Dos Sermões de São Lourenço Justiniano, bispo

(Sermo 8, in festo Purificationis B.M.V.:

Opera 2, Venetis1751,38-39)

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Maria conservava tudo em seu coração

Maria refletia consigo mesma em tudo quanto tinha conhecido, através do que lia, escutava e via; assim, progredia de modo admirável na fé, na sabedoria e em méritos, e sua alma se inflamava cada vez mais com o fogo da caridade! O conhecimento sempre mais profundo dos mistérios celestes a enchia de alegria,fazia-lhe sentir a fecundidade do Espírito, a atraía para Deus e a confirmava na sua humildade. Tais são os efeitos da graça divina: eleva do mais humilde ao mais excelso e vai transformando a alma de claridade em claridade.

Feliz o coração da Virgem que, pela luz do Espírito que nela habitava, sempre e em tudo obedecia à vontade do Verbo de Deus. Não se deixava guiar pelo seu próprio sentimento ou inclinação, mas realizava, na sua atitude exterior, as insinuações internas da sabedoria inspiradas na fé. De fato, convinha que a Sabedoria de Deus, ao edificar a Igreja para ser o templo de sua morada, apresentasse Maria Santíssima como modelo de cumprimento da lei, de purificação da alma, de verdadeira humildade e de sacrifício espiritual. Continue lendo…

Este é um tema polemico, que causa em todo ambiente cristão um desconfortável questionamento, pois, os cristãos católicos acreditam e veneram Maria mãe de Jesus sempre virgem. Já os cristãos protestantes acreditam que Maria teve outros filhos, fundamentando nos Evangelhos que trazem claramente este termo: os irmãos de Jesus (cf: Mt 13,55 e Mc 6,3).

Para podermos responder este questionamento é preciso ter com base a figura da família para o judaísmo no tempo de Jesus. Toda a estrutura familiar era patriarcal, ou seja, o chefe da família era sempre o pai. Na sua falta, quem tomava o seu lugar era o filho mais velho. Sabendo que este deveria ter mais de doze anos, pois, menor que esta idade, juntamente com a mulher (mãe), a sociedade judaica os classificavam como uma categoria inferior como os surdos, os cegos, os pagãos, etc…

Tendo em vista esta compreensão familiar judaica, partimos agora para o termo propriamente dito: irmão, irmãos.

O termo irmão na cultura hebraica e aramaica transmite grau de parentesco e não somente os filhos de mesmos pais. Tomemos como exemplo Ló e Abrão, que era tio e sobrinho. Conforme Gênesis 11,27; 13,8 e 14, 12, conclui-se no primeiro texto, Ló como sobrinho de Abrão. No segundo é o próprio Abrão que diz ser irmão de Ló. Já no terceiro é confirmado que Ló é sobrinho de Abrão.

Podemos pensar assim: o Antigo Testamento foi escrito em hebraico e o Novo Testamento foi escrito em grego. Como fica o termo “irmãos de Jesus”, se esta explicação é da língua hebraica, mas o texto foi escrito em  língua grega?

O termo grego usado é adeufos que significa grau de pertença, como no hebraico, mas também exprimem o termo irmão, irmãos, filhos dos mesmos pais. A situação fica ainda mais confusa. Afinal, Jesus teve outros irmãos ou não?

Os católicos têm o Dogma da Virgindade de Maria, ou seja: virgem antes, durante e depois o parto. Os protestantes afirmam que Maria após o nascimento de Jesus viveu sua relação conjugal, normalmente com José. Sabendo que para a cultura hebraica, a descendência era sinal da benção de Deus.

Recentemente um estudo feito por um arqueólogo americano constatou que José era viúvo e tinha outros filhos quando se casou com Maria. Estes que supostamente cresceram juntos com Jesus. Mas também outros que nasceram do casamento com Maria, mais novos que Jesus. É a ciência e a fé, que como dizem por aí, “devem andar juntas para a mesma direção”. E a fé católica, onde fica? E este dogma tão antigo e creditado pelos católicos?

A resposta, a própria Sagrada Escritura nos dá. Tendo-a como inspiração divina para os religiosos e como um testamento creditado, por ser da época, para os cientistas.

No Evangelho de Lucas 2,41-53, é relatado que, indo para a Páscoa em Jerusalém, na volta Maria e Jose se dão conta que Jesus não estava com eles. Encontrando-o no Templo, é Maria que conversa com Jesus, enquanto José fica em silencio. Primeira coisa, Jesus tinha doze anos, portanto não deveria ser Maria a questioná-lo, e sim José, tendo como base a estrutura familiar judaica. Um outro fato importante é justamente sobre os supostos filhos de José. Mesmo não sendo filhos de Maria, ela deveria tê-los como vossos, pois seriam da mesma família. Justamente por isso, Maria deveria ter ficado com os outros “irmãos de Jesus”, e não ir a sua procura, pois ele com doze anos, já seria cuidado diretamente pelo pai e não mais pela mãe. Assim, podemos concluir que Jesus era o filho mais velho daquele casal.

