Diante dos avanços e a rapidez da informação – que por um lado tem seus pontos positivos – e tantos outros fatores, a sociedade do nosso século XXI vive um momento de crise. Estamos perdendo tantos valores essenciais que por anos perpetuaram no seio da família.
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Lendo e pesquisando sobre o “Sociedade Liquida” quis me aprofundar no assunto, que me chamou muito atenção. Encontrei uma entrevista na Revista Isto é do sociólogo polonês, Zygmunt Bauman que explica claramente sobre o assunto que convido você leitor deste blog a ler e refletir.
Eis alguns trechos:
ISTOÉ – O que caracteriza a “modernidade líquida”?
ZYGMUNT BAUMAN –
Líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor pressão. Na verdade, são incapazes de manter a mesma forma por muito tempo. No atual estágio “líquido” da modernidade, os líquidos são deliberadamente impedidos de se solidificarem. A temperatura elevada — ou seja, o impulso de transgredir, de substituir, de acelerar a circulação de mercadorias rentáveis — não dá ao fluxo uma oportunidade de abrandar, nem o tempo necessário para condensar e solidificar-se em formas estáveis, com uma maior expectativa de vida.
ISTOÉ – As pessoas estão conscientes dessa situação?
ZYGMUNT BAUMAN
Acredito que todos estamos cientes disso, num grau ou outro. Pelo menos às vezes, quando uma catástrofe, natural ou provocada pelo homem, torna impossível ignorar as falhas. Portanto, não é uma questão de “abrir os olhos”. O verdadeiro problema é: quem é capaz de fazer o que deve ser feito para evitar o desastre que já podemos prever? O problema não é a nossa falta de conhecimento, mas a falta de um agente capaz de fazer o que o conhecimento nos diz ser necessário fazer, e urgentemente. Por exemplo: estamos todos conscientes das conseqüências apocalípticas do aquecimento do planeta. E todos estamos conscientes de que os recursos planetários serão incapazes de sustentar a nossa filosofia e prática de “crescimento econômico infinito” e de crescimento infinito do consumo. Sabemos que esses recursos estão rapidamente se aproximando de seu esgotamento. Estamos conscientes — mas e daí? Há poucos (ou nenhum) sinais de que, de própria vontade, estamos caminhando para mudar as formas de vida que estão na origem de todos esses problemas.
Assista ao vídeo: Entrevista exclusiva: Zygmunt Bauman
ISTOÉ – E o que o senhor chama de “amor líquido”?
ZYGMUNT BAUMAN –
Amor líquido é um amor “até segundo aviso”, o amor a partir do padrão dos bens de consumo: mantenha-os enquanto eles te trouxerem satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação. O amor com um espectro de eliminação imediata e, assim, também de ansiedade permanente, pairando acima dele. Na sua forma “líquida”, o amor tenta substituir a qualidade por quantidade — mas isso nunca pode ser feito, como seus praticantes mais cedo ou mais tarde acabam percebendo. É bom lembrar que o amor não é um “objeto encontrado”, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e de boa vontade.
ISTOÉ – O que o sr. diria ao jovens?
ZYGMUNT BAUMAN –
Eu desejo que os jovens percebam razoavelmente cedo que há tanto significado na vida quando eles conseguem adicionar isso a ela através de esforço e dedicação. Que a árdua tarefa de compor uma vida não pode ser reduzida a adicionar episódios agradáveis. A vida é maior que a soma de seus momentos.
Leia a entrevista na integra: Modernidade Líquida.
Leia também este artigo: http://olharbeheca.blogspot.com.br/2010/04/modernidade-liquida.html