O PAPA

20120601-161255.jpgOBJEÇÃO : O Papa é a predita besta do apocalipse ! Pois em Ap 13,18 lemos : “Quem tem inteligência, calcule o número da besta, porque é número de homem : este número é 666 “. Ora, o Papa é chamado “Vigário do Filho de Deus”, o que se escreve em latim : Vicárius Filii Dei. Somando as letras que em latim tem valor de algarismos, dá soma de 666 ! :
V I C A R I U S F I L I I D E I
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5 1 100 – – 1 5 – – 1 50 1 1 500 – 1 = 666
RESPOSTA : A acusação mostra apenas insensatez e ódio dos acusadores contra S. Pedro e seus sucessores. Vejamos :
a ) O texto do Apocalipse ( Ap 13,18 ) exige que a Besta seja um homem, e não um cargo ( de chefe da Igreja Católica) ocupado até agora por 264 Papas. Seria muito mais razoável indicar como besta apocalíptica, um dos 18 reis da França com nome LUÍS (ou qualquer outro LUÍS ) que se escreve em latim : Ludovicus, e que na contagem latina dá a soma 666 ; ou ainda a doutora adventista Ellen Gould White. Mas, acusar estas pessoas, não interessa aos nossos acusadores !
L U D O V I C U S
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50 5 500 5 1 100 5 = 666
E L L E N G O U L D W H I T E
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– 50 50 – – – – – 50 500 5+5 – 1 – – = 666
b ) Além disso, nenhum Papa usou o título de “Vigário do Filho de Deus”. Costumam chamar-se “Servo dos servos de Deus”, “Bispo de Roma”, “Vigário de Jesus Cristo”, “Patriarca do Ocidente”, etc.
C ) No mesmo capítulo Ap 13,6-8 e 15, João descreve a atuação desta Besta : “A Besta abriu a sua boca em blasfêmia contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os que habitam o céu. Foi lhe permitido fazer que fossem mortos todos aqueles que não adorassem a imagem da besta”.
d ) Cada livro da Bíblia foi escrito e destinado, em primeiro lugar, ao povo contemporâneo, da mesma época, e só em segundo lugar poderia conter alguma profecia, referente aos tempos futuros. Assim, João Evangelista escreveu o Apocalipse para os cristãos da Ásia Menor, perseguidos pelo cruel César Nero e seus sucessores, predizendo-lhes a vitória final de Cristo sobre eles. Ora, estes cristãos não entendiam o latim, senão o grego e o hebraico. ( E se por acaso descobrissem, na tradução latina, esta acusação contra o Papa, iriam rejeitá-la como calúnia diabólica ; pois tanto São Pedro, como os 30 Papas dessa época, foram todos martirizados por sua fidelidade a Cristo ).
Porém, eles facilmente calcularam o nome grego de Cesar Neron, em caracteres hebraicos, desta maneira, da direita para esquerda:
N V R e N – R a S e Q
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50 6 200 50 200 60 100 = 666
Cesar Nero, sim exigia para si as honras divinas e mandou matar os Apóstolos Pedro e Paulo e milhares de outros cristãos. O mesmo faziam alguns de seus sucessores.
e ) Para os verdadeiros cristãos o Papa era sempre o sucessor de S. Pedro, atribuindo-lhe as seguintes promessas de Cristo :
Mt 16,18 : “Eu digo : tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja… A ti darei as chaves do Reino dos céus…”
Lc 22,31-32 “Simão, Simão, eis que satanás vos procurou para vos joeirar como trigo, mas Eu roguei por Ti, a fim que tua fé não desfaleça, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos”.
Jo 21,15-17 : “Jesus perguntou a Simão Pedro : Simão filho de João, amas-me mais que estes ? Respondeu-lhe ele : Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo ! Diz-lhe Jesus : Apascenta os meus cordeiros…” (Apesar da anterior negação de Pedro, predita por Jesus ).
f ) Para aqueles que ousam chamar o Papa de Anticristo, que deve aparecer pelo fim do mundo, responde João Apóstolo na sua carta ( I Jo 2,18-19) : “O anticristo está para vir, mas digo-vos que já agora há muitos anticristos… Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos ; porque, se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco”. É claro que S. João era sempre unido a S. Pedro e seus sucessores. Portanto o Anticristo sairá das fileiras que abandonaram a Igreja Apostólica.
I Ia. ACUSAÇÃO : Jesus nasceu pobre na gruta de Belém. Por que o Papa, em Roma , vive no rico palácio do Vaticano ao lado da rica basílica de São Pedro ?
RESPOSTA : Numa parábola ( Mt 13,31-32 ) Jesus compara a sua Igreja ( o Reino dos céus ) com o grão de mostarda, que semeado cresceu e tornou-se grande árvore, e seus ramos aninharam-se aves vindas de toda parte.
Assim na vida de Jesus, esta sementinha da Igreja, era constituída apenas da Sagrada Família ; depois de 12 Apóstolos, discípulos e santas mulheres. Jesus andava com eles e ensinava o povo à beira do lago ou nos montes. Jesus não precisava de casa nem de dinheiro. Para o culto divino e público Jesus se servia de sinagogas e do magnífico templo de Jerusalém. Nunca proferiu um só palavra contra a riqueza e beleza do templo de Deus ! – Ao contrário, com energia expulsou os profanadores (Mt 21,22) e (Mc 12,42).
Quando este Reino de Cristo (sua igreja) tornou-se uma “grande árvore”, abrigando quase um bilhão de pássaros (= fiéis católicos), esta mesma igreja necessita de muitos e grandes templos para o culto divino, e muitos e edifícios para a propagação e administração deste Reino de Deus visível na terra.
Como no Governo, há prefeitos com prefeituras, presidente com palácios federais em Brasília, assim na Igreja há Bispos e párocos com igrejas e suas moradas. E há um Papa que preside toda Igreja. Dos departamentos de Vaticano com seus auxiliares, administra a Igreja de Cristo, residindo ali num modesto apartamento.
Além disso, os prefeitos, os governadores e presidentes cada um tem sua esposa e filhos, casas e propriedades, e quando morrem, deixam geralmente para os filhos e netos considerável heranças. O mesmo o fazem os pastores de seitas cristãs. O Papa, porém, a exemplo de Jesus, não tem para si nem mulher nem propriedade nenhuma. E quando morre, deixa apenas o bom exemplo e os ensinamentos para todos. Vive e morre pobre como Jesus.

