O evangelista São Mateus nos apresenta as exigências do seguimento de Jesus. E Mateus faz isso, apresentando a solene declaração de Jesus acerca do sentido autêntico da sua missão: Ele veio como sinal de contradição, para dividir, ou seja, para instaurar um tempo definitivo de decisão. Jesus declara que sua pessoa dividi até os indivíduos ligados pelos laços consanguíneos. Ou seja, a adesão a Jesus pode levar a ter contra si os próprios familiares. Com isso, Jesus não está condenando o amor humano, as relações familiares, pois, o mistério da Sua Encarnação elevou o amor humano à mais sublime dignidade, ou seja, colocou-o no devido lugar. Isso significa, que a partir do momento que não amamos na ordem da graça de Deus, tudo entra em desordem, se perde, se destroi! E que o laço de fé supera o de sangue, por que se trata aqui, da pessoa de Jesus.

Os discípulos são chamados a não desanimar em nenhuma oposição, nem mesmo perante as oposições das pessoas mais íntimas. A verdade é que a opção por Jesus sempre provacará hostilidade dos que o rejeitam. E a Palavra de Jesus revela-se como essa espada que dividi e purifica o coração humano dos egoísmos, apegos, paixões desordenadas, seguranças humanas, etc. Dessa forma fica claro que o seguimento de Jesus não aceita um coração dividido, obsecado por outros amores. Do discípulo se exige uma adesão total, indivisível e incondicional à pessoa de Jesus. Se eu não amo a Jesus acima de tudo, em primeiro lugar, todo o amor dispensado para as demais realidades, revela-se insuficiente e fora de medida.

A pergunta que pode questionar a qualidade do seguimento que vivenciamos de Cristo é a seguinte: O que tens amado mais? Pois, a resposta a essa pergunta, com certeza revelará e definirá se você tem uma vida dígna ou indígna de Jesus. O risco que se evita com tal questionamento é justamente a vivência de um seguimento falsificado, feito de meias medidas e jeitinhos. Qual a qualidade do seu laço de fé no seguimento de Nosso Senhor Jeus Cristo? O comprometimento existencial total com Jesus constitui a única resposta que nos leva à eternidade, pois, identifica profundamente discípulo e mestre.

Para seguir Jesus é preciso a disponibilidade do coração que assume o caminho de Cruz até a morte. Com isso, não se propõe um amor a cruz por si mesma, mas o seguimento de Cristo incondicional até as últimas consequências. Pois, perder a vida terrena não é nada, perante o valor da vida eterna. Tal perspectiva nos eleva à maturidade da fé, onde são superadas as infantilidades e imaturidades de um falso amor protetor que incapacita as pessoas de crescer e enfrentar a vida, como também, as impede de viver a verdadeira fé.

Jesus nunca engana os seus discípulos, forma-os na verdade. Significando o quão importante é que o discípulo tenha a devida dimensão de que são enviados de Cristo: quem vos recebe a mim recebe. E que acolhê-los significa escutá-los e crer na sua pregação. Como também, que o discípulo está identificado na vida e missão de Jesus!

Jesus nos apresenta aqui a verdadeira ordem do amar: Deus sempre em primeiro lugar. Já que perante a manifestação de Jesus, todos são chamados a decidir a favor ou contra Jesus, constatamos que o meio termo é nada. Por isso, não perca tempo, decida-se por uma reavaliação sincera, onde se constata a verdade. Pergunte-se: você tem amado as obras do Senhor ou o Senhor das obras? Pois, o amar que salva é o que coloca Jesus em primeiro lugar! Decida-se na totalidade por Jesus Cristo!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves.

Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.

Refletindo o Evangelho desse dia 22 de agosto temos sem dúvida a oportunidade de crescer fortalecendo as nossas decisões, como também, a virtude da vigilância. Em Lucas 13, 23 nós encontramos alguém que faz uma pergunta a Jesus: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Diante da pergunta, Jesus responde com uma forte afirmação no versículo seguinte: “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita. Por que eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”.

A exigência do evangelho deve portanto nos questionar se a vida que levamos, verdadeiramente nos forma e prepara, para as diversas portas estreitas da vida, inclusive, para a porta estreita por excelência, que é o julgamento final. É muito significativo e profundo o fato de Jesus afirmar que muitos tentarão, e não conseguirão entrar. O que isso pode significar para nós? Será que esses levavam uma vida de completa ilusão acerca do seu preparo? Ou seja, viviam uma ilusão de seguimento de Jesus, de estar preparado, contudo, sem as condições necessárias para responder a exigência da porta estreita. Estar com Jesus, mas não ser inteiramente de Jesus, constitui a ilusão que mais frusta o homem.

