Nossa História

Falar da história da música na Canção Nova é falar de uma pessoa que transpira música: monsenhor Jonas Abib. Afinal de contas, Deus o escolheu para ser o fundador da “Canção Nova”. Com esse nome o fundador dessa obra de Deus só poderia ser cheio de música.

Ainda menino, quando ele estava no seminário, durante a celebração da Santa Missa, ele fez o seguinte pedido a Deus: “Senhor, se a música for útil ao meu ministério sacerdotal, conceda-me esse dom”! Deus ouviu essa oração do menino Jonas, feita na mais pura intenção de evangelizar.

Naquele pedido ao Senhor estava resumido todo um ministério musical, que estava por vir, marcado pela eficácia sobrenatural, pela grande humildade e, ao mesmo tempo, pela grande ousadia.

Conheci padre Jonas em 25 de junho de 1975. Fiquei maravilhado de ver um sacerdote tocando violão! Já tinha visto muitas vezes meu pai tocando cavaquinho e seus amigos no violão nas serestas; mas um padre…

Naquele tempo – 1975 – ele era “a banda”. Como costumo dizer : “No caroço do abacate está o abacateiro inteiro”. Nesse ano, ainda não havia a TV, nem a Rádio, nem a Web, tampouco o áudio, a edição de imagem, o diretor, mas estava tudo “embutido” e concentrado dentro do padre Jonas.

Quando, em 1975, ele estava lá na fazenda Morada do Sol, nossa casa de retiros em Areias (SP), na época, Deus já nos dava uma demonstração de como seriam a Rádio, a TV, etc. Padre Jonas tinha uma bolsa grande de couro, onde havia um gravador e fitas cassetes com músicas instrumentais. Relembrando tudo isso de trás para frente (estou falando de 1975), vejo ali no padre o áudio, a imagem da TV, “o Sistema Canção Nova de Comunicação” nele.

Ele tocava violão e já ia dando um “fade out” preparando o gravador com o cassete. Detalhe: naquela fazenda não havia energia elétrica, o gravador era movido a pilhas (enormes), mas o padre ia tocando o violão e fazia o “fade out” direitinho, passando do violão para o cassete. Outro detalhe: não havia interrupção da música, quer dizer, não havia o “capitão branco”, famosa expressão radiofônica que designa aquele silêncio entre uma música, fala ou vinheta; o que é uma falha. Ele, naquela época, já fazia um belo “fade out” e “fade in” também.

Esses encontros na fazenda de Areias, que foi nossa primeira casa de retiros, duraram até mais ou menos 1977. O espaço era para aproximadamente 60 ou 70 pessoas no máximo. Deus formou um pequeno grupo em volta do padre nesse tempo. Em 1978, começa a comunidade [Canção Nova], os retiros continuam em Queluz (SP), já existe uma pequena equipe, sempre comandada pelo “maestro Jonas Abib”, que, no final, era quem definia tudo.

Em 1980, começa o Rebanhão em Cruzeiro (encontro de oração em estádio com banda completa: baixo, guitarras, teclado, bateria, violão…) e a musicalidade Canção Nova começa a mostrar sua “cara”. Posso dizer que, ao lado do padre, “explorei” toda a extensão musical dele, colocando no repertório desse encontro todos os estilos musicais possíveis, explorando desde os solos exuberantes e maravilhosos do Boy até o samba, frevo, rock, músicas lentas e rápidas. Mas o ritmo não era uma bandeira estupidamente levantada.

O ritmo era só um pretexto para evangelizar. Quando aquele jovem parava para ouvir e ver o Boy tocar guitarra com uma mão e teclado com outra, parava também para ouvir a PALAVRA DE DEUS. Assim é a música na Canção Nova: não é fim; é meio. O importante é preparar o público para a “A PALAVRA”; o padre entendia que a música bem usada fazia isso muito bem. Então a música na Canção Nova sempre esteve ligada à pregação. Como um bloco só: música – oração – palestra – música.

Padre Jonas ia nos ensinando isso e, devo dizer que deu a mim muita liberdade para “explorar”, no limite, a música na animação, na “cama” que é feita enquanto o pregador fala; na música que entra na hora certa, muitas vezes no meio da palestra e no final, sem intervalo, no “fade out” ou “fade in” como ele ensinou.

Enfim, padre Jonas é um maestro maravilhoso, a música nele é sem tiques, sem manias, sem vícios, pura como vem de Deus. Para servir, pois não é um gozo só de quem canta, é para edificar o outro, com a preocupação de fazê-lo cantar. Sempre dizíamos naquele tempo: “O melhor ministério é aquele que faz o povo cantar…”.

Tenho mais coisa a contar sobre a música na Canção Nova e sobre o padre Jonas na Canção Nova. Aí os nomes se misturam sem nenhum problema, mas fica para a próxima.

Diácono Nelsinho Corrêa, cantando, correndo atrás, ministrando com o Padre Jonas desde 1975.

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