20120331-174949.jpgOs postulados derivados da identidade sacerdotal
Para poder compreender a importância da formação relativa à música sacra dos candidatos ao sacerdócio ministerial, deve-se antes de tudo ter presentes alguns elementos da identidade do presbítero e da sua missão específica.
Na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis, sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias actuais, de 25 de Março de 1992, João Paulo II, colocando as raízes da identidade sacerdotal no mistério da Santíssima Trindade e da comunhão da Igreja, observa: «O presbítero, […] em virtude da consagração que recebe pelo sacramento da Ordem, é enviado pelo Pai, através de Jesus Cristo, ao qual como Cabeça e Pastor do seu povo é configurado de modo especial para viver e actuar, na força do Espírito Santo, ao serviço da Igreja e para a salvação do mundo». Por conseguinte, o presbítero «encontra a verdade plena da sua identidade no facto de ser uma derivação, uma participação específica e uma continuação do próprio Cristo, sumo e único Sacerdote da nova e eterna Aliança: ele é uma imagem viva e transparente de Cristo Sacerdote».
Contudo, deve-se ter presente que Cristo realizou o seu sacerdócio plenamente no mistério da sua morte e ressurreição, e este mistério da morte e ressurreição «está de certo modo recolhido […] e ‘concentrado’ para sempre» na Eucaristia, na qual «Cristo entregou à Igreja a actualização perene do mistério pascal. Com ele, instituiu uma misteriosa ‘contemporaneidade’ entre [o Triduum Paschale] e o transcurso de todos os séculos». Por outras palavras, a Eucaristia «é o sacrifício da Cruz que se perpetua através dos séculos». Portanto, «quando a Igreja celebra a Eucaristia, […] este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e ‘realiza-se a obra da nossa redenção’».
Ora, a Eucaristia está estreitamente ligada ao sacramento da Ordem, aliás é «a principal e central razão de ser do sacramento do Sacerdócio, que nasceu efectivamente no momento da instituição da Eucaristia e juntamente com ela». Por conseguinte, os sacerdotes – como nos recorda o Concílio Vaticano II -, na sua qualidade de ministros das coisas sagradas, «são sobretudo os ministros do sacrifício da Missa» .
Há um vínculo estreito também entre toda a actividade e eficácia pastoral dos presbíteros e a Eucaristia. De facto, o Decreto conciliar sobre o ministério e a vida dos presbíteros, Presbyterorum ordinis, indica a caridade pastoral como «o vínculo de perfeição sacerdotal que reduzirá à unidade a sua vida e acção», acrescentando imediatamente que «a caridade pastoral brota sobretudo do Sacrifício Eucarístico».
Partindo destes elementos da identidade do sacerdote e da sua missão, não é difícil perceber a responsabilidade dos sacerdotes pela Eucaristia. Eles não são apenas ministros da Eucaristia, mas dependerá deles principalmente a forma como será também celebrada na realidade a Eucaristia, como será compreendida e vivida pelos fiéis. Dependerá deles a orientação da música e do canto sagrado nas nossas igrejas. Seria irrealista esperar a promoção da genuína música sacra na liturgia, sem uma adequada preparação de quantos devem desempenhar neste sector um papel predominante.
A Eucaristia e a Liturgia das Horas na formação sacerdotal
Das considerações feitas até agora resulta também que, quanto mais profundamente o sacerdote compreende e na realidade vive a Eucaristia – que é o centro de toda a liturgia -, tanto melhor poderá compreender e orientar a música sacra. De facto, o canto e a música sacra são «parte necessária e integral da liturgia solene», devem portanto estar intimamente harmonizados com a liturgia, participar eficazmente na sua finalidade, ou seja, devem expressar a fé, a oração, a admiração, o amor a Jesus presente na Eucaristia. Por isso, o Catecismo da Igreja Católica repete mais uma vez que o canto e a música sacra desempenham a sua função de sinais de maneira tanto mais significativa «quanto mais estreitamente estão unidos à acção litúrgica», e quanto mais exprimem a oração.
A Eucaristia
Por conseguinte, na nossa perspectiva, é também importante que os seminaristas:
a) Sejam educados para compreenderem a Eucaristia na sua plena dimensão e valor; se dêem conta de que «na Santíssima Eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa»; que Ela é «o vértice da oração cristã»; que é «fonte e ápice de toda a vida cristã» e «todos os sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e as obras de apostolado, estão estreitamente unidos à sagrada Eucaristia e para ela estão ordenados» .