E os mais novos? Aqueles que vieram depois de Jesus?

No Evangelho de João 19,25-27, Jesus no alto da cruz, entrega João à sua mãe. Fez também a entrega de sua mãe para o discípulo João. Se Jesus tivesse outros irmãos mais novos, não seria João quem cuidaria de Maria, e sim o mais velho depois de Jesus. Com isso pode-se concluir que Jesus não tinha outros “irmãos” a não ser os discípulos.

Podemos questionar ainda sobre os nomes dos supostos “irmãos de Jesus” em Mc 6,3 e em Mt 13,55.

Para responder a isso, vamos ao Evangelho de Marcos 15,40 e 47. Tiago Menor, Joset e Salomé eram filhos de uma Maria. Em Mateus 27,56 aparece, Maria, Maria Madalena, e a mãe dos filhos de Zebedeu, que eram: Tiago Maior e João, o discípulo amado. Mas é no Evangelho de João 19,25-27, que se diferencia a Maria mãe de Jesus e a Maria mulher de Cléofas, que a Tradição diz ser irmão de José pai de Jesus. Ou seja, os nomes dos irmãos, na verdade são dos primos de Jesus.

Com isso, conclui-se que os verdadeiros irmãos de Jesus são todos aqueles que “ouvem a Palavra e a põe em pratica” (Mc 3,35).

Sendo o discípulo amado entregue a Maria, mãe de Jesus pode-se concluir que ali estava a primeira e verdadeira família de Jesus, que ultrapassando os laços sanguíneos, abre para nós a participação na sua família. Maria foi a única criatura que participou da família de Jesus no sangue e no espírito, pois, aceitou desde o Anuncio do Anjo a proposta de seguimento. Com isso, rejeitar Maria é rejeitar aquele que quis precisar dela para entrar na humanidade e assim, tornar cada um de nós humanos, participantes da sua divindade.

Homilia de Bento XVI na missa presidida em Yaoundé

São José, modelo para os pais e para todo cristão

Amados Irmãos no Episcopado,
Queridos irmãos e irmãs!

Louvado seja Jesus Cristo que hoje nos reuniu neste Estádio, para nos fazer penetrar mais profundamente na sua vida. Jesus Cristo reúne-nos neste dia em que a Igreja, aqui nos Camarões como em toda a terra, celebra a festa de São José, esposo da Virgem Maria. Começo por desejar uma festa feliz a todos aqueles que, como eu, receberam a graça de ter este belo nome e peço a São José que lhes conceda uma protecção especial guiando-os para o Senhor Jesus Cristo todos os dias da sua vida. Saúdo também as paróquias, as escolas e os colégios, as instituições que têm o nome de São José. Agradeço a D. Tonyé Bakot, Arcebispo de Yaoundé, as suas amáveis palavras e dirijo uma calorosa saudação aos representantes das Conferências Episcopais da África que vieram a esta cidade para a publicação do Instrumentum laboris da Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos.

Como podemos entrar na graça específica deste dia? Daqui a pouco, na conclusão da Missa, a liturgia desvendar-nos-á o ponto culminante da nossa meditação, quando nos convidar a dizer: «Por este alimento recebido no vosso altar, Senhor, saciastes a vossa família, feliz por festejar São José; defendei-a sempre com a vossa protecção e velai pelos dons que lhe concedestes». Como vedes, pedimos ao Senhor para guardar sempre a Igreja sob a sua constante protecção – e fá-lo! –, precisamente como José protegeu a sua família e velou sobre os primeiros anos de Jesus menino.

O Evangelho acaba de no-lo recordar. O Anjo tinha-lhe dito: «Não temas receber Maria, tua esposa» (Mt 1, 20), e foi exactamente o que ele realizou: «Fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor» (Mt 1, 24). Por que motivo quis São Mateus anotar esta fidelidade às palavras recebidas do mensageiro de Deus, senão para nos convidar a imitar esta fidelidade cheia de amor?