A porta estreita nos revela o quanto importante é ter uma vida de intimidade com Jesus que compromete o ser, ou seja, a vida na sua totalidade. Em 1Jo. 2, 4 colhemos o critério que nos prova: “Aquele que diz: “Eu conheço”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.” Tal dimensão nos encaminha para um exame de consciência intenso, onde percebemos, que sem a prática dos ensinamentos de Jesus, no concreto da vida, nosso preparo revela-se ilusório e fantasioso. Se a consciência, o conhecimento e a fé, não revelam-se capazes de governar a vida, a existência torna-se mentira e falsidade. E de fato tudo aquilo que não é cosntruído na verdade sempre irá cair por terra um dia, o tempo é o seu maior adversário, pois, o tempo sempre vence aquilo que não possuí raiz profunda e substância!

Agora, quem pode nos preparar para a exigência da porta estreita? Constatamos que somente um pode nos formar para tal realidade: Deus que nos criou! É por esse motivo que a carta aos hebreus afirma que não podemos desprezar a educação do Senhor que nos repreende e corrige em vista da salvação.” Contudo, sem o “fazei todo o esforço possível”, acaba-se por não viver o comprometimento e o dinamismo do ser melhor, da mudança, que nos faz vir para fora, inserindo-nos nessa realidade de purificação e preparação.

Nesse evangelho Jesus coloca ainda um outro questionamento no vensículo 25a e 26: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: “Senhor, abre-nos a porta!”. Ele responderá: “Não sei de onde sois”. É sem dúvida muito triste seguir um caminho e ver as esperanças frustradas, mas isso, é justamente o resultado de uma vida feita de meias medidas, de jeitinhos aqui e lá, enfim, de meras aparências. Precisamos ser responsáveis, reconhecendo que Deus nos conhece inteiramente, e que o improviso e a imprudência não são salvíficos. Portanto, não nos enganemos, sigamos um caminho permitindo que o dono da porta nos ajuste na medida da porta estreita, pois, a medida correta está em Deus não em nós mesmos.

Mas, infelizmente vivemos em um mundo onde a busca de muitos é pela porta larga, pelo mais fácil e rápido. Que tipo de pessoas podem surgir de uma formação que busca a facilidade e a falsa proteção? Pessoas desanimadas e excessivamente sensíveis, que tendem à perca de sentido da vida, pelo simples fato, de não conseguirem enfrentar as exigências naturais da vida e da fé. Por isso, decida-se por um caminhar onde a referência é a Palavra de Deus que nos revela Jesus, como também, nos desvela a verdade de nós mesmos. O que precisamos fazer e deixar Deus fazer em nós? Que Deus te abençõe, prepare e ajuste, na medida da porta estreita, o tempo da graça, o Kairós de Deus para ser estreitado é hoje!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves.

Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.

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Ao longo do nosso caminhar nessa vida, sempre iremos contemplar situações que querem ferir a nossa identidade de filhos de Deus. Sustentar a esperança, ter paciência sabendo esperar, garante sem dúvida a nossa salvação. Inseridos estamos num mundo que é um vale de lágrimas, as contradições existem, e estão ao nosso derredor. O Profeta não pode deixar de ser profeta, por causa do pecado e da infidelidade que está a sua volta.

A convivência com a impiedade, o pecado, a contrariedade e o sofrimento, não podem obscurecer a verdade do que somos. Mesmo imerso numa desolação total, o profeta revela a firmeza da sua vocação, e do seu profetismo de origem divina. O joio e o trigo crescem juntos, por isso, é necessário aceitar a convivência com o joio, que revela-se inevitável. Conviver com o joio, sem se deixar influenciar, ou seja, permanecer trigo de Deus, sempre será o nosso desafio. Minha identidade, não pode ser maculada por essa convivência difícil. Nossa certeza é de que somente o trigo tem lugar no celeiro de Deus (os justos brilharão como o sol no Reino de Deus). E tal certeza deve então nortear e sustentar a nossa vivência cristã.

