Para comprometer-se com as pessoas é preciso ter algum grau de maturidade humana. Hoje percebemos um fenômeno no meio de nossos jovens que é o retardamento da adolescência. A maturidade que deveria existir aos 18 anos demora mais para chegar. A prova é a indecisão da maioria ao ter que escolher o curso superior na hora do vestibular. Não são poucos que mudam de curso depois de dois anos. Outros terminam o curso (quase forçados pelos pais), mas nunca exercem a profissão. Por quê? Estão indecisos e têm medo de se comprometer. Pior é a situação no casamento. Para alguns de nossos jovens este assunto é uma verdadeira tortura. Chega os trinta anos de idade e aquela jovem ainda não está muito segura se quer ou não casar. Outros preferem a fórmula popular do “ficar”. A paquera seria até normal, dentro de alguns limites, aos 14 anos. Mas convenhamos que um “jovem” de 35 anos que passa os finais de semana nas “baladas” ficando… alguma coisa não está certa. No fundo é o medo do compromisso. Alguns são até sinceros e dizem logo no início do namoro: “-Já vou avisando, não estou preparado para um namoro sério!”
O mesmo se dá na vida dos seminaristas. Estamos assustados com o número de padres que deixam o ministério logo nos primeiros anos. É o receio de ficar preso… de se comprometer. Outros pulam de galho em galho. Ou seja, ficam padres, depois fazem um curso de psicologia e abrem consultório; mudam para a vida política; tornam-se advogados; e o povo perdeu mais um sacerdote. No fundo deste problema está o medo de se comprometer, cuja raiz é a imaturidade afetiva.
Os políticos do país deveriam ser mestres do compromisso com o povo. Mas é isso que acontece? Nossos recentes escândalos mostram que o povo não é a maior preocupação de alguns políticos. Um deles, com fama de popular e operário, teve coragem de gastar R$ 15.000,00 em uma garrafa de vinho num jantar de negócios. Nossa cozinheira do convento fez as contas rapidinho e concluiu que levaria mais de ano para comprar uma dessas garrafas com seu salário (que não é baixo). Conclusão: falta compromisso!
Vemos padres, cantores, artistas, advogados e todo tipo de ptofissionais desmarcando compromissos de sua agenda. Muitos se sentem sufocados em ter que ser fiéis a alguns horários. Expediente… nem pensar! Isso é medo dos compromissos.
Precisamos mudar esta situação. Nosso Deus é um Deus que faz Aliança com seu povo, ou seja, é comprometido com a gente. Mas precisamos embarcar nesta Aliança e nos comprometer também com Deus e com os irmãos. É bonito ver uma pessoa que se compromete. Quem encontrou um amigo assim… encontrou um tesouro.
Acho que esse problema atinge todas as áreas da vida de muitos brasileiros. Muita gente já marca uma reunião para meia hora antes do pretendido porque sabe que todos vão atrasar um pouco… Fico injuriada! Eu não sou exemplo de maturidade emocional, muito pelo contrário, mas sempre tive responsabilidade com compromissos assumidos. Sofro com a falta de possibilidade de reiniciar minha vida afetiva porque para os homens é bem melhor “ficar” do que assumir compromisso e não é o que quero para minha vida. Quanto à faculdade, sei exatamente o que é ser forçado pelos pais a fazer um curso que não foi nossa opção, mas é diferente de iniciar algo que se quer e desistir no meio… Eu sempre soube o que queria, mas não fui capaz de enfrentar meus pais. Brinco que ainda vou voltar a fazer faculdade, mesmo que seja junto com meus filhos…
Meus garotos estão exatamente na descrição de seu texto: não têm a mínima noção do que pretendem da vida e nem sabem se gostam mais de humanas, exatas ou biológicas… Não é de se duvidar que nem saibam distinguir as 3. Estudo para eles não é um objetivo, é uma obrigação imposta e estão na escola “perdendo tempo”. Ninguém mais sente prazer em aprender…
Existe solução para isto? Você descreveu o problema com muita clareza. Fica a pergunta: O que fazer para mudar este panorama? Vamos ser um país de eternos adolescentes? Vamos brincar de viver?
