Solenidade de Todos os Santos

1º de Novembro – Solenidade de Todos os Santos

Hoje, no dia 03 de novembro, a Igreja do Brasil celebra a Solenidade litúrgica do dia de Todos os Santos, que tem o seu lugar no calendário litúrgico no dia 1º de novembro. Gostaríamos de fazer uma reflexão sobre esta realidade que faz parte dos nossos artigos de fé, baseando-nos nas leituras deste dia solene.

Bem, mas o que celebramos neste dia? Gostaríamos de nos deter a duas verdades: a santidade de Deus e a santidade dos homens. Esta última derivada, claro, da santidade de Deus.

Em primeiro lugar, vamos nos ater à primeira verdade, a santidade de Deus. No livro do Levítico, já sentenciava o Senhor: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv 19,2). Neste sentido, Jesus também disse: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Assim, quando honramos os santos e santas de Deus, não é possível fazê-lo sem honrar a santidade de Deus.

Atestando isso, a Igreja reza, no 17º Domingo do Tempo Comum, a seguinte oração da coleta: “Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo”. Deus é Santo, e reconhecemos sua santidade com a Primeira Leitura de hoje que diz que a multidão dos santos, daqueles que traziam as vestes brancas e palmas nas mãos, adoravam a Deus dizendo: “Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém” (Cf. Ap 7,2-4.9-14).

A segunda verdade de nossa fé que celebramos na Solenidade de Todos os Santos é a de que ao homem foi dado participar da vida divina, da natureza de Deus (Cf. 2Pd 1,4). Poderíamos dizer de outro modo: ao honrarmos os santos, meditamos a vida divina no seu lugar próprio na vida do homem, a saber, o primeiro.

São Paulo diz que a vontade de Deus é a santificação do homem (Cf. 1Ts 4,3). E na Segunda Leitura de hoje, nos é dito que “quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1Jo 3,2-3). Uma vez que nos tornamos o que contemplamos, ver Jesus é tender a ser como Ele. Quem tem a esperança de ser como Jesus, purifica-se a si mesmo, ainda que lentamente, quer dizer, santifica-se a si mesmo continuamente.

Não é possível iniciar o processo de santificação e depois ficar estacionado. Santo Agostinho chega a dizer: “Paraste? morreste!” Conheci a história de um atleta que conseguiu com seu esforço chegar a um alto nível de performance. Contudo, este homem que poderia alcançar um patamar ainda maior, decidiu ficar por ali mesmo. Para ele já estava bom. Seu projeto era chegar a um certo estágio em que poderia ter o status de um bom atleta, mas não queria ser privado de certas coisas, que poderíamos chamar de “normais”, que todo mundo faz. Ele não queria uma vida “comprometida demais”.

Quem começa o caminho da santidade não pode mais parar. Pois, nesta via, a proposta sempre será: “ou santos ou nada”, como nos diz o Mons. Jonas Abib. A este propósito, o Evangelho das Bem-aventuranças vem em nosso socorro (Mt 5,1-12). E com ele gostaríamos de encerrar nossa meditação.

Vimos que a santidade é a participação na vida de Deus, mais, é a vida de Deus na vida do homem. As Bem-aventuranças são o retrato falado de Jesus. Se olharmos a vida de Cristo, vemos que tudo o que Jesus indicou neste Evangelho é uma auto-expressão. Isso quer dizer que se nos aplicarmos a viver as Bem-aventuranças, será Jesus mesmo a viver em nós. Os santos foram santos porque tiveram Cristo vivendo as Bem-aventuranças em suas vidas.

O problema é que para ter Cristo vivendo em nós, vamos ter que andar na contramão do mundo, e não queremos ser diferentes (como aquele atleta), porque vão nos estranhar. Não queremos perder nossa boa aceitação, nem a simpatia do mundo. Queremos ser iguais a todos e não ser notados.

Jesus diz que se o mundo nos odeia, nós devemos nos alegrar, porque será grande a nossa recompensa. Pois, o que é melhor: ser bem quisto pelo mundo e rejeitado por Deus, ou ser odiado pelo mundo e acolhido por Deus? Se o mundo nos acolher, será por pouco tempo, enquanto seremos rejeitados por Deus para sempre; se o mundo nos odiar, também será por pouco tempo nesta terra, enquanto Deus nos receberá para sempre no céu.

Pe. Alexsandro Freitas
Missionário da Comunidade Canção Nova

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