b) Se dêem conta do seu papel em relação à Eucaristia, ou seja, que «na sua qualidade de ministros das coisas sagradas, são sobretudo os ministros do Sacrifício da Missa» e que, por conseguinte, «o seu papel é totalmente insubstituível, porque sem sacerdote não pode haver oferta Eucarística»; que se consciencializem também da sua tarefa no que se refere à compreensão e à promoção da Eucaristia na vida dos fiéis.
c) Recebam uma adequada educação litúrgica juntamente com a devida explicação do significado das normas litúrgicas.
d) Sejam introduzidos a viver intensamente e a amar a Eucaristia. A este propósito, o Código de Direito Canónico prescreve: «A celebração eucarística seja o centro de toda a vida do seminário, de forma que todos os dias os alunos, participando da própria caridade de Cristo, possam haurir sobretudo desta fonte abundantíssima as forças para o trabalho apostólico e para a sua vida espiritual». De igual modo, a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis diz: «A celebração quotidiana da Eucaristia […] deve ser o centro de toda a vida do seminário, e os alunos devem participar nela com devoção».
A Exortação Apostólica Pastores dabo vobis, precisamente da relação entre a Ordem sagrada e o Sacrifício da Missa, deduz «a importância fundamental da Eucaristia na vida e no ministério sacerdotal e, por conseguinte, na formação espiritual dos candidatos ao sacerdócio». Aliás, João Paulo II, não só recomenda que a participação quotidiana dos seminaristas na Eucaristia se torne depois ‘regra da sua vida sacerdotal’, mas também que sejam educados a considerar a celebração eucarística como o momento essencial do seu dia a dia, no qual participarão activamente, nunca se contentando com uma assistência meramente rotineira», que sejam «formados nas íntimas disposições que a Eucaristia promove: o reconhecimento pelos benefícios recebidos do alto, pois a Eucaristia é acção de graças; a atitude oblativa que os estimula a unir à oferta eucarística de Cristo a própria oferta pessoal; a caridade alimentada por um sacramento que é sinal de unidade e de partilha; o desejo de contemplação e de adoração diante de Cristo realmente presente sob as espécies eucarísticas».
Estou profundamente convencido de que a compreensão e a atitude correcta e apaixonada para com a música sacra dependem do modo de compreender e de viver a liturgia, e especialmente a Eucaristia.
A celebração da Liturgia das Horas
Segundo a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, «à formação para o culto eucarístico deve estar intimamente unida a formação para o Ofício divino, mediante o qual os sacerdotes ‘rezam a Deus em nome da Igreja e em benefício de todo o povo que lhe está confiado, mais, em favor de todo o mundo’». Considero oportuno mencionar isto, porque na celebração da Liturgia das Horas é usado com frequência o canto e a música.
O Instrumentum laboris do VIII Sínodo dos Bispos sobre a formação dos sacerdotes, de 1990, afirmava: «A Liturgia das Horas é uma das maiores expressões da oração litúrgica. Através de uma iniciação gradual a esta oração das horas, o candidato aprenderá a dar um ritmo aos dias marcados por uma celebração na qual se exprime e se renova a sua fé. Saboreando os elementos de cada ‘hora’, ele poderá integrar progressivamente vida e oração a título pessoal e em nome da Igreja, para o povo que lhe está confiado e para todo o mundo».
Na formação seminarística, deve-se portanto evitar que na celebração da Liturgia das Horas, quer comunitária quer individual, se reduza esta oração à obrigação formal realizada mecanicamente como uma leitura rotineira e acelerada sem dedicar a atenção necessária ao significado do texto. Os seminaristas deveriam ser adequadamente introduzidos nela de maneira que se habituem a apreciar, a compreender e a amar cada vez mais as riquezas do Ofício e, ao mesmo tempo, aprendam a tirar dele um alimento para a oração pessoal e para a contemplação. O canto pode servir de ajuda (ou se for mal feito, de obstáculo) para a sua consecução.
Nos seminários devem ser habitualmente celebradas em comum, à hora correspondente, as Laudes, como oração da manhã, e as Vésperas, como oração da tarde. Também se pode celebrar a Hora média e as Completas. Na vigília das solenidades, por vezes pode-se celebrar o Ofício das leituras segundo o rito da «vigília prolongada». A celebração comum muitas vezes é louvavelmente cantada.
A formação litúrgica adequada
Em ligação com quanto expus, é preciso observar que o futuro sacerdote, através da participação na vida litúrgica no seminário durante os anos da sua formação inicial, recebe uma autêntica «educação litúrgica, no sentido pleno de uma inserção vital no mistério pascal de Jesus Cristo morto e ressuscitado, presente e actuante nos sacramentos da Igreja». Ele aprende progressivamente, por experiência, o que é a liturgia da Igreja, e deve ser ajudado para descobrir a riqueza dos ritos da Igreja, das orações dos livros litúrgicos, dos textos dos diversos leccionários. Deve ser apoiado no processo de aprender a apreciar a beleza das orações, do lugar de culto, dos paramentos, da qualidade da música e dos cantos.
