. Porém os católicos e os cristãos, em geral, também sofrem certa pressão e discriminação; muitos são tentados de desânimo ou de seguir por um caminho religioso menos difícil, ou mais “promissor”, do ponto de vista da prosperidade e da satisfação das necessidades imediatas. Outros vão atrás de promessas religiosas enganosas e esperam por milagres para resolver toda dor e todo problema na vida. Não faltam ofertas de “milagres” fáceis e soluções mágicas no campo religioso e muitos são tentados a experimentar a via mais fácil. Jesus alertou que o caminho largo e a porta espaçosa não são os que dão acesso à salvação (cf Lc 13,24).
A experiência da perseguição e do desânimo foi vivida no início do Cristianismo e temos disso um testemunho admirável na Carta aos Hebreus, da qual estamos lendo belos trechos na Missa nestas primeiras semanas do Tempo Comum. Os destinatários desta Carta eram, certamente, cristãos oriundos do Judaísmo e tinham acolhido o Evangelho como natural desdobramento da fé dos Patriarcas, Profetas e de todos os justos, descendentes de Abraão, e da sua própria fé. Mas, pelo teor da Carta, devia existir forte inquietação e desânimo entre os “Hebreus”, aos quais ela é dirigida.
Alguns estavam deixando a fé cristã, outros eram tentados de fazer o mesmo; alguns experimentavam o desprezo público, perseguições, prisões e martírios (cf Hb 10,32-39). Outros punham questionamentos teológicos e doutrinais relevantes: eles haviam deixado o templo de Jerusalém, os esplendores dos ritos, das festas anuais, faltava a figura do Sumo-Sacerdote, dos levitas; onde estávamos sacrifícios?! No Cristianismo nascente, a Liturgia ainda não estava toda organizada, como hoje; ainda não havia igrejas esplendorosas, nem tradições religiosas, como as que alimentaram a fé do Povo Eleito por gerações e gerações. E ainda, por cima disso tudo, perseguições, prisões e martírios! Não era uma situação fácil.
O autor escreve a Carta aos Hebreus para confortar esta comunidade e para aprofundar com ela o sentido da fé cristã. Jesus Cristo é o fruto das promessas de Deus, o verdadeiro e único Sacerdote, que nos santifica com sua vinda ao mundo e com o seu sangue, no sacrifício oferecido a Deus sobre a cruz. Nele se cumprem as promessas de Deus acalentadas pelo povo fiel ao longo de séculos; Jesus é o novo Templo de Deus no mundo e também nós somos edificados, com Ele, em templo onde Deus habita. Nos momentos de provação, é preciso voltar aos fundamentos da fé, para reencontrar as razões da nossa esperança e as forças para enfrentar os dias difíceis e prosseguir no caminho.
E o autor convida a olhar para o exemplo dos “pais na fé” – Abraão, Isaac, Jacó, Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel, os profetas (cf Hb 11). Foram homens de fé, que lutaram e perseveraram no meio de muitas tribulações; nos tempos difíceis, mantiveram o olhar fixo no Autor da Promessa e caminharam na esperança, “como se vissem o invisível”…
A Carta aos Hebreus exorta a nós, também: “Não abandoneis a vossa coragem, que merece grande recompensa! De fato, precisais de perseverança, para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu” (10,35-36). Coragem, portanto, não desanimemos!
Artigo publicado em O SÃO PAULO, ed. 31.01.2011
Card. D.Odilo P. Scherer
Arcebispo de S.Paulo

 

Com a festa de São Paulo, nosso patrono, dia 25 de janeiro, fazemos também a abertura do Ano Pastoral em nossa Arquidiocese. Ao mesmo tempo, oferecemos a Deus nossos grandes propósitos e projetos para o ano e pedimos, pela intercessão do apóstolo São Paulo, nosso patrono, a graça da fidelidade, da perseverança e dos bons frutos nos objetivos que nos propomos.

Mesmo sem planejamentos especiais, bastaria seguir bem o ritmo do Ano Litúrgico para termos um ano cheio de propostas. De fato, acompanhar e viver a mística do Ano Litúrgico é uma prática saudável e de grande valor pedagógico para a vivência pessoal da fé e para o serviço de evangelização da Igreja. A Igreja tem uma rica proposta de evangelização, cada ano, nas celebrações e comemorações do tempo litúrgico. Quem segue regularmente as celebrações litúrgicas da Igreja tem farto alimento para a fé e para o testemunho cristão no mundo, passo a passo, ao longo de todo o ano.