A primeira leitura que acabámos de ouvir não fala explicitamente de São José, mas ensina-nos muitas coisas a respeito dele. O profeta Natã vai dizer a David, por ordem do próprio Senhor: «Estabelecerei em teu lugar um descendente que nascerá de ti» (2 Sam 7, 12). David deve aceitar morrer sem ver a realização desta promessa, que se há-de cumprir «quando chegar ao termo dos [seus] dias» e «repousar com os [seus] pais». Vemos, assim, que um dos anseios mais vivos do homem, ou seja, ser testemunha da fecundidade da sua acção, nem sempre é atendido por Deus. Penso naqueles de vós que são pais e mães de família: cultivam muito legitimamente o desejo de dar o melhor de si mesmos aos seus filhos e querem vê-los chegar a um verdadeiro sucesso. Todavia é preciso não fazer-se ilusões sobre tal sucesso: o que Deus pede a David é que tenha confiança n’Ele. David não verá com os próprios olhos o seu sucessor, aquele que terá um trono «estável para sempre» (2 Sam 7, 16), porque este sucessor anunciado sob o véu da profecia é Jesus. David teve confiança em Deus. De igual modo, José tem confiança em Deus, quando ouve o Anjo, seu mensageiro, dizer-lhe: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo» (Mt 1, 20). Na história, José é o homem que deu a Deus a maior prova de confiança, precisamente face a um anúncio tão assombroso.

E vós, queridos pais e mães de família que me ouvis, tendes confiança em Deus que faz de vós os pais e as mães dos seus filhos de adopção? Aceitais que Ele conte convosco para transmitir aos vossos filhos os valores humanos e espirituais que recebestes e que hão-de fazê-los viver no amor e no respeito do seu santo Nome? Neste nosso tempo, em que tantas pessoas sem escrúpulos procuram impor o reino do dinheiro desprezando os mais indigentes, deveis estar muito atentos. A África em geral e os Camarões em particular correm perigo se não reconhecem o Verdadeiro Autor da Vida! Irmãos e irmãs dos Camarões e da África, que recebestes de Deus tantas qualidades humanas, tende cuidado das vossas almas! Não vos deixeis fascinar por falsas glórias e falsos ideais! Crede, sim, continuai a crer que Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, é o único que vos ama como vós o esperais, a crer que Ele é o único que pode satisfazer-vos, que pode dar estabilidade às vossas vidas. Cristo é o único caminho de Vida.

Só Deus podia dar a José a força para dar crédito às palavras do Anjo. Só Deus vos dará, amados irmãos e irmãs que sois casados, a força de educar a vossa família como Ele o quer. Pedi-Lho! Deus gosta que se Lhe peça o que Ele quer dar. Pedi-Lhe a graça de um amor verdadeiro e cada vez mais fiel, à imagem do seu amor. Como magnificamente diz o Salmo, o seu «amor está edificado para todo o sempre e a [sua] fidelidade alicerçada nos céus» (Sal 88, 3).

No vosso país e no resto da África, tal como noutros continentes, a família conhece efectivamente um período difícil que a sua fidelidade a Deus ajudará a superar. Alguns valores da vida tradicional foram perturbados. As relações entre as gerações alteraram-se de tal maneira que já não favorecem como antes a transmissão dos conhecimentos antigos e da sabedoria herdade dos antepassados. Muitas vezes, assiste-se a um êxodo rural comparável ao que viveram numerosos períodos humanos. A qualidade dos vínculos familiares resulta profundamente afectada. Desenraizados e fragilizados, os membros da jovens gerações, muitas vezes sem um verdadeiro trabalho, procuram remédio para a sua vida infeliz refugiando-se em paraísos efémeros e artificiais importados, que, como se sabe, nunca chegam a assegurar ao homem uma felicidade profunda e duradoura. Às vezes o homem africano é constrangido a fugir para fora de si mesmo e a abandonar tudo o que constituía a sua riqueza interior. Confrontado com o fenómeno duma urbanização galopante, ele abandona a sua terra, física e moralmente, não já como Abraão para responder ao chamamento do Senhor, mas para uma espécie de exílio interior que o afasta do seu próprio ser, dos seus irmãos e irmãs de sangue e do próprio Deus.

Trata-se de uma fatalidade, de uma evolução inevitável? Certamente não! Mais do que nunca, devemos «esperar contra toda a esperança» (Rm 4, 18). Quero aqui prestar homenagem, com admiração e reconhecimento, ao notável trabalho realizado por inúmeras associações que encorajam a vida de fé e a prática da caridade. Deus as cumule de graças! Encontrem na Palavra de Deus um renovado vigor para levar a bom termo todos os seus projectos ao serviço de um desenvolvimento integral da pessoa humana na África, nomeadamente nos Camarões.

A primeira prioridade consistirá em dar novamente sentido ao acolhimento da vida como dom de Deus. Segundo a Sagrada Escritura tal como na melhor sabedoria do vosso continente, a chegada de uma criança é uma graça, uma bênção de Deus. Hoje a humanidade é convidada a mudar o seu olhar: com efeito, todo o ser humano, mesmo o mais humilde e pobre, é criado «à imagem e semelhança de Deus» (Gn 1, 27). Deve viver! A morte não deve prevalecer sobre a vida! A morte não terá jamais a última palavra!