Sob a direcção dos superiores e, particularmente, do responsável da liturgia, o aluno realiza alguns serviços, alguns ministérios – de leitor, de acólito, de diácono -, à medida que se aproxima da Ordenação sacerdotal. Existem também outros serviços litúrgicos, por exemplo o de cantor, de salmista, de mestre de coro, de organista.
Os seminaristas, em pequenas equipas – por exemplo. por uma semana -, são encarregados de preparar a liturgia da Missa e do Ofício divino, escolhendo alguns cantos, as melodias e algumas tonalidades para a salmodia, tendo em consideração a sua qualidade, os diversos tempos litúrgicos e o grau de solenidade da liturgia do dia.
Os programas de estudo incluem, de facto, um específico ensinamento litúrgico, em relação ao qual a Congregação para a Educação Católica deu algumas normas e indicações. Este ensino da liturgia é necessário, mas só será verdadeiramente frutuoso se for interiorizado pelo próprio seminarista. Por isso, insiste-se muito para que o futuro sacerdote adquira não só o conhecimento técnico dos sagrados ritos, mas sobretudo o seu profundo significado teológico e espiritual.
A formação musical
Além dos elementos acima expostos, que constituem um pressuposto substancial para a compreensão da música sacra como parte integrante da liturgia e não só como um elemento decorativo ou como um ornamento que se acrescentaria à acção litúrgica, o Magistério e a normativa da Igreja fornecem aos seminaristas e aos formadores dos Seminários indicações oportunas.
Formação específica nos seminários
Todos os documentos mencionados têm obviamente uma importância fundamental para uma boa formação musical dos seminaristas.
A Congregação para a Educação Católica emanou em 1979 uma Instrução sobre a formação litúrgica nos Seminários. Nela, entre outras coisas, lemos: «Considerando a importância da música sacra nas celebrações litúrgicas, os alunos devem receber de peritos aquela preparação musical, também prática, que será necessária no futuro ofício de presidentes e de moderadores das celebrações litúrgicas. Nesta preparação deve ter-se em consideração as qualidades naturais de cada um dos alunos, e servir-se dos novos meios hoje geralmente em uso nas escolas de música, para tornar mais fácil o aproveitamento dos alunos. Deve-se, sobretudo, procurar que aos alunos seja dada não só uma preparação na arte vocal e instrumental, mas também uma verdadeira e autêntica formação da mente e do coração, para que conheçam e apreciem as melhores obras musicais do passado e saibam escolher, na produção moderna, o que é sadio e recto» .
No campo prático, requer-se a aprendizagem dos diversos cantos usados na liturgia. Por conseguinte, os seminaristas deveriam participar regularmente nas lições de canto previstas pelo programa dos estudos.
Os seminaristas que são dotados de boas capacidades musicais podem ser convidados a desenvolver os seus talentos, por exemplo como organistas, ou para aprenderem a dirigir um coro ou uma assembleia. Para isso, pode-se também aproveitar de sessões de formação durante as férias.
Algumas festas do seminário podem ser assinaladas, além da celebração da liturgia, também pela execução de certas obras musicais: cantos polifónicos, concertos de órgão ou de música instrumental, haurindo do rico património musical da Igreja. Trata-se do património no qual é desejável que os seminaristas sejam introduzidos.
Participando no seminário numa liturgia de qualidade, na qual o canto e a música têm todo o seu lugar, e beneficiando de uma formação musical dada por pessoas competentes, o futuro sacerdote prepara-se progressivamente para a sua responsabilidade litúrgica como celebrante da Eucaristia e dos outros sacramentos, como pastor e guia da oração das comunidades das quais será encarregado. Ele aprende progressivamente a discernir o que é belo, o que convém ao culto divino, o que é conforme com o espírito da acção litúrgica, o que permite traduzir a verdade do mistério celebrado, o que contribui autenticamente para a glorificação de Deus e para a santificação dos fiéis, o que favorece a oração dos cristãos e a sua «participação plena, consciente e activa» na liturgia. Graças a esta formação musical, o futuro sacerdote aprende a dar todo o seu lugar à música nas celebrações, «tendo em conta tanto o carácter próprio da liturgia como a sensibilidade do nosso tempo e as tradições musicais das diversas regiões do mundo».