Meu abraço,
Padre Joãozinho, a paz
Sabe, eu não penso que seja medo do compromisso. Tenho uma filha de 25 anos formada, trabalhando, etc.. e tal e a mesma também não quer casar, mas não por medo do compromisso, é não querer perder o bem bão que está vivendo no momento. Ela sabe que casar significa renunciar muitas coisas das quais ela não quer abrir mão. O amor ficou banalizado, o respeito e a moral, muito individualizado, não respeitando o que o próximo pensa ou sente. Mesmo falando em padres, nosso padre é cantor, ele tem tantos compromissos que não consegue prestar serviços à nossa comunidade, não dá assistência espiritual quando precisam etc… Enfim, acho que estamos ficando individualizados procurando nosso próprio benefício e não queremos amar nosso irmão como Jesus ensinou.
Pelo menos eu estou sentindo assim
Que Jesus esteja sempre presente em seu coração.
Cida
Padre Joãozinho,
Vejo tudo isso como falta de amor… Dificil encontrar pessoas que realmente sabem amar.
Abraços!
E o remédio??????
No comentário acima tem a resposta: se existir AMOR, vai existir compromisso… Se as pessoas viverem esse AMOR..Deus estará presente e se torna natural viver “para o próximo”
Falo do AMOR – que põem em prática as palavras do Evangelho.Que é contra corrente o consumismo, o hedonismo… e tantos “ismos” que a sociedade impõem, e não faz parte do designeo de Deus sobre nós, que é Amor.
Bem se posso doar… posso fazer um dom a Deus que esta presente no irmão. E ai muda tudo…nem tudo é perfeito, estamos a caminho…ainda bem que pode sempre recomeçar!
Nesta “divina aventura” vivida assim, os filhos também começam a dar os primeiros passos em direção a “fraternidade”. Mas depende de mim ter essa coragem. não esperar que o outro me Ame, mais eu começar por primeiro ” Fazer aos outros o que eu gostaria que fizessem a mim”, esta é uma frase de Jesus!!!!!
Inês
Pe. Joãozinho,
Pensei de contar alguma coisa de concreto desse “caminhar dos filhos em direção a Fraternidade”
Há 10 anos quando nasceu o caçula os 3 mais velhos já com 20, l8, quase 17 assumiram as compras da casa…, e até hoje pessoas conhecidas comentam que era um verdadeiro testemunho de fraternidade, ver os 3 no super mercado, e sabiam comprar… com economia, pesquisa, trocando o produto que não éra da época…
É natural… que ao aprender a executar pequenas tarefas…foram amadurecendo e quando chegou o vestibular já sabiam o que queriam…
Por isso é importante começar com pequenas tarefas, arrumar o próprio quarto ( claro de vez em quando a gente vai lá “dar uma geral” como dizia uma ajudante.
mas a responsabilidade de todo dia é deles…na cozinha não importa meninas ou (os) tarefa dividida…
Ah… o supérfluo tem que ser medido pela necessidade do irmão, aqui é literalmente…Então por isso que o que é problema grave para muitos,vivendo assim é minimizados.
