20120702-154715.jpg Para onde você está indo? Onde quer chegar? O que você já fez da sua vida? O que pretende ainda realizar? Onde está a tua descendência? Estas e tantas outras perguntas o ser humano faz constantemente ao longo da sua vida!

Poderíamos dizer que somente um adulto pergunta sobre a própria vida. Mas isso é um engano, pois ate mesmo a mais simples pergunta de uma criança, representa a sua dúvida sobre a vida. Porém cabe a cada um de nós não pararmos nas perguntas, mas buscar constantemente uma resposta. Por que digo constantemente? Pelo simples fato que a cada pergunta respondida, outras surgirão! Podemos chegar a um estado de desespero, ou de depressão, ou de profunda angustia. Isso é muito provável para aqueles que somente buscam respostas para suas perguntas, sem avaliar a fonte, o lugar de onde estão saindo estas respostas. Demos um passo adiante nesta nossa reflexão. Continue lendo…

Em ocasião do Pentecostes de 1975, o Servo de Deus Papa Paulo IV pronunciou uma incisiva definição sobre a obra do Espírito Santo em nós: “Nós queremos não só possuir rápido o Espírito Santo, mas experimentar os efeitos sensíveis e maravilhosos desta presença do Espírito em nós. Ele vive na alma e a alma velozmente se sente invadida de uma imprevista necessidade de abandonar-se ao Amor, a um super-amor, e se sente maravilhada de uma extraordinária coragem, a coragem própria de quem é feliz e de quem é seguro; a coragem de falar, de cantar, de anunciar aos outros, a todos, as coisas grandes de Deus”.

Existe amor e amor… Quando temos o que fazer com o Espírito Santo, este amor se faz super. Isto é, nos supera, supera também a nossa capacidade de imaginar carregá-Lo ou de prever os efeitos sensíveis. É super, porque sobrecarrega docemente a nossa natureza humana e a preenche disto que a nossa condição terrena sozinha nunca poderia adquirir.

Para um amor novo é necessário um coração novo: “Vos darei um coração novo, colocarei dentro de vós um espírito novo” (Ez 36,26). O profeta chama a atenção os homens: ternura quer ternura! Não si pode gozar das delicadezas de Deus se o coração é ainda empedernido diante do mal, da dor, da vida, aos erros recebidos. O nosso coração predisposto à alegria, não poderá experimentar-la se não aceita de ser recreado pelo Espírito de Deus.

“O amor do Senhor é uma chama devoradora, que se te pega te envolve todo, ainda antes que tu te percebas”. Assim diz o teólogo Hans Urs von Baltazar em uma celebre definição no livro Coração do Mundo. É pequeno, em principio o amor de Deus; mas quando te pega é como um incêndio grandíssimo, que ninguém poderá mais apagar. É uma chama que devora sem interrupção, que não deixa espaço livre.

Observemo-nos ao nosso redor: muitos morrem por falta de amor, mas a coisa mais triste é que depois continuam a viver! Que pena a vida de moribundos. Que desconforto deve gerar a percepção de ser condenados à infelicidade. Mas não é este o querer de Jesus. Ele nos convida a estar na escola do seu amor. “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29b).

Somos impelidos pelo Espírito de Deus a aprender Jesus, porque só Ele é o Amor e nos coloca em relação com Aquele que tem Amor (o Pai) e dá Amor (Espírito Santo). Aprender Jesus, isto é, uma Pessoa, não uma lição de historia ou uma coleção de preceitos, mas uma espécie que acomoda a nossa natureza humana e não sobre a mão, mas cedendo o passo ao intervento do Espírito Santo. João atesta: “nós reconhecido e cremos no amor de Deus por nós” (1Jo 4,16).

Uma maravilhosa profissão de fé requer a todos aqueles que, com a ajuda do Espírito, têm descoberto o amor verdadeiro e têm acesso ao Coração de Deus. Só nesta ótica pode se desapegar e viver a fé cristã.

“Deus é amor. Que face tem o amor? Que forma tem? Que estatura tem? Que pés têm? Que mãos têm? Ninguém pode dizer. Mas, todavia têm pés que conduzem à Igreja. Têm mãos que se estendem piedosas para o pobre. Têm olhos: por estes de fato, se pode compreender quem é necessitado. Têm ouvidos: de qual diz o Senhor, quem tem ouvidos para ouvir ouça (Lc 8,8). Não se trata de partes do corpo separadas em lugares diversos: quem tem a caridade vê com a mente ao mesmo tempo o todo. Você, portanto, habita na caridade, e essa habitará em você; fica nessa e essa ficará em você.”(Santo Agostinho em comentários sobre a Primeira Carta de São João 7, 10).

“Sejais perfeitos como perfeito é o Pai vosso que esta no céu”(Mt 5,48), pede Jesus aos seus discípulos depois de ter reescrito a lei à luz do amor de Deus. “Sejais perfeitos” no amor perfeito do Pai, isto é, sem renuncias, aproximações, preferências ou intervalos no amar.

