Hoje a Igreja celebra a solenidade de São Pedro e São Paulo. Nesta ocasião, a liturgia nos apresenta a leitura de At 12, 1-11 como reflexão para a 1ª leitura.
Lá é dito que o rei “Herodes prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E vendo que isso agradava os judeus, mandou também prender a Pedro (v. 1-3)”. Uma realidade se sobressai de maneira magistral neste episódio: “Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele (v. 5)”. A Igreja rezava constantemente por aquele que o Senhor deu a primazia, como podemos ver no Evangelho de hoje – Mt 16, 13-19 – mais especificamente neste trecho: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus, tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus (v. 18-19)”.
Sobre São Paulo, a 2ª leitura apresenta sua segunda Carta a Timóteo, num trecho em que ele expressa sua tamanha alegria em servir e ter servido sempre ao Senhor em obediência: “Quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa (2 T. 4, 6-7)”. Na Carta aos Gálatas, São Paulo expressa com clareza que seu chamado foi por graça e vontade do Senhor: “Irmãos: quanto aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça se dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos, não consultei carne nem sangue nem subi, logo a Jerusalém para estar com os que eram apóstolos antes de mim (1, 15-17a)”. More
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor
São João Paulo II em sua Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, escrita em 2003, afirma que “a devota participação dos fiéis na procissão eucarística da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é uma graça do Senhor que anualmente enche de alegria quantos nela participam (n. 10)”.
Neste mesmo número da Ecclesia de Eucharistia ele afirma que nos lugares em que há amplo espaço para adoração do Santíssimo Sacramento, este mesmo é fonte inesgotável de santidade. Mas, ainda assim, ciente dos abusos que se é possível verificar no âmbito eclesial, neste mesmo número ele faz uma afirmação enfática de uma realidade que lhe causava tristeza, dizendo:
A par destas luzes, não faltam sombras, infelizmente. De fato, há lugares onde se verifica um abandono quase completo do culto de adoração eucarística. Num contexto eclesial ou outro, existem abusos que contribuem para obscurecer a reta fé e a doutrina católica acerca deste admirável sacramento. Às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que assenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio.
Afirma ainda que “O culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do sacrifício eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa – presença essa que perdura enquanto subsistirem as espécies do pão do vinho (n. 25)”.
Também o hoje Papa emérito Bento XVI falou sobre a necessidade da adoração ao Santíssimo Sacramento na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis. No número 66 ele afirmou o seguinte:
Um dos momentos mais intensos do Sínodo vivemo-lo quando fomos à Basílica de São Pedro, juntamente com muitos fiéis, fazer adoração eucarística. Com aquele momento de oração, quis a assembleia dos bispos não se limitar às palavras na sua chamada de atenção para a importância da relação intrínseca entre a celebração eucarística e a adoração. Neste significativo aspecto da fé da Igreja, encontra-se um dos elementos decisivos do caminho eclesial que se realizou após a renovação litúrgica querida pelo Concílio Vaticano II. Quando a reforma dava os primeiros passos, aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da ideia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido.Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento; já Santo Agostinho dissera: « Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; (…) peccemus non adorando – ninguém come esta carne, sem antes a adorar; (…) pecaríamos se não a adorássemos ».(Enarrationes in Psalmos 98, 9: CCL 39, 1835). De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d’Aquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. Com efeito, ‘somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo e verdadeiro. Precisamente neste ato pessoal de encontro com o Senhor amadurece depois também a missão social, que está encerrada na Eucaristia e deseja romper as barreiras não apenas entre o Senhor e nós mesmos, mas também, e sobretudo, as barreiras que nos separam uns dos outros’.
Hoje é a Solenidade de Corpus Christi, a Igreja possui um Canto preciosíssimo para expressar o Mistério da Encarnação e a realidade da Transubstanciação do Pão e do Vinho no Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. Pange Língua é um hino composto por Santo Tomás de Aquino (1225-1274) para a Solenidade de Corpus Christi. Pange língua é um termo em latim que na língua portuguesa significa Canta ó língua. A parte mais conhecida deste hino se encontra nas duas últimas estrofes, o Tantum Ergo, que comumente chamamos Tão Sublime.
Segue abaixo, após o vídeo, o texto em português utilizado na Liturgia das Horas. Por questões de métrica, o texto não é uma tradução exata, mas foi feito de forma que a ideia se aproxime do original. More
Vamos participar da festa da Páscoa, por enquanto ainda em figuras, embora mais claramente do que na antiga lei (a Páscoa legal era, por assim dizer, uma figura muito velada da própria figura). Mas, em breve, participaremos de modo mais perfeito e mais puro, quando o Verbo vier beber conosco o vinho novo no reino de seu Pai, revelando definitivamente o que até agora só em parte nos mostrou. A nossa Páscoa é sempre nova.
Qual é essa bebida e esse conhecimento? A nós compete dizê-lo; e ao Verbo compete ensinar e comunicar essa doutrina a seus discípulos. Porque a doutrina daquele que alimenta é também alimento.
Quanto a nós, participemos também dessa festa ritual, não segundo a letra mas segundo o Evangelho; de modo perfeito, não imperfeito; para a eternidade, não temporariamente. Seja a nossa capital, não a Jerusalém terrestre, mas a cidade celeste; não a que é agora arrasada pelos exércitos, mas a que é exaltada pelo louvor e aclamação dos anjos. More
Conheça um pouco mais a história de vida do Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia desde 1980. Seu testemunho pessoal é marcado pela ação do Espírito Santo. Será muito bom você conhecer aquilo que ele mesmo diz de si mesmo e da ação do Espírito em sua vida.