Cardeal Zenon Grocholewski
Prefeito da Congregação para a Educação Católica

Ao grau ultimo da síntese, aquele da Bíblia, o verdadeiro e o bem se oferecem à contemplação, a vivência simbiótica assinala a integridade do ser e faz surgir à beleza, como bem diz Kierkegaard em seu livro intitulado La note de 1852 [1].

Os sacrificados, os mártires, estes amigos feridos do Esposo que se oferecem em espetáculo aos anjos e aos homens, representam os acordes fundamentais o imenso canto da salvação. Espigas colhidas, o Senhor as repõe nas plantações do Seu Reino. A tradição vê nesses a conformação ao Cristo na Beleza. Nicola Cabasilas, o grande liturgista do século XIV, diz “aqueles que souberam amar alem de tudo a Suma Beleza” [2], semente do divino, “ágape radical no coração” [3].

Criando o mundo do nada, o Divino Criador compõe a sua Sinfonia dos seis dias, o Hexámeron, e a cada dos seus atos viu que era belo. O texto sagrado grego do relato bíblico diz belo e não bom; o termo hebraico significa uma e a outra coisa juntas. Da outra parte o verbo criar é conjugado em hebraico segundo o modo completo: o mundo foi criado, é criado e será criado até a sua plenitude. Saindo das mãos de Deus, o germe é já belo, mas aperto à evolução, a historia quanto mais movimentada e trágica do sinergismo do agir divino e do agir humano. Segundo Maximo o Confessor, o cumprimento da primeira beleza na Beleza perfeita se põe ao fim e recebe o nome de Reino [4]

Aqui a tradição causa uma prefixação importante. Um grande homem espiritual do IV século, Evagrio comentando a variante do Pater no evangelho de Lucas onde o posto do Reino se lê venha o teu Espírito, diz: “O Reino de Deus é o Espírito Santo: nós o pedimos ao Pai que faça descer sobre nós” [5], de acordo com a tradição, Evagrio identifica assim o Reino e o Espírito Santo. Portanto, se o Reino contemplado é a Beleza, a terceira pessoa da Trindade se revela Espírito da Beleza. O Espírito Santo é a perfeição da Beleza, Ele comunica o esplendor da Santidade.

Os atributos notados do Espírito são a Vida e a Luz. A Luz, antes de tudo, é potência de revelação, e por isso o Deus revelatus se chama Deus-Luz. A sua potência “ilumina cada homem” (Jo 1,9) e segundo São Simão “transforma em luz aqueles que são iluminados” [6]. Mais ainda, ela se põe como fonte da todo conhecimento: “À tua luz vemos a luz” (Sal 35,10) [7]. Existem pontos de vista sempre parciais, e por isso são deformantes, e existe o olhar pleno que faz do homem, segundo a expressão de São Macário [8] um olho único e imenso permeado da luz divina.

Sobre o plano ótico, o olho não percebe os objetos ma a luz refletida dos objetos. O objeto é visível somente porque a luz o faz luminoso. Aquilo que se vê é a luz que se une ao objeto, que em certo modo o absorve e toma a sua forma, o retrata e o revela. A inteiração misteriosa do carbono e da luz do diamante, a beleza. Segundo uma antiga crença popular, o raio de luz que penetra a noite de uma ostra gera a perola [9]. O espaço não existe se não pela luz, a qual faz a matriz de cada vida. É neste sentido que a vida e a luz se identificam. A luz faz vivo cada ser, fazendo aquele que é presente, aquele que vê o outro e que é visto por outro, aquele que vive com e para o outro, existindo um no outro.

Por outro lado, o inferno, o Ade grego e ao Sheol dos hebreus, indica aquele lugar denso de trevas onde a solidão reduz o ser à extrema indigência do solipsismo demoníaco, onde nenhuma visão se encontra com outra.