Porém, em 2011, a Arquidiocese de São Paulo coloca em destaque, para a reflexão e a ação pastoral, a paróquia, “comunidade de comunidades”. Centrando nossas atenções sobre a paróquia, enquanto expressão mais próxima e concreta do Mistério da Igreja, queremos avançar na proposta do 10° Plano de Pastoral da Arquidiocese, que nos convoca a sermos discípulos missionários de Jesus Cristo na grande e complexa cidade de São Paulo de forma nova e mais incisiva.

Seria impossível pensar nossa Igreja, sem as paróquias, com seu padre, suas igrejas matrizes, seus espaços de vida e ação pastoral, sua presença no espaço social e cultural… Mesmo com as dificuldades e deficiências próprias do nosso tempo e do contexto da metrópole, e sem ter a pretensão de que a paróquia consiga sozinha enfrentar todas as necessidades e desafios da missão da Igreja, continua verdadeiro que ela ainda tem sua razão de ser e de existir; a Igreja nunca abandonou a paróquia, mas convida a rever e aprofundar o seu significado, sua vida e missão.

Neste ano, portanto, tentaremos fazer o que depender de nós para que as paróquias se renovem e sejam autênticas comunidades de discípulos missionários de Jesus Cristo nesta cidade, que Deus ama. Um processo de conversão pastoral é necessário para recobrar as motivações e dar vida nova; talvez para superar cansaços, estagnação e a lógica da mera conservação. As paróquias precisam ser marcadas por nova dinâmica e um impulso decididamente missionário. Se não estivermos atentos, elas se fecham sobre si mesmas, ao invés de ser a presença missionária que se projeta ao seu redor, para o meio da comunidade humana. Para alcançar esta meta pastoral ao longo do ano, todos estão convidados a arregaçar as mangas: clero, leigos, religiosos, famílias, organizações várias da Igreja presentes nas paróquias… Os jovens terão um ano privilegiado; com o clero, teremos uma reunião importante já dia 15 de fevereiro, para tratar do assunto. Como arcebispo, escreverei uma Carta Pastoral para toda a Arquidiocese sobre esse assunto.

Mas o ano pastoral de 2011 nos prepara ainda muita coisa: a Campanha da Fraternidade, com o tema – Fraternidade e a vida no Planeta –, é um convite a cuidar, com responsabilidade compartilhada, da nossa casa comum, aprofundando a cultura do respeito, do cuidado e da solidariedade. As catástrofes naturais desses dias desafiam nosso senso ético diante da natureza e dos demais habitantes da Terra.

O 1° Congresso de Leigos, realizado em 2010, mobilizou milhares de leigos e leigas, que querem se envolver numa ação mais planejada eficaz do laicato em nossa Arquidiocese. Os muitos propósitos elaborados nas Oficinas Temáticas e apresentados no encerramento do Congresso precisam ser retomados e trabalhados. Em agosto será realizada a Jornada Mundial da Juventude com o papa, em Madrid; muitos jovens já estão se mobilizando para ir à Espanha e, com centenas de milhares de outros jovens de todas as partes do mundo, desejam participar, se “enraizar” mais em Cristo.

Nossa Arquidiocese também terá um fato novo e importante para a vida da nossa Igreja e sua dimensão missionária: está sendo aberto um Seminário Redemptoris Mater, confiado à direção do Caminho Neo Catecumenal, para formar padres seculares com carisma missionário. Que São Paulo, discípulo e missionário de Jesus Cristo, interceda por nós!

 

 

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 18.01.2011

Card. Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo

 

Em 21 de setembro de 2010, com a Carta Apostólica Ubicumque et semper, o Papa Bento XVI criou um novo Organismo na Cúria Romana para assisti-lo em sua missão: o Pontifício Conselho para promover a Nova Evangelização. A preocupação pela “nova evangelização” já não é tão nova; mas ela apareceu mais claramente na 4ª. Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, em Santo Domingo (1992). Lá, foi tema central da Conferência, por iniciativa do papa João Paulo II. Em seguida, a mesma questão esteve presente nas assembléias Continentais do Sínodo dos Bispos, em preparação ao Grande Jubileu do início do 3º milênio cristão.