O evangelista quer uma comunidade que vive essa contínua tensão de conversão, o trigo bom é definido pela perseverança e paciência. Ele deseja sacudir a sua comunidade, tendo em vista tirá-la da acomodação, e de uma falsa segurança, exortando-a a vigilância permanente. Que Deus nos dê a graça, de que nesse entendimento maduro, tenhamos a nossa identidade firmada e fortalecida para a provação. Semeamos a melhor semente, mas o inimigo também trabalha, semeando o joio. Nunca devemos parar de semear o melhor, mesmo que o ruim seja semeado. Pois, quem perseverar até o fim será salvo, seja perseverante, na sua caminhada rumo a eternidade em Deus.

Com a minha benção sacerdotal, abençõe-vos o Deus todo poderoso!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves.

Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.

Nesta segunda carta de Timóteo nós encontramos esta exortação que se apresenta profundamente pessoal e vivaz. Paulo oferece o seu exemplo, recordando o seu ministério e preparando-se para o martírio. É um verdadeiro alerta perante a realidade dos falsos mestres que aumentaram e se fortaleceram nos últimos dias. Onde o responsável da comunidade, como também, aqueles que dela fazem parte, devem agir como um soldado, lavrador, operário, servo fiel, ou seja, como uma testemunha corajosa. Não devem temer o fortalecimento dos maus, pois, sua derrota será inevitável. Esta carta é para nós, atual e significativa, pois, também nós vivemos situações onde o cerco se fecha e as perseguições se acentuam. Vivemos num tempo de hostilidades e perseguições, onde a fé sofre ataques. Portanto, diante desse contexto surge a pergunta: nossa vida de fé nos prepara para a provação ou para a derrota? Creio que devamos nos rever com sinceridade e verdade, em vista do arrependimento e da conversão.

O soldado de Cristo mesmo no sofrimento, e na prisão, não deixa de ser um evangelizador e anunciador, pois, o evangelho de Cristo não se deixa acorrentar, se difunde, se espalha, pela força da graça divina. Este constitui o testemunho da própria vida do apóstolo Paulo. Vida que aqui encoraja Timóteo com o seu testemunho, deixando-lhe um verdadeiro testamento de fidelidade e perseverança perante as provações. E Paulo o motiva não com uma teoria vazia, mas com seu testemunho de vida. Testemunho de quem sofre com Cristo como prisioneiro, por isso, tal testamento possui para nós uma atualidade tremenda, é ponto de referência segura. É preciso, sem dúvida, permanecer fiel a sã doutrina apostólica resistindo às provações, como soldado de Cristo.

Este texto nos exorta a REAVIVAR O DOM DE DEUS, QUE É UM ESPÍRITO DE FORÇA, AMOR E SABEDORIA, para enfrentar com coragem o testemunho e os sofrimentos por causa de Cristo e do evangelho. Pois, é o Espírito Santo que forja esta têmpera em nós para que sejamos capazes de uma caminhada cristã fiel na doutrina e na prática, ou seja, fé e vida em íntima comunhão. A ordem é para não se acovardar. A fé precisa ser constantemente alimentada para que se torne certeza e esperança e não fraqueza e covardia. Pois, se nossa existência tornar-se covarde, sem dúvida, a ousadia dos maus vencerá a covardia dos bons”. Estamos em um tempo em que um cristianismo de aparência não suportará a dura luta. Portanto, que tipo de cristão você é?

O ESPÍRITO DE FORÇA revela-se como o oposto do medo e da preguiça, e aponta para a necessidade de um testemunho corajoso e perseverante. Eis a fonte inesgotável que sustenta e motiva a fé e o testemunho cristão: a graça eficaz, gratuita e salvífica de Deus, revelada em Jesus Cristo e contida na Boa Nova do Evangelho. Se a Palavra de Redenção não é assimilada no profundo da alma, ela não se torna anúncio de vivência, o ouvinte distraído e superficial não evangeliza, fala de algo que está fora da sua vida!

Somente pelos méritos de Cristo que salva a humanidade, torna-se possível a fidelidade e a perseverança nesse vale de lágrimas. Paulo quer mostrar a Timóteo que será o Espírito Santo que agirá dando tal testemunho. Também em nós este mesmo Espírito age para que o anúncio seja autêntico, e firmado no depósito da fé. Paulo foi constituído, portanto, como pregador, apóstolo e mestre, que sofre sim, contudo, com uma coragem inabalável, confiante na força de Deus que o sustenta. Por isso, Paulo não se apresenta como modelo somente para Timóteo, mas também para cada um de nós. Modelo de fidelidade e perseverança cristã, garantida pela força do Espírito Santo, que atua constantemente na humanidade. Deixemos que o Espírito Santo seja o mestre que forma em nós a têmpera necessária para enfrentarmos as provações da vida. Que o Senhor nos conceda a fé dos mártires, a Têmpera dos Mártires nesse tempo onde o testemunho é tão urgente e necessário!