Filhos e filhas da África, não tenhais medo de crer, esperar e amar, não tenhais medo de dizer que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que só por Ele podemos ser salvos. São Paulo é o autor inspirado que o Espírito Santo concedeu à Igreja para ser o «mestre dos gentios» (1 Tm 2, 7), quando nos diz que Abraão, «esperando contra toda a esperança, acreditou que havia de ser pai de muitas nações, conforme tinha sido anunciado: “Assim será a tua descendência”» (Rm 4, 18).

«Esperando contra toda a esperança»: não é uma magnífica definição do cristão? A África é chamada à esperança através de vós e em vós. Com Cristo Jesus, que calcou o solo africano, a África pode tornar-se o continente da esperança. Todos nós somos membros dos povos que Deus deu como descendência a Abraão. Cada um e cada uma de vós é pensado, querido e amado por Deus. Cada um e cada uma de nós tem a sua função a desempenhar no plano de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Se o desânimo vos invadir, pensai na fé de José; se a inquietação se apoderar de vós, pensai na esperança de José, descendente de Abraão que esperava contra toda a esperança; se a aversão ou o ódio vos penetrar, pensai no amor de José, que foi o primeiro homem a descobrir o rosto humano de Deus na pessoa do menino concebido pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria. Bendigamos a Cristo por Se ter feito tão solidário connosco e dêmos-Lhe graças por nos ter dado José como exemplo e modelo do amor para com Ele.

Amados irmãos e irmãs, de todo o coração vos repito : como José, não tenhais medo de tomar Maria convosco, isto é, não temais de amar a Igreja. Maria, mãe da Igreja, ensinar-vos-á a seguir os seus Pastores, a amar os vossos bispos, os vossos presbíteros, os vossos diáconos e os vossos catequistas, e a seguir aquilo que vos ensinam e a rezar pelas suas intenções. Vós que sois casados, olhai o amor de José por Maria e por Jesus; vós que vos preparais para o casamento, respeitai a vossa ou o vosso futuro cônjuge como fez José; vós que vos consagrastes a Deus no celibato, reflecti sobre a doutrina da Igreja nossa Mãe: «A virgindade e o celibato por amor do Reino de Deus não só não se contrapõem à dignidade do matrimónio, mas pressupõem-na e confirmam-na. O matrimónio e a virgindade são os dois modos de exprimir e de viver o único mistério da Aliança de Deus com o seu povo» (Redemptoris custos, 20).

Queria ainda dirigir uma exortação particular aos pais de família, uma vez que São José é o seu modelo. Este santo revela o mistério da paternidade de Deus sobre Cristo e sobre cada um de nós. São José pode ensinar-lhes o segredo da sua própria paternidade, ele que velou pelo Filho do Homem. Também cada pai recebe de Deus os seus filhos, criados à semelhança e imagem d’Ele. São José foi o esposo de Maria. Também cada pai de família se vê confiar-lhe o mistério da mulher através da própria esposa. Como São José, queridos pais de família, respeitai e amai a vossa esposa, e guiai os vossos filhos, com amor e a vossa vigilante presença, para Deus onde eles devem estar (cf. Lc 2, 49).

Finalmente, a todos os jovens aqui presentes, dirijo uma palavra amiga e encorajadora: diante das dificuldades da vida, não percais a coragem! A vossa existência tem um valor infinito aos olhos de Deus. Deixai-vos agarrar por Cristo, aceitai dar-Lhe o vosso amor e – porque não! – vós mesmos no sacerdócio ou na vida consagrada. É o serviço mais alto. Às crianças que já não têm um pai ou que vivem abandonadas na miséria da estrada, àquelas que foram violentamente separadas dos seus pais, maltratadas e abusadas, e incorporadas à força em grupos militares que imperam em alguns países, quero dizer: Deus ama-vos, não vos esquece e São José vos protege. Invocai-o com confiança.

Deus vos abençoe e guarde a todos. Conceda-vos a graça de caminhar fielmente para Ele. Dê a estabilidade às vossas vidas para recolher o fruto que Ele espera de vós. Faça de vós testemunhas do seu amor aqui, nos Camarões, e até aos confins da terra. Com fervor, peço-Lhe que vos faça saborear a alegria de Lhe pertencer, agora e pelos séculos dos séculos. Amen.

01. janeiro 2010 · 5 comments · Categories: Mariologia · Tags:

Resumidamente, podemos dizer que Nossa Senhora é Mãe de Deus e não da divindade. Ou seja, Ela é Mãe de Deus por ser Mãe de Nosso Senhor, pois as duas naturezas (a divina e a humana) estão unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo.

A heresia de negar a maternidade divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então bispo de Constantinopla. Os protestantes retomaram a heresia que havia sido sepultada pela Igreja de Cristo.

Mas, afinal, por que Nossa Senhora é Mãe de Deus?