A 5ª. Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida, em maio de 2007, também debruçou-se sobre este desafio da Igreja, dando um endereço bem concreto àquilo que deveria ser a “nova evangelização” no nosso Continente. No final da Conferência, ainda reunidos na Basílica de Aparecida, os bispos conclamaram os católicos de todo o Continente para uma “missão continental”. E isso queria significar, sobretudo, que chegou a hora de realizar uma verdadeira “conversão pastoral e missionária” de cada membro da Igreja, e de todas as suas organizações e instituições. É preciso passar de uma pastoral de “mera conservação” para uma “pastoral decididamente missionária”. Estamos apenas no início desse processo de “conversão pastoral”, para que a “cultura missionária” passe a fazer parte do dia-a-dia de nossa vida eclesial. Há muito que fazer e caminhar para que nos tornemos uma “Igreja em estado de missão permanente”; mas será promissor para dar nova vitalidade à Igreja no meio dos nossos povos para que, “em Cristo, eles tenham vida”.

A decisão do Papa, de criar um Pontifício Conselho para promover, especificamente, a nova evangelização em toda a Igreja é certamente muito significativa. O Papa dá a entender a todos que este é um propósito seu, e deverá ser uma atitude da Igreja em todo o mundo, para responder aos desafios postos pela atual “mudança de época” na história da humanidade. Não podemos perder esta ocasião, se não queremos que a Boa Nova do Evangelho fique excluída da vida do povo – dos povos – e da nova cultura que está sendo gerada por muitos fatores. O novo Pontifício Conselho é especialmente importante para a Europa, onde o Catolicismo foi historicamente muito importante e marcou a vida e a cultura daqueles povos, mas hoje enfrenta grandes dificuldades.

O conceito de “nova evangelização” poderia ser mal entendido. De fato, não se trata de desconsiderar o trabalho evangelizador já feito pelas gerações que nos precederam, ao longo dos séculos. Trata-se, ao invés disso, de valorizar “de novo”, aquilo que elas já fizeram e que, talvez, deixou de ser feito em muitos lugares. Estamos, claramente, diante de um déficit de evangelização em nossos dias. Por outro lado, tempos novos requerem anúncio novo do Evangelho, novas sínteses culturais e o recurso a novas metodologias para evangelizar. O fato é que não podemos considerar a evangelização, onde ela já foi feita, um fato consumado de uma vez por todas; a bem da verdade, cada geração necessita ser evangelizada novamente e até mais de uma vez ao longo da vida! Tanto mais, se considerarmos que, atualmente, a passagem da fé, da “herança apostólica” e da vida eclesial não acontece mais de forma automática. Há uma ruptura na corrente de transmissão da fé. Quanta dificuldade representa, para os pais, a evangelização dos filhos! E quantos pais católicos, lamentavelmente, já não consideram mais ser sua missão evangelizar os filhos! Eis, pois, como é necessária uma “nova evangelização”!

A mesma preocupação aparece também no tema da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2012, cuja preparação já começou: “A nova evangelização e a transmissão da fé cristã”. Hoje, de fato, tornou-se crucial para a Igreja e o futuro do Cristianismo que a fé, a “herança apostólica” enriquecida por 20 séculos de testemunho cristão, continue sendo transmitida às novas gerações e produza frutos para a vida do mundo. A nova evangelização tem a finalidade de continuar a suscitar discípulos missionários de Jesus Cristo, também em nosso tempo, para que, em Jesus Cristo, nossos povos tenham vida.

 

Card. Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo

 

 

 

 

Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, comemorado pela nossa Igreja todos os anos no dia 1º de janeiro, o papa Bento 16 trata de um tema crucial e delicado: “liberdade religiosa, como caminho para a paz”. É preciso lembrar que o cristianismo começou com um fato de rejeição da Sagrada Família em Belém – “não havia lugar para eles” – e de perseguição e exílio, com a fuga de José e Maria para o Egito, para salvar o menino Jesus da espada do rei Herodes. E houve frequentes perseguições religiosas ao longo da história, não apenas em relação aos cristãos; fatos de cerceamento da liberdade religiosa foram causas de conflitos sociais e até de guerras entre nações. A falta de liberdade religiosa e o desrespeito pela religião são motivos para a perda da paz.
 

E nossa época não está livre disso; pelo contrário, vemos ressurgir em várias partes do mundo uma perseguição aberta aos cristãos, com numerosos martírios, ataques e incêndios a templos e discriminações religiosas de vários tipos. Poucos dias antes do Natal, tivemos a triste notícia do massacre na catedral siro-católica de Bagdad, durante uma missa, no qual perderam a vida 52 pessoas, inclusive dois sacerdotes, além de muitos feridos; na mesma noite do Natal, e ainda depois, houve ataques a cristãos em várias partes do mundo; o papa observa que está em curso uma espécie de “cristianofobia” e os cristãos são, atualmente, o grupo religioso mais perseguido no mundo.
 

