Entenda um pouco mais sobre as origens desta grande Solenidade.
Além da tradicional festa do Sagrado Coração de Jesus, neste mês de junho é também comemorada a grande Solenidade de Corpus Christi, do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja festa foi instituída oficialmente no calendário litúrgico pelo Papa Urbano IV, em 1264. A devoção ao Corpo e Sangue de Cristo é de suma importância para o crescimento na fé e na prática das virtudes cristãs. Apesar disso, existe ainda quem não acredite ou tenha dificuldades em crer na presença real de Jesus na Eucaristia. Como, então, acolher e viver melhor a espiritualidade eucarística?
Para aceitar e acolher na fé essa grande festa sagrada da Eucaristia, o fiel precisa, antes, saber dos fundamentos da instituição desta Solenidade.
Conheça os milagres Eucarísticos.
1.O MILAGRE DE BOLSENA
No século XIII, um padre alemão chamado Pedro de Praga, que tinha uma certa dificuldade de crer na Eucaristia, realizou uma peregrinação a Roma. Ao retornar da peregrinação, parou em Bolsena, a cidade de Santa Cristina. Enquanto celebrava a Santa Missa no túmulo de Santa Cristina, ao dizer as palavras da consagração, eis que da Hóstia Consagrada brotou sangue a tal ponto de gotejar em cima do corporal. O padre Pedro ficou perplexo e emocionado. Ainda tentou esconder o fato, porém, interrompeu a Missa e foi, imediatamente, em direção a cidade de Orvieto, que ficava próximo dali. Orvieto era a cidade que residia o Papa Urbano IV.
Ao se encontrar com o Papa, o sacerdote pediu perdão a Deus pela sua incredulidade e contou o fato ocorrido em Bolsena. O Vigário de Cristo, ao ouvir a narração, lembrou-se de Santa Juliana.
1.1 A VISÃO DE SANTA JULIANA
No inicio do século XIII, Santa Juliana teve uma visão dada por Deus, enquanto rezava diante do Santíssimo Sacramento. Era uma lua com todo seu esplendor, porém, com uma mancha ou faixa escura. Esta visão se repetia sempre durante suas adorações eucarísticas. Até que um dia, o Senhor lhe revelou o seu significado. A lua simbolizava a vida da Igreja na terra e a mancha opaca e obscura representava a ausência de uma festa litúrgica voltada exclusivamente para o Corpo e Sangue de Cristo. E Ele pedia a Juliana que fizesse todo o esforço possível para a instituição desta festa. Santa Juliana morreu e não viu a instituição desta solenidade. Porém, depois de alguns anos da morte de Juliana, um sacerdote chamado Tiago Pantaleão de Troyes, que conhecera a santa e também o seu empenho à Eucaristia, se tornou bispo, cardeal e, logo em seguida, o Papa com o nome de Urbano IV, o mesmo que recebera o Padre Pedro.
1.2 INVESTIGAÇÃO E INSTITUIÇÃO DA SOLENIDADE DO CORPUS CHRISTI
O Papa Urbano IV enviou alguns teólogos e estudiosos, dentre eles, Santo Tomás de Aquino e São Boaventura, para realizar uma detalhada investigação do fato. Depois de um tempo, quando o fato foi confirmado, ele solicitou ao bispo de Bolsena que trouxesse a Orvieto a Hóstia Consagrada que havia sangrado, juntamente, com o corporal contendo o sangue de Cristo. Quando o bispo de Bolsena chegou a Orvieto com as relíquias, fizeram uma verdadeira procissão com grande solenidade em direção a catedral da cidade.
Diante destes dois fatos históricos importantíssimos, o Papa Urbano IV instituiu a solenidade do Corpus Christi em 1264, um ano após o milagre de Bolsena. Pediu para que os teólogos e estudiosos que foram fazer a investigação do milagre, confeccionassem os textos litúrgicos referentes a Corpus Christi, ou seja, que seriam usados na festa. Cada um compôs os seus textos. E no dia marcado, todos se reuniram para escolher os melhores textos. O primeiro a expor os textos foi Santo Tomás de Aquino. Quando ele terminou sua exposição, imediatamente, todos os outros rasgaram os textos que haviam preparado, inclusive, São Boaventura, porque ficaram perplexos com a beleza e profundidade de Tomás de Aquino. Hoje, temos os belos hinos escritos por ele.
1.3 RETOMAR O AMOR À EUCARISTIA
Como vimos, a instituição da solenidade de Corpus Christi nasceu em um contexto de incredulidade de um sacerdote. Isso é uma realidade atualíssima. Pois, a fé no Santíssimo Sacramento parece perder-se a cada dia. Quantas profanações e sacrilégios. Quantas participações na Santa Missa de qualquer jeito, sem nenhuma reverência, zelo e respeito. Quantas comunhões frias, gélidas. Muitos recebem o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo como se fosse um alimento qualquer. Com esta festa da Eucaristia, somos chamados a retomar o nosso amor e reverência ao Santíssimo Sacramento. Assim como Santa Juliana, devemos ter um empenho e esforço de amor à Eucaristia. Devemos ser uma seta que aponta Jesus. A mancha, que simbolizava a ausência da festa litúrgica na vida da Igreja, pode se encontrar no nosso coração, quando não recebemos Jesus com a devida reverência ou esquecemos de adorá-lo no tabernáculo. Esta Solenidade é uma grande oportunidade de destruirmos toda incredulidade e mancha que há em nós referentes à Eucaristia.
Padre Bruno Franco
É membro do núcleo da Comunidade Canção Nova desde 2005, frente de missão de Fortaleza-CE.
Instagram: @padrebrunocoelhocn