Vamos provar pela razão, pela Sagrada Escritura e pela Tradição que Nossa Senhora é Mãe de Deus.

A pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo

Se perguntarmos a alguém se ele é filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lançará um olhar de espanto. E teria razão.

O homem, como sabemos, é composto de corpo e alma, sendo esta a parte principal do seu ser, pois comunica ao corpo a vida e o movimento.

A nossa mãe terrena, todavia, não nos comunica a alma, mas apenas o nosso corpo. A alma é criada diretamente por Deus. A mãe gera apenas a parte material deste composto, que é o seu ser. E como é que alguém pode, então, afirmar que a pessoa que nos dá à luz é nossa mãe?

Se fizéssemos essa pergunta a um protestante sincero e instruído, ele mesmo responderia com tranqüilidade: “é certo, a minha mãe gera apenas o meu corpo e não a minha alma, mas a união da alma e do corpo forma este todo que é a minha pessoa; e a minha mãe é mãe de minha pessoa. Sendo ela mãe de minha pessoa, composta de corpo e alma, é realmente a minha mãe.”

Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Maria Santíssima.

Há em Jesus Cristo “duas naturezas”: a natureza divina e a natureza humana. Reunida, constituem elas uma única pessoa, a pessoa de Jesus Cristo.

Nossa Senhora é Mãe deste única pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina e a natureza humana, como a nossa mãe é a mãe de nossa pessoa. Ela deu a Jesus Cristo a natureza humana; não lhe deu, porém, a natureza divina, que vem unicamente do Padre Eterno.

Maria deu, pois, à Pessoa de Jesus Cristo a parte inferior – a natureza humana, como a nossa mãe nos deu a parte inferior de nossa pessoa, o corpo.

Apesar disso, nossa mãe é, certamente, a mãe da nossa pessoa, e Maria é a Mãe da pessoa de Jesus Cristo.

Notemos que em Jesus Cristo há uma só pessoa, a pessoa divina, infinita, eterna, a pessoa do Verbo, do Filho de Deus, em tudo igual ao Padre Eterno e ao Espírito Santo. E Maria Santíssima é a Mãe desta pessoa divina. Logo, ela é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus, pois tudo é a mesma e única pessoa, nascida do seu seio virginal.

A alma de Jesus Cristo, criada por Deus, é realmente a alma da pessoa do Filho de Deus. A humanidade de Jesus Cristo, composta de corpo e alma, é realmente a humanidade do Filho de Deus. E a Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe deste Deus, revestido desta humanidade; é a Mãe de Deus feito homem.

Ela é a Mãe de Deus – “Maria de qua natus est Jesus”: “Maria de quem nasceu Jesus” (Mt 1, 16).

Note-se que Ela não é a Mãe da divindade, como nossa mãe não é mãe de nossa alma; mas é a Mãe da pessoa de Jesus Cristo, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa.

A pessoa de Nosso Senhor é divina, é a pessoa do Filho de Deus. Logo, por uma lógica irretorquível, Ela é a Mãe de Deus.

A conseqüência da negação da maternidade divina é a negação da Redenção

Agora, qual é o fundo do problema dessa heresia? Analisemos alguns pormenores e algumas conseqüências de se negar a maternidade divina de Nossa Senhora.

Não foram os protestantes os primeiros a rejeitar o título de “Mãe de Deus” à Nossa Senhora.

Foi Nestório, o indigno sucessor de S. João Crisóstomo, na sede de Constantinopla, o inventor da absurda negação.

A subtilidade grega havia suscitado vários erros a respeito da pessoa de Jesus Cristo!

Sabélio pretendeu aniquilar a personalidade do Verbo. Ario procurou arrebatar a esta personalidade a áureola divinal; negaram os docetas a realidade do corpo de Jesus Cristo e os Apolinaristas, a alma humana de Cristo.

Tudo fora atacado pela heresia, na pessoa de Nosso Senhor; mas a cada heresia que surgia a Igreja infalível, sob a direção do Papa de Roma, saia em defesa da única e imperecível verdade: da pessoa do Verbo divino contra Sabélio; da divindade desta pessoa, contra Ário; da realidade do corpo humano de Jesus, contra os Apolinaristas.

Bastava apenas um ponto central para suportar o ataque da parte dos hereges: era a união das duas naturezas, divina e humana, em Jesus Cristo.

Caberia a Nestório levantar esta heresia, e aos filhos de Lutero continuarem a defender este erro grotesco.

Foi em 428 que o indigno Patriarca Nestório começou a pregar que havia em Jesus Cristo duas pessoas: uma divina, como filho de Deus; outra humana, como filho de Maria.

Por isso conclui o heresiarca, Maria não pode ser chamada Mãe de Deus, mas simplesmente Mãe de Cristo ou do homem.