O papa não pede privilégios para os cristãos, nem para alguma religião; nem sequer para os crentes em Deus, mas que a liberdade religiosa seja respeitada e a contribuição positiva das religiões para a vida social e cultural seja valorizada. A liberdade religiosa é um dos direitos humanos basilares e expressão da nobre dignidade do ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus, capaz de se transcender, de buscar a verdade, os valores elevados do bem e da justiça, de procurar pelo sentido da vida e de se abrir para o diálogo com Deus. A liberdade religiosa diz respeito, portanto, à sua constituição espiritual do ser humano e ao exercício da sua mais alta dignidade e capacidade; ele não é somente corpo e matéria, nem se realiza apenas com a satisfação de suas necessidades corporais e materiais.
 

Respeitar a liberdade religiosa é dever de todos e o Estado deve assegurar esse direito, junto com outros direitos inalienáveis, como o direito à vida e à alimentação. Embora a Igreja estimule a todos na busca sincera e incansável da verdade e da fé sobrenatural em Deus, ela também ensina que se deve respeitar a consciência e a liberdade religiosa de todos; também daqueles que não têm fé nem religião. Isso não é o mesmo que indiferentismo ou sincretismo, em que uma coisa vale a outra, onde tudo é verdade e nada é verdade. Conhecer e valorizar a própria fé é condição para que se possa compreender, distinguir e valorizar outras formas de crer; o respeito e o apreço sincero pela fé do outro, embora diferente da nossa, não nos deve levar a colocar tudo no mesmo nível, ou até a depreciar a própria fé. O diálogo respeitoso com as outras religiões e o diálogo ecumênico sincero com outros cristãos, não-católicos romanos, precisa ser levado a sério e deve suscitar formas comuns de serviço à comunidade humana, onde a fé em Deus leva a dar-se as mãos em prol da dignidade das pessoas, da solidariedade e da paz.
 

ontrários à liberdade religiosa são o fanatismo e o fundamentalismo, duas manifestações mal esclarecidas ou desviadas de religiosidade; o fundamentalismo torna-se intolerante e não tem a capacidade de apreciar o que há de bom e positivo na religião do outro; o fanatismo quer impor à força as próprias convicções aos outros. Ambas essas atitudes instrumentalizam, de forma ideológica, a religião e o nome de Deus para fins políticos ou econômicos, além de desrespeitar profundamente a liberdade religiosa dos outros. Nada disso é aceitável. A religião verdadeira promove a verdade, a justiça e a solidariedade; o fruto será a paz, embora os discípulos de Cristo devam saber que nunca estarão totalmente isentos de perseguições: “se perseguiram a mim, também perseguirão a vós” (Jo 15,20). Mas o crente em Deus nunca pode tornar-se um perseguidor do outro, ainda mais por causa da religião e do nome de Deus.
Por ser assunto de grande relevância, aconselho os leitores a lerem na íntegra a mensagem do papa Bento 16, podendo encontrá-la facilmente na internet.

 

 

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 04.01.2011

Card. Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo

 

O papa Bento 16 nomeou, nesta quarta-feira (05/12), o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, como membro do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, no Vaticano.

 

Dom Odilo explicou que cada organismo da Cúria Romana tem vários membros, que se reúnem de tempos em tempos com os responsáveis pela condução do dicastério para tratar de assuntos relativos àquele organismo. “Não tenho atribuições diretas nesse

Organismo, a não ser participar de reuniões onde assuntos pertinentes são tratados”.

 

 

O cardeal também destacou que este conselho é um organismo novo, que pretende pensar formas novas de apresentar o Evangelho ao mundo. “Trata-se de um organismo de grande relevância para o atual momento do mundo”.

 

Ele ainda explicou que o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização foi criado há poucos meses pelo papa Bento16, que deseja dar um novo impulso ao trabalho evangelizador da Igreja, sobretudo na Europa, “onde isso se faz hoje muito necessário”. “O papa está dando muita importância a esse organismo, mas, sobretudo, a esse desafio atual”.

 

Dom Odilo também salientou que na América Latina fala-se de “nova evangelização” há mais de 20 anos. “O tema foi tratado especialmente na Conferência Geral de Santo

Domingo, do Episcopado Latino-Americano. Ali o papa João Paulo 2º definiu que a nova evangelização deve ser ‘nova’ no ardor, nos métodos, nas formas”, disse.

