Homilia por ocasião do sexto aniversário de meu sacerdócio
na Canção Nova de Palmas-TO
Prezado Diácono
Queridos irmãos e irmãs. Amigos todos
1. Estou muito grato, porque com a presença de vocês e suas orações, unimo-nos em um só sentimento de gratidão a Deus, nesta solenidade da Imaculada Conceição, em que comemoramos o 6º aniversário da minha ordenação sacerdotal. Gostaria que esta Missa fosse um hino de louvor à bondade de Cristo Senhor, que concede o dom do sacerdócio. Não podemos celebrar um aniversário de ordenação sacerdotal, sem antes elevar os nossos olhos ao primeiro, supremo e único sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos faz sacerdotes Nele. E com sua beleza, e proposta nos convida, com amor, ao seu seguimento.
Ao cultivar estes sentimentos no coração, somos inspirados pela sagrada liturgia de hoje a olharmos, de forma amorosa, para Maria, a Imaculada, a Cheia de Graça, a quem podemos nos juntar nesta noite de ação de graças. O dogma da sua Imaculada Conceição, proclamado em 08/12/1854, por Pio IX (Bula “Ineffabilis Deus”), declara a santidade da Virgem Maria desde o primeiro momento da sua existência, desde a sua Conceição. Esta foi desde sempre a convicção profunda da Igreja, que viu na Virgem Maria a ‘Nova Eva’ (S. Irineu). As portas fechadas pela desobediência de Eva foram abertas pela obediência de Maria. Ela, acolhendo a vontade de Deus, permitiu que o Verbo, a Palavra eterna de Deus se encarnasse, inaugurando o tempo da Graça e da Liberdade dos filhos de Deus, a nova aliança que se realizou no sangue do Cristo e que nos santifica.
Em cristo Deus Pai nos escolheu
2. Na segunda leitura – carta aos Efésios – vemos a escolha de Deus para nós, o caminho de todos os cristãos, de todos os filhos desta nova aliança no sangue de Cristo. Vejamos: “Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor” (Ef. 1,4). Nesta escolha de Deus, o cristão encontra o sentido novo que a vida humana adquire em Cristo, por meio da busca constante da santidade, que é a ação poderosa do Espírito de Deus no coração humano. Todo batizado é chamado à santidade, a ter um coração imaculado, a exemplo de Maria, um coração que se deixa encantar com Deus.
No santo Evangelho de hoje, vemos a escolha de Maria: disse o anjo, “Não tenhas medo, Maria, porque encontrastes graça diante de Deus” (Lc 1, 30). Ou seja, Deus está encantado contigo, Deus viu beleza em ti. Depois que o Anjo percebe que Maria encontra graça diante de Deus diz: “Conceberás e darás à luz um filho” (v,31), isto é, serás Mãe do Filho prometido e esperado, do messias Salvador. A resposta de Maria é uma das frases mais belas e exemplares da Sagrada Escritura: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (v, 38). A missão de Maria foi ser mãe, e assim ela foi fiel, até o fim, até os pés da cruz. Assim também deve ser todo consagrado, todo cristão, todo sacerdote.
Ser sacerdote
3. Oito de Dezembro de 2005, dia em que fiquei padre, vem a minha mente como se fosse hoje. Algumas horas antes da minha ordenação, na cidade de Xambioá – TO, a experiência foi marcante: eu procurava uma definição simples e concreta da palavra padre, e o meu coração recebeu, como um raio de luz, o verso bíblico que diz: “Cristo passou a sua vida fazendo o bem” (At 10,38). A definição que emergia no meu interior, naquele momento era: ser padre é ser alguém que, a exemplo de Cristo, passa a vida fazendo o bem. E a oportunidade que temos de fazer o bem é constante: ao saudar as pessoas, ao sorrir e ao olhar em seus olhos. No abraço amigo, ao atendê-las em confissão, nas visitas às famílias, ao estar com os mais pobres, com os enfermos, e ao celebrar com devoção a Santa Missa. Percebemos que a partir do momento em que o padre não vive somente para si mesmo, ele se torna instrumento, benfeitor e promotor da presença de Cristo na terra.
Sou um ser humano mais feliz como padre, por vários motivos. Um deles é que Deus me ama e me chama a evangelizar, algo de que eu sempre gostei. Desde adolescente eu já evangelizava nas escolas, nos grupos de jovens e nas famílias. E como padre, posso evangelizar ainda mais, ou melhor, minha vida se tornou uma experiência constante de evangelização. A evangelização está em mim e ou não me vejo mais sem ela. Como diz Dom Bosco: “Por eles eu rezo, eu estudo, e por eles me santifico”. Os desafios são grandes e as lutas são constantes, por isso devemos nos ancorar sempre na certeza de que a graça de Deus é maior e nos fortalece a cada dia.
Outro motivo é que ser padre me faz ser mais de Deus e mais dos outros, pois a vida do padre é pertença de ambos. Ser mais de Deus me conduz a ser mais dos outros e vice versa; aprendemos com Dom Alberto que “a vida se torna mais bela quando se torna um dom para os outros”. Nós, padres, somos chamados não somente a consagrar a eucaristia, mas também a tocar este mundo com as nossas mãos, para transformá-lo, para consagrá-lo e oferecê-lo ao Pai, para que o mundo se torne uma oferta ao Senhor. Somos chamados a agir in Persona Christi, e assim, tomados por Ele, ser a sua imagem e dispensadores dos seus bens.
Reminiscências
4. Andando um pouco pelo território das minhas recordações, lembro-me do saudoso Dom Aloísio Lorscheider (in memoriam, 2007), um grande mestre na arte teológica. Ensinava-nos, de maneira exemplar, em suas aulas de Teologia, que “o sacerdote é o maior benfeitor da humanidade, promotor da justiça e da paz, dispensadores dos mistérios de Cristo na terra”.
Recordo-me também, do nosso saudoso Papa João Paulo II (in memoriam, 2005), sacerdote exemplar, para quem o padre é um sacrifício de um homem, é um homem imolado, que sendo chamado por Deus, entrega-se livremente, pela causa de seu Reino; é um homem pelo outro. No seu livro “Dom e Mistério”, diz: “Deus nos seus desígnios mais profundos, conhece cada vocação, na qual o sacerdócio é o grande mistério, é um dom que supera infinitamente o homem”.
(No prédio da Rádio Canção Nova de Palmas – TO, 08-12-2011. Solenidade da Imaculada Conceição)
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