Estive pensando em algumas pessoas que conheço e que são super-religiosas. Vão à missa quase todo dia, rezam o terço e até o rosário diariamente, são devotos de algum santo… Mas, por incrível que pareça, esta religião vivia na radicalidade para algumas pessoas acaba fazendo mal. Conheço uma jovem que era muito alegre, mas depois daquele retiro, ao sentir-se convertida, passou a se tornar triste e chata. Os amigos sentem que ela não é mais a mesma. Mudou. Mas para pior. Outro rapaz depois da suposta “conversão” abandonou o emprego e os estudos e dizia para todos que agora se dedicaria inteiramente à evangelização por meio da música. Mas sua irresponsabilidade acabou sacrificando o salário dos seus irmãos que acabavam tendo que pagar as dívidas do “convertido”. O máximo foi o dia em que pediu dinheiro emprestado ao irmão para dar uma contribuição para o grupo de oração. Todos o admiraram pela oferta. Foi citado como exemplo. Mas ninguém sabia que a conta era paga pelo irmão que acabou nunca recebendo o dinheiro de volta.
A conversão para Deus não nos afasta da vida comum, das responsabilidades e da cidadania. Não nos convertemos em anjos ou espíritos desencarnados. O verdadeiro convertido torna-se humanamente melhor. Jesus converteu “água” em “vinho”. A conversão melhora o sabor. Se a suposta conversãotorna aquela esposa meio “aguada” ou faz daquele jovem exuberante um rapaz “sem gosto”, então é possivel que seja uma falsa conversão.
Vemos hoje a religião do ibope que ganha as telas da TV. Muita gente pensa que conversão é vestir a camiseta do time de Jesus. Revestir-se de Cristo é mais do que usar adereços comprados em um retiro de final de semana. Não basta levar uma cruz no peito… é preciso ter peito para levar a cruz, já dizia um velho sacerdote da minha infância.
Tenho pensado e rezado muito sobre isso, pois com minha pregação não quero converter jovem normais em um grupo de fundamentalistas. É preciso viver a fé com radicalidade… ou seja, na raiz (radice – radical). Sim, sim… não, não. Mas existem jovens que vivem apenas o não, não, não, não!!! A boa religião é propositiva: é sim, sim, sim, sim!!! Como diz Paulo: tudo me é permitido, mas nem tudo me convém.
A pessoa religiosa, convertida, é serena e humilde. Aqui está a chave de toda esta questão. A falsa conversão é uma doença que tem vários sintomas, mas um deles é claríssimo: A PRESUNÇÃO! Pode escrever, se a suposta conversão levar você a uma espécie de “orgulho esiritual”; a se achar melhor que os outros… você certamente está doente na fé. Precisa de cura espiritual.
Concordo plenamente com o Sr. Pe.Algumas pessoas que se convertem,se acham as pessoas mais especiais da face da Terra, Batem no peito pra dizer:”Agora eu sou de Deus!”Pois eu digo eu sempre fui e sempre vou ser de Deus, pois não tenho a menor dúvida que foi ele quem me criou e me faz ser do jeito que eu sou.E ele mesmo por meio de Seu filho Jesus, nos ensinou a sermos humildes totalidade!Conheço muitas pessoas que não saem da igreja, vivem em oração, jejuando, etc..E quando encontra a gente na rua, faz um olhar de desprezo,que isso?Adianta estar tanto tempo na igreja?Pois eu digo: Não fico tanto tempo assim na igreja, e nem por isso deixo de falar “oi”,”Bom Dia”,pra ninguém que realmente vejo com frequencia,as vezes nem ao menos sei o nome dessa pessoa,e mesmo assim cumprimento na boa!Devemos ser mais humildes,talvez seja isso que a humanidade esteja precisando para que haja paz!!!Abraços e sua benção Pe. Joãozinho!Camila-Taubaté-SP
É, padre, este assunto merece reflexão. Discordo do senhor dizer que a religião faça mal para algumas pessoas, porque na verdade não é a religião que causa esses problemas citados, mas o modo como a pessoa vive a mudança. Não posso dizer que blusa de frio faz mal, se na verdade é a pessoa que a utiliza sob temperaturas elevadas, ao invés de saber usufruir dela do jeito certo.
Essas mudanças em jovens que passam a incomodar é muito normal. Eu mesmo vivi isso. Muitos achavam que eu ia ficar doido. Eu não estava triste, só estava mais instrospectivo, “dopado” pelo amor de Deus. Há muito tempo eu era só superficialidade e então passei a sorrir com mais qualidade, sinceridade, com verdade.
Já dizem que carroça que faz muito barulho é carroça vazia. Mas muitos preferem mesmo o barulho e criticam quem pára para viver com sensatez a vida.
Esse jovem que fez uma oferta com o dinheiro do irmão, no fundo está tendo uma atitude desmedida de generosidade, desejo de ajudar, apesar de fazer isso de modo errôneo. Mas penso que isso faz parte da falta de maturidade dele, o que independe da religião. Antes de ir para a Igreja, talvez (talvez mesmo) ele pegasse dinheiro escondido para outras coisas. Logo, o problema não é da religião, mas uma questão de valores e visão de mundo dele que precisam ser mudados.