Concebe-se o alcance de uma tal negação. Se as duas naturezas, a divina e a humana, não são hipostaticamente unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo, de modo a formar uma única pessoa, desaparece a Encarnação e a Redenção, porquanto o Filho de Deus, não se tendo revestido de nossa natureza, não pode ser o nosso Redentor. Somente o homem Jesus sofreu. Ora, o homem, como ser finito, só pode fazer obras finitas. Logo, a Redenção não é mais de um valor infinito; Jesus Cristo não pode mais ser adorado, pois é apenas um homem; o Salvador não é mais o Homem-Deus. Tal é o erro grotesco que Nestório, predecessor de Lutero, não temeu lançar ao mundo.

Ora, os protestantes não querem levar às últimas conseqüências a negação da maternidade divina de Nossa Senhora. Admitem em Jesus Cristo duas naturezas e uma pessoa, mas lhes repugna a união pessoal (hipostática) das duas naturezas na única pessoa de Jesus Cristo.

Basta um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da Santíssima Virgem: Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não morre), mas nos redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a natureza humana de Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas, pois a Redenção não existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como homem. Logo, Nossa Senhora, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da divindade, é Mãe de Deus, pois Nosso Senhor é Deus. Se negarmos a maternidade de Nossa Senhora, negaremos a redenção do gênero humano ou cairíamos no absurdo de dizer que Deus é mortal!

Os protestantes, admitindo que Jesus Cristo nasceu de Maria – e não podem negá-lo, pois está no Evangelho (Mt 1, 16) -, devem admitir: que a pessoa deste Jesus é divina; que Nossa Senhora é a Mãe desta pessoa; que ela é, portanto, Mãe de Deus! É um dilema sem saída do ponto de vista racional.

O Concílio de Éfeso:

Quando o heresiarca Ário divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundi-lo, assim como fez surgir Santo Agostinho a suplantar o herege Pelágio, e S. Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que haviam semeado a perturbação e a indignação no Oriente.

Em 430, o Papa São Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de Nestório que lhe fora apresentada por S. Cirílo e condenou-a como errônea, anti-católica, herética.

S. Cirilo formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em que resumia toda a doutrina católica a este respeito.

Pode-se resumi-las em três pontos:

1) Em Jesus Cristo, o Filho do homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus;

2) A Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Cristo, que é Deus;

3) Em virtude da união hipostática, há comunicações de idiomas, isto é: denominações, propriedades e ações das duas naturezas em Jesus Cristo, que podem ser atribuídas à sua pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o mundo, Deus ressuscitou.

Para exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa resolveu reunir o concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos os bispos do mundo.

Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se em Éfeso. S. Cirilo presidiu a assembléia em nome do Papa. Nestório recusou comparecer perante os bispos reunidos.

Desde a primeira sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da assembléia, os bispos colocaram o santo Evangelho, para representar a assistência de Jesus Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a consumação dos séculos, espetáculo santo e imponente que desde então foi adotado em todos os concílios.

Os bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânime e simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla.

Quando a multidão ansiosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o concílio, soube da definição que proclamava Maria “Mãe de Deus”, num imenso brado ecoou a exclamação: “Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!”

Em memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples e expressivas: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”.

Provas da Santa Escritura

Para iluminar com um raio divino esta verdade tão bela e fundamental, recorramos à Sagrada Escritura, mostrando como ali tudo proclama este título da Virgem Imaculada.

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus.

Ela gerou um homem hipostaticamente unido à divindade; Deus nasceu verdadeiramente dela, revestido de um corpo mortal, formado do seu virginal e puríssimo sangue.

Embora, no Evangelho, Ela não seja chamada expressamente “Mãe de Cristo” ou “Mãe de Deus”, esta dignidade deduz-se, com todo o rigor, do texto sagrado.

O Arcanjo Gabriel, dizendo à Maria: “O santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35), exprime claramente que ela será Mãe de Deus.

O Arcanjo diz que o Santo que nascerá de Maria será chamado o Filho de Deus. Se o Filho de Maria é o Filho de Deus, é absolutamente certo que Maria é a Mãe de Deus.

Repleta do Espírito Santo, Santa Isabel exclama: “Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?” (Lc 1, 43).

Que quer dizer isso senão que Maria é a Mãe de Deus? Mãe do Senhor ou “Mãe de Deus” são expressões idênticas.

S. Paulo diz que Deus enviou seu Filho, feito da mulher, feito sob a lei (Galat. 4, 4).

O profeta Isaías predisse que a Virgem conceberia e daria à luz um Filho que seria chamado Emanuel ou Deus conosco (Is 7, 14). Qual é este Deus? É necessariamente Aquele que, segundo o testemunho de S. Pedro, não é nem Jeremias, nem Elias, nem qualquer outro profeta, mas, sim, o Cristo, o Filho de Deus vivo.

É aquele que, conforme a confissão dos demônios, é: o Santo de Deus.

Tal é o Cristo que Maria deu à luz.

Ela gerou, pois, um Deus-homem. Logo, é Mãe de Deus por ser Mãe de um homem que é Deus e que, sendo Deus, Redimiu o gênero humano.

A Doutrina dos Santos Padres, a Tradição:

Tal é a doutrina claramente expressa no Evangelho, e sempre seguida na Igreja Católica.

Os Santos Padres, desde os tempos Apostólicos até hoje, foram sempre unânimes a respeito desta questão; seria uma página sublime se pudéssemos reproduzir as numerosas sentenças que eles nos legaram.

Citemos pelo menos uns textos dos principais Apóstolos, tirados de suas “liturgias” e transmitidas por escritores dos primeiros séculos.

Santo André diz: “Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu.” (Sto Andreas Apost. in transitu B. V., apud Amad.).

São João diz: “Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, pois concebeu e gerou um verdadeiro Deus, deu à luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus unido à carne humana.” (S. João Apost. Ibid).

S. Tiago: “Maria é a Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus” (S. Jac. in Liturgia).

S. Dionísio Areopagita: “Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes.” (S. Dion. in revel. S. Brigit.)

Orígenes (Sec. II) escreve: “Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe” (Orig. Hom. I, in divers.)

Santo Atanásio diz: “Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta.” (Sto. Ath. Or. in pur. B.V.).

Santo Efrém: “Maria é Mãe de Deus sem culpa” (S. Ephre. in Thren. B.V.).

S. Jerônimo: “Maria é verdadeiramente Mãe de Deus”. (S. Jerôn. in Serm. Ass. B. V.).

Santo Agostinho: “Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus”. (S. Agost. in orat. ad heres.).

E assim por diante.

Todos os Santos Padres rivalizaram em amor e veneração, proclamando Maria: Santa e Imaculada Mãe de Deus.

Terminemos estas citações, que podíamos prolongar por páginas afora, pela citação do argumento com que S. Cirilo refutou Nestório:

“Maria Santíssima, diz o grande polemista, é Mãe de Cristo e Mãe de Deus. A carne de Cristo não foi primeiro concebida, depois animada, e enfim assumida pelo Verbo; mas no mesmo momento foi concebida e unida à alma do Verbo. Não houve, pois, intervalo de tempo entre o instante da Conceição da carne, que permitiria chamar Maria “Mãe de um homem”, e a vinda da majestade divina. No mesmo instante a carne de Cristo foi concebida e unida à alma e ao Verbo”.

Vê-se, através destas citações, que nenhuma dúvida, nenhuma hesitação existe sobre este ponto no espírito dos Santos Padres. É uma verdade Evangélica, tradicional, universal, que todos aceitam e professam.

Conclusão: Dever de culto à Mãe de Deus

Maria é Mãe de Deus… é absolutamente certo. Esta dignidade supera todas as demais dignidades, pois representa o grau último a que pode ser elevada uma criatura.

Oro, toda dignidade supõe um direito; e não há direito numa pessoa, sem que haja dever noutra.

Se Deus elevou tão alto a sua Mãe, é porque Ele quer que ela seja por nós honrada e exaltada.

Não estamos bastante convencidos desta verdade, porque, comparando Maria Santíssima com as outras mães, representamo-nos a qualidade de Mãe de Deus sob seu aspecto exterior e acidental, enquanto na realidade a base de sua excelência ela a possui em seu “próprio ser moral”, que influi em seu “ser físico”.

Maria concebeu o Verbo divino em seu seio, porém esta Conceição foi efeito de uma plenitude de graças e de uma operação do Espírito Santo em sua alma.

Pode-se dizer que a mãe não se torna mais recomendável por ter dado à luz um grande homem, pois isto não lhe traz nenhum aumento de virtude ou de perfeição; mas a dignidade de Mãe de Deus, em Maria Santíssima, é a obra de sua santificação, da graça que a eleva acima dos próprios anjos, da graça a que ela foi predestinada, e na qual foi concebida, para alcançar este fim sublime de ser “Mãe de Deus”: é a sua própria pessoa.

Diante de tal maravilha, única no mundo e no céu, eu pergunto aos pobres protestantes: não é lógico, não é necessário, não é imperioso que os homens louvem e exaltem àquela que Deus louvou e exaltou acima de todas as criaturas?

Se fosse proibido cultuar à Santíssima Virgem, como querem os protestantes, o primeiro violador foi o próprio Deus, que mandou saudar à Virgem Maria, pelo arcanjo S. Gabriel: “Ave, cheia de graça!” (Lc 1, 28).