As nossas solidões nascem não do isolamento dos outros, mas da nossa incapacidade de atravessar a soleira do nosso eu e abrir-nos plenamente a nós mesmos. Só assim inicia o processo do amor; assim se recupera a amar a si mesmo e aos outros, porque se reencontra Deu-Amor dentro de nós.

A esta maravilhosa verdade podemos reconduzir uma das mais belas celebres parábolas de Jesus. É a parábola comumente dita de Filho Prodigo (Lc 15,11-32). Acontece a este filho, que reencontra a misericórdia divina, quanto a cada um de nós que também é dado de experimentar. Ele fugia do próprio coração (a casa de seu pai), para buscar ter casa fora do verdadeiro amor, de um amor que já possuía que estava na historia da sua vida.

O amor de Deus se encontra, então, na nossa casa. E porque, entra em si mesmo, isto é ouve de novo a voz do Espírito que o chama mais uma vez à vida interior. A decisão tem como conseqüência uma coisa: para reencontrar a via do amor perdida, não acha se não voltar a casa (cf. Lc 15,18). Em casa o filho reencontrará a alegria de ser amado: gozará da alegria de uma festa, lhe presenteada pelo pai, uma inesperada alegria da qual se torna protagonista. Quanta honra, quantas atenções, quantos privilegiados presentes existem reservados quando “Deus permanece em nós e o amor dele é perfeito em nós” (1Jo 4,12b).

O cristianismo é uma pratica de amor, que compromete e satisfaz todos os nossos sentidos: “Isto que nós ouvimos, isto que nós vemos com os nossos olhos, isto que nós contemplamos e isto que as nossas mãos tocaram… nós o anunciamos também a vós, porque também vós estais em comunhão conosco” (1Jo 1,1.3).

É vontade de Deus que todos os homens pratiquem este amor. O homem que assume esta mentalidade e se exercita na linguagem espiritual do amor vê, em modo claro, como a fé volta à vida, como os carismas ressurgem, como muda o modo de ler a realidade e de afrontá-la. Eis que os projetos apostólicos começam a pegar forma e cada decisão de vida é como uma planta as quais as raízes são bem enterradas e não cessam de irrigar as fraquezas vitais.

Italo Calvino escreveu um dia: “O amor conhece só os confins que o entregamos”.

Gostaria de aplicar esta frase ao amor de Deus: é infinito, mas quantas limitações lhe dão! Nós fomos amados desmedidamente, como recorda João Baptista (cf Jo 3,34), depois que a efusão do Espírito Santo abrangeu cada confim, cada reserva ou limite à imersão neste amor.

Contudo, nós continuamos, sem cansar-nos a elevar estancada, assim como Jesus – o objeto do nosso desejo – antes que aproximar-se a distancia. Precisamos arrancar cada obstáculo a este amor do Senhor, para que flua como uma corrente de graça. São João da Cruz dizia: “A alma que não caminha no amor comete dois grande pecados: aborrece a si mesmo e aborrece os outros”.

Quanta gente interrompe e abandona o caminho de fé, porque perde a admiração pelo amor de Deus e parece cair do aborrecimento. “Os mesmos cantos, as mesmas orações, as mesmas pessoas, os mesmos encontros”: mas Cristo não é nunca o mesmo e nunca deixa de amar!

Como se pode cansar do amor de Deus, quando – na melhor das hipóteses – se é iniciado a perceber os primeiros, frágeis pedaços? Poderia um atleta cansar-se de vencer ainda antes de ter iniciado a sua carreira agonística? Ou uma mãe dizer-se cansada de amar o próprio filho quando é apenas nascido?

O coração de Deus, por ser um e indiviso, bate ao uníssono com a multidão de corações dos homens que estão sobre a terra e para cada um deles é capaz de dar curso a uma inexaurível fantasia da caridade! Ajuda aqui recorrer a alguns eficazes comentários sobre o amor de Deus de dois grandes amantes do Senhor: João Paulo II e Bento XVI.

“Faz-se experiência viva da promessa de Cristo: Quem me ama será amado por meu Pai e também eu o amarei e me manifestarei a ele (Jo 14,21). Se trata de uma caminho inteiramente sustentado na graça, que pede todavia um forte compromisso espiritual e conhece também dolorosas purificações (a noite escura), mas prepara em diversas formas, a indicada alegria vivida pelos místicos como união esponsal” (João Paulo II, Carta Apostólica Novo millennio ineunte, n.33).

“O Senhor por primeiro nos amou e continua a amar-nos por primeiro; por isto também nós podemos responder com o amor. Deus não no ordena um sentimento que não podemos suscitar em nós mesmos. Ele nos ama, nos faz ver e experimentar o seu amor e, deste primeiro de Deus, pode como resposta embotar o amor também em nós. Na transformação deste encontro se revela com clareza que o amor não é somente um sentimento. Os sentimentos vão e vêem. O sentimento pode ser uma maravilhosa faísca inicial, mas não é a totalidade do amor… O encontro com as manifestações visíveis do amor de Deus pode suscitar em nós o sentimento da alegria, que nasce da experiência de ser amados” (Bento XVI, Deus caritas est, n.17).

Andre Frossard, um convertido, ofuscado com o amor de Deus, escreve no seu livro-testemunho Deus existe, eu o encontrei: “O cristianismo é uma historia de amor”. Uma grande verdade esta, que deve bem aplicar-se à nossa vida. Cada paróquia, cada família cada movimento: é a narração de uma historia de amor.

A bem ver, uma historia já escrita por Deus, como um compendio que se presta, depois às interpretações diversas de cada um de nós co-protagonistas. De certo, Deus interpretará fidelissimamente o seu papel; quanto a nós… não tenho duvida que improvisaremos muito e freqüente segundo as espera de Deus.

Jesus em um momento de especial intimidade espiritual com o seus, disse: “Permanecei-vos no meu amor” (Jo 15,9). Não disse: “Faço-vos uma razão do meu amor”. Permanecer é o contrario de fugir: pois bem, muitos fogem admirados da qualidade que este amor reclama. Jesus nos convida a não escapar: bem conhece a difícil arte de perseverar, quando as nossas razões humanas se chocam com as razões ensinadas do seu amor.

São Paulo, sobre o tema deu uma pontual explicação aos cristãos de Corinto: “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito de Deus para conhecer tudo isto que Deus nos deu. Destas coisas nós falamos, não com linguagem sugerida da sabedoria humana, mas ensinada pelo Espírito de Deus, exprimindo coisas espirituais em termos espirituais. O homem natural, porém não compreende as coisas do Espírito de Deus; essas são loucura para ele, não é capaz de entender-las, porque não se pode julgar só por meio do Espírito de Deus” (1Cor 2,2-14).

 “Permanecei-vos” é um verbo do Espírito de Deus, que implica o trabalho de acolher o grande desafio posto pela sabedoria de Deus ao nosso coração, à nossa inteligência, à nossa vontade! Em um tempo no qual se é disposto a pegar e escapar, Jesus nos convida a permanecer, a aceitar as categorias do seu amor, a entrar-nos com a ajuda do Espírito de Deus.

“Permanecei-vos”. Um convite de acolher, um apelo a reforçar a unidade com Ele e entre nós (o amor de Jesus gera uma família: a comunidade cristã). Não nos separe a prova; não nos divida o temor de não poder mais fazer.

“Permanecei-vos”. Um convite a qual responder: sim senhor! Não queremos acabar de amar-te, de amar em nós a tua presença, de te amar em cada homem.

Jesus, de resto, se coloca  em condição de extrema familiaridade conosco. Fala de si como um amor recebido: é o amor do Pai que Jesus quer partilhar conosco: “Como o Pai me ama, assim eu também vos tenho amado. Permanecei-vos no meu amor” (Jo 15,9).

Jesus clareia assim, a dinâmica do permanecer: pede de amar-nos à forma divina, com a mesma substancia e intensidade do amor que corre entre o Filho e o Pai. Coisa que faz girar a cabeça, em um vértice na qual só com o Espírito Santo – sem contar a nossa inadequada inteligência – sabe destrinchar.

Quem esta em grau de penetrar este mistério? Quem nos pode dar explicações? Quem, deste amor, pode compreender? “A amplitude, a distancia, a altura, a profundidade” (Ef 3,18). É um amor que só se pode viver. Muitos continuam a fugir de Cristo e não têm alguém que diga: Permaneça, permaneça diante da dor e da solidão, dos amores enfermos e da precariedade do viver.

Permanecei-vos significa entrar em profundidade no intimo mais intimo de Deus, onde só se tem acesso, para nós, pelo Espírito de Deus.

“Está escrito de fato: aquelas coisas que olhos não vêm, nem ouvidos ouvem, nem nunca entraram no coração do homem, estas coisas Deus preparou para aqueles que o amam. Mas a nós Deus as revelou por meio do Espírito Santo. É ele de fato que escruta cada coisa, também as profundezas de Deus. quem conhece os segredos do homem se não o espírito do homem que esta no homem? Assim também os segredos de Deus ninguém os jamais conheceram se não o Espírito Santo. Agora nós não recebemos o espírito do mundo, mas o de Deus para conhecer tudo isto que Deus nos deu” (1Cor 2,9-12).

Permanecei-vos.  Uma palavra que interpela os verdadeiros discípulos de Cristo com o passar dos anos, porque sela a maturidade espiritual de um cristão, a sua confidencia sempre marcada com a oração, com a Palavra de Deus e com os sacramentos.