 

“Tudo isso precisa ser pensado e tornado operacional. A nova evangelização deve, sobretudo, realizar a finalidade permanente da evangelização: anunciar o Evangelho de Cristo, de muitas formas, para ajudar as pessoas a encontrarem Cristo e, no encontro com ele, acharem o sentido para suas vidas, de maneira que possam aderir a Ele com fé e viver a vida nova que decorre dessa fé”.

 

Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização

 

Criado por Bento 16 em junho de 2010, este organismo da Santa Sé tem a tarefa de “promover uma renovada evangelização nos países onde já ressoou o primeiro anúncio da fé e buscar meios adequados para propor novamente a perene verdade do Evangelho de Cristo”, como afirmou o pontífice na ocasião.

 

O santo padre também destacou que as “Igrejas de antiga fundação”, estão vivendo uma crescente “secularização da sociedade e uma espécie de eclipse do sentido de Deus”, e afirmou que é necessária uma “nova evangelização” já que o homem do terceiro milênio tem uma “fome mais profunda”, que só Deus pode saciar.O primeiro presidente teste pontifício conselho é o arcebispo titular de Voghenza, dom Rino Salvatore Fisichella, que antes presidente da Pontifícia Academia para a Vida.

 

arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer presidirá, no próximo domingo, dia 5, às 15h, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção (Sé), a ordenação diaconal de sete jovens. Desses, três são membros da Comunidade Aliança de Misericórdia.

 

Jefferson Mendes de Oliveira tem 25 anos, mas desde os 13 deseja ser padre. Ele fez uma experiência com os religiosos camilianos, ingressando, depois, no seminário arquidiocesano. “Estou muito feliz, pois é Deus quem me chama e me capacita para servir a Igreja de São Paulo’, disse.

 

Márcio Príncipe também queria ser padre desde a infância, mas só depois de muito tempo, quando já estava formado em ciências da computação, tomou a decisão. Aos 31 anos, ele afirma que “cada instante é uma alegria nova, pois é uma etapa importante de uma caminhada”.

 

Luiz Cláudio de Almeida Braga, de 34 anos, afirmou que vive uma época de muita felicidade. “São oito anos de caminhada que, agora, dá continuidade no ministério ordenado”. Sua inquietação para o sacerdócio começou quando tinha 18 anos. Na época, ele estudava jornalismo. Depois de formado, Luiz decidiu corresponder ao chamado. Ele está no seminário arquidiocesano desde 2006.

 

Tiago Gurgel tem 38 anos e é médico. Já no início da faculdade, ele começou a sentir o desejo de uma “entrega radical da vida”. 11 anos depois, decidiu ingressar no seminário. “Eu me sinto devolvendo a Deus a vida que ele me deu”.

 

Isaac Madureira Silva, de 27 anos, é um dos consagrados da Aliança de Misericórdia. Quando entrou na comunidade, há cinco anos, ele estava namorando. Ao longo da caminhada, começou a discernir que queria ser padre. “Espero poder colocar o dom do diaconato à disposição da comunidade, sobretudo entre os mais pobres”.

 

Israel Mendes Pereira tem 28 anos e desde pequeno sentia o desejo de ser padre. Ingressou no seminário arquidiocesano em 2002. “Dentro do chamado do sacerdócio, eu sentia uma missão mais específica, que eu encontrei na Aliança de Misericórdia”, contou o jovem, que decidiu deixar o seminário para ingressar na comunidade onde deu continuidade aos estudos para o sacerdócio.

 

Leandro Rasera Adorno, de 25 anos, já entrou na Aliança pensando em ser padre, quando ainda não havia formação sacerdotal na comunidade. Na segunda turma de futuros padres da Aliança, ele afirmou que está ansioso pela ordenação e tem esperança em corresponder ao chamado de Deus.O diaconato é o primeiro dos três graus recebidos no sacramento da Ordem (os outros dois são o presbiterado e o episcopado).  De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1570, “Os diáconos participam de modo especial na missão e graça de Cristo. São marcados pelo sacramento da Ordem com um sinal (‘caráter’) que ninguém poder apagar e que os configura a Cristo, que se fez “diácono”, isto é, servidor de todos. Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir o Bispo e os padres na celebração dos divinos mistérios, sobre tudo a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir o funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade.