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nov
28

Peneira

Amados, vivemos em tempos difíceis para a vivência de uma fé concreta, palpável, vivida em testemunho e verdade. Vivemos em tempos onde a vida humana não se reconhece mais em sua dignidade real e essencial. Vivemos o mais acirrado teste para as nossas convicções, pois estamos presenciando uma enorme crise ao nosso redor. E esta crise é a pior crise que o homem pode enfrentar para, nos caminhos de sua existência, se encontrar em sua verdade última e libertadora – Deus –, pois tudo depende de sua abertura (ou não) a uma decisão consciente e convicta de que é possível viver um amor verdadeiro, crédulo, saudável e digno. Esta crise meus amigos é a Crise de natureza Moral.

Toda crise, e seja ela do que for, evoca em sua natureza uma realidade onde predominam incertezas e dificuldades, um momento que se torna crítico e ao mesmo tempo decisivo. A moral está ligada ao modo como vivemos os nossos costumes e hábitos, que refletem o nosso modo de ver o outro e o mundo. Nossa cultura social, institucional, política e religiosa se revelam em dependência direta pelo modo como nos comportamos. A moral é o externo que vem do interno de cada um de nós. E por que a crise moral seria a mais grave dentre todas as outras crises que possam existir? Pelo simples fato de que ela envolve o processo onde a consciência e a liberdade da pessoa se fundamenta em uma decisão de vida. E como sabemos: fazemos da vida o que decidimos a seu respeito.

Quais são os modos de vida que tem revelado as decisões que os homens do nosso tempo têm tomado em relação à vida que querem viver?

Os homens de nosso tempo decidiram viver o prazer hedonista e inconseqüente como verdade absoluta, mas na verdade poderíamos dizer que seja uma fuga absoluta da verdadeira realidade de si; os homens do nosso tempo adotaram a prática nefasta e distorcida de exaltar a corrupção e a violência social como se fossem sinais de inteligência e crítica para gerar educação e a mudança tão sonhada, mas acabam por reforçar ainda mais preconceitos, revoltas e violações dos direitos fundamentais e dignos das pessoas; os homens do nosso tempo decidiram-se pelo pior dos males: a INDIFERENÇA para com o Deus, ao Amor Verdadeiro no meio de nós, ao Cristo Jesus e seus ricos ensinamentos de Vida Eterna. Os homens do nosso tempo decidiram não crer, e a causa mais notável desta descrença é a FALTA DE REFERÊNCIA MORAL diante da vida e do mundo que revele uma vida abundante e bem-aventurada.

Que tipo de vida eu tenho vivido?

A dignidade da pessoa humana se fundamenta em sua criação à imagem e semelhança de Deus; realiza-se em sua vocação à bem-aventurança divina. Cabe ao ser humano a livre iniciativa de sua realização. Por seus atos deliberados, a pessoa humana se conforma ou não ao bem prometido por Deus e atestado por sua consciência moral.” – Catecismo da Igreja Católica, nº 1700

Esta pergunta exige profundidade na reflexão e sinceridade na resposta, e principalmente para nós Cristãos Católicos. Ao transcrever o parágrafo nº 1700 do Catecismo da Igreja Católica, pensava em uma imagem que o Dunga, missionário da Comunidade Canção Nova, usou muito em suas pregações neste último Acampamento PHN – 13 ANOS, e que vai nos ajudar a chegar a uma reflexão mais aberta sobre a vida que temos vivido. A imagem utilizada foi a da PENEIRA. A peneira é o utensílio que separa o que é bom, útil e essencial daquilo que é estragado, que pode sobrar e que não se precisa. Nós a utilizamos para separar e limpar os grãos para a nossa refeição, para retirar os excessos das polpas e sementes das frutas para fazer um bom suco, por exemplo. Assim, podemos dizer que a peneira é o que discerne, é o que faz ver o que é bom e rejeitar o que faz mal.

Diante da imagem da peneira e do texto do catecismo percebamos algumas realidades próprias da nossa vida. Primeiro: somos imagem e semelhança do próprio Deus. Ele nos criou por amor e para o amor, e esta é a verdade que fundamenta a nossa dignidade. Segundo: nossa vida se realizará plenamente quando nos abrirmos às promessas de uma vida que deve ser voltada para o céu, para os bens eternos, para o convívio com o próprio Deus na gloria eterna. Portanto somos de Deus e depositários das suas promessas, isto é fato! Contudo, Deus colocou em nossa mão uma peneira, a peneira da liberdade de escolha. Nossos primeiros pais, tentados pela antiga serpente – satanás –, escolheram desobedecer a Deus, e assim, o pecado entrou no mundo; Jesus Cristo escolheu amar e obedecer ao Pai e dar sua vida por nós, e assim, a salvação foi concedida a nós.  Somos capazes do bem, do perdão, da fé que edifica, e, na graça, amar e realizar um testemunho atestado pelo próprio Deus na vida dos irmãos, e não ficamos jamais sozinhos na caminhada; mas também podemos escolher o rancor, o egoísmo, a falta de perdão, a violência para a ruína completa daqueles que estão ao nosso lado, ficando sozinhos, e assim, nos distanciar de uma vida em Deus, ou seja, feliz.

Amados, hoje se torna indispensável, diante dos momentos desta crise, fazer um verdadeiro ato de peneirar o nosso coração e tudo que possa haver dentro dele, pois como diz o verso da música “a boca fala do que o coração está cheio”. E o que há dentro dos nossos corações?

Peçamos ao Espírito Santo e ao Imaculado Coração de Maria que nos auxilie neste profundo discernimento de vida e santidade diante das nossas escolhas. Que nossas escolhas sejam sempre em Deus.

Walisson Lopes Barreto

Link permanente para este artigo: https://blog.cancaonova.com/padrebruno/2011/11/28/peneira/

1 menção

  1. Pe Bruno Canção Nova disse:

    RT @PadreBrunocn: Peneira # http://t.co/yjE4j7CB

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