Não dá para dizer que a religião fez mal a ele. Conversão leva tempo. Pedro cortou a orelha de quem quis prender Jesus. A religião não fez mal para Pedro, mas é que ela não burla as leis de necessidade de tempo para crescimento humano e espiritual da pessoa.
Não é porque a pessoa está na Igreja há algum tempo que logo pode se deduzir que tudo o que ela faz é uma reação a algo que ela absorveu da religião. Muito é da índole e necessidade de crescimento da própria pessoa, que independe de estar neste ou naquele lugar, nesta ou naquela turma, vestindo esta ou aquela camisa.
Sua Bencao Padre,
Realmente o Senhor e uma Graca de Deus.
Infelizmente a falsa conversao e algo presente na nossa realidade de Fe.
Gostei demais da fala a respeito. Deus te Abencoe.
Fabiana
Ai Pe. Joãozinho, me identifiquei tanto com esse texto, especialmente com “uma jovem que era muito alegre, mas depois daquele retiro, ao sentir-se convertida, passou a se tornar triste e chata.” Me sinto assim, sabe? Eu sou muito radical em seguir a lei, fazer tudo como deve ser, e me sinto infeliz.
Esses dias estava pensando que até 1997 quando eu ainda não era engajada na Igreja eu era mais feliz, e isso me incomodou, afinal todos dizem: Sou feliz pois conheci Jesus! Mas eu era mais antes, só pode ter algo errado :( Estou muito preocupada com isso. Penso em desisitir até de seguir a Igreja a ferro e a fogo, pois tenho me tornado solitária e triste, o porque não sei. Mas o tempo está passando e eu preciso discernir logo pois não adianta cair em mim depois que tiver tarde pra voltar. Sei lá, essa semana, por exemplo, estive pensando em sair da pastoral, sou catequista desde 98 e isso já não me completa mais, já não é mais um prazer e sim uma obrigação, um fardo. Estarei sendo ingrata com Deus se eu abandonar esse barco? Me ajude padre! Reze por mim! Preciso me encontrar.
Camila concordo plenamente com vc,conheço muitas pessoas que só porque se converteram acham que só elas serão salvas,todas vão pro céu.Mais que adianta bater no peito e dizer eu sou de Deus,Jesus é meu amigo,amo Maria,mas se encontra um “irmão de rua”faz cara de nojo,muda de calçada,olha pra gente pobres “mortais” com desprezo,isso é pura falsidade,estão fazendo pra elas mesmas.Espero que Deus tenha misericória dessas pessoas.
Pe.Joãozinho,
Eu nunca consegui entender as pessoas que sabem exatamente o dia, a circunstância e o momento de sua conversão… Para mim todo dia é momento de me converter, de rever caminhos e admitir erros e tentar ser melhor. Todos os dias estou me questionando sobre o que Deus espera de mim naquela circunstância, como devo agir diante de um imprevisto, de um novo problema… Sinto que, bem maior que meu esforço, é a misericórdia de Deus. Eu não fiz nenhum esforço para nascer num país católico e receber influências cristãs. Não tinha a menor consciência quando fui batizada e acho que nem meus pais sabiam direito o que isto significaria na minha vida: era pura tradição. Deus agiu de diversas formas em mim e através de mim, mas você é testemunha de quantos erros cometi e de como é complicada a luta do dia a dia. Somos mistura de lama e luz, temos em nós o joio e o trigo, o simbólico e o diabólico.
Quando Jesus falou do semeador e de cada tipo de terreno, descobri que temos todos os tipos dentro de nós… Precisamos irrigar o que é seco, tirar as pedras do pedregoso e até usar alguns elementos químicos das pedras para nutrir a terra boa, retirar os espinheiros e deixar que os pássaros eliminem as pragas e não as sementes… (tirar do mal, um bem).
Concordo com você: a religião que não tem um pé na terra e outro no céu, o jornal numa das mãos e a bíblia na outra, um ouvido para Deus e outro para o irmão, a contemplação e a compaixão, não é religião, é fuga da realidade e faz muito mal! Se o serviço na Igreja for para orgulho pessoal e não por amor, está levando ao pecado e não a Deus.
Grande abraço,
Simone.
Pe. Joãozinho
Parabéns pelo seu “Blog”!
Realmente… para algumas pessoas a religião faz mal.
Seus temas abordados, são vastos e interessantes.
Tenho aprendido muito com o Senhor!!!
Deus lhe pague por não ter enterrado os seus talentos!
Saudações em Cristo!
Ana Maria Clemente Guerra
São José dos Campos SP
Pe. Joãozinho,
Que texto… é sério isso, mas muito verdadeiro!
Fiquei contente com a participação….amigos escrevam para nos conhecermos… para saber quem somos ” A ” família dos filhos de Deus – do Blog de Pe. Joãozinho.