Segundo o relato bíblico da criação do mundo, no inicio “foi uma grande tarde e uma manha, e este foi o dia”. O Hexámeron não conhece noite. As trevas e a noite não são criadas por Deus; para o momento a noite não é mais que o sinal do inexistente, o nada abstrato, separado pela sua natureza do ser. A manha e a tarde assinala a sucessão dos eventos, designam a progressão criadora e forma o dia, dimensão da luz pura. O seu contrário, a noite, não é ainda a potência efetiva das trevas; a noite no sentido joanino aparece somente na queda.

A noite não é a simples ausência de luz. Os psiquiatras sabem que cada passividade aparente esconde uma silenciosa e ativa resistência. A treva da qual se fala é uma fuga desesperada do interno de si mesma, porque como impotente é arrastada para a Luz: para esconder-se se cobre de escuridão culposa, manifestando uma postura demoníaca e consciente da negação e rejeição.

Na ocasião da Ceia do Senhor, o Cenáculo é inundado de luz porque Cristo está no meio dos Apóstolos. É neste momento que Satanás entra em Judas e deste momento, ele não pode mais ficar no circulo de luz: ele sai com pressa, e João sóbrio nos detalhes observa: era noite. As trevas da noite envolvem Judas e escondem o terrível segredo da sua comunhão com Satanás (Jo 13).

O primeiro dia da criação observa os Padres, não é primeiro, mas o único. É o alfa que já leva chama o Omega, o oitavo dia do acordo final, o pleroma. Este primeiro dia é o canto jubiloso do Cântico dos Cânticos de próprio Deus, a fonte fulgurante do “faça-se a luz”. Esta luz não é um elemento ótico, que aparecerá no quarto dia com o sol astronômico. A luz inicial no sentido absoluto é a revelação mais envolvente do Rosto de Deus. Faça-se a luz, significa para o mundo em potência: faça-se a Revelação e, portanto venha o Revelador, venha o Espírito Santo! O Pai pronuncia a sua palavra e o Espírito a manifesta, Ele é a Luz da Palavra. A Palavra revela Deus como o Tu absoluto e suscita imediatamente aquele que a escuta e a contempla, a segunda luz nascida da Luz e colocada como outro eu e espelho na luz-revelação-comunhão.

O circulo da Revelação fechou-se sobre a diferenciação e ao mesmo tempo sobre a identidade perfeita de todos os elementos. A primeira palavra da Bíblia faça-se a luz é também a ultima, faça-se a beleza, Alfa e Omega, principio e fim. O homem deve se transforma todo em doxologia vivente, da estética ao religioso.

[1] KIERKEGAARD Soren, La note de 1852, Bohlim 1941, p.251: “O pássaro sobre o ramo, o lirio no campo, o veado na floresta, o peixe no mar, inumeráveis homens contentes proclamam a alegria: Deus é amor! Mas por baixo e como suporte de todas estas vozes, como o baixo mugir abaixo os claros sopranos, si ouve, de profundis, a voz dos sacrificados: Deus é Amor”.

[2] BORODINE M. Lot, N. Cabasilas, Paris, p. 156.

[3] CRISOSTOMO João, cit. in M. Lot Borodine, op.cit., p.155.

[4] MAXIMO, Mystagogia, PG 91, 701C.

[5] HAUSHERR I. Les leçons d`un contemplative. Le Traité d`oraison d`Evagre le Pontique, Paris 1960, p. 83.

[6] SIMÃO o Novo Teólogo, Hymne à l`amour divin in La Vie Spirituale, 27 (1931), p. 201.

[7] A redação dos Evangelhos situa-se depois de Pentencostes.

[8] MACARIO, Homilia 1,2, p. 34, 450B-451 A.

[9] Para Santo Efrém a perola evoca o batismo de água e de fogo porque essa é o fruto da união da água e do fogo-luz. São Macário fala de perola celeste, imagem da Luz divina, e na parábola evangélica essa é figura do Reino.20120331-152146.jpg

Deus é a Beleza por excelência e a Fonte de onde emana a beleza de toda criação. Depois de criar o mundo, ele mesmo chegou a admirar a beleza da sua obra. É o que está escrito no Gênesis: “Deus viu tudo que havia feito, e tudo era muito bom” (Gn1, 13). É importante notar que na Bíblia e, de modo particular no Antigo Testamento, a palavra grega “kalos” significa belo, bom e verdadeiro [1].

O livro da Sabedoria nos mostra e nos ajuda a perceber Deus como Fonte e Autor da beleza, sobretudo na capitulo 13. No versículo 3: “se ficam fascinados com a beleza dessas coisas, a ponto de tomá-las como deuses, reconheçam o quanto está acima delas o Senhor, pois foi o autor da beleza quem as criou”, o autor do livro afirma que o Senhor é Autor da beleza e é ele também quem criou as coisas admiradas. No versículo 5: “Sim, porque a grandeza e a beleza das criaturas fazem, por comparação, contemplar o Autor delas”, o autor do livro compara a beleza das criaturas à beleza do Autor delas. Pela beleza das criaturas, o ser humano pode imaginar como é a beleza do Criador. E podemos perceber também no mesmo versículo 5 que a beleza das criaturas é rastro da beleza de Deus.

