“Mas, quando vier o Filho do homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc. 18, 8b)

De acordo com a instrução geral sobre a liturgia das horas, a oração comum do povo de Deus é considerada com razão entre as principais funções da Igreja. Já nos primórdios da vida da Igreja os fiéis, em particular, se entregavam à oração em determinadas horas. A liturgia das horas é antes de tudo oração de louvor e petição, oração da Igreja com Cristo e a Cristo. Cristo é o orante do Pai por excelência, que se dignou deixar-nos também exemplos de oração, já que sua atividade cotidiana foi totalmente marcada pela oração, alma de seu ministério messiânico, e do termo pascal de sua vida.

O preceito da oração constitui portanto um mandado de Cristo, uma necessidade da alma. Oração que deve ser humilde, vigilante, perseverante e confiante na bondade do Pai, de intenção pura e conforme a vontade de Deus. Devemos orar no Espírito Santo, por Cristo, de forma assídua e insistente, para que então essa oração seja fecunda, eficaz e santificadora. A Igreja como corpo místico de Cristo tem por missão dar continuidade a oração de Jesus. Por isso, torna-se extremamente necessário reconhecer e confessar-se dependente de Deus. Cristo é o Sumo e Eterno Sacerdote, Mediador da Nova e Eterna Aliança, só Nele oferecemos o verdadeiro culto a Deus, que não provém de nossas forças, mas dos méritos e do dom de Cristo Jesus.

A oração da liturgia das horas é um instrumento privilegiado que favorece a unidade da Igreja orante, sendo alimento à fé dos fiéis. É na ação do Espírito Santo, que a Igreja é unificada e conduzida a perfeição: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At. 4, 32). Tal realidade expressa concretamente a dimensão comunitária dessa oração, já que o próprio Cristo afirmou: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt. 18, 20).

Como Igreja de Deus temos por missão elevar ao Pai, em Cristo, um “perene sacrifício de louvor” (cf. Hb. 13, 15), obedientes ao mandado de “orar sempre e nunca desistir” (cf. Lc. 18, 1). Através da liturgia das horas temos a graça de “consagrar todo o curso do nosso dia e da noite” (cf. SC, n. 83-84). Pois, “a santificação do dia e de toda a atividade humana é finalidade da Liturgia das horas” (cf. SC, n. 88). Desse modo, fica evidente que ao consagrarmos o tempo, a atividade humana, o diálogo entre Deus e os homens fica estabelecido como realidade central da vida. O homem é assim santificado, feito testemunha, sinal vivo e autêntico da presença de Deus no mundo.

A oração da Liturgia das Horas quando vivida com devoção e amor, unindo mente, coração e lábios, torna-se para todos os fiéis direção e fonte de santificação pessoal e comunitária. Para que vivamos, e aguardemos com esperança, a Vinda do Cristo Salvador como povo bem disposto para Deus. Já que a oração constituí o respiro da alma, supliquemos a Deus, que o seu Filho Jesus, ore por nós e em nós, de modo que Nele (Jesus), vivamos uma íntima e profunda comunhão com a Trindade Santa. Reconheçamos em Cristo a nossa voz, como também, a sua voz em nós, guiando-nos para o Reino dos Céus. “Contudo, não vos alegreis por que os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos de que os vossos nomes estão escritos no Livro da Vida” (Lc. 10, 20). O júbilo e a plena realização da nossa vida, se encontra na íntima união com o Amado da nossa alma, e o oração proporciona tal graça aos que a buscam de coração sincero! Busquemos portanto a face do Senhor com sede e desejo do Eterno Amor!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves.

Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.