…É o Reino de Deus na internet…!!!!!!!
Inês
Padre Joaozinho, sempre tive medo deste tipo de espirialismo. Aliás me vejo atingida por este tipo de “religoso”. Não querendo falar mal, mas tenho uma conhecida que se acha totalmente espiritualizada, para ela ir passear no shoping é pecado, uma pessoa da 3º idade então não pode e não deve se divertir, ir num baile nem pensar, cinema, teatro então é pior. Só ele se sente amada por DEUS, vai 2 vezes por dia na missa e reza rosários e rosários durante o dia e se uma pessoa ousar contradize-la, então é porque tem comunhão com o demonio. Ela se afastou de mim, minha amizade, aliás era uma pessoa que eu gostava muito, porque me acha geniosa. Coitada!
Realmente acredito que pessoas que vivem assim precisam de muita oração, precisam de libertação. DEUS nos quer livres, alegres e unidos na alegria e na dor e quem somos nós para julgar se as pessoas são digna ou não do Amor de Deus?
Pe. Joãozinho,
Lendo o comentário da Adriana, surgiu algumas idéias, que não são propriamente idéias,faz parte de um Ideal que procuro viver sempre… A escolha de Deus em minha vida. Como disse alguém, nascemos num pais de cultura cristã, nossa família nos Batizou, levou para fazer a primeira Eucaristia, casamos na Igreja….Mas a um certo momento depois de participar de diversos movimentos, entendi que Deus pedia para escolher um, e assim foi…Não pode querer fazer muita coisa, além do que é humanamente possível. Precisa ter espaço, para trabalhar, viver em família …..
Nós só seremos plenamente felizes se fizermos a Vontade de Deus para nós….e Deus nos quer felizes!
Cada ser humano tem um designeo de Amor de Deus, e só vai ser feliz, se não enterrar os talentos… ainda bem que a Misericórdia de Deus é infinita, e podemos sempre “RECOMEÇAR” !
À Adriana; Simone que um dia me pediu o e-mail, podem me escrever.
Inês minesitu@gmail.com
Concluindo meu pensamento, não me acho “espiritualizada”, sinto-me amada, como todos os filhos de DEUS (Ele nos criou, portanto nos ama). Sou sim muito religiosa, cristã e católica fervorosa, vou a missa todos os dias, rezo, participo ativamente na minha paróquia, mas não aceito rotulações fora daquilo que JESUS me ensinou.
Não sou rebelde, sou convicta de que tenho que ser uma cristã autentica, leio, estudo o Catecismo da Igreja, porisso não aceito as convicções que as pessoas querem nos impor. Não sou melhor nem pior, sou sómente uma filha obediente ao PAI.
AMEI…FAÇO MINHAS, AS TUAS PALAVRAS…
BACINI…
Amei essa reflexão, participo da Pastoral da liturgia da minha Paróquia e as vezes me sentia mal em relação aos outros,pois sou participante acídua da igreja,rezo,confesso….mas nem por isso me afastei da minha vida social(festas,cinema,..)ficava pensando não é por está com amigos me divertindo,que estou pecando contra Deus;senti um alívio muito grande,Deus o abençõe Pe.
Essa reflexão ajuda a olharmos pra nós mesmos e perceber se estamos sendo coerentes com o que acreditamos. Emtodo lugar tem gente que exagera um pouco, distorce acolá, entendeu errado. E também tem uma multidão que consegue ser de Jesus e “humano demais”. Como disse o pe. Zezinho, as religioes são feitas de pessoas que conseguem e que não conseguem. Minha mãe dizia, só pq sempre vivi nos grupos da igreja e tal, que eu não precisava ouvir uma palestra sobre drogas e etc, “pq afinal já era da igreja”, mas sempre pensei o contrário, que precisaria ouvir e aprender mais sobre muitas coisas pq um dia eu poderia cair, afinal eu sou humana e não sou melhor do que ninguém, ,só pq tinha um rótulo do grupo de oração na minha testa. É preciso participar, experimentar e vivenciar, partilhar a fé com outras pessoas e especialmente vivê-la na intimidade da oração, refletindo sobre o que somos, o q queremos ser, buscar coerencia de vida, amadurecer e contagiar os que não conhecem Jesus. Pe. Joaozinho, amo vc demais!
O padre Joãozinho desvendou muito bem o problema dos neo-convertidos, esse fenômeno de certa maneira é normal, percebo que todos os que tem uma experiência forte com o Senhor, sentem o desejo de se doar inteiramente a Ele. Basta vermos alguns relatos bíblicos como o da conversão de Paulo. Nos primeiros meses é normal essa fervorozidade, porém pode-se com o passar do tempo e com a caminhada na vida da Igreja deixar de lado o fundamentalismo e viver o radicalismo. Um coisa é ser católico radical seguidor de Cristo, outra é ser bitolado.
Olá Padre!
Belíssimo texto.
É extremamente necessario viver com o coração no alto e os pés no chão….