Santa Isabel: “Bendita sois vós entre as mulheres” (Lc 1, 42)

Igualmente, a própria Nossa Senhora nos diz: “Doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada…” (Lc 1, 48).

Todos esses atos indicam o culto à Nossa Senhora, a honra que lhe é devida.

O Arcanjo é culpado, Santa Isabel é culpada, os evangelistas são culpados, os santos são culpados e 19 séculos de cristianismo também… Só os protestantes não…

Desde os primórdios do Cristianismo, como já vimos, era comum o culto à Maria Santíssima.

Em 340, S. Atanásio, resumindo os dizeres de seus antecessores nos primeiros séculos, S. Justino, S. Irineu, Tertuliano, e Orígenes, exclama: “Todas as hierarquias do céu vos exaltam, ó Maria, e nós, que somos vossos filhos da terra, ousamos invocar-vos e dizer-vos: Ó vós, que sois cheia de graça, ó Maria, rogai por nós!”

Nas catacumbas encontram-se, em toda parte, imagens e estátuas da Virgem Maria.

O culto de Nossa Senhora não é um adorno da religião, mas uma peça constitutiva, parte integral, e indissoluvelmente ligada a todas as verdades e mistérios evangélicos. Querer isolá-lo do conjunto da doutrina de Jesus Cristo é vibrar golpe mortal na religião inteira, fazê-la cair, e nada mais compreender da grandeza em que Deus vem unir-se às criaturas.

Nossa Senhora é Mãe de Deus: “Maria de qua natus est Jesus!”

Tudo está compendiado nesta frase. Maria, simples criatura; Jesus, Deus eterno; e a encarnação “de qua natus est”; afinal, a união indissolúvel que produz o nascimento, entre o Filho e a Mãe, a grande e incomparável obra-prima de Deus.

Ele pode fazer mundos mais vastos, um céu mais esplêndido, mas não pode fazer uma Mãe maior que a Mãe de Deus! (S. Bernardo Spec. B.V. c 10). Aqui Ele se esgotou. É a última palavra de seu poder e de seu amor!

(Extraído, com alguns pequenos acréscimos, do Pe. Júlio Maria, “A Mulher Bendita”, Editora “O Lutador”, 1949, Manhumirim, MG). O texto sobre a Mãe de Deus foi basicamente copiado, por se tratar de uma das mais belas páginas de defesa da maternidade divina de Nossa Senhor que encontrei.

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do eu ventre”. O índio Juan Diego, cujo nome asteca era Cuauhtlatohayc, nasceu em 1471, perto da cidade do México, na aldeia de Cautitlán, pertencente aos índios Mazehuales.
Era então Arcebispo da cidade do México, Dom Juan de Zumárraga, franciscano basco. Era o segundo bispo da Nova Espanha.
Conforme a lenda e tradição, no Sábado, 9 de dezembro de 1531, pelas seis horas da manhã, quando o índio Juan Diego se dirigia de sua aldeia para a de Tolpetlac para assistir uma função religiosa na missão franciscana de Tratetolco, ao chegar ao monte Tepeyac, às margens do lago Texcoco, viu uma jovem de uns 15 anos, que lhe ordenou ir falar com o Bispo a fim de pedir-lhe que construísse um templo no vale próximo.
No mesmo dia a tarde por volta das 5 horas da tarde, Juan Diego vê novamente a jovem, lhe relata a incredulidade do bispo e pede que escolha outro mensageiro.Porém a jovem insiste em sua missão de ir ter novamente com o bispo e pedir a construção do templo.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, 3 horas da tarde, Juan Diego fala novamente com o bispo, que ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe “aparece” e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo.
Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego, não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino. Na madrugada do dia 12 de dezembro, terça-feira, devido a gravidade da doença de seu tio, Juan Diego sai de sua aldeia para buscar um sacerdote, e rodeia o monte para não encontrar a virgem. Porém, mesmo assim ela lhe “aparece”, fala que seu tio ficará curado, e pede que vá ao monte buscar rosas que seria o sinal. Ao seu regresso, a virgem diz: Estas diferentes flores são a prova, o sinal que levarás ao bispo.Diga-lhe que veja nelas meu desejo, e com isso, execute minha vontade.
Ao mesmo tempo que Juan Diego encontra a jovem, ela “aparece” também a seu tio doente, cura instantaneamente suas enfermidades e manifesta seu nome: “Sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe”.
No dia 12 de dezembro, após a quarta “aparição”, Juan Diego leva em seu poncho, como prova, rosas frescas de Toledo(e isto em pleno inverno mexicano). Já na casa do bispo, por volta do meio dia, na hora que abriu o poncho(ayate) onde estavam embrulhadas as flores, estava a imagem: “A Virgem de Tequatlaxopeuh”. A mesma que hoje se venera na Basílica de Guadalupe.