O cego Bartimeu questiona os que tendo olhos não vêem, pois, muitos são os que rejeitam a Jesus! Este cego apresenta-se para nós como modelo de fé firme e viva: “Filho de Davi tem piedade de mim, tende compaixão”! Modelo de verdadeiro discípulo, que curado, toma o caminho do seguimento, segue a Jesus. Pois, o milagre resume a experiência de quem muda radicalmente, manifestação de uma disposição autêntica de seguir verdadeiramente a Jesus.
Ao invocar a Jesus, o cego experimenta a repreensão dos presentes que o querem calado, mas Bartimeu sabe o que quer, como também, tem a percepção que o mestre e Senhor, o Filho de Davi, passa por ali. É preciso ter esta liberdade diante do Senhor, nenhuma voz, comodidade, repreensão, enfim, nada pode nos calar, ou impedir de viver este encontro pessoal com profundidade. Talvez hoje muitas vozes estejam te repreendendo, oprimindo e te forçando a calar diante de Jesus. Por isso, deixe de lado as vozes que te confundem, que produzem dúvidas, desânimo e derrotismo, e volte-se para a voz do Senhor. Que a voz do Senhor o Bom Pastor, possa fazer arder o seu coração, possa iluminar sua alma, sua vida, libertando-te de toda cegueira, que a luz de Cristo brilhe em ti. Eu devo estar convencido dessa necessidade que tenho de contemplar a vida, preciso de Jesus, e diante Dele devo expor minhas mais urgentes necessidades, sem medo Daquele que me ama incondicionalmente. Devo seguir o exemplo de Bartimeu, ou seja, pedir e rezar como Bartimeu, indo além de todas as barreiras que me são impostas pelas circunstâncias e até por pessoas.
A atitude de Bartimeu nos forma como discípulos. Pois, Jesus mandou chamá-lo, e diante desta graça do chamado, disseram ao cego: coragem, levanta-te, ele te chama. O v. 50 nos diz que aquele homem deitando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Joga a capa, para ir livre encontrar-se com Jesus, pois, não precisaria mais estar no caminho a mendigar, não voltaria cego. Vai até Jesus para tornar-se um seguidor, um discípulo. O encontro com Jesus exige esta atitude de lançar fora tudo àquilo que produz escravidão, e que nos faz viver a margem da vida cristã. Deixar de lado tudo o que nos paralisa no caminho, e nos impede de estar a caminho, como seguidores de Jesus. É preciso assumir a dignidade de filho. Não posso viver como um mendigo cego e sem direção, parado no caminho, estático perante a vida. Estar de prontidão, é uma necessidade de vida, pois, sem prontidão e insistência diante do importante e fundamental, o Salvador passa por nós, e permanecemos na mesma condição. Pois, no comodismo não acontece transformação de vida e muito menos, dinamismo na graça do Espírito Santo, que tudo renova.
O discípulo verdadeiro de Cristo não deve estar na cegueira, precisa ver e contemplar o mistério, para que através do seguimento torne-se verdadeiro e profundo anunciador da Pessoa de Jesus. É preciso ser ativo, saber o que quer, pois, o sentido da busca define nossa salvação. Já que tudo aquilo que eu celebro na vida, define minha história, determina o que eu sou, sejamos daqueles que sempre escolhem a melhor parte: celebrar a vida e não a morte! Filhos da Ressurreição, servos do Eterno Amor, chamados a Eternidade! Tenha hoje em sua vida a atitude de Bartimeu que não se acostumou com a mendicância, já que parar nos restos, significa justamente deixar de viver, e parar no espírito de morte. O Autor da Vida sempre está proximo a nós para transmitir vida em abundância, não se cale, não desista da vida! Grite como Bartimeu: “Filho de Davi tende piedade, tende compaixão de mim”. Já que esse grito é de fé e de amor! Amém!
Pe. Eliano Luiz Gonçalves.
Vice Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe dos Sacerdotes.