Papa Bento XVI convocou, por ocasião dos 150 anos da morte do Santo Cura d’Ars – João Maria Vianney –, o Ano Sacerdotal. Comemorado de 19 de junho de 2009 a 19 de junho de 2010, este ano especial terá como tema “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”.

Para explicar um pouco sobre as características de São Vianney, importantes para os sacerdotes, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer conversou com o cancaonova.com durante sua visita à sede da Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).


cancaonova.com: Quais características de São Vianney o senhor considera importantes para o sacerdote hoje?

Dom Odilo Scherer: São João Maria Vianney foi um padre que morreu há 150 anos; portanto, viveu no século XVIII, uma época muito difícil de forte descristianização, de perseguição e ridicularização dos trabalhos da Igreja. Cura d’Ars procurou ser um sacerdote atento ao seu trabalho e à sua missão de celebrar bem os sacramentos. Ele celebrava a Eucaristia, atendia muitas confissões, dava aconselhamentos e era um homem de muita caridade com o próximo, sobretudo com os pobres e doentes. São essas atitudes que hoje devem ser inspiradoras para os padres, para que sejam zelosos e instrumentos de Deus na sua missão, deixando o resto por conta do Espírito Santo, que também faz a Sua parte. Não há tempos tão difíceis nos quais o Espírito Santo não encontre corações atentos que acolham as Suas sábias sugestões e inspirações. Foi a isso que Cura d’Ars se prestou, sendo um padre simples, dedicado às necessidades do povo.

cancaonova.com: Como a família pode colaborar com as vocações sacerdotais?

Dom Odilo Scherer: As vocações nascem nas famílias em que existe o cultivo da vida cristã, o amor à Igreja, o apreço pelas coisas de Deus, ao serviço prestado a Ele e também ao próximo. É claro que elas podem nascer em outros ambientes diferentes, porém, havendo famílias que cultivem intensamente a fé, com certeza, existem melhores condições para que se despertem vocações.

cancaonova.com: Além da vocação, o que é fundamental para ser sacerdote?

Dom Odilo Scherer: É preciso haver o chamado de Deus e é também preciso que a pessoa corresponda a esse chamado. Portanto, existe todo um período de estudos, de formação espiritual e mística, sobretudo de formação religiosa profunda para que o futuro sacerdote seja, verdadeiramente, um bom cristão, um bom discípulo de Jesus Cristo, um exemplo para o povo ao qual ele vai servir. Para ser padre é preciso corresponder à vocação e fazer tudo o que for necessário para responder bem a Deus.
“Para ser padre é preciso corresponder à vocação e responder bem a Deus.”
Foto: Wesley Almeida

cancaonova.com: Como um jovem pode discernir que tem a vocação para o sacerdócio?

Dom Odilo Scherer: O discernimento da vocação começa com a percepção dela. Se alguém sente, interiormente, que gostaria de ser padre, já pode ser um sinal de vocação. Então, deve-se procurar quem possa ajudá-lo a discernir se é isso mesmo; deve-se conversar com um padre, procurar o grupo vocacional da paróquia e fazer um caminho de discernimento vocacional. Depois, preparar-se para ingressar no seminário e poder ser confirmado na sua vocação por intermédio da Igreja que, então, o chama e o ordena padre.

cancaonova.com: Como a Igreja trabalha a formação dos seminaristas?

Dom Odilo Scherer: A Igreja tem uma experiência de formação dos padres por meio de seminários. Mais do que uma casa, o seminário é um período de formação daquele que se sente chamado a ser sacerdote. Ele recebe estudos de fomação espiritual, mística, formação humana, pastoral, para depois desempenhar bem o seu serviço e, evidentemente, também recebe formação teológica. O seminário é um método, um processo de discernimento e formação. A Igreja confirma a necessidade dele e, por isso, ela o exige. Vocação é algo muito sério; não basta alguém dizer “quero ser padre”. A Igreja vai confirmar o chamado e preparar os seminaristas para o desempenho de uma função, que não é dele, mas da Igreja de Jesus Cristo. Por isso, o sacerdote tem de se preparar como a Igreja pede. Não é cada um sendo padre do jeito que quer. A Igreja ajuda no discernimento das vocações para, na medida em que isso é humanamente possível, fazer as escolhas acertadas.
Fonte: www.cancaova.com