O autor do livro da sabedoria fica maravilhado ao contemplar a beleza das coisas do mundo e se pergunta como muitos homens não chegam a reconhecer Deus, que é o Criador e a Fonte da beleza dessas coisas. Ver a beleza das coisas do mundo e não reconhecer o Deus que as criou é ser insensato, segundo o autor.

[1] Sb 13, 1.3-5: “São naturalmente insensatos todos os homens que ignoram a Deus e que, através dos bens visíveis, não chegam a reconhecer aquele que existe. Consideram as obras, mas não reconhecem o seu artífice [….] Se ficam fascinados com a beleza dessas coisas, a ponto de tomá-las como deuses, reconheçam o quanto está acima delas o Senhor, pois foi o autor da beleza quem as criou. Se ficam maravilhados com o poder e atividade dessas coisas, pensem então quanto mais poderoso é Aquele que as formou. Sim, porque a grandeza e a beleza das criaturas fazem, por comparação, contemplar o Autor delas”.

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20120329-122637.jpg“O belo é o esplendor do verdadeiro”, disse Platão. Aqui está a origem de toda a reflexão sobre a beleza desde a Antiguidade grega até nossos dias. Ninguém ainda superou Platão. É dele o pensamento original que uniu em nós uma só palavra, kalokagathia – belo e bom – as duas vertentes ou facetas da mesma experiência humana. Se Deus é amor como proclama poeticamente o evangelista João em sua Primeira Epistola, podemos dizer que este amor se expressa sempre articulando o bem, o belo e o verdadeiro. Deve haver uma simbiose entre estes termos e na experiência que fazemos deles em nossa vida quotidiana.
Alguns criticam esta posição como idealista e que não corresponderia ao real e aos conflitos concretos da vida. Viver e não ter vergonha de ser feliz, cantada pelo poeta Gonzaguinha, não parece ser tão natural e simbiótico. Criar é exprimir nosso eu pessoal como expressão do bem e do belo que nos habitam interiormente. Sabemos que precisamos ver e contemplar para que a nossa palavra diga o que emerge de nossos corações. São dois exercícios internos distintos. Um será realizado com os olhos físicos e a luz. O outro será algo muito mais profundo e vulcânico. Capaz de extasiar e mudar nossa vida completamente. Não há esquecimento para algo contemplado com os olhos do coração. Mas os humanos parecem desterrados em um vale de lagrimas onde vivem angustiados por uma profunda nostalgia que sonha com um paraíso ou Éden perdido.
Queremos voltar a identificar o belo e o bom. Queremos que seja verdade e que vivamos o tempo da criação primigênia. Sabemos que o próprio do bem é o atrair-nos para o verdadeiro com nosso apetite voraz pelo infinito e felicidade. Sabemos também que o próprio do belo é o seduzir e ser seduzido, pois desejamos ser visitados pela graça e pelo êxtase. Somos simultaneamente seres de desejo e de paizão. Seres que buscam o infinito e a transcendência e seres que querem ser visitados pelo Outro. Seres perfectíveis, mas repletos de imperfeições. Seres de beleza mergulhados em tantas feiúras e matéria informe. Somos como flores de lótus em um imenso lodaçal. Temos saudades da hora em que tudo se fez pelo canto mavioso do Amado. Assim, o livro do Genesis falará daquele dia único, especial e fundamental: o dia da criação. Não é um dia como outro qualquer, como dito pelos teólogos da época patrística.
Queremos novamente ouvir aquela frase bíblica: “E Deus viu que tudo era Belo e Bom” . Como relata o teólogo Evdokimov este é para nós hoje novamente o dia que se manifesta como Alfa que já carrega em si mesmo o Omega .
Ficar perto da luz e iluminar-se com ela, eis a missão e meta de nossa viagem galáctica, histórica, pessoal e coletiva. Estar na luz é comungar da Luz divina e assim manifestar a beleza querida por Deus e contemplar a cada dia e na esperança a beleza de Deus. Por essa razão, o ultimo livro na edição da Bíblia, ao afirmar a esperança, diante dos sofrimentos e das injustiças, proclama com audácia que “a noite não existirá, e ninguém mais necessitará da luz de lâmpadas nem da luz do sol, porque o Senhor Deus os iluminará e eles reinarão pelos séculos dos séculos” .
Falar de beleza e vivê-la em nossa vida é bem mais que cultuar ou vislumbrar algo de bonito ou lindo. Reconhecer que algo nos agrada ao contemplar é só o primeiro momento de algo muito mais profundo e misterioso. Todo ser, toda criatura, tudo o que existe de belo à medida que alcança a perfeição de sua natureza ou dela se acerca. O belo sempre foi associado ao que é proporcional ou equilibrado. O belo sempre se manifestou nas culturas como estando coligado à luz ou claridade. O belo sempre foi expresso como esplendor do verdadeiro, realizando a síntese difícil entre verdade, bem e beleza.
