Há 7 dias vivemos a experiência da visita da ‘irmã morte’ em minha família. É a segunda vez que experimentamos isso desde fevereiro de 2010 quando meu irmão Amarildo foi para junto de Deus. Desta vez Jesus chamou minha irmã SANDRA MARIA. É justamente nestas horas duras que aprendemos e constatamos que nossa vida aqui passa depressa. Permita-me partilhar alguns pontos de reflexão e, uma humilde ‘confissão’, de meu coração de sacerdote diante desse evento inevitável e importantíssimo para o qual todos caminhamos desde o dia em que nascemos: a morte.
Os anos nesta terra duram o tempo de um relâmpago. Não apenas surge e já se apaga. Todavia, é nesse ‘intervalo vital’ que temos chance de lapidar na alma as palavras eternas de Nosso Senhor que disse: Quem comer do pão que eu vou dar terá a vida eterna! (Jo 6,51) Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá! (Jo 11,25)
É nesta fé que sepultamos nossa querida Sandra. Meu coração parece ter perdido um pedaço: quando morre alguém que amamos, a morte arranca-nos um pedaço da ‘alma’. A morte, em análise humana, será sempre um absurdo, um roubo, uma força forte. Todavia, em análise espiritual há algo mais forte que a morte: Deus, que é amor! (Ct 8,6; 1Jo 4,8). Percebo que nesses momentos o Senhor me chama a ter mais fé. Com humildade e entre lágrimas eu clamo: SENHOR AUMENTA A MINHA FÉ!
Nessas horas, reconhecemos os amigos e aprofundamentos os laços. Como não agradecer quem se faz próximo nesse momento?
Percebi, minutos antes da missa que precedeu o sepultamento de SANDRA, um derramamento de graça em mim: fruto da oração de tanta gente que intercedeu por nossa família. Embora enlutado, sinto-me envolvido pelo conforto da fé.
Há uma muralha tremenda e gigantesca que separa esta vida da vida da eternidade. Imagino que se eu pudesse abrir uma fresta neste muro e perguntar à Sandra: “o que há aí? Como é esse lugar onde você está agora? Como é ‘viver’ aí?” Ela me contaria coisas extraordinárias. São Paulo, após um êxtase de arrebatamento chegou a expressar que lá há ‘coisas que olhos humanos nunca viram, nem ouvido humano ouviu, nem coração humano jamais imaginou!’ (1Cor 2,9). Uma coisa é certa: nosso corpo mortal precisaria ressuscitar para suportar tamanha alegria. Nossa carne frágil e limitada explodiria em experimentar uma mínima fagulha do que nos espera no ‘além’ túmulo. Talvez seja por isso que a morte seja ‘suportada’ pela Divina Misericórdia neste mundo; para nos permitir gozar de algo impossível de saborear na dimensão do tempo e do espaço.
Estou vivendo com serenidade a dor do luto. E saboreando, entre os espasmos da dor, a fé que me faz sonhar o céu. MARANATHÁ Vem Senhor Jesus!
‘Conhece-se como se viveu alguém, pelo modo como morre!’. Sandra viveu bem: assumiu sua missão, cumpriu seu papel, nunca reclamou do Lúpus, mutilações, limitações de respiração e tantas outras misérias da saúde humana. Ano passado, fomos a Lourdes. Banhou-se nas águas milagrosas. Acho que lá se tornou ainda mais claro o desejo de se consagrar ao Senhor Jesus no celibato; o que aconteceu no dia S. Pe Pio, esse ano. Desposada por Jesus, teve de obedecer ao Seu chamado. Ela celebra núpcias com seu Amado. Está melhor do que eu! Ela é a primeira celibatária da nossa família a entrar no céu. Lá festeja a vitória junto com minha mãe (Dalva), minha irmã (Daumelúcia) e meu irmão (Amarildo), falecido há 20 meses.
Quatro dias antes de morrer escreveu-me: “Indo e vindo, trevas e luz, tudo é graça: Deus nos conduz!”. Esse ‘mini testamento’, emoldurou o velório que comoveu Rubiataba e Uruaçu. Ouvi inúmeros testemunhos de que enquanto ela exercia a profissão (fisioterapeuta), Deus agia e curava a alma: ‘aliviando os sofrimentos’, como desejou S. Pe. Pio de quem era filha espiritual.
Choro e me alegro. Como é possível? Creio que isso seja: ‘caminhar pela fé!’; se não for, ao menos estou treinando.
Deus lhe pague pelo apoio.
Pe. Delton Filho
PS.: Sandra, interceda por nós! E, até logo!…
Querido Padre.
Paz e Bem!
Eu sei e entendo a sua dor. Além de ter os meu pais na casa do Pai a muito tempo,posso partilhar com o Sr, e enetder. A 2 anos e 1 mes perdi duas irmãs no espaço de 7 dias, e sei como é passar por isso, e a 5 meses perdi meu último irmão.Essas horas permanecemos de pé porque temos certeza que um dia nos encontramos na eternidade.Que Deus nos abençoe!
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QUERIDO PADRE DELTON
O CONHECI NA PAR.SÃO FRANCISCO DE ASSIS-CUBATAO, E DESDE ENTAO É UM PRAZER VER SUAS ESCRITAS…HA ALGUM TEMPO SENTI SUA AUSENCIA, O IMAGINEI VIAJANDO NOVAMENTE…..
E HOJE ME DEPARO COM ESTE MOMENTO TRISTE EM SUA VIDA,LAMENTO IMENSAMENTE SUA PERDA, AFINAL É UM PEDACINHO SEU QUE FOI PARA O PAI.
FUI LER SEU COMENTÁRIO NO BLOG, E ME EMOCIONEI BASTANTE….INCLUSIVE AO ME DEPARAR QUE SUA IRMÃ TEM LÚPUS COMO EU…
ESTIVE NO SERTANEJO -CN ESTA SEMANA E MINHA ESTADIA DOMINGO FOI NO PE PIO, NOSSO AMADO PE PIO…COINCIDÊNCIAS?JESUS SABE!
ENFIM PADRE , QUE O **SENHOR** LHE FORTALEÇA EM SUA MISSÃO E SUA VIDA PESSOAL,CREIA QUE FAZ UM BEM ENORME POR ONDE PASSA E QUE NOSSO AMADO JESUS RECEBEU O SEUS COM O MESMO AMOR QUE O SENHOR TRATA DE NÓS,SEUS FILHOS, AQUI…
MUITAS BENÇAOS EM SUA VIDA E OBRIGADA POR FAZER PARTE DE NOSSA VIDA…..
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