Vamos falar de Castidade?
Em Mt 5, 27-32, ainda no conhecido “Sermão da Montanha”, Jesus menciona o sexto mandamento da Lei de Deus, “Não cometerás adultério”. Jesus é radical ao dizer, “se teu olho te leva a pecar, arranca-o. É melhor entrar no Reino dos Céus sem um olho do que o corpo inteiro ir para o Inferno”. Antes de olhar para esta frase de maneira literal, precisamos entender o que nos leva a pecar, quando de fato estamos cometendo o pecado, que significa “errar o alvo”.
No 2336 do Catecismo da Igreja Católica, a Sagrada Tradição da Igreja afirma que o sexto mandamento engloba o conjunto da sexualidade humana. Daí se extraem todos os assuntos referentes ao dom da sexualidade humana, que nos foi dado pelo próprio Deus ao nos criar à Sua Imagem e Semelhança. Veja, a sexualidade é um DOM, uma GRAÇA de Deus, algo que Deus pensou e planejou de maneira tão perfeita que pode nos fazer plenamente felizes. O sexo, que muitos reduzem apenas ao “ato sexual” em si, é um detalhe importante e essencial de todo o conjunto da sexualidade humana.
O mau uso de um dom, ou a sua negação, pode nos levar ao PECADO. E pecado consiste em infringir qualquer mandamento de Deus e, que dependendo das circunstâncias, pode ser um pecado mortal. É válido dizer que pecado mortal não são somente os pecados cometidos contra o dom da sexualidade, ou como se diz comumente, os pecados da carne, não! Qualquer pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente, é pecado mortal, afirma a nossa Igreja nos 1857 e 1858 do CIC. Ou seja nossa liberdade que deveria ser orientada para o Sumo Bem, pode nos levar para o Inferno, se for mal usada.
Falamos de pecado para então entendermos o que a Igreja nos propõe a respeito da Castidade, que é uma virtude, um fruto da ação do Espírito Santo em nossas vidas, como afirma Paulo em sua Carta aos Gálatas. Mas, isso é fato, não há como compreender e assimilar a castidade se não houver dentro de nós um propósito de santidade, se não houver em nós uma decisão de seguir a Cristo como fruto de uma experiência profunda de encontro pessoal com o próprio Jesus. Castidade se aprende a viver, é fruto de um discipulado, de um seguimento, de um projeto de vida com Cristo.
A Igreja também nos ensina que a “temperança é a virtude que comanda a castidade”. Ter têmpera, ter firmeza, ser resistente às propostas do mundo, e também ser “resiliente” diante das realidades que vivemos, o que significa concretamente DAR UMA RESPOSTA DIFERENTE aquilo que nos é proposto de maneira cruel, sedutora e maliciosa todos os dias pelos meios de comunicação, pela Internet, pelos OUTDOORS, e pelas pessoas contaminadas pelos pecados que ofendem a castidade.
As ofensas à castidade são: luxúria, masturbação, fornicação, pornografia, prostituição, estupro e a homossexualidade.
Interessante perceber que a Igreja não diminui as pessoas que vivem na Homossexualidade, mas trata como ela deve tratar a questão, ou seja, como uma mãe cuida de um filho ao perceber que algo na sua vida, ou no seu corpo, não está lhe fazendo bem. A Igreja é Mãe! Vamos ver como?
Transcrevo aqui o texto do próprio Catecismo:
CASTIDADE E HOMOSSEXUALIDADE
2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (103) a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados» (104). São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
2359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
A Igreja chama cada um de nós a uma vida santa, uma vida pura e casta, pois é assim que o Pai do Céu nos quer, puros e santos. Não é só para quem é solteiro, não, a castidade é para os casados, para aqueles que estão na viuvez e também para quem está na virgindade, até que se defina o seu estado de vida.
Interessante falar de castidade para quem é casado, mas por experiência própria, penso que é muito mais difícil viver a castidade depois de casado. É um constante reassumir com Deus, no meu coração, a escolha que fiz dizendo SIM à minha esposa diante de Deus e dos homens, e dizendo NÃO a todas as outras mulheres, até que a morte nos separe.
Castidade exige pureza de coração, exige temperança, é virtude, e portanto uma força que se adquire com muito exercício. Agora, se não for por AMOR, de nada vale!
A Igreja nos ensina, pra concluir, que a “caridade é a forma de todas as virtudes”. Eu vivo e quero viver a CASTIDADE por amor a Deus, por amor a minha esposa e amor aos meus filhos, e você? Topa o desafio??
Márcio Todeschini
Comunidade Canção Nova
Ministério Amor e Adoração