A escuridão traz incerteza, medo e insegurança. Mas Deus, não deixa de sinalizar que está ao nosso lado.
No dia 27 de março, o Papa Francisco fez uma homilia, por ocasião da Bênção extraordinária Urbi et Orbi, na qual dizia o seguinte: “‘Ao entardecer…’ (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas (…)”. O Santo padre se referia à passagem bíblica na qual a tempestade surpreende a barca dos discípulos e de Jesus. E ligou este trecho do evangelho com a situação gerada pela pandemia do Covid-19 que vivemos.
Bem, os discípulos não imaginavam que ainda iriam passar por um momento de trevas muito mais intenso, ocasionado pela paixão e morte de seu mestre e amigo, Jesus. O evangelho diz que quando Jesus foi pregado à cruz, houve escuridão do meio dia às três horas da tarde (Mt 27,45). Com a morte de Cristo, a expectativa da instauração do Reino de Deus “foi por água abaixo”. As sombras obscureciam, agora, as mentes dos discípulos, impedindo-os de enxergar o cumprimento da vontade de Deus (Lc 24, 13-35).
Houve, porém, uma terceira escuridão. Esta diferente das outras. Foi a escuridão da madrugada do domingo da ressurreição. Quando ainda estava escuro, apareciam os sinais do Redentor, do Ressurreto (Jo 20,1). Maria Madalena, antes de ver o Ressuscitado, vê os sinais da ressurreição. Ela foi a primeira a ver que a pedra havia sido removida do sepulcro. Ela vê os anjos vestidos de branco. Ela vê o seu Mestre, mas pensa que é o jardineiro. Jesus dá o definitivo sinal de que era Ele: a sua voz. Ele a chama pelo nome. A dor e a escuridão se vão, desfazem-se como fumaça.
Certamente, no momento de pandemia em que vivemos, o Senhor dá sinais de que está vivo e olha para nós, vela por nós e está muito próximo de nós. Talvez, você tenha percebido sinais de um tempo novo que surge: o cuidado com os de casa, com os vizinhos, com os idosos, com as gestantes, a preocupação se os outros têm o que comer… Pergunto-lhe: você não tem a sensação de que os nossos dias e as nossas relações nunca mais serão as mesmas? E falo isso do ponto de vista positivo (mesmo não ignorando que existam aproveitadores de toda ordem agora também).
Mas é que em momentos de crise, como a guerra ou mesmo a peste, o espírito humano pode se abrir e dar vazão para aquilo que lhe é próprio, profundo e mais enraizado do que seu DNA: a imagem e semelhança de Deus. Daí extrai energias que o fazem transpor quaisquer barreiras. E Deus não deixa de sinalizar que está ao nosso lado. A ressurreição de Cristo é a poderosa demonstração d’Ele de que a última palavra sobre a realidade pertence aos Céus, pertence ao Bem.
Termino dizendo que é bem verdade que a escuridão traz incerteza, medo e insegurança. Entretanto, pela Cruz e Ressurreição, passamos a ser regidos definitivamente por Aquele que disse ser a Luz do mundo.
Coragem! A escuridão passa, desaparece, fenece, “morre”. Nós temos o Vivente.
Feliz Páscoa!
Padre Alexsandro Freitas (Pe. Alex)
Membro do núcleo da Comunidade Canção Nova desde 2006. Foi ordenado sacerdote em 2016 e desde este mesmo ano atua como Responsável da Frente de Missão da Canção Nova em Fortaleza.