Com minha bênção sacerdotal,

Padre Eliano Luiz Gonçalves.

Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.

O cego Bartimeu questiona os que tendo olhos não vêem, pois, muitos são os que rejeitam a Jesus! Este cego apresenta-se para nós como modelo de fé firme e viva: “Filho de Davi tem piedade de mim, tende compaixão”! Modelo de verdadeiro discípulo, que curado, toma o caminho do seguimento, segue a Jesus. Pois, o milagre resume a experiência de quem muda radicalmente, manifestação de uma disposição autêntica de seguir verdadeiramente a Jesus.

Ao invocar a Jesus, o cego experimenta a repreensão dos presentes que o querem calado, mas Bartimeu sabe o que quer, como também, tem a percepção que o mestre e Senhor, o Filho de Davi, passa por ali. É preciso ter esta liberdade diante do Senhor, nenhuma voz, comodidade, repreensão, enfim, nada pode nos calar, ou impedir de viver este encontro pessoal com profundidade. Talvez hoje muitas vozes estejam te repreendendo, oprimindo e te forçando a calar diante de Jesus. Por isso, deixe de lado as vozes que te confundem, que produzem dúvidas, desânimo e derrotismo, e volte-se para a voz do Senhor. Que a voz do Senhor o Bom Pastor, possa fazer arder o seu coração, possa iluminar sua alma, sua vida, libertando-te de toda cegueira, que a luz de Cristo brilhe em ti. Eu devo estar convencido dessa necessidade que tenho de contemplar a vida, preciso de Jesus, e diante Dele devo expor minhas mais urgentes necessidades, sem medo Daquele que me ama incondicionalmente. Devo seguir o exemplo de Bartimeu, ou seja, pedir e rezar como Bartimeu, indo além de todas as barreiras que me são impostas pelas circunstâncias e até por pessoas.

A atitude de Bartimeu nos forma como discípulos. Pois, Jesus mandou chamá-lo, e diante desta graça do chamado, disseram ao cego: coragem, levanta-te, ele te chama. O v. 50 nos diz que aquele homem deitando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Joga a capa, para ir livre encontrar-se com Jesus, pois, não precisaria mais estar no caminho a mendigar, não voltaria cego. Vai até Jesus para tornar-se um seguidor, um discípulo. O encontro com Jesus exige esta atitude de lançar fora tudo àquilo que produz escravidão, e que nos faz viver a margem da vida cristã. Deixar de lado tudo o que nos paralisa no caminho, e nos impede de estar a caminho, como seguidores de Jesus. É preciso assumir a dignidade de filho. Não posso viver como um mendigo cego e sem direção, parado no caminho, estático perante a vida. Estar de prontidão, é uma necessidade de vida, pois, sem prontidão e insistência diante do importante e fundamental, o Salvador passa por nós, e permanecemos na mesma condição. Pois, no comodismo não acontece transformação de vida e muito menos, dinamismo na graça do Espírito Santo, que tudo renova.

O discípulo verdadeiro de Cristo não deve estar na cegueira, precisa ver e contemplar o mistério, para que através do seguimento torne-se verdadeiro e profundo anunciador da Pessoa de Jesus. É preciso ser ativo, saber o que quer, pois, o sentido da busca define nossa salvação. Já que tudo aquilo que eu celebro na vida, define minha história, determina o que eu sou, sejamos daqueles que sempre escolhem a melhor parte: celebrar a vida e não a morte! Filhos da Ressurreição, servos do Eterno Amor, chamados a Eternidade! Tenha hoje em sua vida a atitude de Bartimeu que não se acostumou com a mendicância, já que parar nos restos, significa justamente deixar de viver, e parar no espírito de morte. O Autor da Vida sempre está proximo a nós para transmitir vida em abundância, não se cale, não desista da vida! Grite como Bartimeu: “Filho de Davi tende piedade, tende compaixão de mim”. Já que esse grito é de fé e de amor! Amém!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves.

Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.