Nosso desafio hoje é o de unir o bem que se faz ética e o belo que se faz estética como um caleidoscópio de emoções, experiências, conhecimento e utopias. Para conseguir atingir essa meta humana, é preciso refazer o caminho teológico e filosófico como fez magistralmente Hans Urs von Balthasar ao realizar magistral obra em que mostra que o abandono progressivo de desenvolver a teologia cristã à luz do terceiro transcendental, isto é, completar a visão do verum, bonun, mediante o pulchrum, empobreceu o pensamento cristão .
Experimentamos a arte como um dom e dádiva especial de Deus para cada um nós sem quaisquer exclusões. Verificamos que há uma busca do belo, presente em cada ser humano, quando este tem sede de eternidade, felicidade, serenidade e imortalidade. Não é errôneo dizer que as obras de arte expressam Deus. Há pinturas que são verdadeiros portais do divino. Há musicas que abrem para o infinito, como Mozart, Beethoven. Há esculturas que quase falam como o Moisés de Michelangelo. A beleza nos faz melhores. Apesar de sermos seres incompletos. A beleza nos incomoda, pois incomodou previamente o artista . O artista é alguém incitado, conclamado, instigado pelo belo. A tarefa que recebeu é árdua. Como uma cruz pesada. Ele deve saber que todos os seus atos, sentimentos, pensamentos não são fundamentalmente a matéria imponderável de onde surgirão suas obras. Ele deve saber que não é livre, durante toda a sua vida como artista, e que só o será de fato pela arte.
Chegamos a algumas perguntas: A beleza antiga cura feridas modernas? A beleza conduziria a Deus? Existe algum caminho privilegiado que possa nos conduzir a Deus? A beleza poderia ser esta via?
O teólogo Clodovis Boff cita algumas destas linguagens expressivas ou vias de expressão da fé: a poesia, a musica, o canto, a pintura, o teatro, a dança, as narrativas, as máximas, a simbologia e o humorismo. A lista valoriza todo o mundo da arte como via pulchritudinis “caminhos da beleza” . Lembra que a linguagem plástica privilegiada sempre o é a da liturgia. E diz que este caminho é meio de expressão e dialeticamente fonte de fé e de reflexão teológica. Portanto, segundo o autor, são lugares teológicos. Diz ele que o teólogo sempre deve estar pronto a dizer: “Que teologia há por trás disto: deste canto ou desta pintura? Tematizará então esta teologia implícita, enriquecendo-a, em seguida, pelo confronto com a tradição da fé e os desafios da historia” .
Aqui podemos lembrar-nos do texto Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, promulgado em 4 de dezembro de 1963, pelo Concilio Vaticano II, que ao referir-se às belas artes diz que estas possuem dignidade fundamental . E ainda afirma que as belas artes são o reflexo da beleza infinita de Deus . Recomenda os padres conciliares que os padres e religiosos sejam instruídos e educados na história da arte para que apreciem e conservem as obras de arte e possam manter um diálogo frutífero com os artistas (cf. SC, n. 129).
Pode-se afirmar a beleza como um velho e novo caminho para encontrar Deus nos dias atuais. Mas precisa-se ficar atento, pois há uma ambigüidade na beleza. “Deus não é o único que se veste de beleza, o mal o imita e faz que a beleza seja profundamente ambígua” . Podemos unir-mo-nos a Fiodor Mikhailovick Dosteievsks quando proclama uma profunda convicção de que a beleza salvará o mundo. Mas qual beleza? Pois sabemos que a beleza é um enigma que fascina e também faz perecer. Se a beleza possui um valor salvífico, devemos saber que, se a verdade é sempre bela, a beleza nem sempre é verdadeira. É bom lembrar que o Judaísmo e o Cristianismo falam do mal associado ao pecado do orgulho de Lúcifer por conta de formosura e beleza cintilantes, pois “teu coração se exaltou e corrompeste tua sabedoria por causa do teu esplendor. Assim te atirei por terra e fiz de ti um espetáculo à vista dos reis” .
A beleza é real, mas frágil. A beleza também precisa ser salva. Quem poderia fazê-lo? Para o novelista e literato Dosteievsks, só quem pode fazê-lo bem é o Homem Santo. Salvar a arte e a beleza será tarefa nevrálgica e santa para que haja sentido no mundo e na vida humana. Verdadeira tarefa salutar e terapêutica da qual ninguém pode se eximir. Sem este sal que salgará a terra não haveria nada mais a fazer sobre ela. A beleza introduz Deus na alma humana tal como a “sarça ardente que introduz ali suas raízes” . A beleza que salva o mundo está em Deus e na sua presença no coração e na vida da humanidade.