Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são conhecidos como Evangelhos Sinóticos devido a conterem uma grande quantidade de histórias em comum, na mesma sequência, e algumas vezes, utilizando exatamente a mesma estrutura e utilizando até as mesmas palavras.
O nome sinótico vem do grego συν, “syn” («junto») e οψις, “opsis” («ver») -, os assuntos neles abordados correspondiam quase inteiramente, ou seja, são classificados assim, por apresentarem uma mesma visão ou mesmo ponto de vista sobre os acontecimentos.
Muitos estudiosos acreditam que esses evangelhos compartilham o mesmo ponto de vista e são claramente ligados entre si.
Quanto ao quarto evangelho canónico, o evangelho de João, relata a história de Jesus de um modo substancialmente diferente, pelo que não se enquadra nos sinóticos. Desta maneira, temos quatro evangelhos canónicos, dos quais três são sinóticos.
Vamos entender melhor como os exegetas estruturaram este estudo: veja a Figura e depois entenda o que foi nela descrito :

Parte do conteúdo presente em todos os três evangelhos sinópticos é chamada de tripla tradição. Isso inclui a maioria das narrativas sobre os eventos da vida de Jesus, iniciando pelo seu batismo e terminando com a descoberta do túmulo vazio após a crucificação. Também incluem algumas das parábolas (tais como a parábola do grão de mostarda. A tripla tradição é responsável por 76% do texto de Marcos. Parte desse material está presente em quase todos os evangelhos, e algumas vezes com pequenas variações, existem ainda alguns casos notáveis, chamados “acordos menores”, aonde Mateus e Lucas entram em acordo entre si na estrutura de palavras diferindo de Marcos.
Por sua vez, a dupla tradição explica o material (200 versos) compartilhado entre Mateus e Lucas, porém ausentes em Marcos. Esse conteúdo consiste quase que inteiramente nos discursos e ensinamentos de Jesus, e inclui a maior parte do Sermão da Montanha e a maioria das parábolas. Adicionalmente, a dupla tradição inclui três versos (Mateus 3:8-10) que são atribuídos a João Batista, (o último verso desse grupo também aparece em Mateus 7:19, atribuído a Jesus), e por fim a história do servo do centurião (Mateus 8:5-13).
O material de Marcos-Mateus, compartilhado entre ambos, inclui a história da morte de João Batista, diversos milagres (incluindo uma das duas ocorrências de alimentando multidões, a versão expandida do texto sobre a proibição do divórcio (Mt. 19:1-8), e também a narração da morte de Jesus (Marcos 15:34-41).
O material de Marcos-Lucas é limitado a um incidente isolado em Cafarnaum, envolvendo um exorcismo. (Marcos 1:21-28).
O material exclusivo de Marcos consiste em alguns versos (40), incluindo entre outros, Marcos 3:20-21, a parábola da semente e da colheita (Marcos 4:26-29), dois milagres (Marcos 7:31-37 e Marcos 8:22-26), dois fragmentos sem significação óbvia em Marcos 9:49 e Marcos 14:51-52, e o verso em Marcos 16:8, no qual há a declaração da mulher que descobriu o túmulo vazio e não disse nada a ninguém.
O material exclusivo de Mateus ou Lucas é bastante extenso. Este inclui dois distintos, porém similares factos sobre a genealogia de Jesus, duas narrativas distintas de nascimento, e duas narrativas sobre a ressurreição. Mateus adiciona diversas declarações ao Sermão da Montanha, várias parábolas (incluindo “a parábola do credor incompassivo”, a “parábola das ervas daninhas” e “a parábola dos trabalhadores da vinha”), a profecia do julgamento final (Mateus 25:31-46), e descreve o suicídio de Judas Iscariotes. Lucas também traz múltiplos milagres e parábolas exclusivas (exemplo: A parábola do Bom Samaritano). Muitos detalhes dos últimos dias de Jesus somente podem ser encontrados em Mateus e Lucas. Por exemplo, Mateus é o único evangelho que declara que Jesus entrou em Jerusalém sobre dois animais (Mateus 21:2-7). Mateus é o único evangelho que declara que o túmulo de Jesus foi guardado por soldados. Lucas é o único evangelho que relata que um dos ladrões crucificados próximo a Jesus se arrependeu e recebeu de Jesus a promessa do Paraíso. (Lucas 23:40-43).