Em ocasião do Pentecostes de 1975, o Servo de Deus Papa Paulo IV pronunciou uma incisiva definição sobre a obra do Espírito Santo em nós: “Nós queremos não só possuir rápido o Espírito Santo, mas experimentar os efeitos sensíveis e maravilhosos desta presença do Espírito em nós. Ele vive na alma e a alma velozmente se sente invadida de uma imprevista necessidade de abandonar-se ao Amor, a um super-amor, e se sente maravilhada de uma extraordinária coragem, a coragem própria de quem é feliz e de quem é seguro; a coragem de falar, de cantar, de anunciar aos outros, a todos, as coisas grandes de Deus”.

Existe amor e amor… Quando temos o que fazer com o Espírito Santo, este amor se faz super. Isto é, nos supera, supera também a nossa capacidade de imaginar carregá-Lo ou de prever os efeitos sensíveis. É super, porque sobrecarrega docemente a nossa natureza humana e a preenche disto que a nossa condição terrena sozinha nunca poderia adquirir.

Para um amor novo é necessário um coração novo: “Vos darei um coração novo, colocarei dentro de vós um espírito novo” (Ez 36,26). O profeta chama a atenção os homens: ternura quer ternura! Não si pode gozar das delicadezas de Deus se o coração é ainda empedernido diante do mal, da dor, da vida, aos erros recebidos. O nosso coração predisposto à alegria, não poderá experimentar-la se não aceita de ser recreado pelo Espírito de Deus.

“O amor do Senhor é uma chama devoradora, que se te pega te envolve todo, ainda antes que tu te percebas”. Assim diz o teólogo Hans Urs von Baltazar em uma celebre definição no livro Coração do Mundo. É pequeno, em principio o amor de Deus; mas quando te pega é como um incêndio grandíssimo, que ninguém poderá mais apagar. É uma chama que devora sem interrupção, que não deixa espaço livre.

Observemo-nos ao nosso redor: muitos morrem por falta de amor, mas a coisa mais triste é que depois continuam a viver! Que pena a vida de moribundos. Que desconforto deve gerar a percepção de ser condenados à infelicidade. Mas não é este o querer de Jesus. Ele nos convida a estar na escola do seu amor. “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29b).

Somos impelidos pelo Espírito de Deus a aprender Jesus, porque só Ele é o Amor e nos coloca em relação com Aquele que tem Amor (o Pai) e dá Amor (Espírito Santo). Aprender Jesus, isto é, uma Pessoa, não uma lição de historia ou uma coleção de preceitos, mas uma espécie que acomoda a nossa natureza humana e não sobre a mão, mas cedendo o passo ao intervento do Espírito Santo. João atesta: “nós reconhecido e cremos no amor de Deus por nós” (1Jo 4,16).

Uma maravilhosa profissão de fé requer a todos aqueles que, com a ajuda do Espírito, têm descoberto o amor verdadeiro e têm acesso ao Coração de Deus. Só nesta ótica pode se desapegar e viver a fé cristã.

“Deus é amor. Que face tem o amor? Que forma tem? Que estatura tem? Que pés têm? Que mãos têm? Ninguém pode dizer. Mas, todavia têm pés que conduzem à Igreja. Têm mãos que se estendem piedosas para o pobre. Têm olhos: por estes de fato, se pode compreender quem é necessitado. Têm ouvidos: de qual diz o Senhor, quem tem ouvidos para ouvir ouça (Lc 8,8). Não se trata de partes do corpo separadas em lugares diversos: quem tem a caridade vê com a mente ao mesmo tempo o todo. Você, portanto, habita na caridade, e essa habitará em você; fica nessa e essa ficará em você.”(Santo Agostinho em comentários sobre a Primeira Carta de São João 7, 10).

“Sejais perfeitos como perfeito é o Pai vosso que esta no céu”(Mt 5,48), pede Jesus aos seus discípulos depois de ter reescrito a lei à luz do amor de Deus. “Sejais perfeitos” no amor perfeito do Pai, isto é, sem renuncias, aproximações, preferências ou intervalos no amar.