A tentação não é um perigo para a alma? Não seria imensamente preferível nunca sermos tentados? Somos espontaneamente levados a invejar aqueles que nunca sofrem tentações, dizendo: «Feliz o homem que nunca sofreu estes assaltos!».
Talvez seja esse, com efeito, o conselho da nossa sabedoria humana. Mas Deus, que é a verdade infalível, a fonte da nossa santidade e da nossa beatitude, diz-nos o contrário: «Feliz o homem que suporta a tentação» (Tg 1,12). […] Porque será que o Espírito Santo chama «feliz» a este homem, quando nós temos tendência para pensar o contrário? […] Será por causa da tentação propriamente dita? Evidentemente que não. É porque Deus Se serve dela para obter uma prova da nossa fidelidade; a nossa fidelidade — sustentada pela graça, naturalmente — é fortalecida e manifestada na luta, sendo a coroa da vida finalmente concedida à vitória (cf Tg 1,12).
A tentação que a alma suporta pacientemente é uma fonte de méritos para ela e de glória para Deus. Pela sua constância na prova, a alma torna-se um testemunho vivo da força da graça: «Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder» (2Cor 12,9). Deus espera que Lhe prestemos esta homenagem e Lhe demos esta glória. […] Cristo Jesus está connosco, em nós, e não há nada que seja mais forte do que Ele.
– Beato Columba Marmion