Alguém pode dizer… ah… mas a minha família é pequena, ai entra o papel da Comunidade… e a minha família muitas vezes foi a beneficiada, chegaram providências aos meus filhos em roupas, brinquedos, porque alguém partilhou o que tinha a mais…
Como os primeiros cristãos que viviam assim e tinham tudo em comum”, é a Comunidade dos Focolares (1943) espalhada pelos 4 cantos do mundo… Para mim começou há 28 anos…e fomos crescendo em idade,maturidade…, por isso sou feliz de partilhar com vcs. é puro dom de Deus, eu sou “a (o) serva (o) inútil que fala o Evangelho”…
Se quizerem entrar no site http://www.focolare.org
Estamos em campanha de assinatura da nossa revista http://www.cidadenova.org.br
Obrigada Pe. Joãozinho
Inês
Sua Bencao Padre,
Faco parte de Comunidade de Vida e Alianca, que tem como Carisma a Assistencia e Recuperacao da populacao de rua e drogados em geral. Podemos ve claramente na realidade que vivemos de Vida e Vocacao o medo do compromisso.E me alegrou quando li o artigo porque ,e fez lembrar de uma irma de 83 anos da nossa Comunidade que sem duvida e uma das mais compromissada, os mais humildes, simples nao tem o medo de se dar…
Deus o Abencoe sempre.
Fabiana
Com relação às profissões, a dificuldade na escolha pode ser fruto do próprio sistema educacional. Hoje em dia,há centenas de escolas que preparam para o vestibular, numa visão muito mecanicista e utilitarista: estude concordância verbal, genética, cinética e matrizes e sistemas lineares porque cai no vestibular. Não se estuda concordância pelo amor à fala correta, pelo amor ao idioma, pelo prazer que é escrever e falar corretamente; não se estuda genética, num mundo cada vez mais dominado pelos avanços na ciência, pelo prazer de compreender a vida, muito menos se estuda matrizes pela beleza da matemática, com toda sua precisão ou pela sua aplicação, imensa, na estatística, na computação, na engenharia. Como escolher profissão, num meio assim?
Com relação a compromissos, creio que, se compromisso referir-se a reuniões, estamos passando justamente pelo processo inverso: o mundo está impestado de reuniões, de compromissos. Há reuniões em excesso. A agenda das pessoas é uma loucura, de tanta coisa e isso se reflete nas crianças, com aulas de balé, judô, natação, inglês, reforço… A agenda é sufocante.
Por outro lado, o medo em se comprometer, nos relacionamentos, é verdadeiro: nisso o senhor tem razão. Mas observe que esse medo deriva também(aliás, não sei bem se é causa ou efeito)da superficialidade dos relacionamentos: as pessoas são tão egoístas, individualistas, críticas, preconceituosas em seus relacionamentos que pensar num compromisso com pessoas assim seria uma “loucura”. Quem quer relacionamentos diferentes é visto com estranheza e isso acaba gerando um círculo vicioso. Além do mais, não há mais perserverança: as pessoas abandonam tudo, ao menor sinal de dificuldade: o trabalho está chato, adeus trabalho; a prova é difícil, adie-se a prova ou desista-se do curso; fulano está com problemas, adeus, fulano… Assim, sem qualquer tentativa de mudar. E quem insiste, novamente, é visto com estranheza.
Mundo estranho, esse novo, isso sim.
Padre, tenho 26 anosmorei 3 numa comunidade, saí já tem cerca de 3 tbm, estou namorando a 2 anos, desde minha conversão sempre pensei em ser padre…
Hoje, terei uma conversa com minha namorada, ela já se decidiu por se casar, eu estou numa indecisão que está me arrebentando por dentro, não estou feliz e estou fazendo ela infeliz…Tenho medo do novo, mais estamos chegando na decisão de terminarmos nosso relacionamento, sei que isso vai ser duro, ainda mais que eu não tenho decisão alguma do meu futuro, mais sei que não posso mais deixa-la nesse impasse, presa na minha resposta que nunca vem…
Por outro lado, penso muito na minha mãe, ela é depressiva e muito sozinha, meu irmão é esquisitão e nada companheiro, isso me dá medo, pois penso muito nela, lembro do quanto ela sofreu e se deprimiu ainda mais quando eu não estava em casa…Estou num impasse, estou sofrendo muito e não consigo nenhum tipo de orientação que me ajude, parece que estou sozinho, lutando por algo que nem sei se é vontade de Deus para mim…
Só queria pedir, reze por mim…se puder, fale comigo!!!
Obrigado!!!