Como se deve entender a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica?

Comentários desativados em Como se deve entender a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica?

A Igreja de Cristo subsiste na Igreja CatólicaComo se deve entender a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica?

O que significa esta afirmação?

O Concilio Vaticano II fala sobre eclesiologia na Constituição dogmática Lumen gentium, nos Decretos sobre o Ecumenismo Unitatis redintegratio e sobre as Igrejas Orientais Orientalium Ecclesiarum.

Em Junho de 2007 a Congregação para a Doutrina da Fé respondeu algumas questões sobre alguns aspectos da Doutrina sobre a Igreja[1] por conta de desvios e ambiguidades no que se refere a este tema. Segundo o documento, com o Concílio Vaticano II, não se quis modificar a precedente doutrina sobre a Igreja, recorrendo assim às palavras de Paulo VI na promulgação da Constituição Lumen Gentium:

“Não pode haver melhor comentário para esta promulgação do que afirmar que, com ela, a doutrina transmitida não se modifica minimamente. O que Cristo quer, também nós o queremos. O que era, manteve-se. O que a Igreja ensinou durante séculos, também nós o ensinamos. Só que o que antes era perceptível apenas a nível de vida, agora também se exprime claramente a nível de doutrina; o que até agora era objeto de reflexão, de debate e, em parte, até de controvérsia, agora tem uma formulação doutrinal segura”[2]

Para este artigo me detenho sobre a seguinte questão:

Como se deve entender a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica?

Sobre esta questão a Congregação respondeu da seguinte maneira:

Cristo “constituiu sobre a terra” uma única Igreja e instituiu-a como “grupo visível e comunidade espiritual”[3], que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos[4]. “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos como sendo una, santa, católica e apostólica […]. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele”[5].Na Constituição dogmática Lumen gentium 8, subsistência é esta perene continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo na Igreja católica[6], na qual concretamente se encontra a Igreja de Cristo sobre esta terra.Enquanto, segundo a doutrina católica, é correto afirmar que, nas Igrejas e nas comunidades eclesiais ainda não em plena comunhão com a Igreja católica, a Igreja de Cristo é presente e operante através dos elementos de santificação e de verdade nelas existentes[7], já a palavra “subsiste” só pode ser atribuída exclusivamente à única Igreja católica, uma vez que precisamente se refere à nota da unidade professada nos símbolos da fé (Creio… na Igreja “una”), subsistindo esta Igreja “una” na Igreja católica[8].

Segundo o documento, o uso desta expressão subsiste na, que indica a plena identidade da Igreja de Cristo com a Igreja católica, não altera a doutrina sobre Igreja, mas encontra a sua razão de verdade no fato de exprimir mais claramente como, fora do seu corpo, se encontram “diversos elementos de santificação e de verdade”, “que, sendo dons próprios da Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica”[9].

@edisoncn


[1] CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Resposta a questões sobre alguns aspectos da Doutrina sobre a Igreja, 2007.

[2] PAULO VI, Alocução de 21 de Novembro de 1964.

[3] Cf. CONCILIO ECUMÊNICO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, 8.1.

[4] Cf. CONCILIO ECUMÊNICO VATICANO II, Decr. Unitatis redintegratio, 3.2, 3.4, 3.5, 4.6.

[5] CONCILIO ECUMÊNICO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, 8.2.

[6] Cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Ecclesiae, 1.1; Decl. Dominus Iesus, 16.3; Notificação sobre o livro de Leonardo Boff, “Igreja: carisma e poder”.

[7] Cf. JOÃO PAULO II, Carta enc. Ut unum sint, 11.3.

[8] Cf. CONCILIO ECUMÊNICO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, 8.2.

[9] Cf. Ibid.

Comments are closed.