Não quero fazer uma leitura fundamentalista da Bíblia, mas nosso mundo está cada vez mais parecido com a cena descrita nas primeiras páginas do livro do Gênesis. No centro do jardim do paraíso havia uma árvore de frutos saborosos e tentadores. Mas Deus havia proibido comer daqueles frutos. Diz a Escritura que era a “árvore do conhecimento”. Muitos imaginam que aquele fruto proibido era o sexo ou o poder. A Bíblia fala diferente. A origem dos nossos pecados na verdade estaria no mau uso do “saber”!
A ciência, hoje, continua querendo recuperar o paraíso perdido. Quantos avanços maravilhosos… quantas descobertas incríveis. Impossível pensar a vida sem a energia elétrica, o rádio, a TV, a Internet, o telefone. Porém, tudo isso não dá à ciência o direito de afastar-se da ética. Também a ciência precisa ter sua “consciência”. Mas a tentação do saber continua sendo muito grande. Recentemente o Jornal Britânico The Independent estampou na primeira página o “Super-rato”. Cientistas norte-americanos criaram um rato modificado geneticamente que é capaz de fazer coisas incríveis. Ele é muito melhor que “pobres ratos normais” criados por Deus.
No início de novembro as conclusões destas pesquisas foram publicadas no periódico científico Journal of Biological Chemistry. O tal super-rato pode correr seis quilômetros a 20 metros por minuto. Corre cinco horas sem parar. Come 60% mais que os ratos normais e não engorda. Pode ter vida sexual ativa por três anos a mais. Percebeu a tentação? Alguém pode estar pensando: – “Que maravilha, vamos aplicar isso aos humanos”. Aí é que mora o perigo. A indústria farmacêutica dorme sonhando com os cifrões de dinheiro que esta pesquisa pode representar.
A todo momento vemos atletas famosas devolvendo suas medalhas por terem feito uso de algum anabolizante. Pior que isso é o que acontece com atletas como a velocista americana Florence Grift Joyner, falecida aos 40 anos por efeito destes medicamentos potencializadores da capacidade humana. Podemos dizer então que esta química também “potencializa dores”.
Nas academias de ginástica a tentação é muito grande. Por que malhar três horas por dia, se com um remedinho o sujeito fica musculoso com uma hora de esteira, três vezes por semana? O culto ao corpo agradece. O espelho confirma a mentira. É o homem brincando de Deus, como lá no começo da Bíblia. É o fim do paraíso da normalidade.
Precisamos aprender a conviver com as descobertas deste novo milênio sem acreditar em milagres de barro. Uma simples injeção em um embrião de rato, há quatro anos, criou uma espécie “super-poderosa” de roedores. Certamente a injeção já está próxima de algum embrião humano. A tentação é grande. Quem segura a mão da ciência? Seria censura? Brincar de Deus pode não dar certo.