Boa Leitura!
@edisoncn
Sinais de Pentecostes
No início, Adão era uma estátua de barro, porém Deus soprou sobre ele um espírito de vida e ele se tornou um ser vivo. Muito tempo depois, o Espírito de Deus veio sobre Maria e nela apareceu uma nova vida, a vida do novo Adão; a vida deu um grande salto de qualidade! Mais tarde, o Espírito de Deus veio ao sepulcro de Cristo e o reanimou e fez Jesus retornar à vida.
Mais uma vez, o Espírito veio sobre os apóstolos, em Pentecostes, e encontrou um punhado de homens temerosos, medrosos, inertes como Adão quando era uma estátua de barro e, com suas línguas de fogo, o Espírito fez aparecer a Igreja, corpo vivo de Cristo. Nós, que somos a Igreja, somos corpo vivo de Cristo pelo Espírito Santo.
A cada Eucaristia, o Espírito Santo desce sobre o altar e transforma o pão e o vinho em corpo e sangue vivo de Cristo. E um dia, no fim do mundo, o Espírito virá e dará vida aos nossos corpos mortais e nos fará ressurgir para a vida eterna.
De Saulo a Paulo
Agora vou lhes contar sobre a vida nova que o Espírito Santo me deu. More
De maneira simples, poderíamos dizer que orar é fazer oração de maneira espontânea, rezar seria recitar alguma oração já existente e oficial. Por exemplo, existe a oração do Pai Nosso, mas eu rezo o Pai Nosso, existe a oração da Ave Maria, mas eu rezo a Ave Maria.
Mas a grande verdade é que quando rezamos nós oramos e quando oramos nós rezamos.
Se me cabe uma consideração, a melhor diz respeito à valorização que precisamos ter dos pequenos momentos de encontro com Deus.
Será que temos criado momentos de oração. Temos feito de cada momento de nossa vida uma oportunidade para deixar que Deus se aproxime de nós? More
A vida espiritual dos primeiros cristãos tem ênfase na espiritualidade simples dos Padres Apostólicos, que era fortemente marcada pelo Kerigma e por tendência escatológica. Além da influência do judaísmo, da espiritualidade paulina e do caráter catecumenal da catequese, há ainda referência à espiritualidade do martírio como forma de imitar o Cristo Crucificado. O martírio era entendido como a luta do próprio Cristo que vence no mártir e luta contra o mal, nunca contra os seus perseguidores. Era entendido ainda como o caminho mais seguro de encontro com Deus, mas este não deveria ser buscado por motivos pessoais egoístas.
Nossa Senhora e o menino na catacumba de Comodila
Já os Padres Apologetas, tinham uma espiritualidade mais voltada para interlocutores externos a fim de justificar e defender a fé. Segundo eles a fé não era privada de racionalidade e Cristo já estava sendo revelado na Filosofia e no Antigo Testamento. Neles o caminho para Deus passa primeiro pelo conhecimento de si. Tinham menor acento místico que os Padres apostólicos. Diferentemente destes, que afirmavam uma escatologia eminente na qual os cristãos deveriam ter vida santa para que esta realidade se apressasse, os Apologetas acreditavam que a caridade os salvaria do eminente fim e do juízo final. Eles também valorizavam a vida comunitária que se constrói em torno da Palavra e da Eucaristia. More
Segundo Raniero Cantalamessa, Maria é a proclamação viva e concreta de que a graça é a realidade primordial no relacionamento entre Deus e as criaturas.
Segundo ele, a graça é o espaço, é o lugar onde a criatura pode encontrar o seu Criador.
Maria é a cheia de Graça, mas na Sagrada Escritura também Deus é apresentado como cheio de graça (cf. Ex 34, 6). Ele esclarece que Deus é cheio de graça num sentido ativo, como aquele que preenche de graça; Maria, segundo sua análise – e junto com ela qualquer outra criatura – é cheia de graça num sentido passivo, como aquela que é preenchida de graça. Entre ambos está Cristo, o Mediador que é “cheio de graça” (Jo 1, 14) nos dois sentidos: no sentido ativo e no sentido passivo. Como Deus e chefe da Igreja, ele doa a graça, como homem, é preenchido de graça pelo Pai e até mesmo “cresce em graça” (cf. Lc 2, 52). More
Lendo o Evangelho de São João, mais especificamente o capítulo primeiro, algumas atitudes de João Batista me marcaram neste dia. Vou ressaltar as que considero as principais diante da experiência espiritual que vivi. Mais propriamente as três atitudes que revelam a intimidade que preciso assumir com a Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo, a partir das mencionadas atitudes.
Enquanto João batizava ele viu Jesus aproximar-sedele (Jo 1, 29). Essa atitude me marcou, revelou-me que em minha caminhada espiritual eu preciso constantemente policiar os meus olhos para que sempre olhem para Jesus, para que eu o veja.
Como se não bastasse estar vendo Jesus, João Batista ainda viu o Espírito Santo descer sobre Jesus como uma pomba (Jo 1, 32). Aqui eu perguntei a mim mesmo se tenho percebido as ações e a presença do Espírito Santo em minha vida, em meu viver. More